segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Matéria da Globo elogia Colin Firth, mas desqualifica Mr. Darcy



Bela matéria do Jornal O Globo sobre o Colin Firth. Obviamente, tentam culpar filmes como Bridget Jones e a série Orgulho & Preconceito pelo não reconhecimento do ator. Ora, ele já tinah carreira antes de O&P, mas foi a séire da BBC que o projetou na Inglaterra e fora dela, e nem el consegue negar isso. E o segundo ponto, claro, é o desprezo pelo material feito apra mulheres, adaptações de livros "para mulherzinha" (*o próprio Firth já disse isso, lamentavelmente*), como os de Jane Austen, e comédias românticas não são apra atores sérios. Nem musicais para "mulherzinha" como Mamma Mia. E um detalhe, em St. Trinnian's, quem faz "a diretora" é o Rupert Everett, o Colin Firth é uma espécie de fiscal do Ministério da Educação e os dois têm um caso. Parece até que eu estava pensando nisso quando conversava com a Lina Inverse agorinha mesmo... Pena que a matéria não consiga fugir do duplo preconceito. De resto, vale muito a leitura. Mal posso esperar pelo Discurso do Rei.

Os desafios de Colin Firth, indicado ao Globo de Ouro pelo George VI de 'O discurso do rei'

LONDRES - Para um ator que invariavelmente reclama de memória curta, a ironia é que o público parece lembrar ainda menos: mesmo antes do papel de professor universitário torturado pela morte do namorado, que lhe valeu uma indicação ao Oscar de 2010 (infelizmente no mesmo ano em que a Academia tinha como questão de honra premiar Jeff Bridges), Colin Firth já dera mostras de poder interpretar mais do que almofadinhas ingleses. Pena que foi justamente na pele de dois gentlemen de sobrenome Darcy que o inglês teve sua maior visibilidade na carreira.

Mas tanto o cavalheiro de fino trato da adaptação televisiva de "Orgulho e preconceito" (1995) quanto o mocinho advogado endinheirado e fã de gordinhas de "O diário de Bridget Jones" (2000) acabaram ajudando a ocultar uma versatilidade que Firth agora volta a exibir em "O discurso do rei". Tê-lo como opção imediata para o nice guy de plantão já não parece tão óbvio. Ainda que novamente numa pele aristocrática, o inglês empresta ao papel do rei George VI, pai da atual soberana britânica, Elizabeth II, uma carga dramática em sintonia com um personagem não menos complicado.

Em mais de um sentido: longe de contar com a reputação imponente de antecessores de coroa como Arhtur, Ricardo Coração de Leão e Henrique VIII, George VI foi um rei acidental, em cujo colo a coroa caiu depois de o irmão mais velho, Eduardo VIII, ter sido forçado a abdicar por conta de sua relação com uma americana divorciada, em 1936, num momento em que a Europa caminhava para a Segunda Guerra Mundial.

Para tornar a missão ainda um pouco mais complexa, o novo rei era gago - a principal premissa do filme, por sinal, é o esforço para transformar George VI em algo próximo de um monarca convincente com o auxílio de um fonoaudiólogo australiano de métodos pouco ortodoxos. Mais do que a dificuldade de eloquência monárquica, o desafio para quem encarnasse o personagem era captar a angústia que acabaria contribuindo para a morte prematura do soberano, cuja saúde foi corroída pelo estresse do cargo e pelo tabagismo inveterado - George VI faleceu aos 57 anos, de câncer pulmonar.

Firth faz mais do que isso: mesmo nos momentos mais engraçados do filme, seu George VI passa a sensação de que o rei encara o microfone como uma arma apontada para sua testa. E ao mesmo tempo em que conta com colegas de gabarito no filme (a rainha, por exemplo, é interpretada por Helena Bonham-Carter, enquanto Geoffrey Rush assume o papel do terapeuta), Firth basicamente comanda o show numa produção com sete indicações para o Globo de Ouro, inclusive a de melhor ator na categoria drama.

E que pode, ironicamente, levar o ator a gaguejar caso os prognósticos de uma segunda indicação ao Oscar se comprovem.

- Para mim, a gagueira era o menor dos problemas. Resolvia-se com um pouco de treino. O crucial era explorar o problema de expressão em meio ao protocolo real, algo que, por exemplo, já sabotava a relação de cumplicidade entre cliente e paciente - contou Firth na entrevista coletiva promocional do filme no Festival de Londres, em outubro.

Aos 50 anos, Firth pode não ter atingido o nível de cinismo do contemporâneo e colega de trabalho Hugh Grant, mas tampouco tenta justificar algumas escolhas questionáveis de papéis - como o diretor escolar na patética comédia britânica "St. Trinian's" ou a participação na versão cinematográfica de "Mamma Mia!". Nem por isso ele diz perder o sono:

- Dignidade é um pouco superestimado. Não me vejo tão preocupado em justificar minhas escolhas. Atores sempre soam estranhos quando descrevem seu trabalho como algo muito sério.

Até porque suas atividades longe das câmeras também têm sido elogiadas. Ele vem participando de campanhas em prol dos direitos civis de refugiados no Reino Unido, protestando ativamente contra deportações. Também não teve vergonha em expressar publicamente suas opiniões políticas ao anunciar o apoio aos liberais-democratas na recente eleição-geral britânica.

Ao contrário de outros colegas, Firth também comenta a política cinematográfica. A decisão inicial nos EUA de dar a "O discurso do rei" classificação para maiores de 15 anos por causa de cenas com palavrões (um dos recursos utilizados pelo fonoaudiólogo do rei) motivou um desabafo do ator:

- Gostaria muito de saber quem são as pessoas que preferem reclamar dos palavrões em vez de criticar a violência nos filmes.

3 pessoas comentaram:

...Pena que foi justamente na pele de dois gentlemen de sobrenome Darcy que o inglês teve sua maior visibilidade na carreira.

Coitado do(s) Mark Darcy... Eu particularmente gosto muito de Bridget Jones, e o que pude ver de O&P eu gostei bastante. Não vejo o que essas obras tem de tão ruim. Deve ser aquele velho estigma de obra "de menina" mesmo. Que coisa!

Pois é... a pessoa que fez a matéria, eu apostaria que é homem, mas pode ser uma mulher que para se afirmar ridiculariza os produtos ditos "para mulheres", deveria desprezar o Firth por causa dos filmes que ele fazia, mas não conhecia NADA da carreira dele (*nem recente, vide a confusão com St. Trininan's*), ou poderia citar sua estréia em Another Country (*filme gay, independente, profundo, trá-lá-lá*), mas o objetivo, além de exaltar um grande autor era desqualificar os produtos para as mulheres. Tipo "tá vendo como esse tipo de filme atrapalha a carreira de um bom ator?" Ridículo!

Sinto-me altamente ofendida por essa matéria,tanto como mulher quanto como atriz.Colin Firth sendo criticado por ter interpretado um dos personagens mais marcantes dos classicos ingleses,além de classificarem Jane Austen apenas como leitura "para mulherzinha" é no minimo uma grande ignorância...

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