domingo, 28 de janeiro de 2018

Grupo de homens planeja ataque à meninas em trens e metrôs nos dias do vestibular japonês


Esta semana, fiz um post sobre um livro publicado por uma japonesa residente na França contando o assédio quase diário que sofria no transporte público durante sua adolescência.  Só reforçando, o assédio às mulheres em transporte público no Japão é um problema sério e a figura do "chikan", o assediador, é lugar comum em mangás, animes e games para o público masculino.  Pois olhem só esta matéria do Sora News.

Todos os anos, em meados de janeiro, há um exame nacional para admissão nas universidades públicas e que é utilizado por algumas instituições privadas.  O Teste Central Nacional para Admissão na Universidade (大学入試センター試験 Daigaku Nyūshi Sentā Shiken) ocorre uma vez por ano em todo o país, sempre pontualmente.  Perdeu, só no ano seguinte.  Em 2018, ele aconteceu nos dias 13 e 14 deste mês.  Pois bem, o canal NHK fez uma matéria denunciando o planejamento em redes sociais de uma onda de assédio exatamente nesses dias, porque, bem, os trens e metrôs estariam lotados de meninas.  "É o melhor dia para os chikan!"  "Legal, vou pegar o trem amanhã e me comunicar com as garotas."  "O Exame Central é amanhã?  É o carnaval dos chikan!"  "Acabei de descobrir algo maravilhoso.  Se você bolinar uma menina no dia do Teste Central, você não será pego, certo?"  E a polícia não registrou nenhuma alteração nas denúncias de assédio nos transportes.  Então nada aconteceu, não é mesmo?  


O SN analisou a questão de forma muito coerente.  Olha só, se uma mulher é assediada no trem, ou metrô, ela terá que procurar uma autoridade, descendo na próxima estação.  Mas pode não encontrar a tal autoridade.  Pode ter que convencer o/a responsável de que fala a verdade e a agir.  Daí, terá que aguardar para, caso o chikan seja capturado (*Se tiver sorte, alguém pode ajudá-la a segurar o canalha.*), poder identificá-lo.  Só que o exame começa 9h30.  E você vai perdê-lo.  E como você vai explicar aos seus pais?  Se eles forem compreensivos, ainda assim, isso ficará no seu currículo, isto é, que você perdeu um ano de estudos.  Segundo o SN, isso pode prejudicar na hora de conseguir um emprego.

Pode não ter havido um ataque, mas a lógico do sujeito que escreveu "Acabei de descobrir algo maravilhoso.  Se você bolinar uma menina no dia do Teste Central, você não será pego, certo?" faz sentido. Denunciar um ataque significaria perder a prova que pode ter representado anos de estudo e investimento dos pais.  Eu acredito que a maioria iria engolir a humilhação, a raiva, ou o que seja, e cumprir seu dever.  Cruel.  Me lembrou sabe o quê?  Aqueles ataques à mulheres no Ano Novo na Alemanha (*especialmente*), porque, à época, foi revelado que o planejamento se deu nas redes sociais, só que, no Japão, não há como dizer que foram estrangeiros, mas é possível dizer que nada aconteceu.  E eu fico pensando no psicológico dessas meninas na hora da prova... 

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