sábado, 26 de setembro de 2015

Grupo de defesa dos quadrinhos lança um manual explicativo dos mangás nos EUA


Eu não conhecia o Comic Book Legal Defense Fund (CBLDF), mas trata-se de uma organização norte americana com o intuito de informar sobre os quadrinhos e defender que essa mídia seja respeitada segundo o que está escrito na 1ª emenda da Constituição Americana, que é a que trata da liberdade de expressão.  Nesse sentido, eles lançaram um livrinho chamado CBLDF Presents Manga: Introduction, Challenges, and Best Practices.

O intuito do material é principalmente informar os pais sobre o que é mangá e que os quadrinhos japoneses têm características próprias.  Em um artigo apresentando o material, três casos de problemas envolvendo mangás são citados, a graça é que dois deles envolveram shoujo mangá.  Em um deles, de 2005, uma mãe registrou queixa junto à biblioteca, porque sua filha de 11 anos tinha levado para casa um volume de Peach Girl (ピーチガール).  O que a responsável não levou em consideração é que estava na capa escrito que era material +13, que o volume estava na prateleira de Young Adults (Jovens Adultos) e que o/a funcionário/a orientou a menina, mas a responsabilidade é dos pais.  Em outro incidente, um responsável reclamou que sua filha estava lendo um mangá sobre troca de casais.... Sabem qual é? Marmalade Boy  (ママレード・ボーイ ).


Enfim, o que o artigo alerta é que ao invés de repensarem suas práticas e atitudes como educadores, muitos pais criminalizam os mangás.  Já a mídia termina por embarcar nessa onde demonizando o material.  Para os pais é mais fácil culpar alguém, pedir por censura do que, bem, educar.  E educar, não se enganem é uma forma sancionada de violência, porque, bem, você pega um pequeno selvagem, não lhe pergunta nada, já que você sabe o que é o melhor para ele ou ela, e o coloca no molde da cultura, não somente em um sentido amplo, mas os dos valores de um grupo, ou família.

Estou lendo um livro no momento que traça um paralelo entre a demonização dos quadrinhos nos anos 1950 (principalmente) e a demonização de literatura popular juvenil da virada do século XIX para o XX.  A tese da autora é que os adultos temem os jovens - se são pobres então, mais ainda - e projetam seus medos na literatura consumida por eles.  A palavra "popular" é chave para compreender a estigmatização de formas de arte, literatura e música.  Além disso, se elas permitem que os jovens formem uma cultura própria, identidade autônoma dos adultos, é algo muito perigoso... De qualquer forma, comento mais quando terminar a leitura.  (*Agradeço à Patrícia por ter passado  notícia no grupo do Shoujo Café do Facebook.*)

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