sábado, 20 de agosto de 2011

Comentando O Rei Leão 3D



Acredito que há filmes que precisamos rever e outros que seria melhor não ver novamente. Pois bem, não sei há quantos anos não via O Rei Leão, mas hoje, graças a um convite do Michel do site Daiblog (*Muito obrigada! Dessa vez não furei!*), lá fui eu para a pré-estréia do filme em formato 3D no Pier 21, aqui em Brasília. A história do Rei Leão vocês conhecem: Simba é um leãozinho destemido que mora na savana e admira profundamente seu pai, o rei Mufasa. Só que a vida do jovem é destroçada quando seu tio malvadão, Scar, assassina o rei e faz com que o pobre Simba ache que ele é o responsável. Ele foge e é acolhido por outros dois párias, Timão e Pumba. Crescido, e depois de muita angústia, ele decide voltar para casa e retomar o que é seu.

Sem dúvida, O Rei Leão é uma das animações mais marcantes da Disney com cenários magníficos e uma preocupação em captar o movimento dos animais e traduzi-los em tela. Com o 3D, a novidade do momento, a coisa funcionou muito bem em alguns momentos, com a chuva caindo perto da audiência, folhas e aves saindo da tela, uma coisa bonita de se ver. Em outras seqüências, a coisa não deu muito certo, faltava volume e a cena fundamental da luta entre Scar e Simba ficou distorcida, a imagem meio borrada e muito diferente daquilo que eu me lembrava.

Foi bom poder relembrar de detalhes esquecidos, já que devia fazer mais de dez anos que não via Rei Leão. A cena de Simba percebendo que ele precisava crescer muito em todos os sentidos para se igualar ao seu pai, quando ele coloca sua patinha sobre a marca deixada pelo imponente Mufasa, é brilhante. Aliás, o pai de Simba é minha personagem favorita da película, com sua imponência e no original a voz de James Earl Jones. Sim, a última vez que assisti O Rei Leão foi com o som original, exatamente para apreciar essas coisas e a trilha sonora espetacular. Outra cena curiosa foi a do desfile das hienas, uma menção direta às paradas nazistas. Eu não me lembrava dela. E eu tenho certeza que é, também, referência a algum filme... ou desenho da Disney da época da guerra... Enfim, uma cena memorável.

Também foi interessante perceber como O Rei Leão bebe em uma série de mitologias e outras histórias para compor a sua. Eu não estou falando de plágio, mas de referências mesmo. Seja à peças clássicas ou ao mito do retorno do rei. Talvez, muitos dos que estão lendo essa resenha não conheçam o filme inglês Excalibur (*e eu espero que o suposto remake não saia*), mas é o mito, muito forte na Idade Média, o do Rei Pescador, de que a saúde da terra dependia da saúde do monarca. Quando Simba retorna para casa e derrota Scar, a terra que definhava volta à vida. É a mesma coisa em Excalibur, onde um Arthu ferido definha por anos junto com a terra. Simba não morreu, mas sua ausência, sua relutância em assumir o seu lugar, é como uma longa doença.

A sala estava cheia de crianças, algumas jovens demais para estar no cinema, ainda mais com óculos 3D. A menininha na minha frente, que mal deveria ter três anos, não somente não colocou os óculos, mas pedia que a mãe acendesse a luz. Pior é que a mãe e o pai ficaram acendendo o celular o tempo todo. Também não controlaram a entrada das pessoas e com mais de meia hora do início do filme, ainda havia gente entrando. Isso tudo e mais outras tantas coisas comprometeram a diversão, mas foi interessante observar que a cena da morte de Mufasa calou a todos. Continua sendo a cena mais poderosa do filme, a mais impressionante e, a meu ver, uma das melhores que a Disney já produziu. Terminam aí meus elogios; vamos aos problemas.

