sábado, 10 de fevereiro de 2024

Comentando o episódio 4 e 5 de 7th Time Loop: uma Mocinha realmente inteligente é um alento para o meu coração.

Continuo assistindo com muito prazer um dos animes shoujo da temporada  Loop 7-kaime no Akuyaku Reijou wa, Moto Tekikoku de Jiyuu Kimamana Hanayome Seikatsu o Mankitsu Suru (ループ7回目の悪役令嬢は、元敵国で自由気ままな花嫁生活を満喫する) ou 7th Time Loop: The Villainess Enjoys a Carefree Life Married to Her Worst Enemy!.  Já escrevi na minha resenha anterior que esses títulos enormes já perderam a graça e que eu vou chamar a série só de 7th Time Loop mesmo.

Enfim, 7th Time Loop, meu anime favorito dessa temporada, trabalha com a premissa da reencarnação, que tem uma vilã que nunca foi vilã e que, para sair do quadradinho das obviedades, tem não é um isekai.  O bom é que está funcionando, pelo menos comigo, funciona.  Vamos ao resumo do ponto de partida da história?  Vamos!  

Rishe Weitzner, filha de uma importante casa nobre, teve seu noivado com o príncipe herdeiro cancelado sob acusações ridículas e inventadas de vilania, mas esta é a sétima vez que isso acontece.  Rishe está presa em um loop temporal, onde não importa sua ocupação ou a localização, ela sempre acaba morta aos 20 anos, cinco anos após este incidente. Só que, da sétima vez, ela termina por chamar a atenção do Príncipe Arnold, filho do imperador de Galkhein, responsável por uma guerra mundial e, direta ou indiretamente, pela morte de Rishe em todas as suas vidas passadas.  

Só que o príncipe que a matou em sua vida anterior se apaixona por ela (*ou assim ele diz*), a pede em casamento, sugere que sua recusa seria motivo para guerra, e, ao mesmo tempo, aceita todas as exigências que a protagonista faz para se casar com ele.  Ele não irá tocar em Rishe (*mas já quebrou a promessa...*).  Ela não precisará participar de nenhum evento público da monarquia.  Ela poderá viver em uma residência separada e fazer o que quiser com o seu tempo.  Ela poderá escolher livremente suas criadas.  Ela poderá ajustar os detalhes de sua festa de casamento, inclusive a companhia que fornecerá os produtos para as festividades.  Tudo o que Rishe deseja é poder ter uma vida longa e produtiva, sendo feliz e o meis livre possível, e evitar cair em um oitavo loop temporal.

No episódio #4, Rishe entra em contato com Kaine Tully, presidente da Companhia de Comércio Aria, a quem Rishe se juntou em sua primeira vida.  Tully se recusa a aceitar o negócio proposto pela protagonista, porque a Companhia Aria é recém-criada e não teria gabarito para fornecer produtos para a festa de casamento do príncipe herdeiro.  Tully também vê Rishe com suspeita, começando pela escolha, pelo interesse extremo da moça pela companhia.  A jovem cita uma fala de Tully, que um comerciante escolhe seus clientes e coloca seus serviços de médica-boticária à serviço dele e de seus homens, quando eles bebem demais, além de mostrar que ela é capaz de beber tanto quanto qualquer macho pinguço e sem cair.

Depois de tanta insistência, Tully lhe dá um mês para lhe oferecer uma proposta melhor.  Rishe então mergulha em estudos profundos sobre o reino de Galkheim.  Ela quer saber como é a economia, a sociedade e a cultura do país.  Como passa horas e horas lendo e estudando e observando, sua saúde começa a ficar prejudicada.  Algo que a jovem descobre é que seu noivo vem promovendo uma série de reformas sociais, criou o salário mínimo, mas, ainda assim, há muito desemprego e boa parte da população é muito pobre.  

A nobreza parece não gostar das reformas, acredita que o príncipe-herdeiro está prejudicando os seus interesses, mas, com jeitinho, e alguma intimidação, ele impõe as reformas.  Arnold é uma mistura de déspota esclarecido com socialista utópico.  Matéria do 8º e do 2º ano.  Geralmente, está no capítulo de Iluminismo e no de Pensamento Social e Político no Século XIX. Rishe fica cada vez mais espantada com Arnold.  Como um sujeito tão inteligente, sensível aos problemas de sua população e compassivo se tornará um monstro?  Afinal, ele dá um golpe de estado, mata o pai e arrasta aquele mundo para uma guerra total.

Rishe, somando suas vidas todas, deve estar com uns 45 anos, mas ela nunca amou.  E, bem, nesses dois episódios, Rishe começa a ficar muito balançada.  Ela foi morta por Arnold em sua última vida, mas ele parece ser outra pessoa.  Neste episódio #4, o príncipe a segue pela cidade, quando ela sai disfarçada à noite.  Ele fica preocupado, não a proíbe de sair, e olha que ela é uma espécie de refém política, mas pede/exige (*ele é o príncipe dessa bodega*) para que ela o leve junto.  Depois desse encontro, Rishe cozinha para Arnold, mesmo assegurando que não tem dons culinários, ele parece aprovar, mas fica encucado com o uso que ela faz de ervas medicinais.  É normal colocar na comida?

No fim do episódio #4, Rishe descobre um produto (*não direi qual*) que pode ser tentador para Tully. Ele acusa a moça de querer fazer caridade, já que a exigência seria que fábricas fossem criadas na capital, dando emprego e criando renda capaz de criar consumidores.  Rishe diz que o melhor comerciante não é o que escolhe seus consumidores, mas aquele que cria consumidores, seja oferecendo produtos novos, criando demandas inexistentes, ou possibilitando que pessoas que antes não tinham dinheiro possam consumir e fazer a economia girar.   

