terça-feira, 20 de novembro de 2018

Melhor Notícia do Dia da Consciência Negra: Vem aí um filme sobre Luís Gama


Já comentei algumas vezes sobe Luís Gama, no blog (*Exemplo*), porque me apaixonei pela personagem desde que a descobri.  Nascido livre, seu pai era português e sua mãe,  Luiza Mahin, era negra livre que desapareceu durante a Revolta dos Malês (1935).  "Tinha 10 anos quando o pai o levou ao cais do porto e, conversa vai, conversa vem com um conhecido que encontrou por lá, de repente o menino se deu conta do que estava acontecendo: “Pai, o senhor me vendeu!”. Junto com outros escravos, foi embarcado no patacho ‘Saraiva’ e despejado no Porto de Santos, de onde seguiria a pé até Campinas." (Fonte Veja)  Como devido aos malês, escravos baianos tivessem má fama, Luís Gama acabou passando por várias mãos.  O filho do senhor o ensinou a ler às escondidas.  Se alforriou aos 18 anos e se tornou poeta, jornalista, chargista, rábula (*advogado prático, já que foi impedido de assistir as aula na faculdade do Largo de São Francisco*), teórico antimonarquista e, claro, ícone da abolição.  

Busto de Luís Gama.
"Gama usou o direito e a sua oratória para libertar mais de 500 escravos na São Paulo do século 19. Ajudou a desacorrentar gente vendida após a proibição do tráfico negreiro e defendeu aqueles que, mesmo podendo pagar a alforria, eram tolhidos da liberdade por seus senhores. Morreu seis anos antes da Lei Áurea e foi sepultado num cortejo fúnebre que parou a cidade."  Na última Olimpíada de História do Brasil, havia uma questão unindo Luís Gama e o segundo marido da Marquesa de Santos, Rafael Tobias de Aguiar, um dos mais ricos, importantes e poderosos político de São Paulo, Liberal que tinha orgulho de ser escravocrata, hoje, patrono da PM paulista.  Não preciso dizer que era uma disputa pela liberdade de um escravo, que já deveria estar livre, mas não teve seu direito respeitado... 

Fabrício Boliveira será Luís Gama.
Pois é, hoje, saiu na Folha de São Paulo que começarão as gravações de um filme sobre Luís Gama.  O protagonista não será Lázaro Ramos, como eu torcia, mas Fabrício Boliveira.  Escolha excelente, também.  O responsável pelo projeto, o cineasta Jeferson De, defende que chegou a hora de mostrar a contribuição intelectual de um negro, pois, até agora, o cinema brasileiro abordou somente outras facetas, inclusive associando os homens negros à criminalidade.  Eu diria que Luis Gama foi mais que um intelectual, porque ele era um homem de ação.  Ninguém liberta mais de 500 pessoas se ficar somente refletindo sobre o mundo e esta é uma das imagens equivocadas que são associadas aos intelectuais.

Cineasta Jeferson De.
Enfim, desejo sucesso ao projeto.  Foi a melhor notícia do Dia da Consciência Negra.  Agora, sobre Luís Gama é possível fazer filme, minissérie e até novela.  Basta alguém colocar a mão na massa e ter recursos para tanto.

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