Eu realmente lembrava de uma dublagem nacional melhor para o Rei Leão, por isso, perguntei no Twitter se tinham redublado. Minha memória me traiu e achei muito abaixo do que me recordava, e, depois de ter ouvido a trilha sonora original tantas vezes (*estou escrevendo ouvindo as músicas de Rei Leão*), achei as músicas muito ruins. Meu marido, que nunca tinha assistido Rei Leão em protesto por conta do suposto plágio ao anime Kimba de Osamu Tezuka, detestou a trilha sonora e a dublagem. Obviamente, ele estava com muita má vontade, já que saiu dizendo que O Rei Leão é medíocre e absolutamente infantil. Concordo com o segundo ponto, é infantil, e isso faz com que continue se comunicando bem com o público certo, mas está longe de ser medíocre. Mas, sim, a dublagem não ajuda mesmo...

De resto, salvo por poucas cenas, algumas citadas acima, o filme me tocou muito pouco. Em 1994, achei uma obra bem mais interessante, embora O Rei Leão não figure entre meus top filmes da Disney. Vejo e revejo A Bela e a Fera e continuo tendo a mesma impressão de sempre. É infantil, poderia ser melhor, mas, ainda assim, me sinto bem satisfeita. O Rei Leão desde 1994 me incomodava por ser extremamente reacionário, como boa parte do encanto se foi, o filme se tornou muito, mas muito reacionário. E vou explicar isso.

O Rei Leão é a louvação da monarquia ou de uma ordem hierárquica na qual sangue e linhagem são muito mais importantes do que qualquer qualidade. Antes que alguém queira me lembrar o quanto Mufasa é virtuoso, deixe eu explicar. A coisa é tão bizarra, que um nada como Scar, que poderia e seria despedaçado pelas leoas ou qualquer macho que aparecesse no território, é aceito simplesmente por ser “da família real”. Se a Disney quisesse ser fiel em relação ao que acontece no Reino Animal – e o papo de Ciclo da Vida se remete a isso – teríamos mais machos no grupo e, claro, seria a força e capacidade reprodutiva que diria que fulano de tal é “o chefe”, não ter sangue do clã X. Mas ao humanizar as atitudes dos animais, tais questões como “Nala e Simba são irmãos” se perdem totalmente. Outra cena, talvez a que mais me incomodou nessa brincadeira de reis e servos, foi a em que o calau, Zazu, é obrigado por seu rei, Mufasa, a se deixar “caçar” pelo jovem Simba. Zazu era um funcionário real e se vê reduzido a brinquedo para o seu jovem amo. Pode parecer engraçado, já que Zazu é uma personagem cômica, mas é o tipo de cena que só serve para ilustrar – e acho que uma criança mais velha entenderia bem isso – que uns têm privilégios e outros, não. E que aqueles que têm privilégios podem humilhar e usar os que não têm.

A cena me deixou constrangida. Eu, se tivesse filhos, iria me obrigar a explicar que ninguém tem o direito de humilhar ninguém, muito menos por ter nascido rei. Aliás, quando as hienas falam em “não ter rei” ou Pumba e Timão louvam a liberdade, logo são reprovados. E, pelo menos nesse aspecto, até Scar recebe razão. Afinal, é preciso “ordem” e igualdade não é sinônimo de “ordem”, porque existe uma razão para tudo assentada na natureza, no ciclo da vida. Claro que, para fins dramáticos, qualquer coisa pode ser torcida para o bem da narrativa, como o caso da chefia do grupo. Mas o resultado é que ninguém tem o direito de escolha em O Rei Leão, tudo está previsto e tem que ocorrer conforme a tradição. Não é isso que Zazu diz para Simba e Nala? Eles não se casaram no final? Pois é... e ai de quem quiser fazer diferente, os vilões da história ilustram bem. Boa mensagem para as crianças, não é?

