Comentando o Primeiro Episódio de Suki-tte Ii na yo。ou “Say I love You。”

Ontem assisti ao primeiro episódio do anime Suki-tte Ii na yo。 (好きっていいなよ。), baseado no mangá homônimo de Kanae Hazuki. Já tinha parte do mangá no HD, mas não tinha lido nada ainda. Achava o traço interessante (*menos o cabelo do garoto protagonista*) e acompanhava as vendagens, mas de resto, só sabia o básico da história, que é o seguinte:

Mei Tachibana é uma garota de 16 anos que não tem amigos e nunca teve um namorado. Ela não crê na humanidade, nem tem interesse por estabelecer laços com outras pessoas, desde que foi injustiçada e ostracizada pelos coleguinhas no primário. No colegial, ela é como uma sombra silenciosa na escola, o que não impede que alguns colegas a espezinhem, a perturbem, enfim, pratiquem bullying contra ela. Curiosamente, ela acaba chamando a atenção do garoto mais popular da escola, Yamato Kurosawa, que está cansado de ser assediado pelas meninas a torto e a direito. Quando o melhor amigo de Yamato tenta levantar a saia de Mei, ela revida e termina acertando o rapaz. As garotas da escola passam a odiá-la (*com motivo, agora*), mas Yamato decide procurá-la e insistir em se tornar seu amigo e, quem sabe, algo mais...

Clichê, eu sei, no entanto, a forma como o primeiro capítulo foi narrado, o traço bonito, a animação de altíssima qualidade e o trabalho dos dubladores deu um sabor especial. Fora isso, questões contemporâneas foram colocadas dentro da série – e estão no mangá – de forma tão direta, que minha atenção e interesse foi despertado. A questão das saias curtas das meninas japonesas, por exemplo. Mei usa a saia no comprimento certo, já a maioria das meninas dobra a saia e tem que segurá-las ao subir as escadas para que não vejam suas calcinhas. Isso acontecia quando eu estava no colégio e, bem, a situação foi extremamente realista, assim como a colocação do protagonista sobre “por que segurar as saias para que não vejam sua bunda?? Não seria melhor deixar no tamanho normal?”.

Conservador? Sim, claro. Mas por qual motivo as meninas se expõem desse jeito? Para serem notadas... uma mulher é objeto a ser avaliado. Ao trazer a discussão, a série pode ajudar as meninas a refletirem. Aliás, tudo isso é modismo. Tempos atrás, no auge de Maria-sama ga Miteru (マリア様がみてる), algumas meninas passaram a alongar as saias para ficarem parecidas com as protagonistas dessa série, assim como algumas escolas japonesas passaram a querer obrigar as meninas a usarem calças compridas. Comentei tudo isso aqui.

Outra questão muito contemporânea é o medo do estupro, algo comum, ao que parece, às mulheres de lá, daqui e de todo lugar. Toda mulher neste mundo corre o risco de ser perseguida na rua, assediada e mesmo estuprada. O patriarcado nos coloca como objetos a serem apropriados e a cultura do estupro sanciona isso. Jovem ou velha, magra ou gorda, bonita (*para os padrões*) ou feia, todas não corremos este risco. A angustia de Mei ao se ver seguida por um homem mais velho, cliente da loja de conveniências na qual trabalhava, foi muito real. Noite, depois do expediente, ele a persegue na rua.  O desespero da menina ligando para casa e ninguém atendendo, até que, sem alternativa, ela liga para Yamato... Só explicando, são havia dois números no celular de Mei, o de casa e o do trabalho. Yamato tinha lhe dado seu número, mas, claro, a menina nunca tinha ligado. Seu desespero muda tudo...

Fora isso, gostei dos protagonistas. Mei é a protagonista insegura e já sabemos que a série vai mostrar seu crescimento como pessoa. Até que ponto esse processo vai ser empoderador, ou não, veremos. Eu vou olhar o mangá. Já Yamato é assertivo, corajoso, galante, sem ter parecido o sujeito dominador. Ele é abusado, claro, e o choque da protagonista ao ser chamada de Mei por ele do nada, foi engraçado. O correto seria Tachibana-san, no máximo, e já seria abuso, Mei-san, mas ele a chama só pelo nome, a beija no final do episódio #1 e diz que a ama, daí o título da série. Como disse, promissor, espero que Yamato não seja o sujeito que vai forçar a barra. No Mangaupdates está escrito “smut” e, bem, isso pode significar uma série de coisas desagradáveis ou cenas de sexo e algum erotismo que ajudem a história. De novo, vamos esperar...

Olha, a série pode até degringolar depois, mas foi um primeiro capítulo cativante, por assim dizer. Eu precisava comentar de imediato. Já Tonari no Kaibutsu-kun (となりの怪物くん), que eu já li parte do mangá, não me impressionou tanto, preciso do segundo capítulo para comentar melhor. Por enquanto, daria nota 10 para Suki-tte Ii na yo。, espero que mantenha a média até o fim.