domingo, 8 de maio de 2016

Meu terceiro Dia das Mães


Procurei por posts anteriores e só achei o de 2014.  Reler o que escrevi, foi muito emocionante.  Hoje, estou eu aqui comemorando o meu terceiro Dia das Mães.  Tá, o que eu quero falar sobre esse Dia das Mães?  Bem, cada dia com uma criança é novidade, desafio, diversão, frustração, tudo junto.  Acompanhar o crescimento da Júlia, o desenvolvimento das competências físicas e mentais é muito, muito legal mesmo.  A melhor parte, eu diria, junto com receber o carinho que vem em doses diferentes ao sabor do humor da criaturinha.  

Ontem, ela conseguiu superar mais uma barreira.  Não precisa mais de mim na natação.  Vai entrar sozinha.  Segundo o professor, a adaptação poderia durar um mês.  Com ela, bastou uma aula.  A mãe, que sonhava  poder usar o tempo para malhar, ficou com cara de choro, porque a criança não precisa mais dela.  Buááá!  Verdade, eu chorei.  Foi como se cortassem mais um cordão umbilical.  O próximo, eu sei, será quando ela deixar de mamar.  Seguimos ainda amamentando e, só reiterando o que escrevi em 2014, é uma das partes que mais gosto desse maternar.


De resto, nem sempre me sinto empolgada.  Sei que tenho menos tempo, sei que tenho menos autonomia.  O trabalho de cuidar da Júlia é quase 100% meu e isso desgasta, cansa.  Não consigo ler e escrever tudo o que quero e preciso, mas o sorriso dela me compensa um pouco.  O que não compensa é ter um monte de provas para preparar e aplicar no trabalho.  Parte considerável do meu estresse vem disso.  Eu gosto de ser mãe da Júlia, mas eu não gosto de fazer diário, nem de entupir meus alunos e alunas de prova.  As duas coisas me roubam tempo, mas uma é para o bem, outra, nem tanto.

Terminarei esse post meio inútil, no entanto, vamos trazer alguma discussão relevante para esse post... ou tentar.  Ontem, Júlia saiu de casa com sua camisa do Homem-Aranha e sandálias do Mickey Mouse.  Ambas vermelhas e, vocês sabem, vermelho virou cor masculina.  Não quis que eu prendesse o cabelo ou colocasse qualquer coisa. Como Júlia não tem orelha furada, então, não há marca de gênero evidente que a identifique como "menina". Chegamos na loja das Havaianas. Ela precisa de um chinelo novo, olhou de cara para o de Divertidamente, lilás, gritante. A atendente veio solícita para logo se espantar "Mas é para ELE?". "Ela", corrigi. A moça ficou um tanto constrangida. Depois, nossa história continuou sem sobressaltos.

  1. Meninas sem brincos são meninos.
  2. Meninas não podem gostar do Homem-Aranha, nem do Mickey.
  3. Meninos (*Ai, meu Deus!*) devem ficar longe do lilás e não podem gostar de Divertidamente, quer dizer, não se o chinelo for rosa, ou lilás.


Gênero, meus amigos, não é algo natural. É coisa que a gente aprende. Se eu tivesse insistido com a Júlia que Homem-Aranha era coisa de menino, duvido que ela vestisse aquela camisa, na verdade, ela ficaria constrangida só de ter pedido. Enfim, mas ontem ela estava fora da curva, quase saímos  da Feira da torre de TV com uma camisa do Homem-Aranha, outra do Hulk e mais uma de Carros. Quase...  A de Carros com o Mate (*gostamos do Mate*) não tinha do tamanho dela.  A do Hulk, ela rejeitou quando viu a cara da personagem.  "É feio!"  Mamãe concorda, filha. ^_^

Terminando, recomendo a vocês a leitura de uma matéria da Folha de São Paulo comentando uma pesquisa sobre o quanto custa um filho e uma filha.  Meninas custam em média 30% mais, porque, bem, a natureza as obriga a gastar mais com roupas (*que são em média mais caras que as dos meninos*), com sapatos e acessórios, além de tê-las feito mais pidonas.  Meninos aceitam qualquer coisinha com alegria... E brinquedos de meninas também tendem a ser mais caros... Nenhuma linha sobre videogames.  Deu vergonha alheia da naturalização desse mundo que constrói pessoas de forma diferente o tempo inteiro e as constrói para a desigualdade e infelicidade, na maioria das vezes.

P.S.: Não me levaram para comer fora, nem ganhei meu sapo.  A criança disse que me daria um sapo de Dia das Mães. :(

2 pessoas comentaram:

Tenho a impressão de que isso de cores e marcação de gênero nas crianças ficou mais forte de uns anos para cá, não? Ou eu é que estou me incomodando mais com isso. Acho uma maldade furar orelha de bebê. Minha mãe não fez isso com nenhum de nós e foi muito bom ter o direito de decidir isso. Lembro que aos seis anos tive de espernear para minha mãe me deixar pôr um brinco, acho que ela se sentia incomodada em ver criança de orelha furada. Lembro que uma pessoa furou minhas orelhas com agulha e uma pedra de gelo. Foi muito legal.
Fico muito contente ao ver que ainda existem pessoas com seu pensamento, de deixar as crianças ser quem elas querem ser e ter autonomia no que for possível. Muito bonito isso.

Ah, já ia esquecendo: Feliz dia das mães, embora atrasado. Que pena que não ganhou o sapo. rsrs.

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