quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Uma tentativa de tradução da entrevista de Fumi Yoshinaga para o Yahoo Japan


O Yahoo fez uma longa entrevista com Fumi Yoshinaga.  É tanta informação interessante que, mesmo não sabendo japonês, vou tentar resumir alguma coisa, como sei do que ela está falando, consigo pegar algumas coisas.  Se alguém que realmente domina a língua quiser ajudar, eu agradeço.  A entrevista foi feita por causa do dorama Kinō Nani Tabeta? (きのう何食べた?), mangá gastronômico protagonizado por um casal de homens e que sai na revista Morning.  
Ela cita antique Bakery algumas vezes,
mas não consegui entender direito.
 Uma das coisas interessantes que a autora diz é que o mangá é um shoujo mangá, ou seja, ela faz as coisas da mesma maneira que ela faria para uma revista shoujo, josei, BL, whatever, mas que, por acaso, está em uma revista seinen.  E, bem, eu realmente acredito que as revistas seinen estão puxando as autoras consagradas exatamente para consolidar uma audiência feminina.  Assim, revistas seinen tornam-se revistas gerais, que não se assumem como tal.  Yoshiga elogia o dorama, diz que ficou no Twitter comentando os episódios e que queria fazer um mangá gourmet no qual o desejo e prazer em relação aos alimentos estivesse articulado com o prazer/desejo sexual, porque ambos seriam acionados pelas mesmas áreas do cérebro. Lá no final do post haverá uma correção.


All My Darling Daughters
é um mangá muito bom.
Ela vai falar da dificuldade que foi desenhar mulheres e que ela teve que fazê-lo pela primeira vez em All My Darling Daughters (愛すべき娘たち Ai Subeki Musumetachi).  Eu resenhei esse mangá, é volume único.  Para quem não sabe, Fumi Yoshinaga veio do BL (yaoi).  Ao mesmo tempo, ela diz que não há diferença entre desenhar homens, ou mulheres, porque todos os seus homens são inspirados nela.  Não sei se entendi bem, talvez a ideia seja que ela usava a si mesma como modelo.  Ela também fala que sair do BL era uma forma de desafio.  Não são bem essas palavras, mas acho que a ideia é essa.


Ōoku é um mangá que merece ser lido.
O/a entrevistador/a diz que mesmo em Ōoku (大奥), ela continua fazendo histórias intimistas, mesmo sendo um mangá histórico.  Yoshinaga enfatiza que mesmo parecendo "micro" (História), afinal, trata-se de uma série sobre os acontecimentos no harém do Shogun, a história é "macro", porque se entrelaça com os eventos do Shogunato Tokugawa.  Não tenho como discordar, ainda que já tenha criticado Yoshinaga por patinar em alguns momentos da série.  Enfim, tenho todas as resenhas de Ōoku no blog, é só procurar.


Candy e Anthony.  Fiquei com
pena da menina Fumi Yoshinaga.
O/a entrevistador/a pergunta se ela lia muito shoujo mangá quando jovem.  A autora diz que sim, mas que desde o primário ela gostava de ler coisas eróticas (*precoce*).  Ela vai comentar que mesmo clássicos como Hi Izuru Tokoro no Tenshi  (日出処の天子), de RiyokoYamagishi tinham algo de pornografia (*verdade*).  Perguntam qual o primeiro mangá que ela leu na vida e ela diz que foi CandyCandy (キャンディ♥キャンディ) e que a avó só lhe deu dois volumes.  "O que acontece depois que o Anthony morre?!".  Ela diz que leu várias vezes os dois volumes, mas não ganhou o resto do mangá.  Daí, os pais lhe deram todos os volumes da Rosa de Versalhes (ベルサイユのばら) de uma vez, porque ela precisava aprender História.  Muito sábios os pais!


Aproveite para comprar o seu volume.
Ela completa que tinha uma irmã, ou irmão, bem mais velho/a e que havia vários volumes de obras da geração de 1948 na sua casa (Riyoko Yamagishi, Keiko Takemiya, Moto Hagio, Yumiko Oshima) e que ela leu praticamente todos os trabalhos dessas autoras antes de terminar o ginásio.  Bem se vê que Fumi Yoshinaga teve uma excelente formação.  Ela volta a falar de como eram emocionalmente poderosos e eróticos os mangás da geração de 1948.  


Gilbert de Kaze to Ki no Uta.
Como não poderia deixar de ser, ela faz referência a Kaze to Ki no Uta (風と木の詩) e chega a fazer alguma piada sobre Gilbert, um dos protagonistas do mangá, mas eu não consegui entender direito, então... O/a entrevistador/a compara com a Nakayoshi e ela ri dizendo que havia beijo na Nakayoshi (*onde saiu Candy Candy)... às vezes.


