domingo, 22 de janeiro de 2017

Comentando La La Land - Cantando as Estações (La La Land, 2016)




Sexta-feira assisti La La Land - Cantando as Estações, um dos filmes queridinhos de 2016 e um dos favoritos aos prêmios Oscar. No geral, gostei. Belas músicas, algumas sequências muito lindas de dança, fotografia e direção de arte competentes, figurino inspirado e dois protagonistas, Emma Stone e Ryan Gosling, formando um casal fofinho. Entendo, portanto, todos os elogios, porém, houve algo que me incomodou, mas é spoiler, então, se você assistiu ao filme, ou não se importa com essas coisas, siga para depois do trailer.

La La Land conta a história de Sebastian Wilder (Ryan Gosling), um pianista apaixonado por Jazz, e Mia Dolan (Emma Stone), uma jovem garçonete aspirante à atriz. Eles se encontram pela primeira vez em um engarrafamento e voltam a se esbarrar na cidade de Los Angeles. Depois de algumas coincidências e uma ida frustrada ao cinema, eles começam um relacionamento, se apoiam mutuamente, e terminam, de certa forma, conseguindo realizar seus sonhos profissionais.

Dançando no engarrafamento.
La La Land é um musical e acertou em cheio nas músicas e coreografias. Pronto, meio caminho andado!  Desde a absurda e deliciosa abertura no engarrafamento até as singelas sequências de dança de Gosling e Stone. Difícil saber qual a mais bonita e romântica, aliás. Talvez a do observatório Griffith, mas é somente um talvez, porque achei todos os duetos adoráveis. A inspiração do filme – e todo mundo já pontuou isso – é nos musicais clássicos das décadas de 1940-50. Como ponto de partida, eles se prestam bem e os duetos servem como bela homenagem, ainda que não tenhamos Fred Astaire e Ginger Rogers em tela.

O próprio diretor, Damien Chazelle, falou desse olhar para o passado em uma entrevista "Ryan e Emma combinam o que eu precisava para o filme: carisma à moda antiga e poder da fama. Eles poderiam estar em qualquer musical de 50 anos atrás, mas também são facilmente identificáveis como pessoas modernas" e, mais adiante "Foi divertido, mas tecnicamente muito difícil", conta o diretor, que não usou nenhum efeito especial e decidiu não quebrar os números com diversas câmeras. "Tudo foi ensaiado à exaustão e a câmera faz parte da coreografia musical. Queria que 'La La Land' trouxesse o espírito dos filmes de Ginger Rogers e Fred Astaire".

Direção de arte perfeita.
Ele consegue, claro, mas, ainda assim, é uma homenagem pálida, abaixo da média do que se fazia na época de ouro dos musicais e bem abaixo, eu diria, dos musicais icônicos do período. Saudosismo é algo típico de tempos de crise, aliás. Há meio que no ar a idéia de paraíso perdido, de que antes éramos mais felizes. Sebastian, o pianista, encarna bem esses ideais, sem que, contudo, o filme se agarre à valores muito conservadores.  De qualquer forma, eu tenho receio de uma nova leva de filmes nostálgicos como forma de fugir da realidade.  No caso dos americanos, de Donald Trump.

O miolo do filme, que o crítico da Folha de SP quase classificou de barriga, não é chato ou vazio, mas é carente de músicas. Há muitas músicas no início, o meio é quase desprovido de números musicais e o final os retoma, de certa forma.  Daí, La La Land periga virar um filme comum, uma dramédia – porque há drama e comédia – romântica como outra qualquer. E chego ao ponto que me incomodou, o roteiro deixa e desejar.  O motivo não é, a meu ver, falta de tramas secundárias, mas de uma narrativa mais robusta. Não queria uma grande história, mas que me convencessem de algumas questões importantes. E a culpa não é do fato de ser um musical, é do roteiro.

Dançando no Planetário.
A vida separa e a vida une pessoas. Sonhos nos jogam para frente, verdade, mas podem, sim, colocar em evidência características negativas de nossa personalidade, como o egoísmo, a obstinação, a intransigência, mas é preciso mostrar essas coisas na tela. La La Land falhou comigo – e minha amiga que estava comigo ficou profundamente indignada – porque não me ofereceu motivos, justificativas fortes o suficiente para me convencer do desfecho do filme. Não foi como em Casablanca, por exemplo, ou em Estranha Passageira (Now, Voyager), só para citar dois filmes românticos clássicos. E fui buscar exemplos distantes talvez para dificultar a compreensão do spoiler. Fiquei frustrada mesmo.

