segunda-feira, 9 de maio de 2016

Foi atriz pornô? Você não serve para ser dubladora, segundo uma agência de talentos japonesa.


Ser dublador de animes – seiyuu (声優) – no Japão é o emprego dos sonhos de muita gente.  Se você faz sucesso, há a possibilidade de se tornar uma celebridade, especialmente, entre os otaku.  Segundo o Rocket News 24, antes um emprego marcado pelo anonimato e garantia de privacidade, agora, trata-se de um trabalho que traz implícito uma grande exposição.  Algo que o site ressalta é que apesar de muitos animes terem um conteúdo sexual muito ostensivo, isso não significa uma tolerância para com os dubladores.  Ao que parece, se entendi bem, eles e elas são tratados como idols, por assim dizer.  Será que são obrigados a assinar contratos tão restritivos quanto?  Parece que “sim” é a resposta, pelo menos para alguns deles.


O RN24 comenta o caso de uma dubladora, Emi Nitta, dubladora da protagonista de Love Live!, que foi acusada de ter feito vídeos pornográficos.  A agência da moça, a S Inc., negou, mas, ao que parece, o estrago estava feito.  Sinto cheiro de otaku projetando suas fantasias nas atrizes que dublam as moças de suas fantasias...  Fui procurar informações sobre o caso e achei um artigo no ANN.  Lá é dito que uma revista divulgou a informação de que Nitta teria participado de um filme pornográfico em 2008, vejam que não é dublagem, é filme.  Ela estreou como dubladora em 2010.

Enfim, uma agência importante de Tokyo, a Walkure, decidiu rejeitar candidatas que tenham participado de filmes pornográficos ou posado para ensaios eróticos.  Elas sequer podem participar das audições.  Vejam bem, não há nada sobre dublagem de material erótico (filmes, hentai, BL), a nota fala de filmes com atores e atrizes de carne e osso.  Nenhuma restrição aos homens, salvo uma notinha sobre “atividades ilegais” que, talvez, se aplique a eles.  


Vejam que a mesma indústria que alimenta a pornografia parece discriminar e castrar os sonhos profissionais das mulheres.  Elas servem para fantasia, desde que sejam ou castas (*idols, dubladoras*) ou putas (*atrizes de filmes pornográficos ou de ensaios eróticos*).  Realmente, há muita coisa errada e a se reformar nessa indústria de animes, mangás e tudo que orbita em torno dela, ou melhor, há de se repensar urgentemente as estruturas machistas que a norteiam.

2 pessoas comentaram:

Nossa, o caso da Emi Nitta está bem triste de se acompanhar. Ela tem recebido ameaças de morte e nunca mais atualizou as redes sociais...Parece estar reclusa em casa e ninguém sabe dizer como ela está.

Recentemente os fãs de Love Live organizaram um formulário no Google Docs pra deixar recado de apoio a ela, mas não tive mais notícia se conseguiram enviar as mensagens.

=(

O mais triste é que mais tarde foi provado que a suposta Emitsun era outra pessoa, mas mesmo assim muitas pessoas ainda a culpam pelo boato. Como grande fã de Love Live foi triste presenciar algo assim justo no dia seguinte ao último show oficial da carreira das μ's. É quase como se todos os momentos em que todos haviam se unido para apreciar a música tivesse desaparecido, como se a carreira dela não valesse nada depois daquilo (o número de cds e blu-rays que continham a voz dela que foram destruídos foi imensa). A sorte é que ela soube bem contornar a situação.
É triste ver a carreira de alguém tão competente ser quase destruída dessa forma, assim como também é triste ver que essas seiyuus muitas vezes são tratadas como propriedades de seus fãs, sendo boicotadas quando por um motivo ou outro tem sua imagem manchada. Isso sem falar em quando há ameaças de morte (Mimori Suzuko, a Umi de Love Live, e Satomi Satou, a Ritsu de K-ON, são apenas dois exemplos) ou as garotas são quase obrigadas a abandonarem certos tipos de trabalho após casarem para não estragarem as fantasias do público alvo.

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