sábado, 10 de novembro de 2012

Algumas reflexões sobre a queda das vendagens nas Antologias de Mangá



Eu normalmente não publico, mas o Manga News volta e meia posta as vendagens das revistas japonesas. Este levantamento equivale às tiragens de julho-setembro de 2012.  Um dos motivos pelos quais eu omito é que normalmente as revistas da Akita Shoten (Princess, Princess Gold, For Ms., Elegance Eve, etc.), nunca aparecem nessas listas, só para citar uma editora de peso. Queria ter esses dados, também, acho uma lacuna e tanto.  De qualquer forma, ano após ano, desde que eu passei a tentar observar isso, vem acontecendo um encolhimento das tiragens das antologias, com algumas exceções. No entanto, como já comentei aqui, há, também, a migração para o meio digital, inclusive com antologias nesse formato. Pensem nos celulares e tablets.  É muito mais cômodo ler em um aparelho como esses do que carregar uma antologia de sei lá quantas páginas... E mesmo antologias tradicionais, como a Hana to Yume, criaram suas versões digitais.  Para mim, trata-se de um teste para uma migração futura.  quem sabe?


Enfim, das revistas femininas listadas (*não estou focando nas tiragens de shounen/seinen*), somente a Ciao, a Asuka, ARIA e a Feel Young tiveram aumento de tiragem. Mantiveram as tiragens, a Betsufure, The Margaret (*não confundir com a revista-mãe, a Margaret*), a Betsuma, The Dessert, Dessert, Petit Comic e Flowers. Não houve nenhum encolhimento monstro, mas há uma retração constante. Em 2006, houve susto quando a Ribon chegou a uma tiragem de 400 mil exemplares, hoje, está patinando nos 200 mil.  Veja só o gráfico:


A Ciao, a mais bem sucedida das revistas shoujo, tinha tiragem de um milhão, hoje está nos 600 mil.    Se vocês olharem 2006/2012 verão que a Shounen Jump é a revista que se sai bem, mas suas vendagens flutuam em 2 milhões e 800 mil faz quase uma década.  Já foi muito mais que isso.  O fato é que o formato papel, especialmente no caso das antologias, vem perdendo espaço, mas há que se pesar, também, o nível das séries oferecidas e sua capacidade de atingir o seu público alvo. De qualquer forma, pensem que trata-se de uma retração, talvez acelerada pela recessão econômica, mas que deve ter impacto em toda a cadeia produtiva.  Antologias digitais dispensam gráficas e pontos de venda, por exemplo.  Assunto complexo e, talvez, um desafio para as editoras nos próximos anos.

5 pessoas comentaram:

A Ciao vende bem mais que as outras, mas seus mangás encadernados nunca aparecem entre os mais vendidos. Já os da Ribon, Margaret e outras aparecem. Será que isso equilibra os ganhos da editora?
Eu não sei avaliar bem o que esses números significam no mercado, mas realmente acho que estamos num tempo de vacas magras. Seja de criatividade, seja econômica...

Não sei, Tabby... Os mangás da Ribon eram muito bem vendidos, hoje, seu desempenho já não é tão forte. Agora, o que rende muito para a Ciao são animações e produtos licenciados. Acho que a revista tinha até um programa de TV até certo tempo atrás.

Se você pegar o quadro com as revistas shounen e seinen do Manga News verá que todo mundo praticamente está vendendo menos ou andando para o lado. A Shounen Jump anda para o lado faz quase uma década.

Mas e os tankoubons? Também tiveram uma queda forte no mercado ou vendem a mesma coisa que vendiam antigamente (com as devidas proporções de obra, claro)?

Com o avanço da internet as antologias tendem mesmo a perder espaço, creio que antigamente se vendia mais pois se perdesse um capítulo do mangá o encadernado dele só sairia depois de uns 6/7 meses mais ou menos, agora podemos ver tudo pela internet em questão de horas depois da publicação, não há um real motivo que faça a pessoa ir atrás da antologia assim que sai, pelo menos não por um capítulo de mangá. O mais natural pra mim é as antologias acabarem migrando pra internet (pelo menos essas menores, que se não vendem correm o risco de terminar) e deixar pro meio físico os tankoubons, que ainda vendem bem.

Offtopic: Valéria, não vai comentar sobre o Crunchyroll em português?

Unknown, até onde eu sei as vendagens dos tankos oscilam mas são positivas. Pense no caso isolado de One Piece. Qual mangá tem tiragem de saíde de 3 milhões por volume e vende tudo?

Não sei se vou falar do Chunchyroll, já que teria que reclamar: assinei, não consigo assistir nada, enviei e-mail ao suporte e NADA.

Oi, Valéria!
Suas reflexões sobre o mercado de mangás (principalmente quando fala do mercado brasileiro) me lembram muito as de Raquel Cozer, da Folha.
Ela escreve pra versão impressa, mas eu acompanho mais pelo blog: http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/

Principalmente qnd as duas reclamam da falta de dado (ou fontes confiáveis) sobre as editoras. (se não me engado, ele fala isso nos post da bienal)

Até! ^.~

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