sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Comentando os volumes #1 e #2 de Gekkan Shoujo Nozaki-kun

Hoje, finalmente terminei de ler os dois primeiros volumes do mangá de Gekkan Shoujo Nozaki-kun (月刊少女野崎くん).  Eu estou com sete deles comigo nas férias e espero não voltar com nenhum ainda por ler. Na verdade, eu já li fragmentos, mas aquela leitura atenta, não tinha feito.  O primeiro volume foi relido, porque acredito que já fazia quase um ano da leitura original.  Para quem não conhece a série, que é de chorar de rir, o básico da história é o seguinte: 

Chiyo Sakura é apaixonada por um colega de escola, Nozaki.  Um dia, ela toma coragem e decide se declarar para o rapaz.  Nervosa, ela acaba usando as palavras erradas e Nozaki acredita que a menina é sua fã.  Como resultado, ele prontamente lhe dá um autógrafo seu “Yumeno Sakiko”.  Atordoada, ela termina por descobrir que o rapaz é, na verdade, uma famosa mangá-ka responsável pelo mangá “Let's Fall in Love”.  Ela termina por se tornar assistente de Nozaki, responsável por cobrir as áreas pretas do mangá, é a chance de ficar perto do rapaz e fantasiar a respeito dele que, na maioria das vezes, se mostra absolutamente alheio a qualquer situação de romance.

Primeiro volume do mangá.
Conheci Gekkan Shoujo Nozaki-kun por causa do anime.  Eu assisto pouquíssimas séries de animação, normalmente, uma por ano.  Raro ir além disso.  Enfim, Nozaki-kun foi a minha série de 2014.  Ri muito, chorei de tanto rir, na verdade, mas não fiz uma mísera resenha... Lamentável, eu sei.  Só que eu comecei a comprar a edição norte americana do mangá, que é da Yen Press, e não vou deixar de resenhar pelo menos um ou outro volume.  

Izumi Tsubaki começou a publicar a webcomic em 2011 na revista Gangan Online, ou seja, a série, que é 4koma, saia na internet.  Até o momento, são 9 volumes encadernados.  Nozaki-kun não é shoujo, a Gangan Online é considerada shounen, mas trata com muito humor do dia-a-dia dos mangá-kas e debocha do universo do shoujo mangá. A autora é especializada  em shoujo, então, ela sabe muito bem do que está falndo.  Imagino que a lentidão se deva tanto ao tipo de revista e ao modelo do mangá – tirinhas – quanto ao fato da mangá-ka ter uma série principal, Oresama Teacher (俺様ティーチャー), uma bem sucedida série shoujo que deveria ter seu próprio anime.

Wakamatsu, Seo, Chiyo, Nozaki, Mikorin, Kashima e Hori.
Voltando ao mangá, não parece haver uma linha de história rígida, há situações que tem alguma continuidade e piadas ocasionais.  Ao final de cada capítulo, há um quadrinho menor com uma situação engraçadinha e, às vezes, um tutorial sobre como fazer um mangá.  Ao longo dos dois primeiros volumes, as personagens principais são todas apresentadas e suas personalidades são bem delineadas. Chiyo, a protagonista, faz parte do clube de artes, é inteligente, observadora, mas idealiza Nozaki, só para se frustrar em seguida.  Ela nunca espera que Nozaki possa ser tão avoado e, ao mesmo tempo, calculista.  Por exemplo, ele diz que já estava de olho nela.  A menina imagina romance.  Ele, na verdade, fala de seus dotes artísticos e pensa em explorar sua mão-de-obra barata.

Nozaki é um sujeito atlético e com cara de poucos amigos, workaholic, sua vida gira em torno de sua atividade como mangá-ka.  Chiyo o via chegando com curativos – na verdade remédio para tendinite e outros males causados pelo excesso de trabalho – e imaginava que ele vivesse metido em brigas.  Ele mora sozinho e, por causa de seu trabalho, tem uma renda invejável para um adolescente.  Jogava basquete, mas abandonou o esporte, porque não pode arriscar uma lesão em sua mão direita, o seu ganha pão.  Nozaki produz mangás que efetivamente são medíocres, mas que fazem enorme sucesso. Ele venera seu atual editor, Ken-san, um sujeito que mal fala com ele e acredita que Nozaki mal sabe fazer shoujo mangá, imagine algo “mais sério”.  Sim, Ken-san vê shoujo mangá em geral como material de segunda, ou terceira categoria.

Yukari, Maeno e Ken-san.
Mas o fato de Nozaki venerar Ken-san vem do trauma com seu primeiro editor, Maeno-san, um sujeito egocêntrico que atormenta os mangá-kas e os obriga a colocar bichinhos fofos na história sem que eles tenham nenhuma função.  Nozaki, que parece tolo, mas não é tanto assim, o odeia e guarda prints de várias mensagens dele para usar contra o sujeito caso queiram fazer com que ele volte a ser seu editor.  Atualmente, Maeno é o editor de Yukari Miyako, vizinha de Nozaki, e que usa seu nome real em seus trabalhos.  Ela é obrigada por Maeno a colocar tanukis em sua série atual e, não raro, ele acaba fazendo outras inclusões ridículas e problemáticas em sua série.

