quinta-feira, 8 de setembro de 2016

50 anos de Jornada nas Estrelas


Sim, Jornada nas Estrelas, foi assim que aprendi a chamar a série que me foi apresentada pelo meu tio mais querido.  Da primeira vez, eu, muito menina, com sete anos se muito, não consegui gostar, mas, mais tarde, já adolescente, foi amor para toda vida.  Era assim que a chamávamos até que o reboot foi vendido como "Star Trek" para o mundo inteiro.  Não que não nos chamássemos de trekkers, isso acontecia lá nos anos 1990, quando estive mais inserida no fandom, mas a série era Jornada.  Enfim, em 8 de setembro de 1966, estreou na NBC a série Jornada nas Estrelas.  

O primeiro episódio exibido (*Sal da Terra, seu título aqui no Brasil*) não foi o primeiro a ser gravado.  O piloto original, com uma mulher primeiro oficial, uniformes quase unissex e um monte de outras coisas que poderiam ter feito de Jornada uma outra série, foram rejeitadas pelos executivos.  Muito cerebral, teriam dito.  Só que, se perdemos com esta rejeição, e sei que quando o assunto é gênero, perdemos (*texto aqui*), Majel Barrett, por exemplo, conseguiu um lugar no seriado como enfermeira, ela era o primeiro oficial no piloto original, mas ganhamos o Dr. McCoy e a tenente Uhura na ponte.  Precisamos de "um pouco de cor na ponte", disse o criador, Gene Roddenberry, os executivos concordaram, mal sabiam eles que ele iria colocar uma mulher negra na ponte da Enterprise... Escrevi sobre isso antes, clique aqui.


Quando falo de perdemos quando o assunto é gênero, falo do caráter subalterno das personagens femininas, do fanservice explícito, das piadas machistas, do fato de Roddenberry mesmo afirmar que não havia mulheres capitães de nave em pleno século 23 (!!!).  A primeira capitã da Enterprise foi a da C e já no século 24... E essa situação horrorosa rendeu o maravilhoso último episódio da série clássica, com Kirk preso no corpo de uma mulher (*que enlouqueceu porque, apesar de ser a melhor de sua turma da academia da Frota Estelar, NUNCA poderia ser capitã de uma nave*) e sofrendo gasllighting.  Há quem não entenda - homens, especialmente - este episódio até hoje e já vi gente que o chamou de "o pior da série", afinal, pense no pesadelo de qualquer homem, especialmente machista, submetido a essa condição de não ser ouvido, respeitado e, enfim, tratado como "gente". 

Passaram-se 50 anos,  e Jornada continua sedo um marco.  Colocou diversidade nas telas americanas, discutiu tabus sob a máscara da ficção científica, criou um imenso fandom que sallvou a série do cancelamento depois de sua primeira temporada.  Enfim, Jornada teve 725 episódios, 13 longas-metragens, centenas de livros e quadrinhos, fora o que foi produzido pelos fãs (*séries inteiras, longas metragens, coisa de qualidade variando do espetacular ao ridículo*).  Ano que vem, teremos nova série para a TV.  O que esperar?  Bem, eu que não gostei da última série, Star Trek: Enterprise, mas, enfim, Jornada é sempre Jornada.


De resto, não vi o filme que está no cinema ainda.  Sessões legendadas são coisa rara hoje em dia, então, se não conseguir uma sessão legendada acessível (*à tarde, em horário que não conflite com meu trabalho e a creche da Júlia*), terei que esperar.  As resenhas têm sido positivas, daí, espero que os trailers sejam um engodo e tudo que lembra Velozes e Furiosos no filme, esteja neles.  Vamos torcer e que venham mais 50 anos.  Para quem quiser, deixo o link para a excelente matéria do jornal Zero Hora.

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