Enfim, o diretor de Whiplash, que eu não assisti até hoje, coloca em tela novamente o seu amor pelo Jazz e, talvez, o seu desprezo pela música eletrônica. A personagem de Gosling é um purista e eu tendo a odiar essas criaturas que acham que existe uma origem pura a ser perseguida ou mantida de qualquer coisa, como se não houvesse mudança, como se as coisas - música, doutrina religiosa, arte, língua, whatever - fossem imunes ao tempo. Pior ainda, como se a maioria dos movimentos tivessem uma origem única.  É criar dogma, um discurso fundador, tradições onde não existem e  fechar os olhos à realidade.  E nem preciso ser especialista em Jazz para escrever isso.

Um casal lindo.

A personagem de Sebastian quer tocar os clássicos como os grandes nomes que lançaram as bases do movimento, ele os venera. Ele olha para o passado e despreza aquilo que parece moderno, vulgar. Usei a palavra “vulgar”, porque nos seus primórdios o Jazz era uma música popular, a elitização veio depois. Parece que Sebastian abomina a vulgarização, a tentativa de, com o intuito de tornar o Jazz mais palatável,  torná-lo cada vez mais raso, sem a profundidade melódica de outras épocas.  O filme aponta, também, para o envelhecimento do público amante de Jazz e Sebastian insiste que as pessoas não conhecem Jazz de verdade. Mia exposta ao gosto refinado do namorado, passa a amar o Jazz que ele lhe apresenta.

Para Mia de antes, Jazz era aquilo que Kenny G tocava. E quem foi adolescente nos anos 1980/90 sabe de quem estou falando. Qualquer festa de 15 anos ou casamento tinha Kenny G. Com o tempo, a gente passou a considerar tudo isso muito cafona, por assim dizer.  E falando em anos 1980, uma das melhores sequências é exatamente aquela em que o pobre Sebastian, constrangido, precisa fazer um bico em uma banda cover dos anos 1980. Posteriormente, ele acaba cedendo – contas, possibilidade de juntar dinheiro para recuperar o seu night club – ele se junta a um conjunto que deseja popularizar o Jazz entre as novas gerações. Ele, um conservador, se sente humilhado e violentado. Mas ser adulto não é isso, sacrificar seus sonhos em prol de algo maior, enriquecer?


Os terríveis anos 1980...
Se Sebastian é um romântico à moda antiga, Mia é uma personagem mais moderna e bem mais clichê e escalarem Emma Stone fez muito bem para a personagem, porque lhe trouxe frescor, vivacidade e simpatia. Uma atriz menos competente poderia ter um efeito contrário, isto é, expor a fragilidade da personagem lugar comum.  Afinal, quem nunca viu em filme ou seriado (*Penny, estou falando de você!*) uma garçonete que deseja ser atriz? Uma mocinha interiorana (*Olá, outro clichê!*) que, para completar, é ignorante de muita coisa, pouco refinada, mas sensível, cheia de determinação, amor pela vida e sonhos? E usei o ignorante, porque, apesar de Mia morar na frente da biblioteca e dizer que ia ver filmes clássicos com a tia, atriz, a maior influência em sua vida, ela nunca tinha visto Rebelde sem Causa. Filme que se presta a aproximar os protagonistas. Se vocês perceberem, na sala só há velhos, o casal são os únicos jovens.

Não estou falando que Mia seja rasa, ou idiota. Ela não é, mas seu ponto de partida é lugar comum absoluto. Fora isso, pelo menos um grande clichê de gênero, uma piada machista, foi usado de forma irritante: mulheres e carros não combinam muito bem. Primeiro, temos a distração de Mia no engarrafamento, logo na abertura do filme. Mais adiante, Mia tem o carro rebocado (*e encontra Sebastian*), porque ela e as amigas estacionaram em lugar proibido. Mais adiante, e trata-se de uma das sequências mais importantes do filme, temos uma situação bonitinha, que termina em música e dança, e que serve para diluir o fato de nos estarem mostrando que, bem, mulheres não tem senso de localização. Mia perde o carro, não sabe onde estacionou. Super comum isso, mulheres são assim mesmo, não é?

