terça-feira, 11 de setembro de 2012

Parade's End #3: Vamos ver o quanto nosso herói ainda vai sofrer...


Tendo terminado de assistir ao terceiro episódio de Parade’s End preciso fazer novos comentários. Vi a primeira vez sem legendas na sexta-feira mesmo, e voltei a assistir no sábado. A resenha não foi postada de imediato, porque, bem, seria muito próxima do primeiro texto. Por isso mesmo, programei para a terça-feira, assim não seria tão cansativo. Sim, se não tenho com quem comentar, o blog é a válvula de escape e vou colocando por escrito algumas das minhas impressões. Nesse segundo texto não vou me preocupar com spoilers, se quiser um texto mais “limpo”, por assim dizer, recomendo ler a resenha dos episódios 1 & 2.

No terceiro episódio, Christopher é ferido na guerra, e começamos com uma angustiante seqüência em um hospital de campanha com a personagem com metade do rosto arrebentada e sem lembrar seu próprio nome. O resultado, além do trauma, é que ele fica com dificuldades para lembrar-se de nomes e com dificuldades para fazer cálculos complexos. Para um homem que tem no seu intelecto o seu maior bem, isso é um castigo enorme. A condição é temporária, claro, embora tudo indique que ele vai ficar com alguma seqüela. Cumberbatch faz um excelente trabalho, como sempre. As mãos que tremem sem aviso e tornam difícil poder segurar uma xícara, a angústia de esquecer nomes. A alegria ao perceber que sua capacidade para calcular está retornando, reforçada pelo interesse de Valentine por ele. Tudo isso fica bem caracterizado.

Sylvia continua sendo o que é. Acho que poucas personagens merecem tanto o rotulo de “bitch” como ela. E não pensem que estou falando da questão sexual, mas da capacidade de ser daninha, egoísta, cruel. Pelo menos neste episódio, fica claro que ela é um problema para o marido. Vejam só, Sylvia nada faz pelo esforço de guerra, costurar e tricotar alguma coisa para os soldados, nem pensar; ceder seu cavalo para o Exército, idem; e a doida ainda compra doces de primeira categoria para presentear os oficiais alemães que estão presos... Seu tio, padre irlandês chatíssimo que não comentei na primeira resenha, é acusado de espionar para os alemães e é executado.

Para piorar, os amantes rejeitados da criatura, decidem queimar o filme de Christopher. Ele é acusado de espionar para os franceses (*que são aliados*), de ter uma esposa germanófila, de abrigar traidores em sua casa, de ter um caso com Edith Duchemin, de ter tido um filho bastardo com Valentine, e de estar falido, porque dilapidou toda a herança deixada por sua mãe. Enfim, ele é inocente em todos os casos. A fofoca com Edith é absurda, mas ele foi visto com ela em um vagão de trem, pois foi regatá-la na Escócia, quando ela e MacMaster foram pegos em fragrante. Ou seja, é como se os dois amigos dividissem a mesma mulher... Já Val, bem, ele nunca sequer chamou a moça pelo nome ou a beijou até o fim do episódio 3. [SIGH]

As principais figuras que estão espalhando essas fofocas são o General cretino do primeiro episódio (*olhem o vídeo que coloquei no post da primeira resenha*) e sua irmã, Lady Claudine; o primeiro amante de Sylvia, que pode ser o pai de Michael; e Lord Grobie, um banqueiro que queria que a megera se separasse de Tietjens para casar com ele. Aliás, é nesse episódio que pela primeira vez Sylvia diz que não poderia se separar do marido por ser católica e porque nada tem contra ele. O banqueiro decide arrumar motivos... Além do que descrevi aí em cima, ele acrescenta que Tietjens vende favores sexuais da mulher em troca de vantagens pessoais, coisa que muitos homens dessas altas rodas faziam mesmo (*A mãe de Churchill que o diga...*), mas que Christopher não faria nunca, e que seu filho é bastardo. Para completar, o banqueiro manda devolver dois cheques de Christopher, que ele usara para pagar o clube, pois estariam sem fundos. Isso, para o protagonista, é uma humilhação sem tamanho.

Com o zum-zum-zum, o pai de Christopher pede que Mark investigue. Quando o filho mais velho faz o relatório – e Rupert Everett estava soberbo nesse capítulo – o velho acredita em tudo. Eu fiquei de cara com isso, porque, bem, ele deve conhecer o filho que tem... Mark, a meu ver, parece não acreditar em nada, mas não está nem aí, ou, como pensei perversamente, decidiu matar o velho de desgosto e ficar logo com o título. O problema é que o pai vira a cara para Christopher quando passa por ele e sai com Mark. Christopher fica arrasado (*como esse homem sofre!*), e, para piorar, o velho morre no dia seguinte em um acidente de caça.

