sábado, 16 de agosto de 2014

Comentando Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014)



Voltei a ir ao cinema!!!! Sim, sim, consegui e não foi Cine Materna. ^_^ Mais legal ainda, foi ter assistido a um filme tão divertido.  Guardiões da Galáxia parecia um upgrade de alguns filmes B de Sessão da Tarde dos anos 1980, uma mistura de Mercenários das Galáxias (Battle Beyond The Stars, 1980) e O Incrível Exército de Brancaleone, com seu grupo de heróis aparentemente sem nenhum caráter e precários meios para vencer o grande vilão da história.  A resenha vai ser curta, afinal, tenho uma bebê um pouco doentinha me chamando de tempos em tempos, mas espero que fique minimamente interessante.  A sinopse é a seguinte: 

Peter Quill (Chris Pratt) foi abduzido da Terra quando ainda era criança pelo pirata espacial Yondu Udonta (Michael Rooker). Adulto, torna-se saqueador com longa ficha criminal e ganha o nome de Star-Lord. Quando rouba uma esfera, na qual o poderoso vilão Ronan (Lee Pace ) sua vida começa a ficar complicada.  Ronan está empenhado em uma vendeta pessoal contra o povo do planeta Xandar, que acabou de firmar um acordo de paz com seu povo, os Kree.  


Ronan mantém uma relação de vassalagem com um poderoso ser, Thanos (Josh Brolin), que emprestou-lhe duas de suas “filhas”, Nebula (Karen Gillan) e Gamora (Zoe Saldana), ambas treinadas para levar adiante missões perigosas e matar sem piedade.  Quill também é caçado por seu pai de criação, Yondu, por ter-lhe traído.  O pirata colocou preço por sua cabeça e ele atrai a atenção de dois mercenários Groot (Vin Diesel) e Rocket Racoon (Bradley Cooper).

Peter Quill dirige-se para Xandar, onde iria encontrar o receptador do orbe, um artefato dos mais poderosos, mas o sujeito recusa fazer negócio ao saber do interesse de Ronan pela peça.  Quill então se torna alvo de Gamora, que havia convencido Ronan a enviá-la atrás do saqueador, os dois caçadores de recompensa.  No fim das contas, o grupo é preso pela Nova Corps e mandado para uma prisão super segura.  Lá, Gamora conta que tem sua própria agenda e um comprador para a orbe que pagaria muito mais do que o preço pela cabeça de Quill.  Com o dinheiro ela planeja reconstruir sua vida, longe dos crimes, de Ronan e de seu “pai” Thanos.  


Depois de alguns incidentes, o grupo – Quill, Gamora, Rcket Racoon e Groot – decidem fugir e levar a orbe até o vendedor que prometeu uma fortuna para Gamora.  Aos quatro se junta outro prisioneiro, Drax, o Destruidor (Dave Bautista), uma montanha de músculos que deseja se vingar de Ronan pela morte da esposa e da filha.  Obviamente, o plano não dá tão certo quanto eles esperavam e o grupo de párias acaba se tornando, por força das circunstâncias, os Guardiões da Galáxia.

Não sabia do filme, tampouco o que era os Guardiões da Galáxia até que começaram a pipocar em um dos grupos do Facebook do qual faço parte algumas matérias sobre a película.  Fiquei sabendo que Guardiões é o primeiro filme de super-heróis a ter uma co-roteirista (Nicole Perlman), que o filme vem fazendo muito sucesso e dinheiro, que 44% da audiência é feminina e que Gamora é um hit.  Suficiente para atrair minha atenção e acabei conseguindo ver o filme no cinema.  O primeiro, aliás, desde novembro passado.


Como não conhecia nada dos Guardiões da Galáxia, da Nova Corps, dos Kree, etc., o filme para mim está descolado dos quadrinhos e, ao mesmo tempo, colado nos outros filmes da Marvel através da figura de Taneleer Tivan, O Colecionador (Benicio Del Toro), o misterioso receptador do orbe.  Enfim, achei o filme divertido, acredito que esta seja a palavra, com um roteiro amarradinho e personagens que – se não começam simpáticas – se tornam.  Por exemplo, achei que Quill seria aquele típico machinho conquistador piadista sem graça... Bem, ele é conquistador e piadista, mas até ri de algumas delas, só não entendi algumas das pontes que ele fez com Footlose e Kevin Bacon.  

No início achei que Rocket Racoon seria uma personagem intragável, mas ele consegue ser engraçado e super-dramático com seu papo de não pedi para ser assim, e ele ainda é o cérebro tecnológico da equipe.  A personagem foi geneticamente modificada e carrega vários implantes pelo corpo.  Já Groot, o humanoide árvore, só se finge de inocente... E fico pensando que, se cada um de seus galhinhos é uma mudinha, o planeta Xandar vai ficar super povoado.  Drax consegue ser engraçado com sua incapacidade de entender metáforas e piadas, além de seu jeito direto de colocar as coisas.


Do lado dos vilões, Ronan é um terrorista maníaco convincente.  Aliás, tanto ele, quanto Thanos, têm grande presença em tela, passam dignidade e poder.  Bom, também, foi ver que apesar de algumas inconsistências (*Por que Ronan não pulou da nave durante a invasão? Ele não iria nem se arranhar...*), teve um final a altura dos seus poderes.  Isso tem sido raro, porque os vilões de muitos filmes de super-heróis tendem a ser patéticos, Ronan pontua alto e Thanos deve arrebentar no segundo filme... Sim, porque haverá um, é claro!

