sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Comentando Emoji (The Emoji Movie, 2017)


Ontem, fui com Júlia ao cinema, assistimos Emoji. Preferia Lino, uma animação nacional, com boas avaliações, mas as salas próximas eram 3D e os óculos não cabem na filhinha ainda. Falando de Emoji foi um filme simpático e a idéia de transformar o smartphone em um verdadeiro condomínio com cidades, áreas proibidas, rios (*ondas musicais*) e tudo mais funcionou bem.  Não é uma grande animação, mas não é essa ruindade que as resenhas de sites especializados estão vendendo.  De resto, talvez consiga fazer o adulto que acompanha a criança dar algumas risadas.  Vamos lá, será uma resenha curta.  Segue resumo:

Alex é dono de um smartphone e, como todo adolescente, sua vida gira em torno de um celular.  Mal sabe o garoto que dentro do aparelho há uma cidade, Textópolis, onde vivem centenas, talvez milhares, de emojis.  uma das regras daquela sociedade é que todo emoji só pode ter uma expressão facial, ou função.  Dentre eles, Gene, um emoji capaz de fazer várias expressões e que sofre por ser diferente.  Apesar da oposição dos pais, que não o consideram pronto, Gene estréia no cubo e, em seu primeiro dia de trabalho, termina por provocar uma grande confusão.  Considerado um bug, é condenado a ser deletado.

Gene é diferente e isso é um problema.
Perseguido por robôs, ele termina por encontrar Hi-5 - acho que no filme em português ficou mãozinha - que um dia havia sido um emoji muito popular, mas que parece esquecido por Alex.  Depois de ter que fugir dos robôs deletadores, Mãozinha propõe para Gene que saiam ao encontro de Rebelde, uma competente hacker que pode ser capaz de desbugar Gene e fazer com que Mãozinha volte a ser popular.  À princípio, Rebelde não quer ajudar, mas ela termina por fazer uma barganha com Gene para conseguir chegar até a nuvem.  A partir daí, nossa história caminha de aplicativo em aplicativo, com os heróis perseguidos por robôs e contando o tempo para que o celular de Alex seja formatado por um técnico. Não será nada fácil.

Enfim, como já escrevi, apesar das críticas ruins que li sobre o filme, ele funciona.  Não é um bom filme, mas está longe de ser horrível, embora faça um retrato meio triste da geração de adolescentes atuais como viciados em celular e incapazes de se comunicar em palavras, mesmo escritas.  Daí, a importância dos emojis.  Convivo com adolescentes todos os dias e sei que essa redução foi ruim, mesmo que o objetivo tenha sido a piada. 

Mãozinha é um sem noção.
Júlia, minha filha de quase quatro anos, manda emojis para os avós, porque não sabe ler, ou escrever, mas, na média, ainda que em internetês, as pessoas continuam se comunicando em palavras e arrematando com emojis, se for o caso.  Aliás, prefiro as carinhas e imagens do que o "kkkk" e outras aglutinações que muita gente gosta de usar.  Isso me irrita.

Falando do filme, no cerne da coisa está o direito de ser diferente, de como nossa sociedade nos formata.  É contraditório, porque o roteiro fez isso com os adolescentes.  Gene é diferente, ele é capaz de se adaptar, outros, não.  Mãozinha é uma piada ambulante sofrendo com a necessidade de mutias pessoas de ser popular.  Os comentários dele sobre a vida e os aplicativos são o cúmulo do lugar comum, mas todo mundo já ouviu ou leu a maioria deles.

Rebelde, que tem um segredo, se torna interesse romântico de Gene.
Falando em Rebelde, ela é a personagem introduzida para reforçar a idéia do direito à diferença e, também, para discutir o papel das mulheres.  Ela se revolta, sai de Textopólis, vira lenda.  Ela reclama que, no início, só havia dois tipos de emojis femininos, um deles, a princesa (*o outro, esqueci*).  É coisa que as crianças, é um filme para crianças, afinal, podem entender.  O problema é que em termos de representatividade, o filme não vai muito além disso.  Há um trio de protagonistas, dois homens e uma mulher.  Mas há outras personagens femininas...

A menina, o amor de Alex, chama-se Addie.  Ela tem amigas com falas, mas elas não têm nome.  Há a mãe de Gene que, na dublagem nacional, acho que ficou Edna.  O pai de Gene a culpa pelo comportamento do filho.  A culpa sempre é da mãe, não é?  Só que, com o andar da história, descobrimos que a coisa não é bem assim.  E há a vilã, Sorrizete, representação do que há de mais artificial e a mantenedora da ordem, nem que seja à força.  É ela quem decide o destino de Gene.  Cumpre-se a Bechdel Rule?  Acredito que sim.  Filme feminista?  Não, mas ele tenta passar algumas mensagens interessantes para as crianças.

A vilã.
Das piadas que funcionaram para mim, destaco a do Twitter com princesas, a dos emoticons (*os idosos*), mas houve outras, e o uso dos vídeos de gatinhos no Youtube para enganar os robôs malvados foi um dos pontos altos do filme.  A dublagem me lembrava Padrinhos Mágicos, foi feita pelo mesmo grupo e com o mesmo registro.  Funcionou?  Claro, mas sei que muitas piadas se perderam, pense que o cocô era Patrick Stewart.  Além disso, desconfio que Alex, o dono do celular, não estava no colegial, mas no ginásio.  Os adolescentes pareciam jovens demais e as vozes eram quase infantis.  Havia algo errado ali.

Concluindo, antes do filme, que poderia ser mais curto, havia um curta de Hotel Transilvânia que é uma gracinha.  Você pode passar sem Emoji, é um filme que, para uma pessoa adulta, não acrescenta nada, mas procure o curta, porque vale todos os minutinhos.  Eu não assisti nenhum Hotel Transilvânia, só fragmentos, e fiquei com vontade de assistir.


P.S.: A próxima resenha será de Como Nossos Pais.  Estou lutando com o texto, o filme me tocou mais do que eu esperava e já fiz e refiz vários parágrafos... Enfim, vai sair.

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