sábado, 27 de setembro de 2014

O Japão sofre com a “síndrome do celibato”


Esta matéria já tem quase um ano, mas só a vi agora e acredito que ela continua atual.  Enfim, o site La Red 21 publicou os resultados de uma pesquisa feita no Japão e que aponta para a manutenção da baixíssima taxa de natalidade do país.  Segundo a pesquisa feita pela Associação para o Planejamento Familiar no Japão (*tradução da tradução aqui*), 32% das pessoas na casa dos trinta anos nunca saiu com uma pessoa com o interesse de estabelecer algum vínculo amoroso.  Houve uma pesquisa anterior feita por uma revista que trouxe dados semelhantes.

Outro dado da pesquisa aponta que entre os menores de 40 anos o interesse pelo sexo está em decadência e outras atividades perecem mais compensadoras.  Os dados apontaram que 45% das mulheres entre 16 e 24 anos não têm interesse por qualquer contato sexual, ou mesmo o abomina.  Já entre os homens, a taxa é de 26%.  Como os sacrifícios que as mulheres devem fazer com o casamento são maiores dentro da cultura nipônica (*e da nossa*), não me surpreende esse dado, vide esta matéria do The Economist.


A matéria ressalta que 2012 foi o ano com menor taxa de natalidade no Japão, país no qual o número de mortes supera, em alguns anos, o de nascimentos.  Eu falei desse dado alarmante neste post aqui e há uma matéria do The Economist, de 2010, discutindo a mesma coisa.  Para muitos japoneses, ter filhos é uma escravidão, pois os custos são elevados.  Além disso, o terremoto, tsunami e contaminação radioativa em Fukushima trouxeram uma onda de pessimismo e angústia em relação ao futuro, um desestímulo para ter filhos, portanto.

Curiosamente, tropecei em uma matéria falando com uma pesquisa feita com 3 mil mulheres japonesas entre 15 e 39 anos que atestou que 34% delas sonha em se tornar dona de casa.  Outra pesquisa, desta vez feita pelo Ministério da Saúde, Trabalho e Bem Estar do Japão, aponta que 38% das japonesas sonha em ser do lar.  Por outro lado, Christine Lagarde, diretora do FMI, e outras autoridades da área, defendem que a economia japonesa poderia sair da sua letargia se mais mulheres entrassem no mercado de trabalho.


Conclusão minha, há um descompasso entre o que homens e mulheres desejam.  Isso não é natural, mas construído histórica e culturalmente. Como os ambientes homossociais no Japão são comuns, as possibilidades de contato entre homens e mulheres que desejam o mesmo, isto é, um relacionamento amoroso, possível casamento, é dificultada.  Por outro lado, muitas mulheres que desejam uma carreira, terminam empurradas para o lar, sem a possibilidade de continuarem trabalhando, e sendo infelizes, ou, para não serem, evitam o casamento; já as que almejam se tornar donas de casa, não encontram o seu par ideal.  Enquanto isso, a economia e a população encolhem.



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