segunda-feira, 29 de março de 2010

Hilary Swank fala de Amelia Earhart



Eu estou doida para assistir este filme sobre Amelia Earhart, até porque, confio na competência da Hilary Swank e da Mira Nair. O porblema, é que, assim como o filme sobre Darwin, ele não apareceu aqui em Brasília. A entrevista está na revista Época, somente para assinantes.

Hilary Swank: "Até hoje é difícil para a mulher ser livre"
A protagonista de "Amelia", filme sobre uma pioneira da aviação, compara a condição feminina de hoje à do início do século XX
Marcelo Bernardes, de Nova York

Com mais de 100 biografias lançadas e dezenas de teorias sobre seu desaparecimento em 1937, enquanto tentava cruzar o globo terrestre num avião Electra, Amelia Earhart, a primeira aviadora a atravessar o Atlântico sozinha, continua a fascinar os americanos. A atriz Hilary Swank, que interpreta essa pioneira da aviação numa cinebiografia dirigida pela indiana Mira Nair, também ficou obcecada. Leu diversos livros, assistiu a vários filmes e até aprendeu a pilotar aviões. A obsessão foi tanta que, em determinados momentos, Mira Nair tinha de intervir na caracterização de sua protagonista: "Hilary, por favor, seja menos Amelia!". Amelia, porém, resulta numa cinebiografia burocrática. Mas ninguém pode culpar Hilary, que, aos 35 anos, já coleciona dois Oscars. Ela conversou com a reportagem de ÉPOCA na frente de um raro Electra, estacionado num aeroporto de Nova Jersey.

ÉPOCA - O que você descobriu sobre Amelia Earhart enquanto se preparava para interpretá-la?
Hilary Swank - Tudo o que tinha aprendido sobre ela veio de livros de história. Mas não bastava. Pus pressão em mim mesma, pois é sempre uma tremenda responsabilidade interpretar alguém que existiu, e principalmente uma mulher tão icônica quanto Amelia. Mira Nair e eu ouvimos muitas das histórias sobre ela ao passar um dia com o Gore Vidal, que costumava dormir na casa de Amelia quando ele era pequeno. O que mais me chamou a atenção foi seu magnetismo. Ela é até hoje um mito. As pessoas a admiram por ela ter vivido a vida que quis ter. Ela nunca pediu desculpas por dizer: "Esta é minha vida, é assim que eu a vejo, e é assim que eu quero que as coisas sejam feitas". Acho que isso é algo muito raro nos dias de hoje, especialmente para as mulheres.

ÉPOCA - Por quê?
Swank - Nós ainda vivemos num mundo dominado pelos homens. Em diversos segmentos de nossa sociedade, os homens ainda conseguem levar a vida que eles querem, sem nenhum empecilho. As mulheres nem tanto assim. Até hoje é difícil para a mulher ser livre. Por isso é incrível ver uma mulher como Amelia, que viveu nos anos 20 e 30, quando as mulheres estavam começando a poder votar. A vida de Amelia foi curta, porém ela conquistou muita coisa. E isso funciona como uma espécie de lembrete para nós. A vida é uma só, então por que não vivê-la de nossa maneira? Um dia, paramos para pensar e nos surpreendemos com quantas coisas costumamos fazer só para agradar a nossa mãe, ao marido ou aos amigos. Com tanta interferência assim, é fácil perder o rumo de nossas prioridades mais pessoais.

ÉPOCA - Quando você cita que Amelia viveu a vida que ela queria, isso tem também a ver com o fato de ela ter tido um casamento aberto. Qual é sua opinião sobre ela ter tido um marido e um amante?
Swank - O mais importante da decisão dela de transitar entre dois homens que a amavam é que ela não machucou nenhum dos dois. Tenho um respeito incondicional por pessoas que são honestas em relacionamentos e tendem a expressar livremente suas ideias e o que elas esperam de seu parceiro. Boa parte do que acontece em nossos relacionamentos amorosos é tentar decifrar a charada de quem somos nós dentro daquela relação e o que a outra pessoa representa para nós. Ter alguém que já decifrou esse mistério e sabe o que quer já é mais do que meio caminho andado - e algo muito raro (risos).

ÉPOCA - Você quis aprender a voar para fazer o filme. Como foi essa experiência?
Swank - Seria totalmente errado interpretar Amelia Earhart sem saber pilotar. Quando somos pequenos, temos sempre aquela lembrança inesquecível de nossa experiência de aprender a ler e de andar de bicicleta sem rodinhas. Essas coisas deixam você eufórica. E aí você cresce, e o prazer das novas experiências diminui, a euforia se esvai. Quando decidi aprender a voar, fiquei muito eufórica. Você fica em contato com todos os seus sentidos, completamente imersa e focada em si mesma. Mas jamais poderia imaginar o monte de cálculos de que uma pessoa precisa para aprender a voar. Quando fiz meu primeiro pouso, minha camisa estava encharcada (risos). O Electra, avião de Amelia, era uma fera do ar, um aparelho muito difícil de pilotar, de manter no ar. É realmente extraordinária a travessia dela pelo mundo com aquele avião.

ÉPOCA - Recentemente, a atriz Uma Thurman disse que ficou tocada por sua performance e que você deveria ter sido indicada ao Oscar de Melhor Atriz.
Swank - É sempre uma honra ouvir um elogio assim de uma atriz que você admira, como é o caso da Uma. Amelia sempre deu a maior força para outras mulheres aviadoras. Mas eu sinto que a maioria de nós, mulheres, nem sempre apoia a força e as conquistas de outras colegas de profissão.

ÉPOCA - Mulheres ainda são muito competitivas entre si?
Swank - Mulheres poderosas costumam dar força e proteger as mulheres mais fracas, principalmente aquelas que estão sofrendo ou que vivem num plano de desigualdade. Mas, quando o assunto é a força de outra mulher, que vive num plano de igualdade, acredito que as mulheres ainda tendem a achar um pouco difícil de digerir o sucesso da colega e reconhecer isso publicamente.

1 pessoas comentaram:

Muito bom esse post! Amo a Hilary Swank! Ela sempre tem algo inteligente a dizer! acho que ela deveria ter ganhado mais prêmios, ela é uma baita atriz! Fantástica!

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