Na piada com Antique Bakery, ela comenta algo
sobre Not Love But Delicious Foods,
mas meu japonês não foi suficiente
para entender.  Tem resenha do mangá no site.
Por fim, ela é inquirida sobre temas que ela gostaria de desenhar, se eu entendi bem, ela comenta que gostaria de fazer alguma coisa sobre o mundo do entretenimento e um mangá de suspense.  Sendo de Fumi Yoshinaga, certamente será interessante.  Enfim, peço desculpas por fazer um resumo capenga, mas é uma entrevista importante e eu queria muito comentar o que eu consegui entender.

O Luiz passou pelo post e fez algumas correções.  Ele já traduziu entrevistas para o Shoujo Café e sempre é muito gentil em me ajudar quando que cometo alguma barbeiragem.  Segue as correções e a ajuda que o Luiz me deu:

Valéria, só uma correção.

Sobre fazer um mangá em que o desejo e prazer em relação aos alimentos estivesse articulado com o prazer/desejo sexual, ela diz o contrário. Ela não queria fazer isso. Vou colocar o trecho traduzido aqui:
Kinō Nani Tabeta?
"- Em Nani Tabe, você de propósito evitou colocar um clima romântico em destaque.

Porque, afinal, eu estava desenhando com a intenção de fazer um mangá sobre comida. O que sentimos quando comemos e o desejo sexual são coisas que usam, comparativamente, o mesmo lugar do cérebro; então eu achei que não haveria compatibilidade desenhar ambos. No passado, eu ouvi uma história de que se você comer enquanto transa, nenhuma das duas coisas ficam boas. E realmente talvez seja assim. Por isso tive que decidir qual das duas coisas eu desenharia."

Ono de Antique Bakery.
Sobre a parte em que ela comenta Antique Bakery e Not Love, but Delicious Foods, a entrevistadora pergunta sobre a cena deste em que ela pede desculpas para um amigo gay. A Yoshinaga diz que se sentiu mal depois de desenhar a cena em que o Ono fica girando na chuva em Antique Bakery porque ela acha que pesou a mão (acredito que por retratar um personagem gay de forma estereotipada). Mas ela disse que quando pediu desculpas para esse amigo dela, ele respondeu que não iria viver se fosse ficar se irritando por cada coisinha que fizessem "contra" ele. A Yoshinaga diz que essa resposta deixou uma impressão forte nela e ela percebeu que quando uma pessoa ouve frequentemente coisas insensíveis, essa pessoa acaba tendo que se tornar "forte". Por isso a Yoshinaga resolveu colocar essa cena dela pedindo desculpas para o amigo no outro mangá.


A entrevistadora pergunta se a Yoshinaga toma algum cuidado na hora de desenhar BLs, e ela diz que toma cuidado para não desenhar os personagens como se fossem seres de outro mundo. Por isso ela acha que pesou a mão nessa cena do Ono.

2 pessoas comentaram:

Valéria, só uma correção.

Sobre fazer um mangá em que o desejo e prazer em relação aos alimentos estivesse articulado com o prazer/desejo sexual, ela diz o contrário. Ela não queria fazer isso. Vou colocar o trecho traduzido aqui:

"- Em Nani Tabe, você de propósito evitou colocar um clima romântico em destaque.

Porque, afinal, eu estava desenhando com a intenção de fazer um mangá sobre comida. O que sentimos quando comemos e o desejo sexual são coisas que usam, comparativamente, o mesmo lugar do cérebro; então eu achei que não haveria compatibilidade desenhar ambos. No passado, eu ouvi uma história de que se você comer enquanto transa, nenhuma das duas coisas ficam boas. E realmente talvez seja assim. Por isso tive que decidir qual das duas coisas eu desenharia."

Sobre a parte em que ela comenta Antique Bakery e Not Love, but Delicious Foods, a entrevistadora pergunta sobre a cena deste em que ela pede desculpas para um amigo gay. A Yoshinaga diz que se sentiu mal depois de desenhar a cena em que o Ono fica girando na chuva em Antique Bakery porque ela acha que pesou a mão (acredito que por retratar um personagem gay de forma estereotipada). Mas ela disse que quando pediu desculpas para esse amigo dela, ele respondeu que não iria viver se fosse ficar se irritando por cada coisinha que fizessem "contra" ele. A Yoshinaga diz que essa resposta deixou uma impressão forte nela e ela percebeu que quando uma pessoa ouve frequentemente coisas insensíveis, essa pessoa acaba tendo que se tornar "forte". Por isso a Yoshinaga resolveu colocar essa cena dela pedindo desculpas para o amigo no outro mangá.

A entrevistadora pergunta se a Yoshinaga toma algum cuidado na hora de desenhar BLs, e ela diz que toma cuidado para não desenhar os personagens como se fossem seres de outro mundo. Por isso ela acha que pesou a mão nessa cena do Ono.

Ps: desculpe não traduzir a entrevista completa. Agora estou realmente muito ocupado com meus estudos e não tenho tempo para fazer mais nada.

Ah, Luiz, muito, muito obrigada. Pelo menos me diz que o resto está mais ou menos correto e obrigada nesmo! Vou levar o que vc traduziu para o corpo do texto.

E eu corrigi o outro post. O vídeo está lá.

Obrigada de novo!

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