terça-feira, 23 de abril de 2019

Comentando Duas Rainhas (Mary Queen of Scots, 2018): Decepcionante Retrato para as Novas gerações de Duas Mulheres Extraordinárias



Terça-feira passada, assisti Duas Rainhas, apropriado título brasileiro para o filme Mary Queen of Scots.  A super produção com duas das atrizes jovens mais badaladas da atualidade, Saoirse Ronan e Margot Robbie, e focando em uma das mulheres mais interessantes do século XVI passou quase que em brancas nuvens nas principais premiações.  Recebeu duas imerecidas indicações ao Oscar, figurino (*obviamente, seria indicado*) e Maquiagem e Cabelo (*aqui, muita gente reclamou*), e deve cair no semi-esquecimento que merece.  Sim, foi o primeiro filme ruim que assisti no ano e merece todo o escracho possível, porque conseguiu fazer a excelente Margot Robbie oferecer a versão mais deprimente de Elizabeth I que eu já vi em qualquer mídia nesses meus 43 anos de vida.  Mas vamos lá, à resenha.

 No ano de 1561, Mary (Saoirse Ronan), a jovem rainha de 19 anos, retorna para sua Escócia natal depois de catorze anos na França.  Ela é recebida por seu meio irmão, James, conde de Moray (James McArdle).  Jovem, viúva e católica em uma corte quase que totalmente convertida ao protestantismo, ela terá que se esforçar muito para conseguir o respeito e a lealdade de seu povo e de seus nobres.  Antagonizada pelo reformador John Knox (David Tennant) e enfrentando as conspirações alimentadas pelos ingleses, Mary se apresenta ainda como legítima herdeira do trono da Inglaterra e uma ameaça real para a prima, Elizabeth I (Margot Robbie).  O antagonismo entre as duas mulheres serve de fio condutor que conduz ao trágico final de Mary e sua vitória futura, porque seu filho, James, irá unificar as duas coroas, a da Inglaterra e a da Escócia.


A Mary real era uma excelente amazona, mas um filme moderno
jamais a colocaria montando como uma dama,
não é mesmo?  Nem ela, nem Elizabeth, aliás.
Para quem não tem noção do imbróglio dinástico que envolvia as duas rainhas, tentarei resumir.  A Igreja Católica nunca reconheceu o casamento de Henrique VIII com Ana Bolena, o pivô do rompimento do rei com o catolicismo (1532).  Por conta disso, a única filha nascida daquela união era considerada bastarda e usurpadora do trono.  Mary (1542-1587), sobrinha-neta de Henrique VIII através de sua irmã Margaret Tudor, nascida de um legítimo casamento católico, era, para a Santa Sé e os católicos ingleses, a legítima herdeira do trono britânico e a rainha escocesa se considerava como tal conforme atestam documentos de época.  

Já Elizabeth I  (1533-1603), era vista como legítima rainha pelos protestantes, mas era solteira e não tinha herdeiros diretos.  As pressões para que se casasse eram grandes, ela, no entanto, recusava e protelava a união, talvez temendo perder o controle do trono e não produzir o sonhado herdeiro.  Várias conspirações católicas foram feitas para derrubar Elizabeth do trono, matá-la, enfim, em nome de Mary.  Já a rainha inglesa, trabalhou para colocar sob seu domínio a prima, oferecendo-lhe um marido inglês.  Como as coisas não aconteceram segundo seus interesses, alimentar a revolta dos lordes escoceses foi a solução.  E Mary, cometendo atos políticos precipitados, ajudou em sua própria queda.


O figurino e os cabelos estavam no limite da ficção científica. 
Teria mais respeito pela película se tivesse
ousado de verdade e assumido a coisa. 
Poderia ser um grande filme, mas já nos primeiros trailers desconfiei que teríamos problemas.  A própria escalação de Saoirse Ronan, pequena e delicada, com seus muitos brincos historicamente imprecisos, já me desanimou.  Comentei em um post passado que Mary foi uma das mulheres mais representadas em vida do século XVI, graciosa, elegante, atlética, jogava tênis, dançava e montava muito bem, tocava mais de um instrumento musical, falava várias línguas e tinha pelo menos 1,80.  Em toda a minha vida, conheci poucas mulheres que tivessem tal altura.  Na época de Mary, ela deveria ser uma giganta se destacando mesmo entre a maioria dos homens.  Este filme seria a chance de oferecer uma representação de Mary mais próxima da histórica e mais interessante aos nossos tempos, mas as escolhas foram outras.

