sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Comentando Orange #7: Depois de dez anos, chegamos ao fim da jornada (Será?)

Recebi meu volume #7 de Orange (オレンジ) na terça-feira, eu tinha comprado em pré-venda, e terminei de ler ontem.  Trata-se oficialmente do final de uma  série que foi iniciado em 2012, na revista Betsuma, e terminada com um gaiden dez anos depois em uma revista seinen, a Monthly Action.  Se vocês quiserem saber minha opinião, eu acredito que a autora, Ichigo Takano, ainda retornará ao universo da de Orange um dia, afinal, é seu maior sucesso e ela não conseguiu se desvencilhar dele ainda.  Enfim, vamos supor que você caiu aqui e não conhece nada da série, não vou lhe pedir que leia as resenhas anteriores, porque, sim, eu comentei cada volume de Orange (*1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6*), e vou lhe dar um resumo geral: 

Naho é uma garota comum e está prestes a iniciar o seu segundo ano colegial.  Ela recebe uma carta e, ao abri-la, descobre que a pessoa que lhe escreveu se identifica como ela mesma, só que dez anos mais velha.  Uma carta do futuro?  Não!  Deve ser alguma brincadeira.  A carta é enfática em lhe recomendar que ajude Kakeru, um colega de escola a continuar vivo.  Naho não conhece nenhum Kakeru, mas, ao chegar à escola, há um aluno novo e ele tem esse nome.  A garota fica surpresa e, ao mesmo tempo, fascinada pelo rapaz.  Ele será seu primeiro amor.

Kekeru é um garoto quieto, tímido.  Na verdade, ele é depressivo e tem impulsos suicidas muito fortes.  O rapaz não acredita que existe um futuro para ele.  A série ira discutir essas duas questões com muita sensibilidade e Kakeru será acolhido pelos amigos de Naho: Hagita, Takako, Azusa e Suwa.  Este último é apaixonado por Naho desde sempre, mas decide não lutar por ela para que Kakeru seja feliz.  Na verdade, todos os jovens receberam cartas do futuro, saberemos disso ao longo da história.  Será que a amizade e o amor conseguirão manter Kakeru vivo?  Leia a série, porque vale a pena.

Falando do volume #7, eu o considerei muito irregular.  Diferentemente do que aconteceu no volume #6, o primeiro gaiden, protagonizado por Suwa, e em outros volumes da série, eu não chorei e imagino que a narrativa fragmentada em várias pequenas histórias não me permitiu a imersão que eu tive nos demais volumes de Orange.  Mas, sim, houve um momento em que eu fiquei no quase, mas foi choro de raiva mesmo.  O pai de Kakeru é um traste e seu aparecimento na história só trouxe maior sofrimento para o garoto.

Enfim, neste volume aconteceu o que eu sabia que a autora iria fazer, isto é, um gaiden para as três personagens que ainda não tinham tido sua chance de brilhar.  Mas foi um tanto decepcionante, porque eles foram muito curtinhos.  Se eu fosse a autora, daria para cada um deles, Takako, Azusa e Hagita, pelo menos um gaiden que ocupasse meio volume.  De qualquer forma, é nessas três histórias curtas que a autora deixa claro, mesmo que sem explicar, que as cartas do futuro vieram de realidades alternativas.  

Orange se assume como uma série de ficção científica na qual existem diversas linhas temporais, mas não explica como as cartas passam de um mundo para o outro.  Não existe um elemento mágico e/ou científico dando sentido a essa verdade interna da narrativa.  Mas, assim confirmamos que há linhas de tempo nas quais Kakeru morreu e outras em que ele está vivo.  Há uma linha de tempo na qual Suwa casa com Naho e outra na qual ela de casa com Kakeru.  Talvez, exista mais uma na qual Naho tenha ficado sozinha depois da morte de Kakeru. 