De resto, incomoda-me muito, e isso é antigo, que o vilão fosse homossexual. Scar não se reproduz e despreza as fêmeas, é extremamente afetado, falso, traiçoeiro e pérfido, ou seja, um estereótipo ambulante, carregado de vícios e de características que homens efeminados têm no senso comum. “Toda família tem um desses majestade. Na minha tem dois.”, diz Zazu em determinado momento. Só não vê quem não quer. É claro que a coisa pode ser equilibrada se pensarmos em Pumba e Timão como um casal gay, mas Scar é uma personagem muito estigmatizada e com a dublagem – seja a nossa ou a de Jeremy Irons – a coisa fica muito pesada. E as hienas todas são dubladas por atores negros, e tem cores escuras. Sinceramente? Isso sempre me incomodou e vai continuar. E, sim, antes que me esqueça, O Rei Leão não cumpre a Bechdel Rule. Há pelo menos quatro personagens femininas com nome (Nala e sua mãe, a mãe de Simba e a hiena-chefe), ainda que só lembre o nome de uma; há conversas entre elas em umas duas ocasiões, o assunto, porém, são seus machos (Simba ou Mufasa) e nada mais. De qualquer forma, é uma marca e tanto para a média dos filmes americanos, duas marcas atingidas em três.

Enfim, é isso. Assistir O Rei Leão em 3D foi muito interessante, ainda que eu não veja melhora real em relação ao original. Observar que o filme continua se comunicando bem com seu público, também foi importante. Agora, perceber que o filme se tornou muito menor aos meus olhos do que tinha sido em 1994 foi triste. O Rei Leão continua sendo um espetáculo, mas, com certeza, uma das obras mais reacionárias que a Disney já criou. E eu realmente não me lembrava do primeiro ato do rei Leão ser tão longo... Ou seja, eu não me lembrava direito do Rei Leão e deveria ter ficado assim. E que pena que não pude ficar com o ingresso... Tão bonitinho e eu nem bati foto. :P

P.S.: Para quem interessar, O Rei Leão está em pré-venda em varios formatos. Basta clicar nos links da Cultura e do Submarino aqui no blog, ou procurar em outras lojas, como a Saraiva. Para quem é fã e para as novas gerações, vale muito a pena.

18 pessoas comentaram:

Uau, não tinha reparado em algumas coisas que você comentou :o
Apesar de que já faz algum tempo também de que vi "O Rei Leão". Gostei muito do seu comentário :)

Vi Rei Leão quando era muito pequena, deveria ter uns 10 anos, e desde então, nunca reparei nos elementos que você apontou no post. Sinceramente, algumas das suas observações são bem interessantes, coisas que eu nunca havia percebido, como a questão da monarquia e a clara desigualdade. Pelo o que eu me lembro do desenho, é possível olhar por esse ângulo, embora ache dificil achar qualquer filme cuja temática seja a monarquia que não tenha um lance desses no meio do caminho. Afinal, monarquia e igualdade não são exatamente duas palavras que caibam na mesma frase. Sobre a liberdade, qualquer filme por aí sempre salpica a ideia de "por favor, siga o padrão ou será excluído": eu nunca havia percebido isso em "O Rei Leão" e achei legal a sua observação.
Agora, Scar, Pumba e Timão gays? Não concordo muito com isso: Scar, no que eu me lembre, teria como principal característica a vaidade, e por isso ele despreza toda e qualquer criatura que não seja ele mesmo. Bom, não os enxergo como personagens gays, principalmente os dois últimos.

Uai, mas no Rei Leão II não aparece um filho do Scar? Acho que para ele ser afetado é uma forma de mostrar seu despeso por ser o terceiro na linha de sucessão.

Natania, você realmente conta as continuações como determinantes na obra original? O Rei Leão para o cinema é um só; as continuações são caça-níqueis.

Lívia, veja a frase do calau e os trejeitos do Scar, além do desprezo pelas fêmeas em particular. De resto, sobre Timão e Pumba serem um casal gay, uma busca na net e voc~e encontra muita gente discutindo isso.

Nossa, o Rei Leão era o meu filme favorito quando criança. Minha mãe conta que quanto eu era bem pequena, chorava desesperadamente quando o rei morria, e só me acalmava quando rebobinavam a fita e começava tudo de novo. Aí ele morria novamente, e a fita era rebobinada mais uma vez. Esse sim, era o "ciclo sem fim" hahahahaha (mas isso eu deveria ter os meus 2 anos de idade).
Tenho vontade de rever e notar as coisas que você falou. Eu não sabia que estava no cinema, acho que seria uma ótima oportunidade!
Obrigada pela dica!
Gabi N.