O filme foi baseado no livro My Heart is My Own: The Life of Mary Queen of Scots, do historiador especializado em período Tudor, John Guy.  Nunca li nada do autor e o filme não serviu de boa propaganda para seu livro.  Nas resenhas que li da obra, era destacado que o autor tentava apresentar Mary como uma mulher com tino político, mas muito azarada (!!!), e que o vilão da história seria William Cecil (Guy Pearce), o principal conselheiro de Elizabeth I, não a rainha inglesa.  Enfim, Guy Pearce não dá conta da personagem, ou o roteiro não deu para seu Lorde Cecil (1520-1598) o destaque e a grandeza que deveria dar.  Nem de longe ele impressiona como Geoffrey Rush interpretando Francis Walsingham, o chefe dos espiões da rainha em Elizabeth.  Aliás, em um filme no qual espionagem e conspiração são importantes, Walsingham nem aparece.  Daí, vocês já conseguem tirar a situação.

O vilão que não mostra bem a que veio.
A única grande cena de Guy Pearce como Cecil é a de suprema humilhação da Elizabeth de Margot Robbie, quando, depois da execução de sua prima Mary (*que abre e fecha o filme*), a rainha inglesa é tutelada por ele como se fosse uma criança.  Elizabeth é retratada quase como uma prisioneira de seu papel de monarca, que preferiria ficar fazendo florzinhas de tecido com suas damas, ou vendo potrinhos recém-nascidos, ou ainda jogando cartas e dando uns amassos em Robert Dudley (Joe Alwyn), o amor de sua vida, do que governando,  É patético o negócio, mas cabe dizer que Joe Alwyn é o homem mais bonito do filme e não serei eu a reclamar das muitas cenas dele, afinal, alguma compensação esse filme precisa oferecer.

Falando em sexo, o filme recebeu críticas por seu conteúdo sexual, eu diria de mau gosto.  Não sei qual o objetivo, se em adaptações passadas da vida da rainha escocesa, ela era colocada como uma mulher movida pelo coração, agora, ela parece ter na libido um dos motores principais de suas ações.  Só me lembrava do livro #4 de As Brumas de Avalon (*a edição brasileira atual é em volume único*) e Nimue, filha de Lancelote, mas educada para ser dama do lago, pensando que as damas de Guinever pareciam ter a mente entre as pernas.  Pois bem, tal e qual Mary e suas damas nesse filme.


Elizabeth ofereceu Robert Dudley para a prima. 
Ele, no entanto, mostrou-se pouco empolgado
com a ideia.  Nessa parte, o filme foi fiel à História.
Aliás, uma coisa interessante, ainda que não fique claro no filme, é terem colocado as Quatro Marys (The Four Marys) no filme.  As quaro damas foram mandadas para a França junto com a Rainha e educadas lá, eram da mais alta nobreza escocesa e tinham idade similar à da pequena soberana, quatro ou cinco anos.  Mary Beaton (Eileen O’Higgins), Mary Seton (Izuka Hoyle), Mary Fleming (Maria-Victoria Dragus) e Mary Livingston (Liah O’Prey) voltam da França para a Escócia, todas ainda donzelas. 

Mary, a rainha, tinha sido casada com Francisco II (1544-1560), jovem rei da França, mas o filme coloca na boca da personagem que seu jovem marido nunca tinha conseguido consumar o casamento, ou seja, ela é virgem, também.  Juntas, essas mulheres tinham fogo suficiente para incendiar toda a Escócia.  Resultado, Mary recusa Robert Dudley, o amado da prima, como marido, mas termina aceitando o primo, Lord Darnley (Jack Lowden), como consorte.  Motivo principal?  Ele sabe como ninguém fazer um cunnilingus.  Sim, não foi cálculo político, não foi amor (*ele adoeceu, ela cuidou dele e se afeiçoou ao sujeito, é o que dizem os relatos de época*), tampouco afinidade religiosa (*ele era católico, ela, também*), foi desse jeito no filme.