Altas discussões econômicas. Esperava por isso?  Não.  Pontos para a série.  Frente à resistência que ele ainda tem, afinal, que jovem nobre estranha ela é,  ela joga uma carta mais forte na mesa, ela pode curar a doença que causa enorme sofrimento à irmã caçula de Tully.  Ele acaba cedendo, as negociações seguirão, mas, no quinto episódio, o foco é outro.  Temos a entrada de uma nova personagem, o irmão de Arnold, o príncipe Theodor August.  Arnold avisa Rishe que não quer que ela se relacione com Theodor, mas, vocês sabem, a história tem que andar e ela corre no episódio #5.

Theodor parece ser um yandere, isto é, parece bonzinho, parece inofensivo, mas é o cão.  Essa seria a minha aposta.  Eu fiquei atenta ao uso dos pronomes, também.  Há vários "eu" na língua japonesa, vamos ao básico.  Até algum tempo atrás, era de bom tom que homens e mulheres usassem em público a forma neutra "watashi", mas tornou-se comum que somente as mulheres a usem.  Os homens em anime, mangá, dorama, parecem optar pelo "ore", que seria um "eu" masculino absoluto e que já foi tido como brosseiro.  Há o "atashi", que é o "eu" infantil, uma mulher ao falar com o amante, namorado, whatever pode usá-lo, é como se ela descesse um degrau, por assim dizer.  E há o "boku", que é um "eu" masculino, que, às vezes, é usado por mulheres vistas como fortes, ou masculinizadas, e que se tornou fraco frente ao "ore".  

Theodor usa "boku", Arnold usa "ore".  Há uma hierarquia entre eles não somente de irmão mais velho e caçula, mas de quem é mais homem mesmo.  Agora, fica meio que sugerido, pelo menos para mim, que Theodor está fingindo.  Ele se aproxima de Rishe, ela tenta jogá-la contra o irmão, ela o analisa, mas nada do que Theodor diz bate com o que ela passou a conhecer de Arnold, seja no dia-a-dia, seja pelos livros e documentos que estudou.  Algo não encaixa e, claro, nossa mocinha não sabe que está apaixonada.

Um jornalista que analisa telenovelas uma vez disse (*Não lembro se foi Maurício Stycer ou o Ricardo Feltrin*), que personagens de novela precisam ser burros às vezes, mas nunca podem exagerar.  Rishe não é burra e isso é um alento muito grande.  Se ela errar será por inocência e por estar amando pela primeira vez.  Enfim, Theodor manda um bilhete para Rishe marcando um encontro à meia-noite em uma capela.  Ele usa a caligrafia do irmão e assina como Arnold.  Ela entende logo que é uma armação, afinal, Arnold entra e sai da mansão onde ela está morando a qualquer hora que ele queira.  Mas o que ela faz?  Ela manda um bilhete para o noivo confirmando a presença e agradecendo o convite.

Theodor tenta enredar Rishe, mas ela age de forma neutra e chega Arnold!  A melhor sequência do anime do episódio, uma das melhores da série até agora.  Theodor coloca o rabinho entre as pernas e termina arrumando um jeito de fugir sem tomar umas pancadas.  E Rishe e Arnold tem uma conversa na qual o príncipe diz que não entende como ela pode confiar nele, que ela não conhece sua verdadeira personalidade e motivações. Arnold chega a apertar o pescoço de Rishe, mas ela não recua.  O príncipe parece muito abalado, mas ainda não conseguimos ver o que vai dentro dele, o que ele esconde, se as acusações de Theodor (*assistam ao episódio*) fazem sentido, ou se o que Rishe viu em suas outras vidas representam a verdade sobre Arnold.

Rishe, então, diz que ESCOLHEU viver AQUELA VIDA como esposa dele, além de outras coisas que não parecem uma declaração de amor, mas são.  Arnold congela por um instante, mas termina beijando Rishe.  BEIJO!  Sim, é isso que eu espero de um mocinho quando me dou ao trabalho de assistir e/ou ler (*e eu estou lendo as novels*) uma história.  A sequência da dança, que foi o que me atraiu para o anime, já tinha sido excelente, a do jantar que ela preparou, também, mas essa do beijo na capela superou tudo até o momento.

A questão é que não foi o final do episódio.  Ele terminou em um gancho espetacular envolvendo Theodor e o sequestro de Rishe, além de algumas traições inesperadas.  Não darei detalhes, mas a história andou muito rápido.  Se Theodor é o grande vilão, as ações dele foram muito precipitadas, cedo demais.  Arnold vai querer a cabeça dele.  Se Rishe irá conseguir reconciliar os irmãos, esta é uma possibilidade, teremos que ter outro vilão.  Meu marido acredita que a morte de Rishe irá causar a guerra nessa vida.  Eu não acredito na morte dela, mas que, talvez, Arnold possa acreditar que ela foi morta e a mocinha ter que consertar as coisas.  

Enfim, o episódio #5 foi muito bom.  Teve clichê, mas teve mocinha agindo de forma inteligente e precavida, mocinho que não se faz de lerdo e beija mesmo e um final que me deixou ansiosa a semana inteira.  De resto, o figurino continua pavoroso.  E se você pegar o mangá e a novel, é assustadora a opção do pessoal que está cuidando da animação.  Rishe merecia mais.  E, antes que eu me esqueça, as novels originais começaram a ser publicadas em 2020, são seis volumes até o momento.  A autora é Touko Amekawa, as ilustrações dos livros são de  Wan Hachipisu e a arte do mangá é de Hinoki Kino.  O sexto volume do mangá sai este mês.

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