Eis um exemplo: "In recent years, children's entertainment has contained an increasing number of apparently intentional or even obviously intentional gay references. In The Lion King, Simba leaves home and is more or less adopted by Timon and Pumbaa, a male meerkat and a male warthog who live together as a couple in the jungle. In the 1994 Disney film, the actor Nathan Lane supplied the voice of Timon in much the same style as his flamboyantly gay character in The Birdcage. When I saw the Broadway version of the musical, the audience roared at Timon's even more exaggerated gay mannerisms." - The Cartoon Closet - http://slate.me/qOwZYU

Outro exemplo: "After the catastrophe of Mufasa's death and Simba's flight from the Pride Lands into the company of Timon and Pumbaa, he enters the second phase of his life; the sexual theme of this segment is (and I say this with some trepidation, for fear of the same easily offended Disney fans I have mentioned before) homosexuality. It is not my place to suggest that Simba takes part in any homosexuality himself, but during the course of his exile he is at least exposed to the lifestyle of Timon and Pumbaa, which has often been hypothesized to portray a gay one. Nathan Lane himself has said that he considers Timon to be gay. Indeed, it is difficult to keep such an idea from one's mind watching the film at this point; too much of the dialogue and the animation is at least suggestive, as is the fact that the two are "outcasts" together for reasons that are only alluded to, and perhaps incomplete. The "theme song" of the section is "Hakuna Matata," which teaches that it is best not to worry about it, that tolerance and acceptance are what is honorable; truly this is
applicable to the gay lifestyle, especially as seen in the '90s."
Sex in "The Lion King" - http://www.lionking.org/~sichi/document/misc/TLKSX.TXT

Eu nem lembro que idade eu tinha quando assisti Rei Leão (é sério! Mas sei que eu era BEM criança) e, talvez por isso, nunca havia percebido esses "tópicos" negativos que você apontou. De qualquer forma, mesmo que você tivesse dito que o filme é "maravilhoso", duvido que eu o assistiria - Detesto esse tipo de desenho - super infantil.

eu não tenho argumento nenhum pra falar contra qualquer coisa que você apontou como aspectos negativos do filme... na verdade, até concordo com muito (ou tudo) da sua analise. mas ainda assim Rei Leão vai ser sempre o filme da minha vida! e estou doida pra reve-lo na tela grande! em 3D! eu o assiti por toda minha infancia e até hj sei todas as falas. canto as musicas e repito dialogos qnd estou cansada ou triste! e me dão animo! eu enxerguei várias partes do Rei Leão de diferentes formas ao longo da vida... sempre de acordo com o momento em q eu estava vivendo... nunca me influenciou de forma negativa. depende de vc ver certas coisas e interpretando-as como erradas utiliza-las como ex. contrário. não sei. pra mim vai ser sempre a grande obra prima da Disney! (mas gosto cada um tem o seu... a Bela e a Fera q você citou, eu acho cansativo...enfim...) estava tb lendo os comentários aqui: Natania Nogueira, o Kovu da continuação não é filho do Scar! a leoa mãe dele fala isso claramente! ela diz q o Scar o escolheu para seguir seus passos!
Bjos

O Scar, pensando bem, pode até ser, embora eu ache que ele combine mas com alguém assexuado do que gay. Mas Timão e Pumba, apesar dos trechos dos sites, ainda acho forçar a barra.
Bom, o que vale é a livre interpretação, né?! :)

E, sim, O Rei Leão não cumpre a ...
Hein?

Eu concordo com a Lívia. Quando era criança e vi O Rei Leão, não achei nada de comportamento homossexual por parte do Scar, Timão e Pumba. E hoje, que sou adulta e compreendo melhor várias coisas, continuo com o mesmo pensamento. O que eu estranhava realmente era o discurso do Mufasa sobre o ciclo da vida, ou seja, ele ensinava para o Simba que os "leões" (digamos assim) poderiam perseguir os outros animais e eles tinham que aceitar, e ainda ficavam lá, comemorando o nascimento do novo rei. Realmente, um discurso monarquista que não está com nada...Agora, dizer que os personagens eram gays ou as hienas representam os negros, acho que é exagero. Parece aquelas pessoas que tendem a achar que tudo tem uma mensagem subliminar.