Seduzindo uma rainha.
Pois bem, Darnley também era neto de Margaret Tudor, avó da Rainha Mary, em seu segundo casamento.  O jovem tinha igualmente direito ao trono inglês, um casamento entre ele e Mary não era bem do interesse dos ingleses.  Ele era católico, bonito e muito alto como Mary.  Um bom partido?  Sim.  O filme poderia investir nessa linha e mostrar uma Mary calculando friamente os possíveis ganhos políticos, mas a mostram selecionando o par muito mais pelo prazer que lhe poderia proporcionar na cama.  OK, para vocês?  Não é muito diferente da Mary de outras adaptações para cinema, teatro, TV, ópera, movida pelo coração, só que, em 2019, o que move uma rainha é a luxúria.

Na  verdade, Lord Darnley não era uma boa escolha aos olhos dos nobres escoceses.  Os lordes preferiam que Mary escolhesse um deles, um protestante, de preferência.  Darnley era inglês e agia de forma insolente.  Ele sequer tinha vinte anos e parecia ser uma espécie de playboy que acreditava poder fazer o que quisesse, sem respeitar ninguém.  Tão logo se casa, Darnley começa a exigir da esposa que o torne rei e não somente consorte.  Ele é alcoólatra, segundo fontes de época, batia em Mary, logo o amor acaba.  Só que, no filme, nunca existiu amor e eles precipitam tudo colocando Darnley dando vexame na noite de núpcias e se revelando homossexual.


Rizzio contava com a intimidade da Rainha...
e,  de certa forma, de seu marido, também.
Enfim, uma faceta que é introduzida no filme é a da Mary, Rainha dos Escoceses, defensora dos LGBT.  Sim, é isso.  David Rizzio (Ismael Cruz Córdova), músico e depois promovido à secretário particular da rainha era italiano, católico e gozava da intimidade da soberana.  Alguns desconfiavam que ele era um espião do papa, ou da França, enfim, mas rumores foram espalhados de que Rizzio seria amante de Mary e pai de seu filho.  Quando a rainha engravidou, e não vou comentar a forma deprimente como o filme a conduz a tal condição, o fato é que disseminaram a história de que Rizzio seria o pai da criança.  

Partindo dos boatos, nobres protestantes e Darnley, movido pelo ciúme, conspiraram para a morte do secretário que levou mais de 50 punhaladas diante de Mary grávida de seis meses e sob a mira de uma arma.  No filme, a sequência é bem pesada e excessivamente dramática.  Enfim, não deve ter sido tão diferente, foi um crime bem horrível.  No filme, temos os boatos, mas sabemos que Rizzio não era amante, porque ele era o "amigo gay" da rainha.  Mary o acolhe e considera que ele não age contra a natureza, segundo a moral da época, mas de acordo com a SUA natureza.  A Rainha é tão compreensiva que perdoa Rizzio por passar a noite de núpcias com seu marido e, não, com ela.  Segundo a Mary do filme, ele não agira contra sua natureza e o errado era Lord Darnley.


Ele quer ser rei, mas nem suas funções
básicas de marido quer cumprir.
Só que historicamente, não há nada que aponte para a homossexualidade de Darnley.  Nada.  E mesmo que ele preferisse  exclusivamente rapazes, é difícil de imaginar que um nobre que sabia bem que seu futuro dependia da sua capacidade de engravidar a esposa, fugisse de suas responsabilidades.  A única cena de sexo entre Darnley e Mary é violenta e desagradável.  Não peço, vejam bem, um filme cheio de romantismos, mas não acredito que oferecer um espetáculo degradante torne uma película melhor, ou mais realista.  Mas eu sou velha, de repente, é isso.  De resto, ficou-me a impressão de que ele é fraco, ou bebe, ou é mal educado, porque é gay e isso é marcado desde a primeira cena, quando ele leva um tapão na cara do pai na frente de todo mundo por dizer uma gracinha.  E o pai dele é o Brendan Coyle, tem aquele jeitão de macho chucro que dá certa simpatia às personagens boazinhas, mas torna as malvadas bem assustadoras.  

