Nado Sincronizado é um dos poucos esportes olímpicos exclusivamente femininos, ou era, porque a partir das Olimpíadas de Paris as coisas vão mudar. Eu descobri isso por ter tropeçado em uma matéria do jornal The Mainichi noticiando que, pela primeira vez, homens estariam participando da competição por equipes no campeonato mundial da categoria, que se realizou em Fukuoka. E que já havia duplas mistas desde 2015. Eu não sabia e á sempre bom descobrir coisas.
Enfim, o nado sincronizado é um caso raro no qual os homens foram excluídos e os campeonatos oficiais e olímpiadas passaram a ter somente mulheres. E a graça é que havia um gênero no cinema hollywoodiano, filmes e mais filmes, com piscina e acrobacias aquáticas com homens e mulheres, os mais lembrados estrelados por Esther Williams. Mas quando os homens foram excluídos? Segundo a Wikipedia:
"No final do século 19, o nado sincronizado era um evento exclusivamente masculino. No entanto, no século 20, tornou-se um esporte feminino, com os homens sendo banidos de muitas competições. Nos Estados Unidos, os homens foram autorizados a participar com as mulheres até 1941, quando o nado sincronizado passou a fazer parte da Amateur Athletic Union (AAU). A AAU exigia que homens e mulheres competissem separadamente, o que resultou em um declínio de participantes do sexo masculino. Nas décadas de 1940 e 1950, Bert Hubbard e Donn Squire estavam entre os principais competidores masculinos dos Estados Unidos."
Não achei os motivos da exclusão, mas, talvez, o interesse masculino parece ter declinado a partir do momento que a atividade não conseguiu se caracterizar como algo separado do balé, mas posso estar errada, aliás, devo estar. O fato é que muito provavelmente, quem excluiu os homens foram homens, que fique registrado. Nos EUA, eles são puderam voltar a competir em 1978, em outros países, só neste século. Agora, a exclusão dos homens levou à discussões sobre ser esporte, ou não, o que leva, claro, a um rebaixamento como um todo. "Ah, é só bonitinho!" "Não dá para avaliar objetivamente!" "Não é esporte." Exatamente por causa disso, por ter se marcado como feminino, a modalidade só foi se tornar olímpica em 1984 e já tinha aparecido como esporte de demonstração em 1952. Desde então, os homens desejam voltar a competir, mas equipes masculinas foram impedidas de se apresentarem de forma especial nas Olimpíadas de 2012.
De qualquer forma, não tenham dúvida que a exclusão-inclusão dos homens tem a ver com padrões de masculinidade e feminilidade, mesmo que não somente disso. E achei uma matéria que deu uma "desculpa" para a exclusão, apesar e seram mais fortes que as mulheres, homens são mais pesados, menos flexíveis, para eles, seria mais difícil flutuar. Como assim? Isso não seria um problema para nadadores, também? Ginastas? Acrobatas? WTF?! Mas vejam só, o nadador italiano Giorgio Minisini deu uma série de depoimentos para a matéria que linkei acima, olha um trechinho: “Alguém acabou de me chamar de gay (...) Alguém acabou de me chamar de estúpido porque a natação artística não era um esporte – e não era um esporte ‘masculino’.” Coisa de gay, não é esporte, não é esporte masculino, é coisa de mulher (*isso é fatal*), logo, não é coisa de homem de verdade.
O atleta lamenta que as duplas mistas talvez só estarão no programa olímpico em 2028 e que ele não deve mais estar em sua melhor forma e termina a matéria dizendo: “Em 2028, terei 32 anos. Não seria a minha melhor forma. Mas as Olimpíadas são as Olimpíadas. Iria até com uma perna só e darei tudo de mim para alcançar esse sonho (...) Devemos dar às próximas gerações um mundo fácil de viver e mais oportunidades para aproveitar.” Machismo não é um problema que atrapalha a vida somente das mulheres, tenham certeza.
Falando em competições mistas de equipes, pelo que eu aprendi assistindo o filme francês Banho de Vida, sobre um time masculino de nado sincronizado, eu acredito que vão usar um nadador homem como pilar da equipe, isto é, quem fica mais tempo submerso e serve de base para as acrobacias de outros membros da equipe. De qualquer forma, torço para que esses obstáculos sejam superados mais rápido do que eu espero. Falta a ginástica rítmica, agora.
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