Groby, a casa da árvore, é herança de Christopher, mas o velho não fez testamento. Quando Mark tenta colocar as coisas nos eixos, Christopher recusa e entrega inclusive a educação de Michael nas mãos de Sylvia, pois seria indigno já que recusaram seus cheques (*Chrissie e seu código de honra me dão nos nervos!*). Sinceramente? Erro terrível isso... Foi interessante ver que Mark é um bom irmão lá da maneira dele. Claro, ele odeia Sylvia, mas nisso concordamos integralmente. :P E ele tenta ajudar Christopher e apoia o romance do irmão com Valentine. Ele deixa claro para a moça que ela pode fazer o irmão dele feliz. A briguinha dos dois fez com que Cumberbatch pudesse fazer aquela carinha de mimado que ele tanto usa em Sherlock, mas é rápido, Valentine faz com que ele aperte a mão de Mark.

Quanto à Valentine, bem, ela e a mãe maluca vão morar em Londres e a moça vira professora de educação física em uma escola para meninas. O irmão comuna acaba sendo obrigado a ir para a Marinha e protagoniza a pior seqüência “estraga prazeres” da qual me recordo em um filme, seriado ou qualquer coisa. Uma das coisas que me ficou na cabeça é que eu acho que a mãe de Val teve alguma coisa com o pai de Tietjens, afinal, não há motivo coerente para que Mark seja tão generoso com a família dela... De repente, o livro me esclarece as coisas... Vai que o irmão de Val é um Tietjens? Enfim...

Nesse episódio, Val conhece Sylvia, e fica se sentindo absolutamente provinciana e sem atrativos. Sylvia é exuberante, enquanto Val é simples em suas roupas. A troca de olhares das duas rende uma boa cena. O que Val parece não perceber de cara é que é com ela que Chrissie se abre, conversa e sorri, Sylvia, bem, ela ó ocupa a posição de esposa e faz o possível para ser indesejável. A criatura, claro, ameaça Val, mas nada como eu imaginava, acreditava que Sylvia fosse armar um barraco daqueles. Na verdade, ela até empurra o marido para os braços da outra. Há quem fique dizendo que ela ama Tietjens, a meu ver, a relação de Sylvia com o marido é de possessividade, tipo “o brinquedo é meu” para usar ou não usar, quebrar, destruir, ou tratar bem. Quando ela percebe que Val e Christopher estão apaixonados, ela se sente ameaçada. Uma das coisas que a minissérie não esclarece é que Sylvia tinha 30 anos no início da história. Ela é mais velha que o marido quatro anos pelo menos. Val tem no máximo 18 anos quando Tietjens... Ou seja, Sylvia tem coisas a se preocupar que a série da BBC não quer colocar em evidência.

O fato é que Val acaba sabendo das terríveis fofocas, por Edith e por Sylvia, e vai correndo atrás de Christopher. Depois de desfeito o mal entendido, a coitada pergunta se não deveria acreditar na esposa dele (*tadinha*), ele diz que parte de volta para a guerra no dia seguinte e pede que ela seja sua amante por uma noite. Já sinalizei que nada acontece, mas a troca de olhares, a expressão do Cumberbatch quando a moça toca no rosto dele, a doçura com que a atriz o chama de “My Dear”, tudo é muito bonito. Na verdade, eles já são amantes sem que precisem ter nenhum contato físico.

É, claro, que eu gostaria que eles pelo menos se beijassem e que o Christopher parasse de chamar a coitada de “Miss Wannop”. Já são cinco anos de paixão encruada e ele nem o nome dela consegue falar! Enfim, ela diz que vai esperar por ele e o coitado vai embora para o campo de batalha, não sem antes ser humilhado por Sylvia que joga na cara dele que ele não é capaz nem de seduzir uma criadinha (*Val*). Sinceramente? Como alguém acredita que essa louca ame o marido? Ela quer a posse do sujeito e só.

