A revista Época trouxe uma pequena matéria falando dos “mash-up”, isto é, os livros caras de pau que misturam clássicos coisas “pop”. Quer dizer, a matéria era para falar da grande estrela desse novo “gênero” que é o Seth Grahame-Smith de Pride & Prejudice, & Zombies. Parece que os outros livros dele vão sair aqui, como Abraham Lincoln – O caçador de vampiros e Sense & Sensibility, & Sea Monsters. Bem, bem, ainda não comecei a ler de verdade minha edição de Pride & Prejudice, & Zombies (*a brasileira já está nas lojas*), mas o que eu via até agora é muito engraçado, mas basicamente é o mesmo clássico... basicamente... A matéria propõe que clássicos nacionais poderiam virar “mash-up” também, mas não dá para salvar as imagens. A matéria é só para assinantes.
Atenção: clássicos contaminados
Livia Deodato
Quase 145 anos após sua morte, uma revelação: Abraham Lincoln – 16º presidente dos Estados Unidos, salvador da unidade do país na Guerra de Secessão e libertador dos escravos – também era caçador de vampiros. Soa absurdo? Pois a história contada no novo livro de Seth Grahame-Smith, que acaba de ser lançado nos Estados Unidos, tem convencido grande parte da crítica. O elemento improvável, fantástico e um tanto grotesco inserido em uma narrativa histórica já provou o sucesso. Pelo diário mantido pelo ex-presidente americano é possível acompanhar os pormenores de seu mandato – a luta que trava com os vivos e... com os mortos sanguessugas.
Abraham Lincoln – O caçador de vampiros é o segundo livro do autor, que está criando (ou recriando) um novo gênero literário, por enquanto apelidado de “mash-up”. O termo, “mistura” na tradução do inglês, foi emprestado de um método de composição da música pop dos anos 90.
A ideia de transpor essa técnica para a literatura foi do americano Jason Rekulak, dono de uma editora então obscura, a Quirk Books. “Eu me inspirei pelo movimento de infração criativa que se vê hoje na internet: jovens remixando músicas, videoclipes, filmes etc.”, diz Rekulak. “Percebi que eles não consomem só mídia. Agora, têm a tecnologia para transformá-la.” Rekulak encomendou um livro a um amigo roteirista, Seth Grahame-Smith, hoje com 34 anos. O resultado foi Orgulho e preconceito e zumbis. O livro entrou para a lista dos mais vendidos do jornal New York Times em abril de 2009, um mês após seu lançamento. Já vendeu 1 milhão de exemplares e fez da Quirk um fenômeno de inovação. Grahame-Smith levou seis semanas para escrever o romance. A julgar pelo título, com enumeração redundante, trata-se de mais uma obra tosca e oportunista. Mas não é bem assim. O autor inseriu tão bem os maltrapilhos mortos-vivos no romance Orgulho e preconceito, de 1813, que eles parecem fazer parte das famílias Bingley e Bennet retratadas por Austen. Como no original, continua a fixação da mãe de Elizabeth, Jane, Lydia, Mary e Kitty em arranjar marido para elas. A diferença é que elas precisam sobreviver aos ataques inesperados de zumbis. As criaturas ganham vida quando chuvas caem sobre a cidade fictícia de Meryton. A terra fica mais permeável e facilita a saída dos “não mencionáveis”, como são chamados no livro.
Os dotes das garotas Bennet nesta nova versão vão muito além de corte e costura. Elas são treinadas por mestres orientais, que lhes ensinam golpes fatais com o manejo de adagas. Orgulho e preconceito e zumbis é o primeiro dos mash-ups a chegar ao Brasil (Intrínseca, 320 páginas, R$ 29,90, tradução de Luiz Antonio Aguiar), com tiragem de 20 mil exemplares. O próximo título da Quirk a ser lançado por aqui no segundo semestre (seguido por Abraham Lincoln – O caçador de vampiros) é Razão e sensibilidade e monstros marinhos, mash-up com outro clássico de Jane Austen pelo escritor Ben H. Winters.
A moda tem tudo para fazer sucesso entre os jovens no Brasil. A editora Desiderata anuncia que até o fim do ano sairá o primeiro de uma série de mash-ups nacionais. Machado de Assis será “premiado” com uma versão remix de um famoso livro seu: Memórias pós-túmulo de Brás Cubas e os zumbis. O autor da obra ainda não foi escolhido. Grahame-Smith já demonstrou interesse. “Estou pensando em fazer um Dom Casmurro e lobisomens”, diz. Capitu terá traído Bentinho à luz da lua?