Não acredito muito nestas coisas de "insinuações". Acho que quando os autores, diretores, etc. querem mostrar algo eles são bem explicítos (que nem o Smurf de flor na cabeça, esse sim gay descarado), mesmo sendo para crianças. Inclusive, lembro que meu irmão tinha várias fitas VHS da Disney e jogou tudo fora porque diziam na igreja que os desenhos tinham mensagens satânicas. Eu acho que tudo está na mente de quem quer ver coisas que não existem, pra defender suas idéias.

Tudo que eu escrever i foi comentado em 1994, quando vocês eram crianças. Uma das críticas ao Rei Leão era que todos os dubladores das hienas eram nevrose. Mugasa é dublado por um negro, também, já Simba, não. Iscar se comporta de forma absurdamente não leão macho, há a fala de Zazu. O dublador de Timão é gay e disse que a personagem também. Aliás, o dublou assim. Mas ele não conta. Parece que para muitos, isso incomodar. E nemtudo precisa e é explícito, lamento ter que dizer... Aliás, normalmente não é.

Timão e Pumba serem um casal gay sempre foi ponto passivo para mim e a maioria das pessoas que conheço.

Aliais um casal que conseguiu criar um filho adotivo (Simba) e ai ajudar na criação da neta/afilhada.

Oq sempre me fez pensar qual a idade deles afinal???


bem, quando vi o filme pela primeira vez eu adorei e de cara vi muita inspiação em Hamelet e nas fantasias medievais (devido a questão da terra que se restaura ao retorno do verdadeiro rei) e tb em alguns clices de anime.

a forma como o clima reage ao momento, com chuva e relampagos na da batalha e com o sol aparecendo quando a "justiça foi feita".

No primeiro momento que vi o filme eu imaginei Scar como um daqueles dandis folgados e indolentes que só querem saber luxo e nada de esforço.

Foi só depois que vi os comentarios sobre ele ser um esteriotipo homosexual que me dei conta disso.

Quanto ao comentario do segundo filme, bem se formos leva-lo em consideração fica a pergunta: onde estavam todas aquelas leoas (de pelo mais negro que as outras) na batalha de Scar contra Smba?

Alem disso, como ja dito nos coments pela(o)capucci, o Kovo, escolhido para lutar contra Simba, mas que acaba se redimindo pelo amor é na verdade adotado.

O filho biologico de Scar é um pobre coitado idiota e inutil, desprezado pela mãe e pelas irmãs.

Mais uma amostra de que nada de "bom" podia ver do sangue de Scar.

Ou seja mais conservadorismo.

A Disney sempre foi assim, mesmo em a Bela Adormecida apesar de haver um tom de rebeldia do Principe PHillip que reinvindica o direito de casar com quem escolher, no final sua escolhida é a mesma que era ja era prometida.

E ja v alguns comentariso comparando a Bela e a a Fera com a sindrome de Estocolmo...

Bem de qualquer forma, eu ainda me empolgo com o Rei Leão, mas mantenho o olhar critica e tento explicar para minhas crianças os pontos que considero inadequados.

Que crítica foda Valéria! Eu vi Rei Leão mais de uma vez quando era pequeno e gostava muito, apesar de não ser meu preferido. Gostava bem mais de ver Cinderella, A bela e a fera e Mulan.
Eu realmente nunca tinha enxergado Timão e Pumba como um casal gay, tão pouco sabia que muitos comentavam sobre isso, mas sua análise junto com a do Lord Anderson me impressionaram.
Os pontos negativos do filme foram interessantíssimos e não posso dizer que desgosto, ainda que nunca tivesse percebido todos. Acredito que hoje perceberia a cena do Zazu e a gravidade dela. A do Scar eu já tinha percebido anos depois, quando não era mais criança e hoje é impossível não lembrar do documentário "O outro lado de hollywood" e relacionar a Scar.
Enfim, excelente Valéria. Foi delicioso ler essa resenha.