Retornando para as personagens centrais, temos Mikoshiba, ou Mikorin.  Ele é outro egocêntrico, tsundere, que é muito bonito, tenta posar de mulherengo, mas tem muita dificuldade em falar com as garotas.  Antes do colegial, seu problema era tão grande que ele se viciou em date simulators.  Um dos melhores momentos do primeiro volume é quando ele e Nozaki – que usa qualquer experiência para utilizar em seu trabalho – viram a noite jogando um simulador e acabam se afeiçoando a uma personagem secundária, o amigo do herói do jogo, que existe simplesmente para dar-lhe conselhos, e terminam por fazer um mangá BL em cima dessa relação.  Mikorin hostiliza Chiyo, mas acaba conseguindo se relacionar com ela. A protagonista do mangá de Nozaki, Mamiko, é uma versão feminina de Mikorin.  O rapaz é o responsável pelos detalhes florais e enfeites do mangá de Nozaki.  

Júlia adora esta capa. :D
Outras personagens importantes são Hori-senpai e Kashima. O primeiro é o presidente do clube de teatro, um rapaz talentoso e que acaba não podendo fazer o papel de protagonista das peças por ser muito baixinho.  Hori faz os fundos do mangá de Nozaki em troca de roteiros (*ruins*) para peças de teatro da escola.  O rapaz tem uma relação de amor e ódio com Kashima, a melhor amiga de Mikorin, e a garota príncipe da escola.   Para mim, eles são apaixonados e não sabem. Kashima faz sempre o príncipe nas peças, flerta com todas as garotas e tem, também, efeito sobre os meninos.  Hori tem que arrastá-la à força para os ensaios (*ele bate nela, é brincadeira do mangá, mas é algo que não gosto*).  

Kashima termina por descobrir volumes de shoujo mangá nas coisas de Hori e fica intrigada ao tomar ciência de que todos os meninos da escola que ela conhece – Nozaki e Mikorin – também lêem “Let’s fall in Love”.  Ela não sabe do segredo de Nozaki, então acha que os meninos seguem a série como se fosse um manual e fica mais confusa quando Mikorin – que parece saber partes inteiras do mangá de cor (*afinal, ele ajuda a fazê-lo*) – lhe diz que os leitores se identificam com a heroína.  Kashima passa a acreditar que o sonho de Hori é ser a princesa nas peças e, bem, ela começa a agir de forma estranha com o rapaz... E, claro, a coisa não termina bem.

Let's fall in Love, o mangá de Nozaki.
Outras personagens de muito destaque na série são Yuzuki Seo, melhor amiga de Chiyo, e Hirotaka Wakamatsu, que é kouhai de Nozaki desde o ginasial e tem por ele grande admiração.  Seo é uma tomboy capaz de fazer as piores coisas. Sem noção, sem empatia (*salvo em raros momentos*), ela é capaz das piores crueldades.  Quando Chiyo, que é incapaz de ver seus defeitos, aa apresenta para Nozaki (*que desenvolve verdadeira aversão por ela*), seu objetivo é oferecer-lhe modelos para personagens.  Seo tem uma voz angelical e participa do clube de canto, ou música, sem que a maioria das pessoas saiba que é ela.  Ela usa o nome de Lorelei, ninfas germânicas dos rios, uma espécie de sereias.  Ela usa este nome, porque deseja atrair os incautos, que se apaixonam por sua voz melodiosa, para frustrar-lhes os sonhos.

Wakamatsu, que só é introduzido no volume dois, é um calouro na escola – Nozaki, Seo, Chiyo, Mikorin, Kashima, são do segundo ano – que jogou basquete com Nozaki no ginásio.  Nozaki retoma a amizade com ele interessado em explorar sua mão-de-obra – ele se torna responsável por apagar os traços de lápis e, já no final do volume, quando Nozaki, doente, não tem condição de cumprir o prazo de entrega do capítulo, descobrimos seu talento com retículas – e descobre que o rapaz morrer de medo de Seo.  A garota ajuda no treinamento do time masculino de basquete.  Na verdade, ela espanca os meninos.  

Nosso "herói"
Wakamatsu passa a ter insônia e somente a voz de Lorelei o acalma.  Nozaki lhe dá as músicas (*trazidas por Chiyo*), em troca do trabalho do rapaz.  O que acaba acontecendo é que ele quer confrontar Seo e pede “os livros” de Nozaki para aprender como enfrentá-la.  Os tais livros são shoujo mangá e mesmo com a advertência de Nozaki – que, como disse, nem sempre é sem noção – ele acaba se enrolando e Seo acredita que foi pedida em namoro... Enfim, o casal secundário do mangá de Nozaki é inspirado nesses dois.

Terminando, Gekkan Shoujo Nozaki-kun é uma série cheia de personagens sem noção e situações engraçadas e que beiram o absurdo.  Ao mesmo tempo, ela consegue trazer de forma consistente – ainda que exagerada – aspectos da vida de um mangá-ka (*prazos rígidos, a tirania de alguns editores, as limitações de uma demografia etc.*) de forma muito realista.  Não sei se os casais irão se desenvolver.  Chiyo morre de amores por Nozaki, mas ele é o tipo clueless, não percebe (*ou finge, vai saber*) os sentimentos da moça.  De resto, é diversão garantida e seria uma ótima série para termos, aqui, no Brasil.  E, sim, é o shounen mais shoujo já feito, com certeza.

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