quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Gisou Furin ou Akiko Higashimura acerta novamente (Pequena Review)


Gisou Furin (偽装不倫) acabou de ter seu primeiro volume lançado no Japão.  Trata-se do primeiro mangá de Akiko Higashimura, aquela mangá-ka que deve se sentir entediada quando não produz três ou quatro séries ao mesmo tempo, o mangá é publicado em cores e pensado para celular.  Li os três primeiros capítulos, foi o que eu achei em scanlations e é possível perceber o quanto faz diferença, ou seja, trata-se de um novo tipo de quadrinização também.  

A série tem outra característica curiosa, ela sai quase simultaneamente na Coreia do Sul e no Japão. Na verdade, os coreanos estão alguns capítulos na dianteira, a plataforma deles publica antes.  Como uma colega me explicou, trata-se de uma Webtoon aos moldes coreanos.  É publicado no Japão pela plataforma Line Manga (LINE) e na Coreia no XOY (Naver). 

Volume 1 lançado.
Gisou furin conta a história de Shoko, uma mulher de 30 anos que desistiu de arranjar um marido.  Ela constrói todo um argumento de que é possível ser feliz sozinha, ir à restaurantes sem precisar de companhia e coisas do tipo.  Descobrimos, depois, que ela mora na casa dos pais e a irmã casada construiu uma casa sobre a deles.  Logo, sozinha, ela não está.  Como tem certa autonomia financeira, ela decide se dedicar ao seu hobby, viajar.  Para onde ela decide ir?  Seul.  

A irmã mais velha, que casou com um homem de posses, está sempre na moda e é bonita e descolada, pressiona Shoko para que ela não desista de conseguir um marido.  Shoko, no entanto, não tem vontade de continuar indo à agências e encontros amorosos.  Por fim, ela consegue convencer a irmã, mediante promessas de trazer cosméticos coreanos caros, a lhe emprestar um casaco de luxo e uma bolsa.  O cunhado chega com um guia de Seul e avisa para Shoko que não é comum que mulheres desacompanhadas visitem certos restaurantes na Coreia.  Ela dá de ombros e segue para o aeroporto.
O coreano tinha ido estudar no Japão.
Tudo parecia ir muito bem, até que Shoko encontra a aliança de casamento da irmã dentro do bolso do casaco.  Do nada, um armário de bagagem mal fechado se abre e uma valise a acerta em cheio.  Ela fica tonta, a aliança cai no chão e uma comissária muito polida, mas violenta a obriga a sentar.  Daí, Shoko descobre que está sentado do lado de um coreano lindo e polido, o dono da valise, que se desculpa muito e encontra a aliança.  Shoko termina passando a informação para o moço de que ela é casada e começa a confusão... Quer dizer, ela ganha outras proporções.

Os três capítulos que eu encontrei foram divertidíssimos.  Tudo começa com Shoko deplorando o adultério, já que estavam exibindo na TV uma matéria sobre uma atriz pega no ato, e afirmando que não precisava se preocupar com isso.  Desrespeitar os votos matrimoniais e tudo mais, para, mais adiante, estar tentada a se tornar uma adúltera de mentirinha.  Afinal, o adultério tem seu glamour.  Será?
Ela não desfaz a confusão.
A maior graça foi a alucinação de Shoko, que conversa longamente com o galo na cabeça, na verdade, a luxação pula para a pia do banheiro e a faz rever toda a sua vida.  Sempre foi uma mulher pouco disposta a agradar os homens, mais preocupada com seu próprio conforto e, bem, quando se interessava por um rapaz, não raro, acabava parecendo uma stalker aos olhos dele.  Difícil... 

Só que o coreano é uma graça e a convida para um restaurante, como forma de se desculpar.  Sua irmã mais velha é a dona do lugar.  Shoko se pergunta por qual motivo o primeiro lugar que visitou na Coreia é um restaurante espanhol.  Não faz sentido... Bem, achei curioso que o coreano e a irmã conversem em sua língua sem se importar com a japonesa.  A cor que os scanlators colocaram é diferente: preto para japonês, vermelho para o galo, azul para coreano.  Eu li em inglês, não sei se há scanlations em português.
Olha o galo lá em cima.  Acho que ela vai dizer
que o cunhado é marido.  é de um capítulo que não li.
Só reforçando, acho que é mais um acerto de Higashimura.  Ela inova de novo, compõe para o celular e pensando nele, tudo em cores, algo que não é comum em mangá, num ritmo acelerado e gostoso de ler.  Há humor e crítica social, discute-se os papéis de gênero e o choque cultural.  Eu imaginei, quando li o resumo do mangá lá atrás, que Shoko era casada mesmo.  Enfim, não é.  Nem o rapaz parece ser.  Resta saber, claro, por quanto tempo ela vai segurar essa mentirinha... acho que tem tudo para virar live action.  Para ler as scanlations, clique aqui.

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