No cinema.
Sebastian, um quase desconhecido com quem ela tinha tido mais de um problema, a ajuda a encontrá-lo, eles andam muito, sobem uma rua, ele pontua o quanto os sapatos dela – de salto altíssimo – devem ser desconfortáveis. Ela tem um par de sapatos confortáveis na bolsa, mas só faz a troca quando já subiu a morrada toda, afinal, ninguém na festa pode vê-la descomposta, é o que eu deduzo. Eles acham o carro, claro, mas o cavalheiro mente que o seu automóvel está perto, quando, na verdade, estava bem em frente à festa. Que bom que, nesses momentos de crise, temos um homem por perto, não é mesmo?

Como entender o que aconteceu no final?
Já  que estamos falando em Mia, vamos para outro ponto alto de La La Land é o figurino, que se remete, também, ao passado. A protagonista, por exemplo, tem um figurino que trafega por várias décadas, dos anos 1950 aos 60. Ela só é vista de calças uma vez, em uma cena em casa, mergulhada na frustração de mais um testa infrutífero. É um moletom velho. De resto, ela aparece sempre com saias ou vestidos. E o amarelo é uma cor em destaque. Na sequência de abertura temos pelo menos duas mulheres com vestidos amarelos, Stone aparece com mais um outro (*que ilustra boa parte das propagandas do filme*) e, bem, a cor é a mais forte da paleta do filme, ou assim, me pareceu.

Eu gostei da dinâmica do casal, da forma como um e outro colaboram para que atinjam seus sonhos. Mia não é uma musa de Sebastian, ela é uma parceira, ela sequer consegue demovê-lo de sua obsessão pelo night club perdido. Mesmo os conflitos entre os dois por conta da carreira de Sebastian no grupo de Jazz para a juventude, foi coerente, mas as lacunas do filme foram angustiantes, não instigantes. Por exemplo, fiquei o filme inteiro esperando que o sócio de Sebastian, o que supostamente lhe roubou o night club dele e o transformou em um clube de samba e tapas, iria aparecer para que tivéssemos um desfecho para o conflito, mesmo que ele fosse desfavorável ao protagonista. E nada. Enfim, podem dar mil prêmios para La La Land, mas roteiro e melhor filme não merece, não.

Era para ser um jantar romântico.  Era...

O filme cumpre a Bechdel Rule? Mia tem uma conversa e canta com as amigas. Elas todas têm nomes, a conversa não é sobre um homem. Cumprida a regra.  A irmã de Sebastian também tem nome, também. Há outras mulheres com nomes e breves conversas com Mia sobre coisas variadas. O filme é feminista? Não. Terrivelmente machista? Também, não, salvo se você centrar toda a carga em certos aspectos – a questão do mulher e carro, por exemplo – e esquecer o resto, inclusive que Mia sonha com uma carreira, sonha com ela. Agora, as personagens mais relevantes do filme estão atreladas aos papéis tradicionais – namorada, esposa, mãe, irmã – ainda que tenham outras atribuições.  Mas é um belo filme, com dois protagonistas simpáticos, com um elenco marcado pela diversidade, ainda que o par principal seja branco.

No fim das contas, o filme é sobre ele.

Repensando o filme, porém, cheguei à conclusão de que o filme é não sobre sonhos, ou sobre Mia e Sebastian, mas sobre ele. Sua relação com o Jazz, com a namorada, com suas ambições, como ele perde coisas importantes para ganhar outras, como ele vê o mundo, como ele se arrepende... Talvez?  Bem, no fim do filme só há uma cena de sonho e o sonho é de Sebastian, de Mia, nada sabemos.  Os olhos expressivos de Emma Stone nos permitem somente saber que ela sente, que talvez sofra, que tenha alguma ponta de arrependimento, mas o que vemos são os sentimentos da personagem de Gosling, o filme se torna dele. Vale assistir La La Land? Sim. Ele me marcou ou emocionou?  Não.  Veria de novo?  Todos os duetos, mil vezes, mas ao filme, provavelmente, não.



