domingo, 10 de maio de 2020

Netflix revisita as Lendas Arturianas, mas a protagonista será a Dama do Lago


Vi no The Mary Sue, um artigo sobre a nova série da Netflix, Cursed (*Amaldiçoado/a?  Amaldiçoados/as?*) com a primeira foto da série.  Em destaque, temos a mocinha Nimue (Katherine Langford), e o site coloca a descrição da heroína: "Uma heroína adolescente com um misterioso dom e que está destinada a se tornar a poderosa (e trágica) Senhora do Lago.".  O seriado é baseado em um quadrinho de Thomas Wheeler e Frank Miller.  Wheeler é figura chave na produção.  Não tenho um fiapo de esperança de que isso será satisfatório para mim, mas pode ser para você.

Ao que parece, Nimue fará oposição ao Rei Uther, o que a colocaria antes do próprio Arthur.  Sendo ela uma criatura mágica, e duvido que assim seja, dado o que a ficção tem nos oferecido, ela não envelheceria, ou o faria de forma mais lenta.  Segundo o Rotten Tomatoes, que tem mais fotos da série, Nimue vira símbolo da resistência contra a opressão promovida por Uther se seus paladinos vermelhos.  Então, deve ter gente que não esteja prisioneira da paleta cinza-preto-marrom-ou outra cor na sua versão escura (*azul, verde, vermelho*) que parece ser a preferida do pessoal que produz fantasia faz algum tempo.  Afinal, para se ter respeito, é preciso estar com roupas escuras.  Eu, de minha parte, gosto de dizer que os vilões mais terríveis são aqueles que conseguem vestir branco, mas, deixa pra lá... De qualquer forma, o site Bazaar estava dizendo  que parecia uma cruza de Jogos Vorazes com Game of Thrones.  Oh, céus... 

Minha foto preferida.
Agora, será que é necessário que a Dama do Lago, a guardião da espada, a Senhora de Avalon, precise brandir uma espada para ser uma heroína interessante?  Será que a mocinha forte de nossos dias precisará ser uma guerreira nesses moldes?  Pelo jeito, sim.  Pode ser que a série seja um sucesso, as pessoas sempre estão famintas por material de fantasia e revisitar as lendas arturianas é meio que um terreno seguro.  Fora isso, há uma grande expectativa em saber quem será o próximo Game of Thrones, aquele sucesso avassalador que manteve muita gente presa por anos.

Voltando, o título do The Mary Sue é bem inspirado "Porque é difícil retratar o Rei Arthur [suponho que as lendas arturianas, no geral] de forma correta e por qual motivo continuamos tentando".  Nos últimos tempo, saiu bastante coisa, considerando somente TV e cinema, sobre o Rei Arthur.  Devo dizer que boa parte não merece ser assistido.  

A mocinha de nossos tempos PRECISA brandir uma espada.
O último filme sobre o Rei Arthur me despertou tamanha aversão, o trailer era tão ruim, que eu torci pelo fracasso, porque geraria um monte de filhotes ainda piores se desse certo.  Não deu.  Como diria o Cabo Daciolo (*que seria melhor presidente que o que temos), "Glória a Deusssss!".  E fiquei feliz, porque o último Robin Hood foi para a vala comum.  O seriado Merlin me desagradou só de olhar, também.

OK, mas as lendas arturianas são maravilhosas e merecem ser filmadas.  Seja as versões mais antigas, aquelas com forte influência dos paganismos celtas, até as versões já bem cristianizadas do final da Idade Média.  Morte D'Arthur do Malory, por exemplo.  Por qual motivo os sujeitos não pegam os originais, leem e constroem um roteiro que preste?!  É possível fazer um filme trash satisfatório dialogando com as lendas arturianas, vide A Última Legião.  Eu fiquei tão surpresa com o desfecho da coisa, que me deixou tão feliz como o igualmente rocambolesco Robin Hood da BBC.  Sim, sim, há espaço para soltar as frangas e, ainda assim, produzir um bom entretenimento.  

Os caras maus vestem vermelho.
Terminando, a série terá dez capítulos e, pelo que vi, ainda não tem sua data de estreia.  De qualquer forma, para quem está confuso com o nome da Dama do Lago, os textos medievais não tinham uma grafia unificada e os contos arturianos eram muitos.  Nimue/Nimuë, Viviane, Niniane etc. são todos nomes da mesma personagem, acreditam os especialistas.  Agora, vários autores de romances contemporâneos criaram várias Damas do Lado, quem fez isso de forma mais competente foi Marion Zimmer Bradley em As Brumas de Avalon, que se tornaria uma espetacular série de TV com várias temporadas sem que se precisasse fazer grande esforço.  Agora, com as denúncias feitas pelos filhos da autora depois de sua morte, coisa feia que envolve maus tratos severos e até pedofilia, DU-VI-DO que alguém se meta a filmas as Brumas de novo, ou qualquer dor romances de Zimmer Bradley.

1 pessoas comentaram:

Caramba! Nunca tinha ouvido falar dessas coisas sobre a Marion Zimmer Bradley.
Que pena. Adoro As Brumas de Avalon.

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