sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Dez dicas para escrever uma boa resenha de mangá



Passei pelo Deb Manga Blog e vi esse post com dez dicas úteis para escrever uma boa resenha. Achei todas as dez muito boas e eu não poderia fazer uma lista mais precisa. Por conta disso, traduzi as dez, mas quem quiser ler os comentários da Deb, tem que ir até a página dela, OK? Qualquer comentário entre colchetes é meu.

Dica #1 – Conquiste a atenção do/a leitor/a nos 1-2 parágrafo. [*Isso quer dizer que mesmo que você não vá escrever uma mensagem de Twitter, precisa tornar seu texto interessante logo de saída*]
Dica #2 – Sua personalidade deve estar presente no seu texto. [*Nada de fingir que é imparcial, porque você não é. Autoria pesa, seja para atrair ou repelir.*]
Dica #3 – Recapitulações são ótimas, mas não faça uma revisão do livro inteiro. [*É preciso fazer um resumo do livro antes de falar dele. Resumo. Entendeu?*]
Dica #4 – Gostou do mangá ou não? Expresse sua opinião com clareza. [*Não enrole, diga claramente se o material te agrada ou não. E, mais do que isso, faça críticas construtivas. Dê exemplos. Nada de frases do tipo “Esse mangá é uma porcaria.”. Aliás, eu estou cansada desse tipo de comentário babaca de gente que não tem o que dizer ou não sabe o que dizer ou como dizer.*]
Dica #5 – Evite conflitos de interesse. [*Se você tiver alguma ligação com a editora, autor; se pagaram o seu salário. Evite resenhar o material. Convide outras pessoas para fazerem a resenha. Aliás, isso enriquecerá o seu blog.*]
Dica #6 – Busque conhecer e respeitar o gênero do mangá, o estilo de arte e história. [*Alguém já leu alguma crítica de mangá shoujo/josei/yaoi absurda feita por algum fã de mangá shounen ou de supers? Eu estou cansada disso. Vale também fã de comics ou outras escolas de quadrinho que cismam de criticar os mangás sem conhecer nada de mangá. É um vomitar de preconceitos. Se não gosta, entende, ou não quer entender, seja humilde e evite fazer a resenha. Não caia na armadilha do “Eu sou imparcial”, porque você não é, e seus leitores, especialmente os que conhecem o material, vão perceber isso.*]
Dica #7 – Lembre-se de que nem todo mundo conhece palavras e gírias japonesas. [*Se usar termos japoneses, explique da primeira vez que aparecerem no seu texto. Não exclua os seus leitores e torne seu texto elitista.*]
Dica #8 –Revisar somente o primeiro volume é só parte da história. [*Aqui, a Deb dá uma aula e as palavras são mais dela que minhas. Há mangás muito longos em que vale a pena fazer uma resenha conjunta dos volumes 1 e 2, até o 3, mesmo. Assim, as coisas ficam mais claras e interessantes. Há mangás cujo primeiro volume é medíocre, pegue o segundo volume, às vezes vale muito a pena.*]
Dica #9 – Se você usar um sistema de avaliação, aplique-o de forma consistente. [*estrelas, notas/números/porcentagens/tomates podres/robôs gigantes, não importa. Seja correto no uso, porque eles sugerem muito ao seu leitor. Se o sistema vai de 1 a 5, 3 quer dizer que você pode comprar o mangá, porque ele está na média. Para levar 5, tem que ser muito, muito bom. Tenha isso em mente. Eu raramente dou notas, acho que é tentar reduzir a subjetividade a uma falsa objetividade em muitos casos.*]
Dica #10 – Escreva como se você estivesse se divertindo, não escrevendo um trabalho final. [*Dispensa comentários*]

Dica Bônus – Aprenda com os melhores e continue aprendendo sempre. [*Leia resenhas de outros blogs/revistas, leia outros materiais que não são mangá, escreva sempre. Como diz a Deb “Escrever é uma ‘arte’, não uma ciência.”

15 pessoas comentaram:

Que legais essas dicas. ^.^
Obrigada por compartilhar com a gente. \o

Essa Dica 6 devia ser ouvida por mais pessoas ._.
Já cansei de ver leitor de seinen criticando shoujo, yaoi e etc.
Tudo bem que um mangá pode ser apreciado por todos, mas tem que levar em conta que você não é o público alvo.

Adorei essas dicas, obrigada por traduzi-las e compartilhar :)

Debie-chan, o caso mais gritante que eu vi de resenha feita por gente que odeia o material foi uma de Anatolia Story no Sequential Tart. a autora - sim, mulher - abre dizendo qeu não gosta de shoujo, detona o volume, erra até o nome da protagonista, apesar de afirmar que leu esse volume e outros da série. e postou a resenha no Amazon. Isso me obrigou a ir lá e postar a minah, também.

Mas esse tipo de atitude é mais que comum. E quem age assim ADORA dizer que está sendo critico e imparcial, quando, na maioria dos casos, esrtá sendo babaca mesmo.

Eu evito resenhar material que eu não gosto ou que tenho sérias restrições, porque acredito que essas resistências influirão na minha leitura e posso ser injusta. Melhor que alguém que entenda e goste faça o trabalho.

Concordo com você Valéria-Sama
Essas dicas fazem todo o sentido

É impossivel fazer uma resenha de algo que você não gosta

Essa da imparcilidade me deixa encucado, pois todos os meus professores vivem dizendo que na nossa profissão devemos ser imparciais. Mas eu acho que se refere a não levar MUITO pro lado pessoal, não sei. Acho que aí se aplica a dica de trabalhar apenas com o que se conhece ou gosta. Se for um heterocara fã de shounen falando de um mangá yaoi a coisa pode sair completamente sem um pingo de repeito, somente colocaria a visão comum de todos os que desprezam o gênero. Já sendo um fã ou leitor comum que não tivesse problemas com o gênero aí tal pessoa poderia ponderar de um modo mais respeitoso os prós e contras da série.
Ai, acho que falei algo óbvio... Mas enfim anotei as dicas.

