quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Comentando Cegonhas - A História que não te contaram (Storks, 2016)


Ontem fiquei fora da net durante a tarde e a noite, porque levei Júlia para assistir Cegonhas (Storks, 2016).  Tinha prometido, o trailer era bonitinho e a crítica do principal jornal de Brasília foi favorável.  Enfim, das animações que vi este ano, Cegonhas é páreo duro para Angry Birds (*que não comentei no blog*) em termos de roteiro ruim, mas leva algumas poucas vantagens, eu diria, que me obrigam a comentar rapidamente o filme aqui.

O filme tem como centro a empresa CornerStore.com, que pertence às cegonhas (*não me peçam explicações*) e entrega produtos no mundo inteiro.  Com sua experiência entregando bebês, não existe melhores entregadoras de produtos e, dentre as cegonhas, o melhor de todos os profissionais é Jr.  Mas por qual motivo deixaram suas origens?  Um dia, uma das cegonhas, Jasper, enlouqueceu ao ser contaminado pela fofura de Tulipa.  Perdeu-se a referência de entrega e a criança teve que ser criada pelas cegonhas.  Depois do incidente, as cegonhas pararam de entregar bebês, mas não me perguntem como, em 18 anos, bebês continuaram a aparecer, porque o filme não explica.


O filme é fraco, mas os bebês são fofinhos.
Jr. é chamado por seu chefe – uma cegonha capitalista selvagem – que lhe oferece seu cargo gerencial, já que seria promovido, e lhe dá uma missão: Tulipa completou 18 anos, ela é um problema e deve ser demitida.  Enfim, Jr. fica deslumbrado com a possibilidade da chefia, mas não tem coragem de demitir a menina.  Ele simplesmente a coloca na seção de cartas.  Como ninguém manda cartas, ela vai ficar lá esquecida e sem gerar problemas.  Só que um menininho solitário humano, Nando (*Nat, no original*), quer um irmãozinho que seja companhia para ele, já que seus pais não lhes dão atenção.  

O menino encontra um velho folheto de propaganda das cegonhas, manda uma carta e esta cai nas mãos de Tulipa.  A moça vai cumprir sua missão e, por acidente, coloca a fábrica de bebês para funcionar.  Um bebê é criado e Jr. agora tem que se livrar da criança sem que seu chefe descubra, isso vire um escândalo e sua promoção vá para o saco.  Junto com Tulipa, ele parte para cumprir a missão tentando se manter imune à fofurice da bebezinha, no caminho encontram lobos enlouquecidos, Jasper e tem no seu encalço um pombo que trabalha na CornerStore e quer o cargo de Jr.


Os lobos caem de amores pela bebezinha.
Resumi o filme.  Ele é cheio de furos de roteiro, muitos mesmo, e pontuado com cenas engraçadinhas para tentar maquiar isso. Como em muitos filmes de animação contemporâneos,  as referencias a outras produções aparecem o tempo inteiro e isso, claro, nada tem a ver com garantir o bom andamento do filme, é recurso cômico mesmo. Fora isso, a animação é espetacular, de grande qualidade mesmo, fora os bebezinhos, todos fofinhos e multirraciais,  prontos para serem colecionados, por assim dizer. Agora, será que atingiu?  Estava em uma sala vazia, mas, quem estava lá,  riu em vários momentos. 

Uma das cenas que achei realmente engraçada foi a do duelo dos protagonistas, Tulipa e Jr., contra os pinguins aue receberam do chefe a incumbência de dar sumiço na bebezihha. A bebê tinha demorado muito a dormir, eles lutam em silêncio absoluto, apesar da dor, dos ferimentos, porque, bem, ninguém quer acordar a criança e recomeçar o ciclo... Agora, uma ou outra cena não justificam o filme e seu roteiro desmazelado.


Eu quero um irmãozinho!
Mas vamos a um ponto positivo: o filme discute ativamente a questão da representação da família moderna. Tulipa, Jr. E a bebê se veem como uma família. Por que não seriam?  Quando, já no final, milhares de bebezinhos são entregues (*vejam o filme para entender*), há mãe solteira, famílias multirraciais aos montes, famílias com dois pais e duas mães.  Assim, um filme meia boca passou batido da patrulha dos defensores da suposta família tracicional enquanto Procurando Dory foi queimado na fogueira por uma sequência inócua.  Pois é,  acontece... Nesse quesito, o filme pontua alto, mas é só. 

O filme cumpre a Bechedel Rule? Olha, a co-protagonista é uma mulher, há a mãe de Nando, a Senhora Jardim (Gardner), mas é só.  E elas não conversam entee si. Há a bebezinha, mas ela não fala. Na CornerStore, assim como em todo o filme, há mulheres e fêmeas figurantes, algumas têm uma fala, mas será que isso é representatividade?  Entre as cegonhas, aparentemente, todos os entregadores são machos. Uma lástima nesse quesito.


Fofinhos!
Assim, se você não tem uma criança pequena como eu, não perca tempo no cinema com Cegonhas. Espere sair em vídeo,  na TV por assinatura, Netflix, enfim, não há pressa.  De resto, fico feliz de não ter pago a entrada, usei, pela primeria vez, meus pontos do Premmia, programa da Petrobrás. Duas entradas de graça e u  bolso menos pesado.

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