Exatamente por existirem outras possibilidades, eu imagino que a autora ainda possa lançar novos gaiden comemorativos no futuro.  Quem levantou essa hipótese dos múltiplos universos, antes mesmo de ser moda no cinema e nas séries da DC e Marvel saturando esse argumento de roteiro, em um dos volumes passados foi Hagita, que, do jeito dele, parece ser o mais inteligente do grupo de amigos.  De qualquer forma, faltou explicar o mecanismo.  Não posso deixar de reforçar isso.

Depois dessas três histórias curtas na qual cada um dos amigos mostra de qua forma se esforçou para ajudar Kakeru a viver, há um gaiden maior e em três partes focado no rapaz.  Nessa história, ele não se matou, ele conseguiu ser feliz, ele venceu, ou pelo menos conseguiu lidar, com a depressão e a culpa pela morte da mãe.  Nesse gaiden, o pai traste do rapaz aparece, mas não para acolhê-lo, ele veio atirar sua responsabilidade e culpa sobre o filho.  O marido abusivo, que causou a separação da família, que nunca foi presente na vida do filho, acusa Kakeru de ser responsável pelo suicídio da própria mãe.  O homem é um traste.

Mas a história segue, ela dá alguns flashes de como foi a vida de Kakeru, Naho e Suwa na universidade. O pai, aliás, tinha convidado Kakeru para que ele fosse estudar em Tokyo.  Imagina?  Joga na cara do filho que empurrou a mãe para a morte e convida o rapaz para ir morar com ele.  Legal, não é? Enfim, o gaiden mostra o quanto Kakeru tem dificuldades em aceitar ajuda e acolhimento.  E eu fiquei fazendo a ponte entre ele e a Miyo de Watashi no Shiawase na Kekkon.  Só que ela não tinha a experiência de ter uma família e dividir a carga com eles.  Kakeru teve mãe e avó presentes, mas se sente indigno e acredita que não pode receber o apoio dos amigos, porque precisa se mostrar forte.

É ate curioso um sujeito tão frágil dizer em determinado momento que quer "proteger" Naho, quando ele mal dá conta dele mesmo.  Eu não consigo achar esse tipo de situação romântica, não.  Agora, algo realmente importante deste gaiden é descobrir que Kakeru também recebeu uma carta.  E esta carta chegou depois dos amigos terem evitado, pelo menos naquela linha temporal, a sua morte.  Mas há dois detalhes importantes sobre essa carta que irá redefinir sua vida, a primeira, ele não a lê imediatamente, ele a encontra guardada e fechada anos depois; a segunda, bem, é quem escreveu.  Não darei este spoiler, leia o volume.

E temos outro gaiden no final do volumes.  E, sabe?  Achei desnecessário e bobo.  A autora poderia ter redistribuído aquelas páginas nos gaiden de Hagita, Azu e Takako.  Sério!  E a moça que encontra Naho no parque me parece uma menina mais jovem que ela e, não, uma mulher adulta.  E é estranho escrever isso, porque a arte da autora está excelente e as personagens da série são desenhadas com traços mais adultos nesta fase da universidade e além.  Foi uma escolha da autora, uma que eu não entendi mesmo.

É isso.  Chegamos ao final oficial de Orange.  Foram vários anos lendo, esperando novos volumes e resenhando.  Fica aqui o meu agradecimento à JBC, porque lançou TUDO o que saiu de Orange.  É importante escrever isso, porque a Panini, por exemplo, nunca se preocupou em lançar os gaiden dos mangás shoujo que lançou.  Essas histórias extras muitas vezes são importantes para aprofundar as personagens secundárias, ver como as protagonistas estão no futuro e por aí vai.  Se você quiser adquirir os volumes de Orange, eles estão disponíveis no Amazon: 1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 - 7.  E, para quem quiser, Orange tem série animada para TV, filme animado para o cinema, além de live action. 

2 pessoas comentaram:

Ainda não li esse obrigada por me lembrar que preciso terminar essa série. Uma que estou esperando e nada da JBC anunciar é Fruits Basket Another, será que tem chance deles publicarem aqui?

Olha, Sarah, acredito que saia, sim. Quando, não sei.

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