segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ressaca do Dia das Mães



Antes de tudo, é preciso esclarecer que nada postei ontem. Mães de anime e mangá tendem a ser uma nulidade ou criaturas ridículas. Há exceções,claro. Até tinha pensado em falar da mãe de Oscar da Rosa de Versalhes (*ou Rosas de Versalhes, para ser mais precisa*), que é minha mãe favorita de mangá, que tem um papel fundamental para as escolhas da filha, mas que no anime é anulada. Mas, enfim, desisti. Hoje, passando pelo blog da Lola, vi que não precisava escrever nada, proque nada do que eu fizesse aqui poderia passar perto do excelente post que li por lá.

Só esclarecendo, eu já tinha ouvido falar do livro Confissões de Mãe da Maria Mariana. Tem gente babando na capa, porque ela aparece com suas lindas crianças. Lindas, sim, porque são brancas e saudáveis. Mas enfim, eu já tinha ficado chocada com o que tinha lido na Folha. Exemplo: Nas suas novas “Confissões”, Maria Mariana diz acreditar que só tem filho por parto normal as mulheres que “merecem” e que eventuais dificuldades para amamentar o bebê surgem para quem não estão [sic] dando “o devido valor a seu lugar de mãe”.” Mas eu tinah esperança de que fosse exagero, a entrevista mostrou que ainda estava leve.

Não que eu estivesse querendo tirar teima, como foi com o filme de Jornada, mas eu fui fã da Maria Mariana no tempo da série Confissões de Adolescente. Não vou queimar minha caixa com a 1ª temporada (*sim comprada original, porque é isso que eu faço com séries e filmes que eu gosto. Vou lá e compro*), mas nunca mais vou olhar para aquilo com os mesmos olhos.

Pois bem, a Lola comenta a entrevista da dita cuja para a Revista Época e a desmonta. Quem quiser ler uma reflexão feminista e humanista da maternidade e das relações em família, é uma boa pedida. Melhor do que essa ladainha que tenta desqualificar as mulheres que não optam (*porque a Maria Mariana pode optar, a maioria das mulheres não pode*) por casar com um homem classe média alta, 20 anos mais velho, largar profissão, escolher entre parto normal ou cesárea. Fora isso, que sorte a dela, pode gerar e amamentar sem problemas . Talvez as mulheres estéreis ou que não têm leite (*mulher que não deseja amamentar deve ser mais que anormal*) devem estar pagando por não terem se dedicado o suficiente, sonhado o suficiente... E a cereja do bolo: os homens devem dirigir a sociedade, porque Deus assim quer, porque são mais inteligentes, lógicos e frios, ainda que, mais adiante, ridicularize-os ao afirmar que eles são incapazes de aprender a levar uma cueca suja de um ponto A para um ponto B. Mas leiam a Lola que ela está muito mais inspirada que eu.


13/05/2009: Leiam o texto do Síndrome de Estocolmo sobre a entrevista da Maria Mariana. A autora escreveu um post belíssimo, como mãe que reconhece que é bom estar perto dos filhos o máximo de tempo possível, mas que sabe que a opção de vida da MM é para poucas bem nascidas e, claro, que é retrógrada e egoísta, porque quer fazer crer que TODA a responsabilidade pela educação dos filhos é da mãe, enquanto papai sai para ganhar (muito) dinheiro. Aliás, eu queria saber quantas empregadas a MM tem, proque eu DUVIDO que ela excerça seu papel de querida mamãe sozinha como a maioria das mulheres comuns tem que fazer.

9 pessoas comentaram:

Obrigada, Valéria! Não estou me sentindo muito inspirada, mas obrigada!
É inacreditável que a Maria Mariana tenha dito tantas besteiras...

Eu não leio Epoca, e parece que faço bem, mas vi os post do blog da marjorie.

Oq posso dizer? que de todas as posturas lamentaveis e idiotas que ela assume a pior talvez seja a de que , suas escolhas não são boas apenas p/ ela (oq seria valido, escolher como se quer viver a propria vida deveria ser uma pratica ao alcance de todas as pesoas) mas verdades universais e inconstestaveis:

qualquer outra pessoa (principalmente mulheres) que não concorde, é pq tem medo, é fraco, esta infeliz, etc.

