domingo, 19 de fevereiro de 2017

Você não é você quando está com fome


Eu tenho um bloqueador de propaganda, então, não conhecia este comercial do Snickers que fica entrando nos vídeos do Youtube.  Soube dele através de um vídeo do Não Sou Exposição.  Enfim, Snickers é um chocolate, chocolate normalmente é coisa boa, só que leva amendoim, eu não sou fã de amendoins, logo, nunca comi Snickers.  


De qualquer forma, a propaganda tem dois problemas.  O primeiro, bem sério, aliás, é que chocolate não mata a fome e não deveria ser usado para isso.  O vídeo da Paula, do Não Sou Exposição, explica bem, ela é nutricionista e conhece do riscado.  Enfim, não é sensato usar chocolate para mascarar a fome.  O outro problema é a misoginia, sim, misoginia e, não, simples machismo, porque trata-se de uma reprodução de idéias prevalentes e de desprezo pelo feminino que é atrelado a toda uma sorte de coisas terríveis, neste caso as alterações comportamentais mais indesejáveis.  Alguém com fome, pode ficar com o humor alterado.  Em algumas pessoas, a coisa pode ser grave.  Agora, segundo a propaganda, e eu vi a da Betty Faria e a da Cláudia Raia, um homem com fome vira uma mulher.  As duas propagandas estão aí embaixo:



E o que é uma mulher?  Um ser descontrolado, dominado pelos seus impulsos, intragável, xiliquento.  Não há nenhuma propaganda da Snickers com mulheres virando homens quando estão com fome.  Não há propaganda com estereótipos de gênero aplicados aos homens.  Acredito mesmo que a marca queira estar associada aos adolescentes do sexo masculino.  Fora isso, as mulheres que aceitaram fazer a propaganda são todas maduras.  Desconfio que ainda esteja colado aí a história de ser velha é ser chata, também.   Não acredito que estejamos em falta de publicitários criativos, mas, certamente, falta a muitos profissionais o senso crítico e a responsabilidade social.

3 pessoas comentaram:

Bom dia, Valéria!
Agradeço por ter tomado seu para analisar as propagandas brasileiras do Snickers, que têm me incomodado já há algum tempo. Ressalto o brasileiras, pois a primeira vez que vi uma dessas foi a americana - especificamente, a que apresentaram nos intervalos do Super Bowl do ano... retrasado? Dou uma olhada depois -, que era justamente uma mulher virando um homem. Bem, para ser exata, uma Marilyn virando um Willem Dafoe: https://m.youtube.com/watch?v=ZyQlmaXWKkA
Mas agora que eu a assisto uma outra vez, percebo que não foi exatamente como se os estereótipos masculinos tivessem sido aplicados :/

Essas propagandas, eu nunca cheguei a vê-las até o final, mas algo sempre me incomodou, só que não atinava o que era. Lendo seu post, entendi.

Putz! Essas propagandas são horríveis.
E sim, são misóginas ao extremo.
Mas não fogem muito ao "padrão nacional".
Propaganda boa que não se vale da preguiça mental de usar estereótipos e preconceitos ainda é coisa rara, infelizmente.

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