quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Dicas para saber se um mangá é shounen ou shoujo: olhe o tamanho do busto das personagens femininas

Ice Forest de Chiho Saito.
Para quem se interessa, Rachel Matt Thorn, antropóloga norte-americana que leciona na universidade Kyoto Seika, deu uma aula sobre a diferença na representação do corpo feminino no shoujo e no shounen mangá no Twitter. Ajudaria muito para quem fica se estressando que mangás para meninos (*shounen, sim, você pode gostar, mas não foi pensado para você, porque, no Japão, mulheres e meninas tem outras possibilidades*) tenham representações sexualizadas do corpo feminino e dizendo que mangá (*no geral*) faz isso com as mulheres (*blá-blá-blá*):
"Aqui uma regra de ouro para distinguir shoujo de shounen mangá: observe como o corpo das mulheres e meninas é desenhado.  Se parecer que o tamanho do seu sutiã é maior que B, ou se elas estão mostrando o decote, provavelmente não é shoujo ou josei.  Uma silhueta de ampulheta é rara no shoujo."

Basta acompanhar a discussão.  Está em inglês, claro.  Coisas que Thorn levanta na discussão é que raramente uma autora mulher de josei, ou shoujo, vai desenhar uma protagonista peituda, salvo se isso tiver alguma função na construção da mesma.  Há exceções, claro, Thorn cita uma, eu citaria a Kayono que curtia muito desenhar suas heroínas peitudas, mas Kayono é caso realmente a parte.


Kayono não é regra, é exceção.
Então, normalmente, se houver uma personagem qualquer peituda em um shoujo/josei, não será por fanservice.  Que sexualizar mulheres em quadrinhos para meninas é nonsense, porque o público feminino quer fanservice heterossexual, logo, a preocupação maior são os bishounen lindos.  Que mesmo que a autora de shounen/seinen seja uma mulher, ela vai se ajustar mais ou menos à proposta da revista, porque gosta, porque precisa, ou sair de lá.



"Muitas mulheres desenhando shounen incluem "fanservice".  Elas sabem quem paga os seus salários."

De resto, o povo da discussão parece muito incomodado com o que vê em My Hero Academia (僕のヒーローアカデミア, Boku no Hīrō Akademia), um shounen absolutamente mainstream.  

Você curte, OK, mas a série é shounen popular
e segue as regras da demografia.
Minha proposta?  Vá ler outra coisa.  Há muito mais mangá para se ler por aí, inclusive mangás shounen e seinen que não sexualizaem mulheres e meninas, já que este parece ser o problema.  E não estou dizendo que a gente não possa analisar, criticar, o que seja, mas precisa entender o funcionamento da indústria de mangá como um todo.  Ela é segmentada, ela tem regras internas que oprimem autores e autoras, e ela permite, sim, transgressões, desvios e inovações, mas a massa do que é produzido será o arroz com feijão para agradar ao público médio.  É como eu dando aula.  Posso ter 2 ou 3 alunos brilhantes, 2 ou 3 alunos com limitações, minha aula tem que ser para os 28-30 que estão na média.  É isso.

P.S.: Parece que algumas pessoas estão lendo esse post e imaginando que não é a revista que determina o que um mangá é.  Ora, minha gente, esse é o primeiro parâmetro.  Isso não muda, ou Kayono não seria citada.

1 pessoas comentaram:

Em geral, uma mulher "peituda" retratada em shoujo ou josei, por mais peito que tenha, seria considerada uma "tábua" na maioria dos mangas shounen e seinen.
Mesmo a Asami de Sukitte Ii na yo, que é tida como super peituda, a ponto de ouvir comentários maldosos a respeito, é retratada de forma muito sutil perto do que se vê em um shonen qualquer.
O problema no retrato também é a ênfase. No shounen, em geral, a ênfase está na sexualização do corpo, independente do que esteja acontecendo na história. Ângulos absurdos só pra mostrar partes do corpo em momentos que deveriam ter de ação ou tensão, anatomia jogada fora para destacar peitos e bundas, etc. O que é triste, porque estraga a própria narrativa em favor do fan service. Quem já viu qualquer obra de Oh! Great (ou Oogure Ito) sabe o que é isso. Ele é um ilustrador sensacional, mas estraga suas histórias com fan services absurdos e sem sentido.

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