Outra coisa que fica evidente nesse episódio é Edith é desprezível. Sylvia, pelo menos, é corajosa e direta. Edith mostra-se insensível, alpinista social como MacMaster. Ele, aliás, termina cavaleiro graças á Christopher, mas não faz muita questão de deixar claro que deve tudo ao amigo que caiu em desgraça... MacMaster até se desculpa, tenta estimular Christopher a ir atrás de Val e promete protege-la, mas depois da trairagem... Se eu tivesse que confiar em alguém seria em Mark, que apesar daquela cara de desprezo pela humanidade e do jeito brusco de dizer as coisas, parece gostar do irmão de verdade. Aqui cabe dizer que acho que a série está sendo injusta com MacMaster, a não ser que ele mude muito no livro, ele é amigo de Christopher, se preocupa sinceramente com ele, e são tão chegados que se tratam por apelido. Na verdade, a relação dos dois lembra muito Holmes-Watson e cada vez estou mais certa de que Tietjens é Sherlock obrigado a seguir uma carreira burocrática e entediante. Mas só lendo o livro mesmo. E devagar eu estou avançando na prosa densa do Sr. Ford Madox Ford.

Mas, enfim, como vocês já sabem pelo meu texto de domingo, fizeram um grande esforço para tornar a personagem de Christopher Tietjens mais palatável. No livro, Tietjens é muito mais arrogante, elitista e racista. Nada que o tornasse muito diferente do resto de sua classe, claro... Ele abre exceções, obviamente, MacMaster é seu melhor amigo e um homem que veio de baixo. O autor descreve a amizade dos dois como estranha, mas assevera que muitas amizades são assim. Tietjens é também um homem acima do peso, ou seja, Benedict Cumberbatch foi uma escolha que ajudou a polir o original.

Com o início do livro lido, fica possível, também, entender algumas coisas, como a cena nesse episódio #3 em que Mark, depois dos funerais do pai, acende um charuto dentro de casa em Groby e Christopher e o cunhado se olham horrorizados. O velho não admitia que se fumasse em sua casa. O livro também nos dá a idade de Tietjens no início da história: 26 anos. Na minissérie, essa informação é omitida e só sabemos que Val tem 23 anos cinco anos depois deles se conhecerem. Então, ele é oito anos mais velho que ela. Outra coisa que sabemos pelo livro é que Christopher e o pai eram muito ligados, daí, o choque do velho é compreensível, ainda que acreditar na fofoca sem falar com o filho não seja. Ah, sim! E para quem estava preocupado com o sexo, a série está quase censura livre agora... Até Sylvia está praticando abstinência... ou assim ela diz... Mas é isso, agora é esperar sexta-feira e o episódio 4. :)

2 pessoas comentaram:

Esse ep.3 foi bem frustante sinceramente...
Me frustei no romance da Val com o Chrissie e com a Sylvia XD
Achei tb que a Sylvia ia arranjar mais confusão quando ela percebesse que há uma mulher que o marido dela conversa e se abre... Acho que a cena que me marcou mais foi quando ele disse que nunca tinha julgado os atos dela porque era 'homem x mulher' ela tinha direito de se vingar dos homens... tipo ele estava aceitando essa culpa? Mas bem. Adorei a cena que a Sylvia aparece e a Val olha seu reflexo achei que ela deve ter pensado 'É com ela que eu estou competindo... perdi' Aí ele vai e senta do lado dela. A cena que os dois finalmente se resolvem é um amor. Ficou realmente muito bonita. Adorei a atriz que faz a Val ~ E o Benny perfeito <3

Bem, acabei de ver o terceiro episódio.

E, sim, sou uma das pessoas que acham que a Sylvia ama o Christopher. Isso fica bem claro para mim na atuação da atriz, nas pequenas coisas, como querer se aproximar do marido logo quando ele chega da guerra, defendê-lo das fofocas, intervir a seu favor no caso do banqueiro; na cena em que ela lhe pergunta sobre amantes e de um filho bastardo com a Val e lhe fala que se ele lhe contasse que tinha uma amante, se ele a tivesse chamado de puta, brigasse com ela, eles teriam algo para os unir; na ida ao encontro de MacMaster para dar uma conferida na rival e até na cena que ela faz pouco caso dele, depois dele ter voltado para casa sem ter tido nada com a Val. Todas essas cenas, ao meu ver, dão as dicas que Sylvia ama o Christopher.

E, não, ainda não consigo vê-la como má ou insuportável. Acho-a uma pessoa fútil, inconsequente, impulsiva e provocadora, mas não má. Simplesmente ela não consegue me provocar nenhuma raiva, até agora, pelo menos. Sinto, ao contrário,uma imensa pena por ela, pois como já havia comentado anteriormente, acho-a muito infeliz com sua situação.

Mas ninguém ganha no quesito infelicidade quanto o Christopher! É muita tristeza junto...
Torço muito para que ele e a Val consigam se acertar e possam terminar juntos, mas, pelo andar da carruagem, acho difícil...

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