Falando em Thanos, junto com Yondu, ele forma o par de pais de vida duvidosa.  Ambos adotaram crianças de mundos ou famílias destruídas. Adotar, na verdade, é só um eufemismo.  No caso de Thanos, ele destrói planetas e escolhe crianças para serem seus filhos.  Essas crianças, na verdade, são submetidas a alterações, treinadas para se tornarem assassinas e usadas como moeda de troca com outros seres poderosos.  Gamora é sua filha favorita, mas as memórias da personagem em relação à Thanos são de puro ódio, ou assim parece.  Já Yondu não é o melhor pai da galáxia, também.  Ele até coloca preço na cabeça do filho e aponta uma arma para ele várias vezes ao longo do filme, no entanto, o pirata tem bom coração e, por mais conturbada que seja a relação com Quill, há afeto e respeito entre eles. São dois picaretas amorosos, por assim dizer.

O paizão de Quill
E Gamora?  O que dizer dela?  Enfim, em primeiro lugar que é uma personagem legal, de forte presença em tela.  A melhor guerreira do grupo e que resiste aos avanços de Quill.  No entanto, repete-se o clichê e o herói – Quill – salva a vida de Gamora em um momento chave do filme, ou seja, por mais poderosa que a personagem seja, ela é reduzida, nem que seja uma vez, à condição de donzela em perigo.  Isso não estraga o filme, ele é muito legal, nem tira o crédito de Gamora, mas, de novo, acho que seu sucesso é fruto da carência dos americanos, e nossa, também, de personagens femininas fortes no cinema.  

Aliás, impossível não ver em Gamora o cumprimento de cotas:  quatro personagens masculinas para uma feminina em um grupo de heróis.  Nos quadrinhos americanos, e no cinema, também, é o mínimo de representatividade. A melhor proporção é sempre três para duas.  Outra coisa a pontuar é o quanto Zoe Saldanha é carismática, competente em cenas de ação e elegante, ela me lembra uma gata com seu caminhar sinuoso, sensual até.  Gamora não é uma personagem sexualmente objetificada, mas é objeto do desejo do herói, que segue próximo do estilo James T. Kirk quando o assunto são as mulheres.


Falando das mulheres, o filme cumpre a Bechdel Rule?  Ainda não me decidi.  Nebula e Gamora conversam, mas, acredito, que é sempre sobre Ronan.  Aliás, a irmã de Gamora, que permanece do lado do mal, e é tão forte e capaz quanto ela.  Outra personagem feminina de presença é a comandante Nova Prime (Glenn Close).  Ela comanda o planeta Xandar e a Nova Corps, só que eu não vi nenhuma mulher combatente neste grupo, nem como figurante.  Estas três são as personagens fortes da história.  E, bem, já é mais do que a maioria dos filmes americanos oferece.   E há Carina (Ophelia Lovibond), a escrava do Colecionador, uma personagem débil, frágil e trágica.  

Outras mulheres aparecem, algumas até possuem nomes, como a patética namorada de Quill que dá as caras no início do filme, mas não tem mais do que uma linha de fala e aparições rápidas.  Enfim, não cumpre a Bechdel Rule, mas oferece boas personagens femininas, duas delas, Nebula e Gamora, com histórias próprias e bom desenvolvimento no filme.  Por oferecer imagens positivas das mulheres, Guardiões da Galáxia merece só elogios.


Para terminar, o humor do filme é delicioso, diverte sem grandes pretensões.  Além disso, oferece um combate final entre os Guardiões e Ronan que já é um dos melhores dos filmes da Marvel, fugindo maravilhosamente do discurso de que a amizade derrotou o mega-vilão.  Se falar mais é spoiler. ^_^ Foi outra coisa!  Ah, sim, e fiquem até o final, pois tem cenas pós-créditos.  De resto, o que é esse baby Groot?  Queria um na minha casa. :D

5 pessoas comentaram:

Que legal que vc arrumou um tempinho pra ir no cinema ;)
Adoro as suas resenhas de filmes.
Eu adorei Guardiões. Impossível sair do cinema sem cantarolar as músicas. Foram duas horas que passaram voando.
Só não gostei da cena pós créditos... Mas isso pq eu não sou muito conhecedora das HQs e tive que ir atrás de explicações para entender o que foi. Eu estava esperando algo dos Vingadores 2.

Fico satisfeito de ver que o filme agrada bastante ao pessoal que não conhece os quadrinhos.
Prova de que os filmes da Marvel estão conseguindo atrair um público mais amplo.
Eu, como fã, não gosto de dar minha opinião sobre os filmes, pois só de vê-los virando realidade, já fico muito contente. Não consigo ser isento.

Fazia tempo que não via um filme bom, com exceção de um filme alemão que vi esses dias. E descreveu certo, a palavra para esse filme é divertido.

Legal.Mas acho que a senhora poderia comentar o filme "Malévola". O DVD/Blu-ray esta preste a ser lançado. Acho que vale a pena a senhora alugar esse filme. Ele tem um caráter feminista exacerbado. Pois a Disney reavalia o AMOR VERDADEIRO numa época cada vez MAIS CRUEL. Jolie e Elle Fanning estão ótimas interagindo. Sei que aqui não é ask.Mas a senhora pensa em comentar "Malévola" aqui no blog?

clamp, vou comentar, sim. Quando assistir Malévola é resenha certa.

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