sexta-feira, 20 de junho de 2008

Exposição revela filosofia e costumes dos samurais



Esta é a matéria na página do Correio Braziliense sobre uma exposição que está acontecendo aqui em Brasília. Preciso ir ver, pois parece que está realmente excelente. As imagens que foram mostradas me deixaram impressionada.
Exposição revela filosofia e costumes dos samurais

Nahima Maciel
Do Correio Braziliense

Exposição traz 120 peças para exposição em Museu da RepúblicaNo centro da área expositiva do Museu Nacional da República, está uma liteira construída em madeira e laca datada do século 18. Ao redor, quatro biombos em papel arroz e madeira trazem cenas alternadas de guerras e paisagens bucólicas. Ao fundo, painéis com caligrafia japonesa antiga e objetos utilizados na cerimônia do chá ocupam a vitrine comprida e arrematam o conceito da mostra Eternos tesouros do Japão – A arte dos samurais.

A civilização japonesa foi marcada por séculos de conflitos entre clãs. Entremeando as guerras, houve paz e durante todo o tempo, de arma em punho ou não, a reflexão não deixou de existir. A caligrafia dá conta do pensamento. E a princesa carregada na liteira é símbolo da aristocracia feudal e da fidelidade dos samurais pintados nos painéis, devotos leais treinados para dar a vida por seus senhores.

Norteado pelo romantismo de tal atributo, o curador Toshio Koganemaru selecionou e organizou as 120 peças da exposição em cartaz no museu de maneira a contar a história do Japão antigo, mas com segunda intenção que independe do entendimento histórico ou cultural da civilização japonesa. “Apesar das diferenças entre as duas culturas, o ser humano tem um ponto em comum que é perceber o belo. A arte transpõe as diferenças culturais e toca as pessoas independentemente de suas culturas. Queria que o público pudesse ver coisas belas mesmo sem entender o que está escrito”, explica.

Beleza e delicadeza não faltam aos objetos trazidos do Museu de Arte Fuji de Tóquio, no qual Koganemaru é um dos curadores. Biombos em madeira pintados em ouro há mais de 300 anos por diferentes escolas da pintura tradicional japonesa mostram cenas de batalha ou simples paisagens, feitas para a contemplação. Objetos utilitários como pratos, marmitas, estojos de caligrafia e porta-remédios revelam a habilidade no tratamento da laca aplicada sobre madeira ou couro, técnica conhecida como maki-e.

Os japoneses são mestres em compactar o mundo e um conjunto de marmitas centenárias, preparadas para carregar alimentos e serviço de pratos ao mesmo tempo, prova a antigüidade da prática. No mezanino, que a curadoria soube aproveitar muito bem, ficam as 25 xilogravuras com as histórias de lealdade dos guerreiros samurais. A variedade de cores denuncia o quão minucioso era o trabalho dos artistas que criaram o ukiyo-e, estilo nascido das mãos de artesãos populares e perpetuado graças às sofisticadas técnicas utilizadas. Cada impressão exigia, no mínimo, três matrizes diferentes. A mostra traz 500 anos de história narrada pela arte tradicional japonesa e as armaduras e sabres de samurais constituem espetáculo singular.

Tudo gira em torno dos guerreiros. “A preocupação principal é ensinar às pessoas o espírito dos samurais, o que os movia, como viviam e a filosofia deles. E a lealdade era sua principal característica”, conta o curador. A nobreza dos guerreiros aparecia estampada nas armaduras pomposas e cheias de detalhes. Há nove exemplares dessas vestimentas na exposição, todas acompanhadas dos capacetes conhecidos como Kabuto, proteção carregada de ornamentos responsáveis por indicar característica de seus donos. Os capacetes podem ser simples, embora muitos deles sejam verdadeiras esculturas com bochechas, bigodes, chapéus, laços, medalhas e brasões.

Desafio brasiliense

As peças expostas no Museu Nacional da República costumam ficar guardadas na reserva técnica do Museu de Arte Fuji de Tóquio. Fazem parte do módulo de arte antiga japonesa, embora não seja esta a especialidade do Fuji, cujo acervo contém 25 mil peças e a maior coleção de arte impressionista ocidental do Japão.

Para criar um ambiente propício ao silêncio e introspecção, Koganemaru precisou lidar com a amplitude e os ecos do museu brasiliense. "A questão era aproveitar ao máximo esse espaço amplo para que a exposição não se chocasse com a arquitetura", confessa. Os biombos em torno da liteira e a iluminação concentrada nos objetos ajudaram a transformar o salão em espaço mais intimista, embora os ecos continuem a se espalhar pela cúpula do museu a cada comentário dos visitantes.

A ambientação da mostra, organizada para celebrar os cem anos da imigração japonesa no Brasil, ficou por conta do Museu Nacional da República. "Fizemos toda a parte de contextualização do centenário", diz Wagner Barja, diretor da instituição.

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