Eu respondo perguntas no Formspring e, às vezes, algumas delas acabam vindo aqui para o site. Nesse caso, alguém me perguntou sobre a série Robin Hood da BBC e eu lembrei que não tinha comentado os episódios que eu assisti. Não foi lá uma grande resposta, mas funciona como review, já que me comprometi em comentar tudo o que eu assistisse. Para os outros posts da série, é só clicar (1 - 2 - 3 - 4 - 5 - 6 -7– 8 - 9 - 10 - 11). Segue a pergunta e a resposta (*com algumas alterações*):
Por que você acha a série "Robin Hood" da BBC ruim? Eu a achei maravilhosa até o final da segunda temporada (quando o Guy de Gisborne mata a Marian)....
Por que eu acho ruim... Bem, quando penso em séries da BBC, normalmente imagino as séries de época, que são curtas e tem um altíssimo investimento, normalmente baseadas em clássicos da literatura e com uma cuidadosa reconstituição de época. Acho que Robin Hood foi o primeiro contato que tive com material mais, como direi, descerebrado e descomprometido com qualquer historicidade feito pelo canal. O Robin Hood da BBC nada tem de medieval, ou tem muito pouco, é uma grande salada e, bem, na época em que tentei assistir estava terminando o doutorado e sem muita paciência.Outra coisa que em incomodou foi o ator que faz o Robin Hood, o Jonas Armstrong, ou a interpretação que ele deu ao personagem no início da série, sei lá. Aquele jeito “eu sou o cara” é absolutamente intragável, fora que é difícil achar que ele supera o Richard Armitage em alguma coisa... Aliás, a personagem de Armitage, Guy de Gisborne, sempre foi mais interessante e complexa. Além de ser um homem muito mais bonito, por assim dizer. E embora o figurino seja absurdo em termos históricos, ele fica muito bem com roupa preta de couro... E, claro, havia química entre ele e a Marian, coisa que não vi entra a personagem e o Robin Hood. Daí os roteiristas terem que forçar a barra em vários momentos, o que só aumentava a tensão sexual entre Gisborne e Marian, coisa que as fãs captavam muito bem nos fanvideos. E a morte da Marian foi uma das saídas mais cruéis de roteiro que eu já vi.Mas vamos lá, eu cheguei a assistir vários episódios, especialmente depois que a Lina criou um grupo no Facebook cheio de fans do Richard Armitage. Eu gostava principalmente dos fanvideos do Guy com a Marian. Como pontuei, os dois interagem bem e, depois dos primeiros episódios, parece que o Richard Armitage se envolveu mesmo com a personagem. Matar a Marian foi uma das atitudes mais radicais que eu já vi... Não sei o que os roteiristas tinham na cabeça, mas o objetivo era levar o Guy ao inferno e ele foi mesmo. Daí, eu descobri que havia um episódio em que a Holliday Grainger – a Lucrezia de The Borgias – participava e que ela tinha alguma coisa com o Guy. Acho que comecei por este episódio. É curioso, porque é outra crueldade com a personagem. Ele quer morrer, quer se punir por ter matado a Marian. Daí, encontra outra moça, bem jovem, aliás, e acaba ficando encantado. É um episódio rasteiro, como a maioria da série, afinal, basta a menina ser insistente e falar com o sujeito para tirá-lo do seu modo destrutivo. Mas gosto dos atores e acaba sendo bobo, mas simpático. No entanto, de novo, a interação dos atores é muito boa. E vão lá e matam a moça... Foi a partir daí que comecei a desencanar e aceitar que Robin Hood da BBC era uma bobagem mesmo e era preciso entrar no clima.Assisti o episódio, com aquele espírito “vale pelos atores”, apesar de ter que aturar a Lara Pulver. Eu realmente não suporto essa atriz. Seja como Isabella – personagem intragável – ou a Irene Adler que nada tinha com a original. Ela não é má atriz, eu simplesmente não