Enfim, Rizzio e Darnley são homens débeis, ridículos, e a única associação possível é que isso se deu por causa de sua orientação sexual.  Sim, jogo no filme a acusação de perpetuar estereótipos modernos sobre a homossexualidade, ou a bissexualidade.  Poderia elencar homens reconhecidamente gays ou bissexuais (*essa questão identitária é muito recente*) que eram grandes guerreiros e conseguiam encarnar todo o modelo de virilidade de sua época e, ainda assim, preferiam rapazes, ou, também, rapazes.  E não vou voltar lá na Antiguidade, fico com o mundo cristão mesmo: Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, Eduardo II, outro rei inglês, Filipe I, Duque de Orleãs, irmão de Luís XIV.   E são os que cito de cabeça sem problema, porque são muito famosos.  O que quero dizer, é que no afã de pintar a rainha como uma mulher compreensiva com a diversidade sexual, o filme presta um desserviço à representação histórica dos homens gays.



Não se empolguem com esse homem, ou esses gifs.
O fato é que Mary chega virgem ao segundo casamento, não tem nenhum prazer sexual nele, e teria ainda um terceiro marido.  O conde Bothwell está presente desde as primeiras cenas do filme e o ator Martin Compston parece atarracado e sem grandes atrativos, um homem  comum.  Achei a escolha interessante, um tanto subversiva, porque fugiria um tanto da imagem padrão que imprimem à personagem na ficção, um homem que exala aquele estereótipo de masculinidade rústica e protetora, até para contrastar com o Darnley, mas, enfim...  Bothwell se mostra fiel à Mary, quase uma sombra que a protege e eu imaginei que iriam seguir a linha da maioria das adaptações que vi de que, apesar de não ser um casamento bem pensado (*olha a Mary escrava de seu coração*), pelo menos dessa vez ela encontrou um homem  que prestasse (*nem que fosse na cama*).

Pensei que enveredariam nessa linha, até imaginei uma cena cafona tipo a do primeiro beijo de Scarlet O'Hara e Rett Butler em E o Vento Levou.  Qual nada!  Pois bem, há duas versões historicamente possíveis para o casamento de Mary e Bothwell, na primeira, a Rainha, já acossada por seus inimigos, tendo perdido a guarda do seu filho e com o trono por um fio, aceita casar com o conde, porque o ama, talvez tenha mesmo conspirado com ele para se livrar de Darnley, e por acreditar que ele pode lhe ajudar a assegurar sua coroa.  A segunda versão, mostra Bothwell, cujo matrimônio anterior não tinha sido dissolvido de forma convincente, recebendo de alguns nobres o incentivo para tentar se tornar rei e sequestrando Mary, estuprando-a e obrigando a rainha a casar com ele.  Adivinhem a escolha do filme?  Pois é... 
O terceiro marido.
Há pouco mais que comentar.  Escalaram David Tennant para ser John Knox e ficar gritando frases misóginas contra a rainha o filme inteiro.  Parece uma goteira. No filme de 1971, ele só aparecia em uma cena e exatamente para gritar ofensas a rainha, neste filme de 2018, a ideia é de mostrar o crescendo de rejeição à Mary, claro, mas podiam ter escalado um sujeito de menor expressão e recursos dramáticos para fazer a personagem barbuda e repulsiva.  E vejam bem, John Knox tinha ódio de Mary e de sua mãe Marie de Guise, mas ele, um dos maiores reformadores protestantes de sua geração, estava longe de ser somente aquele gritalhão desagradável do filme.  

O filme tem um elenco com grande diversidade racial.  Há atores e atrizes negros fazendo ponta e figuração, além de outros não brancos.  O embaixador inglês na Escócia Lord Thomas Randolph é interpretado por um ator negro, Adrian Lester.  A principal dama de companhia da rainha Elizabeth, Bess of Hardwick, é interpretada por uma atriz oriental Gemma Chan, a mulher mais bonita em cena na minha opinião.  Parece legal, não é?  Sim, é e, ao mesmo tempo, não é.  Como Duas Rainhas não tem compromisso com a realidade, poderia ser realmente ousado e colocar uma Lupita Nyong'o  ou uma Danae Gurira como Elizabeth.  Isso, sim, seria ousado.  Ou pegarem o Michael B. Jordan para Robert Dudley,, ou ainda entregar o "vilão" Sir Cecil para um Forest Whitaker ou um Denzel Washington.  Isso seria ousado DE VERDADE.  Colocar diversidade nos coadjuvantes terciários, é mole.