[parte 1]
Valéria, eu fui no cinema hoje assitir Rei Leão 3D. Realmente percebi muitas coisas que não havia percebido quando crianças, muitas delas comentadas por você.
Uma coisa que eu fiquei feliz foi em ver um filme infantil com um apelo REALMENTE infantil, com npumeros musicais alegres e coloridos, o tipo de coisa que fascinava as crianças da minha geração e que se faz cada vez menos presente nas animações atuais. Eu sou do tipo que prefere ver um filme infantil voltado para crianças, do que animações como Shreck que parecem mais voltadas para adultos e adolescentes (com piadinhas que só eles entendem, ou pelo menos que só eles deveriam entender, já que as crianças atuais estão cada vez mais precocemente sexualizadas).
E você tem razão, na morte de Mufasa o cinema calou. Era uma sessão barulhenta, com várias crianças. Mas desde o estouro, quando Simba olha para o morro e vê os antílopes descendo, o clima de tensão foi tão forte na sala que não se ouvia uma pipoca sendo mastigada. E como se trata de um filme infantil, tudo passou num passe de mágica com Hakuna Matata! Eu acho que jamais senti um impacto tão forte em uma animação (e raras vezes em filmes "live").
Fazia mais de dez anos que eu não assistia ao filme, e foi uma grata oportunidade revê-lo. Eu não me lembrava da força de Mufasa. Com certeza não existe outro personagem como ele no mundo da animação (pelo menos que eu me recorde). Como você mencionou, a cena da pata é brilhante.
Também achei a cena das Hienas muito impactante, e é bastante nítido o link com as paradas nazistas. Obvio que jamais perceberia isso com os meus 7 anos.
Eu entendi perfeitamente os aspectos negativos que você explicitou na resenha, principalmente o comportamento inaceitável do jovem Simba. Não apenas com Zazu, mas com os outros animais durante o colorido numero musical que ele conta o que fará quando for rei. Ele faz e desfaz dos outros animais sem a mínima consideração, e todos se submetem apenas porque ele é o príncipe (e um príncipe bastante mimado, desagradável e irresponsável). Se eu fosse mãe, também diria para meus filhos o quanto aquele comportamento é inaceitável.

[parte 2]
Agora, eu concordo que Scar, Timão e Pumba sejam homossexuais. Mas não vejo problemas em termos um vilão homossexual. Eu acho que o fato dele ser ou não homossexual não tem nada a ver com ele ser um personagem manipulador e maldoso. Na verdade, ele ser ou não homossexual não tem nada a ver com o tipo de pessoa que ele seria. Mesmo porque Timão e Pumba são super para cima e animados (eu adorei a cena com o Pumba fazendo o papel de mãe e sugerindo para Timão que eles levassem o pequeno leãozinho para casa). Ao meu ver, o fato de Scar ser homossexual foi colocado mais para justificar que ele não tivesse filhos, porque, se tivesse, eles que entrariam na briga pelo trono com Simba e a história se complicaria, não acredito que as intenções tenham sido homofóbicas.
A única coisa que me incomoda em Scar não é o fato de ele ser um vilão Gay, e sim de ele ser um gay esteriotipado (aí sim eu vejo preconceito), cheio de trejeitos e fricotes. Por exemplo, Timão e Pumba não são esteriotipados (apesar de ocupar a posição de alívio cômico, destinada a tanto tempo aos gays ou mulheres fora do padrão de beleza... uma pena).
Mas como nada é perfeito (ainda mais em um estúdio conservador como a Disney, que acredito que está mudando aos poucos), eu me senti muito feliz ao sair da sessão, porque para mim a sensação de rever um marco da minha infância foi muito gratificante, e aquela cena inicial do nascer do sol na savana africana ficará por um bom tempo na minha memória.
Foi um prazer como sempre ler a sua resenha, que levanta discussões tão interessantes!
xoxo
Gabi N.
(Ah, e que tal um Shoujocast com os filmes da Disney favoritos de todos os tempos? Eu acho que seria o máximo!)

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