Você está aqui, logo, viu o filme ou não se importa com spoilers.  Enfim, Sebastian e Mia não terminam juntos.  Tenho problema com isso? Não.  Alguns dos meus filmes favoritos não tem o tradicional "e viveram felizes para sempre".  Casablanca é um deles.  E o Vento Levou é outro.  Na verdade é Hollywood, que não gosta de separar amantes.  Em filmes mais recentes, então... O meu problema com La La Land é que não me deram um motivo forte para acreditar que Mia e Sebastian tiveram alguma razão para se separar.

Eles tiveram um desentendimento, Mia via a infelicidade do amado em tocar um tipo de música que odiava. Ele interpretou como inveja e frustração da parte dela, afinal, ela não tinha mais motivos para sentir pena dele. Ela estava insegura sobre sua própria situação profissional, a eterna tentativa e fracasso. Os dois se distanciam e ela foge da cidade grande e de Sebatian, volta para o interior, a segurança da família.  Mas as coisas mudam, eles se reencontram, ele a ajuda a encontrar o seu caminho.  Ela terá que passar 4 meses na Europa. Eles juram amor eterno,  e entra um letreiramento "5 anos" e eles estão separados. Mia, agora, é uma atriz de sucesso, tem uma filhinha e um marido chique genérico.  Como assim????? 

O filme não mostra como eles se separaram.
Minha amiga começou a reclamar. Isso é um filme que ela está fazendo! É sonho! Não,  foi somente uma idéia ruim, a começar pelo letreiramento. Repito, eles poderiam ter separado os protagonistas, mas não dessa forma. Quem foi o responsável? Sebastian a abandonou? O night club primeiro? Mia deixou o sucesso subir à cabeça? Nenhuma explicação,  somente a certeza de que eles ainda se amam...

Em Café Society, que tem um casal muito sem sal, a mocinha troca o jovem pobre pelo tio rico, apesar de dizer que não pensava em dinheiro. Em Nosso Amor de Ontem (The Way We Were),  a personagem de Barbra Streisand não deixa de amar a de Robert Redford, mas não queria abandonar a militância política,  nem servir de motivo para que a carreira do amado, ambos eram roteiristas de cinema, fosse prejudicada durante o Machartismo. Eles terminam separados.  São muitos exemplos, poderia pensar em outros filmes, que até não são tão bons como La La Land, mas não aprontam essas coisas com a gente.

Custava explicar?
No fim das contas, o que acabou ficando de La La Land foram as músicas e os belos duetos. O romance se esvaziou com um desfecho infeliz,  mal explicado. Eu namorei pela internet, à distância por  mais de um ano, marquei casamento no cartório com procuração. O que são 4 meses para um casal que se ama, que tem condições de pegar um avião?  Houve uma sugestão - pelo sonho de Sebastian - que ele talvez tenha sido egoísta,  mas foi uma lacuna de CINCO ANOS que o filme não explicou. Melhor filme ou roteiro para La La Land, não,  por favor.

9 pessoas comentaram:

[Eita, o comentário ficou enorme não deu para mandar de uma vez só, tive que dividir]
(Parte 1:)

Eu discordo que o final tenha sido sem motivos. Da primeira vez que vi o filme, sim, me choquei com o futuro dos personagens, não estava preparado para aquilo, mas da segunda vez, vi que não foi algo que aconteceu do nada. Na cena após a grande audição de Mia, eles já estão terminados. Eles sabem que namorar à distancia, com a vida atarefada de celebridades e sonhos que não encaixam muito bem, uma atriz e um músico, será muito difícil e estão conformados com isso. O "eu te amo" que cada um diz para um outro, é quase um "olha, foi bom tudo que vivemos, guardarei as lembranças com carinho, mas preciso seguir os meus sonhos". Eles já não estavam juntos há um tempo, depois passaram mais uns 8 meses sem se ver, muita coisa pode ter acontecido e os sentimentos terem esfriado. Vale lembrar que o relacionamento deles durou entre 4 e 8 meses (e já estavam morando juntos, que rápidos!).