Livia Deodato
Quase 145 anos após sua morte, uma revelação: Abraham Lincoln – 16º presidente dos Estados Unidos, salvador da unidade do país na Guerra de Secessão e libertador dos escravos – também era caçador de vampiros. Soa absurdo? Pois a história contada no novo livro de Seth Grahame-Smith, que acaba de ser lançado nos Estados Unidos, tem convencido grande parte da crítica. O elemento improvável, fantástico e um tanto grotesco inserido em uma narrativa histórica já provou o sucesso. Pelo diário mantido pelo ex-presidente americano é possível acompanhar os pormenores de seu mandato – a luta que trava com os vivos e... com os mortos sanguessugas.
Abraham Lincoln – O caçador de vampiros é o segundo livro do autor, que está criando (ou recriando) um novo gênero literário, por enquanto apelidado de “mash-up”. O termo, “mistura” na tradução do inglês, foi emprestado de um método de composição da música pop dos anos 90.
A ideia de transpor essa técnica para a literatura foi do americano Jason Rekulak, dono de uma editora então obscura, a Quirk Books. “Eu me inspirei pelo movimento de infração criativa que se vê hoje na internet: jovens remixando músicas, videoclipes, filmes etc.”, diz Rekulak. “Percebi que eles não consomem só mídia. Agora, têm a tecnologia para transformá-la.” Rekulak encomendou um livro a um amigo roteirista, Seth Grahame-Smith, hoje com 34 anos. O resultado foi Orgulho e preconceito e zumbis. O livro entrou para a lista dos mais vendidos do jornal New York Times em abril de 2009, um mês após seu lançamento. Já vendeu 1 milhão de exemplares e fez da Quirk um fenômeno de inovação. Grahame-Smith levou seis semanas para escrever o romance. A julgar pelo título, com enumeração redundante, trata-se de mais uma obra tosca e oportunista. Mas não é bem assim. O autor inseriu tão bem os maltrapilhos mortos-vivos no romance Orgulho e preconceito, de 1813, que eles parecem fazer parte das famílias Bingley e Bennet retratadas por Austen. Como no original, continua a fixação da mãe de Elizabeth, Jane, Lydia, Mary e Kitty em arranjar marido para elas. A diferença é que elas precisam sobreviver aos ataques inesperados de zumbis. As criaturas ganham vida quando chuvas caem sobre a cidade fictícia de Meryton. A terra fica mais permeável e facilita a saída dos “não mencionáveis”, como são chamados no livro.
Os dotes das garotas Bennet nesta nova versão vão muito além de corte e costura. Elas são treinadas por mestres orientais, que lhes ensinam golpes fatais com o manejo de adagas. Orgulho e preconceito e zumbis é o primeiro dos mash-ups a chegar ao Brasil (Intrínseca, 320 páginas, R$ 29,90, tradução de Luiz Antonio Aguiar), com tiragem de 20 mil exemplares. O próximo título da Quirk a ser lançado por aqui no segundo semestre (seguido por Abraham Lincoln – O caçador de vampiros) é Razão e sensibilidade e monstros marinhos, mash-up com outro clássico de Jane Austen pelo escritor Ben H. Winters.
A moda tem tudo para fazer sucesso entre os jovens no Brasil. A editora Desiderata anuncia que até o fim do ano sairá o primeiro de uma série de mash-ups nacionais. Machado de Assis será “premiado” com uma versão remix de um famoso livro seu: Memórias pós-túmulo de Brás Cubas e os zumbis. O autor da obra ainda não foi escolhido. Grahame-Smith já demonstrou interesse. “Estou pensando em fazer um Dom Casmurro e lobisomens”, diz. Capitu terá traído Bentinho à luz da lua?
2 pessoas comentaram:
Oh my God, Brás Cubas e os Zumbis, esse eu tenho que ver!!! hahahaha
Sério mesmo! XD
Gente do céu... Só os títulos me mataram de rir aqui! XD As capas também são impagáveis... Mas sei lá, não sei se compraria um livro desses não. Ao mesmo tempo que acho muito legal (adoro essas coisas trash), também acho um tanto picareta...
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