domingo, 19 de dezembro de 2021

Comentando Viúva Negra (EUA/2021): Um bom filme que veio tarde demais para realmente fazer diferença

Finalmente, terminei de assistir Viúva Negra (Black Widow), aliás, três semanas atrás, aliás, e, antes que eu deixe de resenhar, aqui está o meu texto.  Odiei o início do filme,  depois pareceu um tanto cansativo, cochilei da primeira vez que tentei assistir, mas quase da metade para o fim o filme se tornou divertido.  Acredito que o saldo no fim das contas foi positivo, porque as personagens são gostáveis, foi o que fez diferença.  Agora, inegável é que este filme deveria ter sido feito depois de Guerra Civil, no máximo, mas a falta de interesse em apostar nas super-heroínas é algo que vem de muito tempo e que só começou a mudar com os sucessos do filme da Mulher Maravilha e da Capitã Marvel.  Ainda assim, o movimento é tímido.   E, claro, é lamentável que a Viúva Negra tenha tido o destino que teve nos filmes dos Vingadores e ainda tenha tido um filme tardio lançado. Vou usar o resumo do próprio Disney + e, logo em seguida, deixo meus comentários:

No thriller de espionagem repleto de ação "Viúva Negra", da Marvel Studios, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson), também conhecida como Viúva Negra, enfrenta o lado mais sombrio da sua vida, quando surge uma perigosa conspiração ligada ao seu passado. Perseguida por uma força que tudo fará para a derrotar, Natasha tem de lidar com o seu historial enquanto espia e com as relações desfeitas que deixou pelo caminho, muito antes de se tornar uma Vingadora.

Viúva Negra tem como objetivo compensar a personagem, que estava no primeiro filme dos Vingadores, por não ter tido um filme de apresentação e, também, pelo que lhe fizeram nos últimos filmes da equipe de super-heróis (*1 - 2*).  Não seria possível fazer um seriado de Natasha Romanoff, então, vamos fazer um filme colocando-o temporalmente depois de Guerra Civil.  Natasha está escondida, mas seu passado vem atrás dela e a heroína precisa enfrentar velhos fantasmas.  E ela vai passar por Budapeste, claro.  A cidade que sempre é citada como o local onde ela e o Arqueiro se conheceram.

Eu sei que o background da personagem original a liga à Guerra Fria (1945-1991), no entanto, mesmo na primeira parte do filme, não havia mais URSS, nem KGB.  A família de agentes infiltrados nos Estados Unidos, a fuga cheia de lance absurdos, a passagem por Cuba e a crueldade dispensada à criança Natasha (Ever Anderson) e sua irmã caçula, Yelena (Violet McGraw), foi tudo muito exagerado.  Eu sou velha e me lembrei daqueles filmes produzidos na década de 1980, na Era Reagan, com seus comunistas malvados, cubanos e russos, tanto faz.  Só que, no momento em que o filme se passava, já não eram comunistas que estavam no poder na Rússia, porque a URSS já era. Eu detestei esta parte e, exatamente por isso, cochilei da primeira vez que tentei assistir.

O filme para mim só ganha força a partir do momento que ultrapassamos este primeiro ato mostrando a infância da heroína com Natasha adulta reencontrando Yelena e é preciso registrar o quando Florence Pugh brilha, independentemente do papel que lhe dão.  Enfim, ao mostrar o treinamento das viúvas com meninas de várias etnias, eu fiquei encucada, porém, quando o grande vilão, Dreykov (Ray Winstone), descreve lá pelas tantas do filme, que ele treinava meninas que ninguém queria, que ninguém daria falta fica clara a  analogia com o tráfico humano e como milhares de crianças desaparecem todos os anos e não são encontradas, ou sequer procuradas.  

No caso de Natasha, lá pelas tantas é dito que ela foi tirada da mãe, porque a agência do vilão detectou algo de especial nela.  Essa ideia é importante para justificar que ela seja vista como uma super-heroína, eu presumo, que ela teria algo de especial que possibilitaria a ela ser um dos Vingadores.  Aliás, e meu marido fala isso desde o primeiro filme, é muito estranho ter a Viúva e o Arqueiro, humanos normais, entre os Vingadores.  Eu concordo com ele e o filme da Viúva Negra não me fez mudar de ideia, não.

Se com a chegada de Yelena o filme melhora, a partir do momento em que temos a família inteira a coisa efetivamente se torna muito interessante.  Se lá no início do filme a relação familiar dos agentes infiltrados não parece muito real, especialmente, depois que eles chegam em Cuba e são separados, o filme se esmera em mostrar que a coisa não era bem assim, que eles mal ou bem eram uma família de verdade, na realidade, a única família que Natasha e Yelena tiveram.  E seus pais agentes, Alexei (David Harbour) e Melina (Rachel Weisz), secretos sentiam remorso por tudo o que aconteceu.  

Com o reencontro da "família" temos excelentes desempenhos de  Rachel Weisz e David Harbour, que vivia em um delírio no qual era um super-herói da antiga URSS, o Red Guardian.  Na verdade, esse Alexei da segund aparte do filme não me lembrava em nada o do início, mas, enfim, eu não me importo, porque ficou muito legal mesmo. Rachel Weisz aparece como agente, depois sabemos que ela é cientista e, mais adiante, é revelado que ela foi  uma das primeiras viúvas negras.  Florence Pugh sempre entrega uma interpretação consistente, seja lá o papel que deem para ela.  Ainda espero vê-la recebendo um Oscar.  E Scarlett Johansson voltando ao papel de Viúva Negra só me faz ter mais raiva de terem matado a personagem no final da saga dos Vingadores no cinema. 

O vilão estava um tiquinho acima da média dos filmes da Marvel e quem lê minhas resenhas sabe que eu sempre bato que a média do estúdio é ruim.  Dreykov tinha a sua própria agenda de dominação e usava mulheres para atingir seus objetivos.  Fica claro que ele as despreza e considera peças a serem controladas.  Não sei se é uma das melhores representações do patriarcado, mas é isso que ele representa.  Melhor foi ver o triunfo da sororidade a partir do momento que as viúvas são libertadas do domínio de Dreykov.

Falou-se muito que o defeito do filme era exigir muita suspensão de descrença, mas já vi filmes bem piores. Poderiam exagerar menos?  Poderiam, mas deixa quieto, como pontuei, o que me incomodou mais foi a introdução mesmo, a insistência na ideia de que os comunistas ou os russos e os cubanos eram malvados que maltratam menininhas.  Daria uns7,5 para a película e, sim, é lamentável que o filme solo da Viúva Negra tenha vindo tão tarde.  E finalmente sabemos o que a Viúva Negra e o Arqueiro fizeram em Budapeste.  Ao que parece, o seriado do Arqueiro, que eu não estou assistindo, traz mais informações sobre esse primeiro encontro entre os dois.  É isso.  Resenha curta, mas acho que coloquei os pontos que mais me chamaram a atenção.


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