quinta-feira, 6 de junho de 2019

Ministro do trabalho japonês afirma que salto alto no trabalho é necessário... para as mulheres, claro!


Estava aqui com duas matérias abertas sobre um movimento de mulheres japonesas contra a obrigatoriedade de usar salto alto no trabalho.  Batizado de #kutoo, um trocadilho com "kutsu" (sapato) e "kutsuu" (dor), o movimento conseguiu reunir uma petição com mais de 19 mil assinaturas (*agora, já passou de 25 mil*).  O documento foi entregue ao ministro do da saúde e do trabalho japonês, segundo o site do jornal O Globo.

A atriz Yumi Ishikawa, uma das líderes do #kutoo.
"Hoje apresentamos um manifesto pedindo uma lei que proíba os empregadores de forçar as mulheres a usarem salto alto, o que é discriminação sexual e constitui assédio"disse uma das líderes do movimento, Yumi Ishikawa.  No fim das contas, e isso quem esclarece é o Sora News, as empresas japonesas não costumam exigir saltos altíssimos de suas funcionárias, porém o "dress code" corporativo considera sapatos sem salto absolutamente inadequados.

Ishikawa no dia em que entregou a  petição.
Só que ao ser questionado sobre o tal manifesto e o tema, o ministro Takumi Nemoto afirmou que "É socialmente aceito como algo que se enquadra no âmbito de ser ocupacionalmente necessário e apropriado".  O que é ocupacionalmente necessário?  Estar com um sapato que maltrata seus pés e sua coluna, especialmente, quando se trabalha de pé, ou por longas horas, é necessário?  Será que se fosse o ministro a usar os tais sapatos altos ele acharia "ocupacionalmente necessário e apropriado"?  Acredito que não.  Mas são eles que fazem as regras, as mulheres, no máximo, podem tentar mudá-las, ou legitimá-las para serem bem aceitas.

O ministro defensor da necessidade dos saltos altos.
Ainda no mesmo tema, saltos altos, tinha lido uma matéria criticando uma empresa russa chamada Tatprof, localizada na região do Tartaristão , que está dando bônus para as funcionárias que usarem saia e salto alto.  Sim, você leu direito.  Segundo o site Hyperness, "Para conseguir 1,35 euros por dia, as saias não “devem passar dos cinco centímetros abaixo do joelho”".  O responsável pela façanha é o conselheiro delegado da metalúrgica, Serguey Rachkov, que se diz preocupado com a “a confusão dos papeis de gênero” e que a exigência seria uma forma de “alegrar os homens”, porque, vocês sabem, não é mesmo, a função de uma mulher no ambiente de trabalho é essa.

A campanha da Tatprof.
E não é só isso: "As funcionárias devem ainda preferir tons discretos de maquiagem. “Tudo segundo os cânones tradicionais da beleza feminina”, acrescenta Anastasia Kirillova, outra diretora da Tatprof.   (...) “Nossa equipe é composta 70% de homens. Esse tipo de campanha ajuda a desconectar e descansar. É uma excelente maneira de unir a equipe”, pontuou Kirillova à rádio Govorit Moskva.".  Sim, é importante colocar uma mulher para enunciar esses absurdos, porque é uma forma de legitimar o sexismo, afinal, se ela não se incomoda é porque é bom e as outras são chatas e não sabem quais são as responsabilidades femininas.  De resto, a empresa está sendo duramente criticada na Rússia, mas dado o atual clima do país, não sei se isso vai dar em alguma coisa.  E, bem, há ainda quem se pergunte para quê precisamos de feminismo... 

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