A lei brasileira permite a liberdade de expressão, mas abre espaço p/ punir ou mesmo proibir manifestações de odio, intolerancia e preconceito. Fico imaginando se não seria possivel classificar essas intrevista nessas categorias.

E sobre esse papo de optar pela maternidade, assino embaixo com quem lembra que isso é p/ poucas pessoas.

Meus pais eram agricultures em usinas de cana de açucar. Minha mãe não teve nenhum apoio, ou mesmo informação para deicidr se queria ter 3 filhos de parto normal (o meu ainda por cima prematuro e de risco)e muito menos chance de escolher se ficaria em casa.

Nem ela, nem centenas de outras mulheres que iam tod dia perder sua saude e parte de suas vidas na lavoura e depois a noite enfrentar todo o serviço domestico e ainda tentar nos educar, pq esse era afinal o "papel sagrado" de mães.

Então ver alguem falando essas idiotices com tanta leviandade, me irrita profundamente.

Eu acho que não cheirou meia, não. Ela deve é estar arrependida de ter virado "rainha do lar", enquanto as antigas colegas de série estão na tv. Para poder se sentir melhor e justificar a si mesma, ela veio com esse livrinho e com esse papo ridículo. No fundo, é um discurso de uma frustrada.
Essa do leme foi de lascar, hein?

Não há um dia em minha vida em que eu não pense em minha mãe e em como foi sua vida. Em como ela teve que seguir essa sua "natureza" de mulher sem ter escolhido por isso.
Sinto uma angústia que vai me acompanhar até o último minuto de minha vida. Então, quando leio uma bobagem dessas, dita tão levianamente me dói muito.
Eu adoraria dar um tapa na cara dessa bisca! Porque não há diálogo que curaria a raiva que sinto.

Mickey, deve ser relativamente fácil seguir sua "natureza" quando você é classe média alta, tem muito provavelmente duas empregadas e babás (*alguém arrumaria tempo para escrever um livro se tivesse que chalerar 4 crianças boa parte do dia?*), e o direito de escolher que os feminismos asseguraram. Mulheres pobres não têm escolha.

Eu até entendo que ela goste de ser mãe e entendi o ponto de vista dela na primeira metade da entrevista, mas depois da metade não tem como não pensar que ela é uma idiota.
Quer dizer que toda mulher tem que ficar trancada dentro de casa cuidando de criança enquanto o marido ganha dinheiro? Parece que ela esqueceu que a grande maioria das mulheres desse país são chefes das suas famílias.
Entendo que ela tinah uma vida bastante boêmia e badalada e se sentiu realizada com uma vida calma com família.
Quando ela fala do parto normal imagino que ela esteja falando de algum processo "místico" blá-blá-blá-whiskas-sachet-sono-as-pessoas-acreditam-na-lorota-que-quiserem, enfim ela encara o parto normal como uma experiência espiritual em que a mulher renasce bla-blabla.
Na parte da amamentação eu acho que ela quis dizer que mulheres com alguma neurose em relação à maternidade não conseguem amamentar, isso de fato acontece mas nem todos os casos de mulheres que não conseguem amamentar são de origem psicológica.
O.k. Homens e mulheres são diferentes e têm habilidades diferentes, mas nem por isso uma mulher não pode tomar o comando em algo.
Há diferenças e elas devem ser respeitadas e homens e mulheres devem ter direitos e deveres iguais.
Nessa pergunta sobre a valorização da mulher espero que ela esteja se referindo às mulheres que escolheram ficar em casa =s - *medo*.
Quanto ao casamento eu concordo na maior parte das coisas como embate, paciência e negociação. Quanto à cueca o marido dela poderia ter a consideração de apanhar. É fato que temos que aprender a lídar com as diferenças do parceiro e que ninguém é composto apenas por qualidades, mas educação e respeito são coisas básicas.

Já falei sobre esse assunto em outros lugares, então tô até sem energia pra fazer o mesmo aqui. Mas só deixo uma frase: espero muito que isso seja marketing de guerrilha, o tal "fale mal mas fale de mim". Espero.

Tudo bem, já houve respostas de mais em todos os blogs. Mas eu segui um link no Síndrome de estocolmo e vi que a MM - ou alguém se passando pro ela - está respondendo aos elogios (*e não é sarcasmo, eles existem*).

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