sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Sobre boicotes, um post político para quem estava com saudades


Normalmente, evito posts políticos, no sentido mais estrito da coisa, porque tudo que eu faço, aqui, é  um ato político, pois estou dando visibilidade aos mangás femininos, produtos culturais desvalorizados por serem para mulheres, por trazer um olhar feminista etc.  Mas, vamos lá, um contato de Facebook fez um comentário que ouvi na sala uma vez de uns alunos ao comentar sobre uso de trabalho escravo: "se eu for boicotar todas as marcas/lojas, não terei onde ou o quê comprar!". Verdade, mas, normalmente, não se pede boicote eterno, boicote à todas as empresas de um setor, ou boicote a nada que seja fundamental para sua vida. Não é um sacrifício como o boicote aos ônibus de Montgomery, que deu muito certo, aliás, que normalmente se pede.

"Ah, mas não poderei boicotar tudo que está errado!" "Isso é hipocrisia!" Esse argumento normalmente é usado contra vegetarianos e, especialmente, veganos,  mas é falacioso. Se esforçar, abraçar uma causa justa, é o que importa, a meu ver.  Não dá para fazer tudo E normalmente quem cobra só quer criticar mesmo, não tem empatia por nada, ou ninguém.  Agora, por favor, pense bem antes se tornar fiscal da vida alheia, tomar-se como parâmetro moral para toda a sociedade também é saudável, claro.



Vamos dar um exemplo didático, então.  Alguém pediu que você boicote o McDonald's, porque descobriram que a empresa estaria usando carne de gato no nuget deles. "Poxa! Mas onde comerei hambúrguer???" Bem, bem, primeiro, não é algo fundamental para a sua vida. Segundo, normalmente, onde tem McDonald's tem Bob's, tem Burger King, tem outra hamburgueria (*que tal apoiar o pequeno negócio local?*). Agora, se você é viciado nos produtos do palhaço, melhor se tratar, seria importante ficar atento.

Mas estamos falando da Richuelo, você já entendeu. Poucos empresários apoiaram tanto o golpe... Ah, para você não foi golpe? Pode parar aqui, então, porque está tranquilo e favorável para você. Agora, nenhum empresário dono de rede de lojas populares foi tão efusivo em apoiar o golpe e defender as tais reformas do Temer do que ele, um homem condenado por usar trabalho escravo, entre outras coisinhas. Fora isso, ele fez aliança com o MBL e quer se alinhar com os elementos mais destrutivos da bancada evangélica e católica. Para este senhor, segundo matéria do Estadão“o economês conserta o País, mas é o discurso sobre os costumes que levará o candidato a ganhar a eleição presidencial deste ano”.



Se você acha que eu estou somente externando minha postura de esquerda - e estou mesmo - pense no que essa agenda moral desse senhor ligado à Sara Nossa Terra, uma igreja muito popular entre os empresários, pretende. Direitos das mulheres, dos LGBT , destruição do que sobra do nosso (*triste*) Estado Laico estarão no centro da discussão,  além, claro, as exposições em museus e outras cortinas de fumaça que puderem levantar. Pensem nisso.

É isso. Você pode continuar comprando na Riachuelo, se quiser (*querer é o verbo chave*), mas duvido que não tenha C&A, Renner (*que tem processos de trabalho escravo, também*), ou outra que lhe sirva. Não é como boicotar a água ou o ar, sabe?



É isso! Bom dia!

1 pessoas comentaram:

Esse sujeito se diz defensor ferrenho do liberalismo econômico, a favor do Estado Mínimo, mas pega empréstimos bilionários do BNDES. Liberalismo econômico às custas de empréstimos bilionários de banco Estatal e com juros abaixo do mercado. Que coerência!

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