sábado, 5 de junho de 2010

Resenha da Época para Príncipe da Pérsia: As Areias Do Tempo



Eu nunca joguei Príncipe da Pérsia: As Areias Do Tempo, não estava nem interessada em assistir o filme, mas a resenha me ajudou a mudar de idéia. Mas vi o trailer duas vezes (*legendado e dublado*), vi que tem a excelente atriz inglesa Gemma Arterton no elenco (*que ela possa fazer sucesso*), e está passando legendado aqui perto de casa. Comprei ingresso para a sessão das 14h, deve valer os 5 reais que paguei. E o diretor, descobri pela resenha, é o Mike Newell, achei o Harry Potter que ele dirigiu muito fraco, mas ele fez Quatro Casamentos e um Funeral, então, é mais um incentivo. Não vou esperando mais que diversão e algumas risadas. Mais tarde, eu comento. Segue a resenha da Época.

O príncipe dos games vence em Hollywood
Mariana Shirai e André Sollitto

Se fosse julgado pela tradição das adaptações de videogames para os cinemas, o filme Príncipe da Pérsia: As Areias Do Tempo estaria fadado a afundar nas dunas da irrelevância. Baseado no game homônimo, o filme conta as aventuras passadas no século VI pelo órfão Dastan, interpretado por Jake Gyllenhaal (O segredo de Brokeback Mountain). Adotado na infância pelo rei do Império Persa, ele se torna o salvador de sua gente. Se não é o maior destaque entre os longas de ação de uma safra de tolices que inclui Alice no País das Maravilhas e Fúria de titãs, Príncipe da Pérsia ao menos traz esperança para o futuro das versões dos jogos para o cinema.

Adaptações de livros e de quadrinhos ajudaram a salvar o cinema na década passada. Dos cinco filmes de maior bilheteria dos anos 2000, três eram versões de narrativas das HQs (O cavaleiro das trevas, com o super-herói Batman) ou de febres literárias (O Senhor dos Anéis: o retorno do rei e Harry Potter e a pedra filosofal). Num momento de crise da narrativa cinematográfica, a fórmula do sucesso era traduzir para o cinema histórias que já vinham com multidões de fãs espalhadas pelo mundo. Pela lógica, os jogos eletrônicos também deveriam triunfar nos cinemas. Mas a trajetória dessas histórias nas telas prova que adaptar videogames não é tão simples como transpor super-heróis, hobbits e bruxos.

A dificuldade tem a ver com as experiências distintas de cada meio. Quem joga videogame acompanha uma narrativa e participa dela, enquanto no cinema o público é passivo ao que a tela oferece. A tecnologia 3-D é uma tentativa – ainda não muito eficaz – de fazer o espectador “entrar” no filme. Se uma narrativa como um jogo eletrônico já nasceu interativa, como envolver o público quando ela é convertida em filme?

Príncipe da Pérsia encontrou boas soluções para esse dilema. A produção Disney incluiu o próprio criador da série de jogos, Jordan Mechner, no desenvolvimento do roteiro. O game existe desde 1989, quando foi lançada a primeira de suas 12 versões – o último título, Prince of Persia: the forgotten sands, acaba de sair. Traduzir literalmente a narrativa de um jogo que teve tantos títulos diferentes seria um erro. “Pegamos alguns elementos legais do jogo e os usamos para moldar uma nova história”, disse Mechner no início do projeto, há seis anos. O produtor Jerry Bruckheimer deu uma ajuda fundamental ao roteiro, graças a sua experiência na trilogia Piratas do Caribe, baseada num brinquedo de parques de diversões.

Mesmo com uma trama distante do original, a estrutura do filme se parece com a de um game. Depois de ajudar seus irmãos postiços a conquistar a cidade sagrada de Alamut, Dastan é vítima de uma emboscada e é acusado de matar o rei. Ele foge ao lado da princesa Tamina (Gemma Arterton, de Fúria de titãs) portando a Adaga do Tempo, um punhal sagrado. Dastan perde e reconquista a faca, sempre superando obstáculos em seqüências que parecem fases de um jogo.

Os poderes da adaga são os responsáveis pela experiência parecida com a da interação lúdica e ficcional de um videogame. Logo no início, Dastan aperta acidentalmente um botão na ponta do cabo do punhal. Ele descobre assim que ela tem o poder de fazer o tempo voltar por alguns momentos. Mas a surpresa é tão grande que a primeira reação de Dastan – e provavelmente a de um jogador que estivesse com o controle na mão – é experimentar, tentar novamente apertar o botão para entender e comprovar sua eficiência. Ao longo do filme, Dastan chega a se matar, certo de que poderá voltar atrás. A decisão talvez não fosse tomada por pessoas reais, mais ajuizadas quando o que está em risco é a própria vida. Dentro de um ambiente reconhecidamente irreal (o jogo, o filme), isso é cabível e incentivado. Ponto para os roteiristas, que conseguiram traduzir em filme a magia dos games de brincar de perder e de ganhar “vidas”, de falhar e de voltar uma fase atrás.

Para quem já jogou Príncipe da Pérsia, o filme ainda tem outras recompensas. A direção de Mike Newell (Harry Potter e o cálice de fogo) foi primorosa ao copiar o andar e os movimentos acrobáticos de Dastan no jogo. Desde a primeira cena de ação, quando Dastan é criança, ele já exibe os saltos de telhado em telhado, o andar na parede e o içar-se em cordas e em cabos horizontais. Além disso, os cenários são bastante fiéis nas versões tridimensionais do jogo, com movimentos de câmera parecidos, que focalizam, antes da ação de Dastan, em qual janela ou telhado ele vai pular.

Príncipe da Pérsia tem tudo o que se pode esperar de um filme de ação e aventura. Completa o pacote a história de amor entre Dastan e Tamina. E o público ainda sai da sala de cinema como se tivesse vencido uma etapa divertida de um videogame. Se a franquia emplacar, basta agora aguardar quais serão os obstáculos a superar na próxima fase.

1 pessoas comentaram:

Li a resenha na "Época" (se não me engano)
Achei o filme muito legal, um bom filme de aventura que agrada muitos, inclusive fãs de games.

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