Antes mesmo dela ser famosa, apenas com o Sebastian em turnê, eles já não estavam conseguindo levar o relacionamento adiante. Para algumas pessoas pode até ser fácil manter um relacionamento a distância, para outras não é, e acho que para artistas é ainda mais difícil. Eles não tem horários fixos, tem agendas lotadas, às vezes mal tem tempo para dormir, não é fácil conciliar e algumas pessoas não aguentam, tudo isso somado à pressão dos fãs, da mídia e as fofocas. Já vi muitos relacionamentos de artistas que acompanho que acabam por "não tínhamos tempo para nós vermos ou conversar" ou por aí. Tem gente que também odeia falar ao telefone ou não sabe manter contato, e não é por maldade, é falta de jeito mesmo. Além disso, logo que aconteceu o timeskip de anos e vi que eles não estavam mais juntos, eu lembrei de Paradise Kiss. Que eu me lembre, ParaKiss também não dá muitos motivos para a Yukari e o George não ficarem juntos. O romance entre os dois pode até carregar a história, mas não é o foco, eles não ficam juntos, mas a Yukari cresce, realiza o seu sonho e pronto, final feliz.

Sobre a piada de mulheres e carros, não consegui ver isso não. Na primeira cena, eu acho que ela apenas estava concentrada de mais no roteiro que estava lendo e ensaiando que esqueceu do mundo ao seu redor. Acontece, fazer o quê? Eu, homem, já cheguei a me distrair e não ver quando o sinal abriu. E quando estava vendo o filme, juro que olhei a hora, no meu relógio, para ver se ainda dava tempo para ela ir ao cinema com o Sebastian. Esqueci que era um filme e que eu não fazia parte dele. Quanto à estacionar em lugar proibido, eu não consegui foi entender a placa que proíbe a pessoa de estacionar nos horários que não são de pico. Oi? Mas bem, acontece e já aconteceu com meu pai, estacionar em lugar errado. Em relação à ela ter esquecido onde estacionou o carro, eu acho que a senhora não entendeu a situação. Não é que ela tinha esquecido onde estacionou, é que ela não sabia, porque não foi ela que estacionou, foi o manobrista. Ela estava na saída da festa e tinha uma fila grande de pessoas esperando que o manobrista fosse buscar seus carros, ela estava com pressa para ir embora, muito para poder se livrar do carinha chato, e pediu para o Sebastian pegar a chave dela, porque ele tinha essa liberdade por ser funcionário. Daí então, se desenrola aquela cena dos dois procurando o carro dela.

Tenho minhas dúvidas se ela realmente tinha um par de sapatos confortáveis na bolsa ou se aquilo é parte do número de dança. Não é como se alguém fosse levar um par de sapatos extras e pensasse "hum, e se eu levasse sapatos para sapateado?". Também tenho a impressão de que o Sebastian sobe com ela, procurando o carro, porque já estava interessado nela. Ele só fica mesmo é se fazendo de difícil, quando diz que nada rolaria entre eles, porque quer dar a entender que é ele quem manda e que eles ficarem juntos ou não, depende da vontade dele.

Na minha opinião, o filme é dos dois e só for para ser só de um, é dela. Mas, o filme é dos dois. A cena de sonho não é do Sebastian, é da Mia. Ela está pensando em como a vida poderia ter sido se o Sebastian tivesse continuado com ela, se ele tivesse ido junto para Paris. Perceba que no sonho, o sonho dela de ser uma grande atriz é realizado, mas o dele, de ter um clube de jazz, não. Ela até mesmo "se livra" de coisas que ajudaram a realizar o sonho dele mas o afastaram dela. E no sonho, há coisas que só podem ter saído da cabeça dela, como quando ela coloca o Sebastian no lugar do marido dela e imagina como teria sido a vida de casado deles. Até mesmo aquele dia se repete, no sonho, com ela dando tchau para o bebê e saindo, o engarrafamento, a mudança de planos que levou ao jantar e ao clube de jazz. Não haveria como Sebastian imaginar esses detalhes da vida dela. Se o sonho é de apenas um dos dois, é dela. Podia ser dos dois, mas de maneira alguma só dele.