gosto dela. Mas eu acabei continuando a assistir o seriado, porque peguei spoilers de que todo mundo morria. Como assim morre todo mundo? Matam o Robin Hood? Isso seria inédito! Porque o Guy ia morrer mesmo, isso era coisa certa. Daí, parti para os quatro episódios finais e não é que me surpreendi? Bad Blood e Enemy of My Enemy são muito bons. Mesmo o Jonas Armstrong me convenceu e o drama do pai do Guy, a questão da lepra, foi muito bem desenhada, foram às fontes, por assim dizer, e mostraram bem a forma como o leproso era socialmente excluído. Parecia quase um seriado medieval de verdade, por assim dizer, e não aquela bagunça que a série é. Daí, acabei terminando de assistir Something Worth Fighting For, parte 1 e 2. O tal Archer é um mala sem alça boa parte do tempo, tem a Isabella, mas foi um dos melhores finais de temporadas e seriado que eu vi na minha vida. Não vi tantos outros episódios, até entendo parte do ódio que a Isabella tem do irmão (*aquele marido psicopata que ele arrumou para ela...*), mas tenho todos no meu HD. Nem é lá muito "normal" começar a ver uma série de trás para frente, mas matar todo mundo no final exige coragem, e, melhor, tudo foi feito de forma coerente e emocionante.Enfim, não vou dizer que não acho o início da série muito boba, que detesto o lápis de olho do Guy (*virou moda tacar lápis de olho nos vilões e homem com lápis de olho é um turn off*), mas a série tem seus méritos. E eu acabei reconhecendo. Deve ter ficado confuso, eu sei, mas acho que pontuei o que precisava e podia pontuar.
Eu gosto de Robin Hood, da personagem, e sei que assim como outras figuras ficcionais - como Sherlock Holmes - a minha tolerância em relação às adaptações é bem elástica. Claro, que nesse seriado da BBC quem menos importa para mim é o Robin Hood, porque ele é um mala e o Sir Guy é um espetáculo com a voz e os olhos do Richard Armitage. Aliás, Sir Guy é bem aproveitado em alguns filmes de Robin Hood, especialmente, no de 1938, meu favorito até hoje, no qual ele é interpretado por Basil Rathbone (*que também foi Sherlock Holmes*). A cena do duelo final entre Sir Guy e Robin hood (Errol Flynn) é até hoje uma das mais emocionantes e bem coreografadas. Meu segundo Robin Hood favorito, além de ser um bom filme medieval, por assim dizer, é Robin Hood, o Herói dos Ladrões, com o Patrick Bergin e a Uma Thurman. Ele é muito superior ao Robin Hood - O Príncipe dos Ladrões, mas foi eclipsado pelo fraquíssimo filme com o Kevin Costner, que tinha, afinal das contas, o Alan Rickman como vilão e o Morgan Freeman. Acho que conheci os dois atores lá. Há outros bons filmes sobre Robin Hood, como o melancólico Robin & Marian, com Sean Connery e Audrey Hepburn, que também tem uma excelente cena de duelo, só que entre Robin e o Xerife de Nothingham. Enfim, não considero o seriado da BBC material sobre Idade Média, trata-se de uma grande bobagem, que tem seus momentos, claro, e empolga mais que filmes como o último Robin Hood de 2010.
2 pessoas comentaram:
olá, c, eu quero saber, onde vc assisti as série da bbc? elas são legendadas?
obrigada pela atenção!!!!!!!!!!
Aparecida, o que mais faço é o seguinte, eu baixo as séries, as legendas, quando existem, normalmente em inglês, e assisto. Se quer muito ver, vai sem legenda mesmo. Quando a cotação do Real com a Libra estava melhor, eu importava alguma coisa. Tenho várias séries importadas aqui. Agora, há opções na TV por assinatura e Netflix, o povo comenta, mas eu não tenho. Deve haver sites que fazem streaming de seriados britânicos. Há grupos que legendam esse tipo de série em português. Exemplo: Victorians.
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