domingo, 4 de fevereiro de 2024

Mais detalhes sobre o novo filme de Razão & Sensibilidade

No final de dezembro do ano passado, fiz um post sobre os poucos detalhes que tínhamos sobre o filme Razão & Sensibilidade do canal Hallmark. Sim, é aquele que faz filmes para toda família e, não raro, com um conteúdo (supostamente) cristão.  Quando Chama o Coração (When Calls the Heart), que passa na Record, é deles.  E não estou fazendo esse preâmbulo para desestimular ninguém, tampouco para fazer pouco caso do Hallmark Channel, aliás, o filme de Razão & Sensibilidade, que estreia no final de fevereiro e ainda não tem trailer, faz parte de uma série de filmes de uma programação chamada  Loveuary, um trocadilho com February (Fevereiro).  

Aliás, achei um artigo interessante chamado "O mundo precisa de amor. Hallmark está lucrando. Quando mais pessoas assistem ao Hallmark Channel do que à CNN, você sabe que atingimos um novo nível de isolamento interpessoal." (The World Needs Love. Hallmark Is Cashing in.  When more people are watching the Hallmark Channel than CNN, you know we’ve reached a new level of interpersonal isolation.), discutindo o fenômeno que é o Hallmark.  Muito bem, o novo Razão & Sensibilidade é mais um filme/série color blind e será lançado no Mês da História Negra para os norte-americanos. A ideia do novo filme seria dar o protagonismo para atrizes e atores negros. 

Color blind são produções nas quais as características étnico-raciais de um ator/atriz não é relevante para a sua escalação no elenco.  Por exemplo, o (*ruim*) Ana Bolena do Channel 5, que está no Globoplay e eu resenhei, é um exemplo de material color blind.  Ninguém na produção está dizendo que a mãe da Elizabeth I era uma mulher negra, simplesmente, escalaram um elenco diverso.  Por outro lado, Bridgerton da Netflix parece color blind quando começamos a assistir a série, mas logo vem a informação de que, na verdade, estamos em uma linha temporal alternativa na qual o racismo no Reino Unido (*e sabe-se mais onde*) não existe mais, mantendo todas as outras caraterísticas da sociedade daquela época.  É ridículo, mas eu gosto de Bridgerton.

Pois bem, o novo Razão & Sensibilidade terá um elenco majoritariamente negro.  As irmãs Dashwood, Elinor (Bethany Antonia), Marianne (Deborah Ayorinde) e Margaret; o Coronel Brandon (Akil Largie), a Sr.ª Dashwood, Willoughby (Victor Hugo)  serão negros.  Eu imaginei que o elenco seria todo negro, mas o ator Dan Jeannotte fará Edward Ferrars.  Imaginei que fossem cair no mesmo erro do citado Ana Bolena, isto é, colocar os personagens "bons" como negros e os maus como brancos.  É um erro, porque ao fazer esta escalação, você imprime sentidos que são contemporâneos em uma história que nada teria a ver com ela.  Ana Bolena, a mocinha da história é negra, e perseguida e traída por pessoas brancas.  Espero estar sendo clara.

Meu medo era que Edward Ferrars fosse o único bonzinho em uma família branca do mal.  Só que eu estava errada, porque a irmã horrorosa de Edward, a cunhada de Elinor e Marianne, Fanny, que convence o marido a não cumprir a palavra empenhada com o pai em seu leito de morte deixando as moças na quase penúria, é uma atriz negra, Carlyss Peer. O irmão das moças, por outro lado, é interpretado por um ator branco. Enfim, talvez este Razão & Sensibilidade possa ser um exemplar realmente subversivo de color blind com famílias com elenco interracial sem nenhuma justificativa.  Ousado, muito ousado, eu diria.  

Agora, o elenco é bem fora da idade e antes que alguém venha me lembrar que o filme de 1995 era assim, a tia vai explicar que o roteiro da Emma Thompson introduziu algumas explicações para idades fora do lugar.  A atriz já tinha 34 anos, recusou o papel de Elinor, mas foi convencida a alterar a idade da personagem em dez anos, ou seja, ela teria 27 anos, dez a mais que a original e algumas falas sobre ela ter se tornado uma solteirona e que temiam que Marianne, que continua com os mesmos 16 anos do livro no início do filme, fosse pelo mesmo caminho.  

Obviamente, isso não deixa de fazer com que um Edward Ferras de 30-35 anos pareça um bundão, mas a coisa no filme da Hallmark meio que pesa ainda mais a mão.  Edward Ferrars, inseguro, influenciável, dependente da mãe, precisa ser muito jovem.  No livro, se não me engano, ele começa com 22 anos e termina com 23.  OK, a gente entende sua imaturidade, agora, um homem de mais de 30 anos continuar nessa situação, é meio ridículo.  O tal Dan Jeanotte tem 42 anos, ou seja, ele é bem mais velho que Hugh Grant era em 1995.

Estou aguardando o trailer desse Razão & Sensibilidade.  Não saiu ainda.  Há um preview da programação de fevereiro.  E há um trailer de outro dos filmes, um chamado An American in Austen, que parece ser mais uma variação de Lost in Austen, ou mesmo o brasileiro Perdida, uma espécie de isekai (*"outro mundo", em japonês*), no qual uma mocinha de nossa época vai parar dentro do livro (?) Orgulho & Preconceito e deve ficar com Mr. Darcy no final.  Será? Este me deixou curiosa. E tem outros filmes, há um chamado Paging Mr. Darcy, que é contemporâneo.  Tem ttrailer, também.    Os três vídeos estão abaixo:

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