sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Como o retrato da fúria feminina de Skip Beat é especialmente relevante em 2018



Esse artigo, quase uma resenha do anime de Skip Beat! (スキップ・ビート!), foi publicado no site da Forbes.  Acredito que era importante traduzi-lo, porque ele toca em um aspecto importante, as mulheres são educadas para não sentirem raiva e se a sentirem, não demonstrarem.  Não é feminino, não é bonito, precisamos saber perdoar... Sim, eu acredito no perdão e perdoar é  libertar-se de uma forma, ou de outra.  De qualquer forma, Skip Beat ensina que a raiva pode ser importante nela mesma e como fator de mudança, ponto de virada.


Eu li o início de Skip Beat e foi exatamente a subserviência inicial da protagonista que me afastou.  Eu não cheguei até o ponto certo, por assim dizer, quando Kyoko decide se vingar.  Eu não tive paciência e, agora, temos um outro problema, a série já passou dos 40 volumes, eu não tenho mais ânimo para correr atrás.  Enfim, espero que seja boa a leitura.


Como o retrato da fúria feminina de Skip Beat é especialmente relevante em 2018

Lauren Orsini



Skip Beat é a história de uma mulher que permite que sua raiva a defina. Um estado permanente de raiva não é a escolha mais saudável de estilo de vida, mas é muito importante em 2018.  Este ano, a raiva feminina atingiu novos níveis. A Marcha das Mulheres de 2018 viu centenas de milhares de mulheres irem para as ruas. O movimento #MeToo, alimentado por afirmações de homens poderosos abusando de mulheres, se transformou em uma discussão internacional.

O anime de 2008 tem dez anos de idade hoje (e a versão mangá é de 2002 e ainda mais antigo), mas a história de Skip Beat sobre uma aspirante à atriz com uma vingança justificada soa ainda mais verdadeira hoje.  Recebi uma cópia do [anime de] Skip Beat da Pied Piper, Inc., um estúdio que reviveu o título através de uma campanha de crowdfunding de 2016. Através de uma expressiva nova dublagem em inglês, este show de 25 episódios transforma uma história clichê de showbiz no ardente conto da vingança de uma mulher.



As mulheres sempre tiveram muitos motivos com os quais se enfurecer, mas não se espera que façam algo a respeito. Um estudo de 2016 descobriu que é mais difícil para os sujeitos identificarem corretamente o gênero dos rostos das mulheres contorcidos pela raiva, segundo o New York Times, quase como se os dois não se misturassem. Quase desde o nascimento, as mulheres aprendem que ficar com raiva não é muito feminino.

No começo, isso é algo que Kyoko, a protagonista de Skip Beat, conhece bem. Ela ignora seus próprios desejos, necessidades e emoções com o objetivo de lidar com os sentimentos de seu amigo de infância. O par se muda para Tóquio para gerenciar a ascensão meteórica do Sho ao estrelato. Kyoko tem 16 anos e é bonita, mas talvez lhe falte om senso. Mesmo que ela trabalhe em três empregos para pagar suas despesas, ela não percebe que Sho a está usando. Quando ela finalmente compreende, ele a informa que a única maneira de ele a aceitar de volta é fazendo sucesso no showbiz.



Neste momento, toda a persona de Kyoko se tranforma. Ela corta o cabelo, estreita os olhos e permite que sua raiva assuma o controle. Freqüentemente, seu rancor é retratado como um personagem em si mesmo: um espírito maligno com o kanji para "raiva" estampada em sua testa, expressa o monólogo interno de Kyoko.  O inferno não tem tanta fúria quanto Kyoko, e o mundo do showbiz está prestes a descobrir.

A aparência de Kyoko, inteligência e uma dose generosa de boa sorte a levam aonde ela quer ir em dezenas de episódios. Seu papel de destaque como atriz é Mio, uma personagem feminina com raiva e desfigurada. Vestida como Mio, Kyoko usa uma pronunciada cicatriz facial de efeitos especiais. É uma metáfora física para as cicatrizes do trauma que Kyoko carrega dentro de si. Ela retrata bem esta vilã ferida e vingativa, presumimos, usando sua própria raiva familiar.



Para Kyoko, atuar é como ela recupera seu poder. "Meu mundo girava em torno de como outras pessoas se sentiam", diz ela sobre sua vida até a traição de Sho. "Quando estou estudando atuação, sinto que posso me recriar." Através da atuação, Kyoko se torna plenamente realizada. Enquanto a história continua, sua lâmina vingativa começa a entorpecer enquanto ela descobre que há coisas na vida pelas quais vale a pena viver para além da vingança. Ela faz sua primeira amiga, Moko, que honestamente deveria ter mais tempo de tela. Ela conhece um ator experiente que pode ter uma queda por ela e por quem ela pode sentir algo em troca.

O anime de 25 episódios cobre apenas um breve trecho do mangá de quase 20 anos, mas ele termina com uma nota mais esperançosa, indicando mais um foco na vida de Kyoko para além de sua vingança. Kyoko é uma mulher desprezada, mas esta é apenas uma faceta de sua personalidade.



Em 2018, Skip Beat é um guia de vingança para mulheres? Ou é um conto de advertência? De certa forma, é ambos. A raiva eterna não é sustentável. Isso se torna menos um conto de vingança e mais uma história sobre a mudança de traumas passados. A fúria de Kyoko é deliciosa, mas acaba cedendo espaço para a sua carreira bem-sucedida e gratificante. A melhor vingança é uma vida bem vivida, afinal.

2 pessoas comentaram:

Caramba! Skip Beat já tem 42 volumes? Realmente, dá uma certa preguiça começar agora. Será que tem final à vista?

Eu assisti o animê e passei a acompanhar o mangá do ponto em que a série parou. Vale muiiiito a pena! Se você prestar bastante atenção no animê vai ver que ele deixa inúmeras questões interessantes sem respostas. E tudo vai se explicando ao longo do mangá. A história está sempre empolgante, nunca chata!

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