David Tennant está no filme para servir de modelo de misoginia.
E, sim, quando penso nessas coisas, lembro do Muito Barulho por Nada do Kenneth Branagh que fez mais ou menos o mesmo, sem levar a coisa ao ponto necessário, só que em 1993.  E digo mais, o figurino de Duas Rainhas seria muito mais interessante se ao invés de tentar passar um falso rigor histórico, abraçassem de vez um figurino mais criativo, como na versão de Os Reis Malditos de 2005.  Há alguns cabelos femininos bem legais, bonitos, mas pouco, ou nada tem de século XVI.  As roupas, idem.  As damas da corte, seja as de Mary, ou as de Elizabeth, parecem usar uniformes.  Esqueceram de checar que são damas da nobreza acompanhando rainhas e, não, maids (*criadas*).  

Obviamente, abraçaram também o preto como sua bandeira, especialmente, na corte escocesa.  Só que até cansa voltar a esse ponto, porque é moda, e temos um monte de produções que efetivamente vendem a ideia de que o mundo medieval e moderno era sem cor.  Houve momentos em que o preto estava na moda, momentos, o problema é que certas pessoas acreditam que essa cor dá seriedade e dignidade para qualquer porcaria que chegue às TVs ou aos cinemas.


O embaixador e a principal dama de Elizabeth.
Ah, antes do fim!  Como em todo filme sobre Mary Stuart que se preze temos pelo menos um encontro fictício entre as duas rainhas.  É de praxe e não ofende ninguém.  Aliás, é até necessário, porque temos as duas estrelas do filme e não colocá-las juntas em pelo menos uma cena é um desperdício.  O problema, claro, é que como quase tudo nesse filme, é uma cena um tanto patética.  Há uma metáfora com véus que são retirados.  Temos uma Elizabeth I se desnudando de sua vaidade e uma Mary imperiosa, mesmo derrotada.  E tentando atrair sua prima e rival para uma aventura militar com um súbito discurso feminista e cheio de sororidade, porque, bem, o inimigo verdadeiro desse filme é o coletivo dos homens.

Percebam que não é nem o patriarcado o inimigo, porque não há um discurso coerente que o denuncie.  Mary não cai porque tem o sistema contra si, mas os homens.  Mary caiu, porque era burra mesmo, não por ser azarada.  Elizabeth retruca que, para reinar, é preciso se tornar como eles, agir como os homens agiriam.  Só que, a débil Elizabeth desse filme e SOMENTE vi isso nesse filme, não é um deles, ou superior a eles, porque "apesar de não ser o leão (*Henrique VIII*), é a cria do leão", mas é dominada pelos homens.  Vide a cena com Cecil que ciei vários parágrafos atrás.  


Parecer badass, não é ser badass.
É isso.  Quem gostou do filme, irá odiar esse texto.  Acontece, mas estava engasgada aqui.  Duas Rainhas não é um filme feminista, não é uma obra que retrate a grandeza das duas soberanas que lhe servem de protagonistas, é uma obra rasa, cheia de situações grotescas e esquecível.  Diferente de A Favorita, que não me agradou, mas reconheço os méritos, Duas Rainhas é ruim.  Ser dirigido por uma mulher não ajudou em nada, enfim.  Na verdade, foi um desperdício de elenco, no mínimo.


  

1 pessoas comentaram:

Tenho muita curiosidade em saber onde surgiu essa "idéia/boato" de um envolvimento homossexual entre Darnley e Rizzio, que começa naquele filme de 1971 com a Vanessa Redgrave (*Mary loura?!!),onde eles tem um caso tal como nessa versão de 2018, e numa Minissérie espano-inglesa de 2017 - já sai quatro produções. A cinebiografia de 2013 mostra apenas David Rizzio como gay (*vez ou outra se travestindo com os vestidos da rainha*). É algo curioso, já que seria de imaginar que a narrativa da rainha amante de seu concelheiro foi meio que o consenso na era vitoriana.

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