Diego, imparcialidade é ficção, não raro também é instrumento de legitimação e exclusão. a ciência clama para si, ou clamou, a imaparcialidade, os jornalistas vão na mesma linha. Acredito que você deve ser fiel às suas fontes, ter uma metodologia de trabalho e ser ético. Não ser babaca também ajuda... :)

Um jornalista pode ser de direita, centro ou esquerda. Isso influencia. Ser homo ou hetero, mulher ou homem, ter nascido pobre ou rico... Tudo isso pesa nas avaliações, no texto, na aproximação em relação às fontes. E tais limitações ou possibilidades devem ser encaradas de olhos abertos, sem mentiras, sem esconde-esconde. Se não, vira revista Veja. :)

Gostei! Muito interessante!

Isso me lembra um tópico infeliz na comunidade da JBC aonde um débil está dizendo que ler yaois faz garotas "virarem" lésbicas.

Sobre a ciência, ela pode não ser imparcial, mas ela tenta. De qualquer quem age de forma tendenciosa em um trabalho científico acaba sendo desmascarado, mesmo que leve 50 anos. Certas coisas são indiscutíveis, cianureto não vai deixar de matar uma pessoa só pq alguém tem opinião de que ela não é um veneno muito potente nem a água vai deixar de congelar a 0ºC e entrar em ebulição aos 100ºC dentro dos parãmetros estipulados.

Quando eu fiz faculdade de jornalismo, uma das primeiras coisas que ensinam pra gente é que imparcialidade não existe. E que inclusive é muito mais honesto vc deixar a sua opinião clara logo no início a ficar enrolando o leitor.

A imparcialidade que professores pedem, imagino eu, seja algo parecido com uma das dicas: explicar porque vc gostou (ou não gostou) daquele trabalho, fazer críticas construtivas, dizer o que funciona e o que não fica legal... é por aí.

Agora, assim como foi dada a dica de "não resenhe material que vc não gosta", também acho que deveriam evitar resenhar material pelo qual a pessoa é fanático (principalmente se ela não aguenta ouvir um "ai" contra).

Ou ser objetivo, dizer porque aquela história te encanta, o que é bem construído, enfim, mesma coisa q eu falei aí em cima. Porque é um porre tb ler resenhas que só dizem "o manga Schlebts é maravilhoso, o melhor trabalho do Fulano e isso não se discute" - e encerra aí.

Kadu, mesmo os fatos científicos precisam ser lidos, é possível excluir evidências porque não conseguimos vê-las por conta de critérios sbjetivos. Quando fazemos pesquisa escolhemos o que estudar e definimos um objeto, como sujeitos podemos, sim, impôr nossos conceitos e, sim, obter resultados que não são imparciais.

Pesquisas sobre comportamento de homens e mulheres, pesquisas sobre inteligência, e outros apontam apra muitas dessas deformações. A ciência é política, porque ela faz escolhas e seleções, afirmações que muitas vezes não se sustentam mas são "verdade" porque procedem de fontes de autoridade.

Por conta disso, sangrias, teoria dos humores, estudos lombrosianos, sobreviverem por muito tempo e podemos encotnrar seus vestígios por aí. E não se trata parcialidade não quer dizer mentira deliberada, não significa dizer que cianureto não mata, mas que o cientista não é neutro e também é um ser social.

Por isso que para mim ciência são só as exatas. Mesmo a biologia (minha área)não é uma ciência pura a acaba sendo afetada pelo julgamento humano, o lado bom é que quando isso acontece a pessoa acaba sendo desmascarada depois de alguns anos.

Chamar direito, sociologia, etc. de "Ciência" é pura arrogância. Humanas sempre serão Humanas e nunca deixarão de ser filosofias. Cianeto continuará sendo um veneno mortal independente do nome pelo qual vc o chamar, já um crime pode deixar de ser crime se o seu advogado tiver uma lábia boa.

Na verdade, Kadu, o seu conceito de ciência é que é muito arcaico. acreditar que as ciências exatas não seriam elas também humanas, é descartar o papel do sujeito, o cientista, de seus valores, crenças e representações sociais. Acreditar, enfim, que quando alguém trabalha com Química, Matemática ou Física, deixe de ser gente por causa disso.

Mas vá lá, acho realmente lamentável que essa história de "ciência de verdade" ainda exista na cabeça das pessoas, especialmente daquelas que passaram por universidade. Mas sei, bem, que uma das formas de discriminar, conseguir verbas (*tão humano isso*) é desqualificando o que o outro faz. E, para isso, este conceito de ciência se presta muito bem.

Parece que Thomas Kuhn e Foucault não conseguiram ser lidos e assimilados. Pobre do Mendel, o que ele fazia não era ci~encia, porque não se conseguia, em sua época, assimilar aquele saber como científico e, portanto, válido.

Mas essa não é a discussão do blog. Acredita em neutralidade e em ciência verdade quem quer. Aliás, isso é ótimo para que o sistema continue funcionando.

Vale também fã de comics ou outras escolas de quadrinho que cismam de criticar os mangás sem conhecer nada de mangá. É um vomitar de preconceitos.

Inclua os professores de artes, pelo menos os da minha faculdade. :P Já cansei de ouvir que desenho de mangá é 'óbvio' e que é tudo igual, eles não devem ter lido nenhum mangá até hoje. Quando algum professor me diz 'seu desenho é mangá', eu já sei que eles na verdade estão tentando me criticar...

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