Eu amei o filme e já está na minha listas de favoritos. Se não ganhar o Oscar, que pena, vai continuar sendo o meu filme favorito de 2016. Eu sou uma pessoa muito sonhadora, sonho alto e longe e já sofri muito com isso, com as frustrações e com as pessoas caçoando dos meus sonhos. Eu precisava de um filme assim, sobre sonhos, com esperança, para me dar forças. No final do ano passado, passei por uma grande decepção: quase realizei um dos meus maiores sonhos, mas por pouco, pouquíssimo, não consegui. Um sonho que tenho há quase 10 anos, pelo qual eu largaria tudo para realizar. Chorei muito e ainda choro, às vezes. Ainda estou vendo o mundo meio em tons de cinza. Me pergunto o que estou fazendo da minha vida, se vai valer a pena, se é isso que eu quero. Ver um filme, que logo na primeira cena mostra um engarrafamento de pessoas indo em busca dos seus sonhos, pessoas que largaram tudo e que cantam que vão continuar correndo atrás mesmo depois de todo os "nãos", me fez muito bem. O filme me lavou a alma e me empolga a continuar seguindo meus sonhos, toda vez que assisto. Para mim, o final não poderia ter sido mais feliz, os dois protagonistas realizaram seus sonhos. Se eles parecem tristes, eles apenas estão surpresos de terem reencontrado um amor do passado e pensando, nostalgicamente, como a vida poderia ter sido diferente, mas não se arrependem de nada.

Obs.: Na segunda vez que vi o filme, prestei atenção se as amigas da Mia tinham nome e não vi eles serem ditos, não.

Bem, Victor, você amou o filme e o está defendendo com unhas e dentes. O sonho é da Mia? Ora, ela é uma triz, com vida pública, fora que o sonho era o que o Sebastian imaginou que poderia acontecer e não aconteceu. Continuo vendo o sonho como dele.

Quanto ao namorar à distância, o relacionamento não parece ter entrado em crise por causa disso, mas porque Sebastian estava infeliz e ela sabia e ele não aceitava, porque estava ganhando dinheiro. Nada indica que eles iriam continuar rompidos depois da audição, há, sim, uma declaração de amor.

De resto, tente lembrar de quantas piadas com carros e homens, piadas que ressaltam desatenção, incompetência, enfim, um monte de coisas, vocês lembra com homens. São três piadas de mulheres e carros, na verdade, como Mia e carros. É de propósito, ou o roteiro é ruim, ou os dois, minha teoria.

Bah, Victor... eu não vi metade dos detalhes que vc viu e concordo inteiramente com a crítica original: é imperdoável eles não explicarem que Mia tenha-se casado e tido filho com outro tão rapidamente. Estragou tudo. Porque a parceria dos dois era justamente o fio condutor. Se essa omissão não foi de propósito, esse filme é ridículo. E se foi, tornou-se infeliz, pois não comunicou direito a intenção do lapso. Fiquei decepcionada. Não por não terem ficado juntos, mas por um laço tão forte ter sido jogado no lixo sem qq pudor.

Concordo com o que o Victor aí em cima apontou. Não consegui ver nenhuma absurdo neles não terminarem juntos no final. Foi triste, sim, mas compreensível. O relacionamento deles claramente começou a se desgastar depois que o Sebastian entrou na banda. Poderia ter dado certo se eles tivessem insistido? Poderia, mas eu, particularmente, não acredito nisso, talvez por eu não ser uma pessoa muito romântica, sei lá.

Para mim, não é questão de romantismo, de ficar junto, ou não, é questão de coerência, de roteiro. Explicar, ainda mais em um filme que se sustenta em cima de um par de apaixonados o motivo da separação é fundamental. La La Land é um film e superestimado e preguiçoso. Aposto que daqui uns 5 anos, não será mais lembrado.

Tambem achei fraco o roteiro e ate agora nao entendi porque na ficaram juntos. Tudo muito esquisito . Me decepcionei.

Só ontem assisti ao filme. Que final, primeiro vc fica triste pq nao ficaram juntos, de repente vc pensa, ufa... Era só sonho, agora vai... E depois, ahhh não ficaram mesmo. Triste, mas eu adorei, pode não ter sido um final feliz com relação ao amor, mas foi emocionante, e realista, a vida é assim. E eu não achei q faltou explicações. Na ultima conversa deles é praticamente uma despedida, eles concordam que cada um deve seguir seu sonho e que apesar de seguir amando um ao outro, não daria certo ficarem juntos. O olhar da Mia pro Sebastian naquela cena é de partir o coração, eles estão terminando.

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