quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Comentando Como Treinar o Seu Dragão 3 (How To Train Your Dragon: The Hidden World, 2019) - Resenha muito curta


Júlia cismou que queria assistir Como Treinar Seu Dragão 3, não vimos o 1 (2010), nem o 2 (2014), eu nunca senti vontade, aliás, por isso, tentei convencê-la a esperar pelo filme na TV, mas ela insistiu, pediu, e lá fomos nós, junto com a prima da mesma idade ao cinema.  Que dizer do filme?  Um amontoado de clichês, roteiro bem óbvio, algumas sequências muito bem animadas e com um visual belíssimo, exaltação de valores importantes (amizade, respeito aos animais) e um dos vilões mais irritantes que eu vi no cinema nos últimos tempos. Vamos para o resumo da história.

Um ano depois do segundo filme, Soluço deseja realizar seu sonho de viver pacificamente com os dragões sem que sejam perseguidos, ou atacados. Soluço lembra das histórias de seu pai de que havia um reino secreto dos dragões.  Soluço quer guiar sua tribo para lá.  Banguela descobre que existe uma fêmea de sua espécie batizada por Astrid de Fúria da Luz.  A fêmea, na verdade, foi colocada no caminho se Banguela por caçadores de dragões para que ele fosse capturado, mas ela o atrai o Fúria da Noite para longe. E há, também, o vilão, Grimmel, que deseja caçar e destruir o último Fúria da Noite, Banguela

A fêmea como isca, a fêmea que precisa ser seduzida
 e conquistada, a companheira, enfim, que Banguela precisa.
Bem, bem, assistir ao terceiro filme de uma trilogia sem ter visto os anteriores é um problema, mais do que isso, como no caso de Como Treinar o seu Dragão, pode ser um erro.  Eu fiz isso uma vez e somente, com a trilogia do Batman, mas quem não conhece a personagem?  Minha teoria é a seguinte, eu poderia ter gostado do filme, me sentido feliz com ele, se houvesse visto a série inteira, porque mesmo que o filme fosse fraco, e é em vários sentidos, eu teria simpatia pelas personagens e isso conseguiria manter a minha atenção.  Enfim, eu não tinha laço algum com Soluço, Banguela, Astrid e cia.  Minha experiência,  portanto, foi a mais seca possível.

O filme em si não é ruim, é somente mediano.  As personagens são vikings (*com direito aos absurdos capacetes com chifres ou asinhas*), têm dragões (ÓBVIO!*), há navios voadores e tecnologias fantasiosas.  Até aí, OK, não é problema é bem interessante.  O protagonista, o jovem chefe que precisa provar seu valor e dar um passo importante (*casar*), é gostável.  Astrid é legal, mas as  demais personagens, salvo os dragões, são somente suportáveis e, reforço, bem clichês mesmo.

Vilão desnecessário e maniqueísta.
Agora, o pior do filme é o vilão.  Grimmel é um vilão superficial, irritante, o tipo psicopata  que olha para o espelho e deve dizer "Ai, como sou mal!".  Ele representa aquele tipo de caçador movido pela caçada em si e que não tem nenhum amor à natureza, na verdade, ele é movido pelo ódio aos dragões e o desejo de fama.  Enfim, ele não tem substância para ser levado à sério.  Eu sei, eu sei, não se pode sair matando o vilão na primeira cena, é um filme infantil e não é realista, mas seria o certo a fazer.  Grimmel é a maior tortura desse filme.

De resto, não sei se o filme cumpre a Bechdel Rule, mas ele tem personagens femininas de destaque, Astrid e a mãe do protagonista, mulheres fortes e destemidas.  Só que é aquilo, a mãe de Soluço empurra Astrid para que ela cumpra uma função feminina tradicional, que é apoiar o homem que ama, especialmente, quando ele se questiona sobre suas capacidades de liderança, sua própria masculinidade, enfim.  De resto, a fêmea de dragão também está em uma função bem tradicional.

A sequência mais deslumbrante  do filme.
Ela é a sedutora, ainda que isso não ganhe tons negativos, ela afasta Banguela dos seus deveres para com seus amigos.  Fora, claro, que ela foi colocada na função de donzela em perigo, ainda que, é preciso ressaltar, ela tenha ajudado a salvar o dia no final.  É um filme que parece se apresentar como feminista, na medida que levanta algumas questões importantes para os feminismos, mas que, no fim das contas tenta somente surfar em cima de questões em evidência, isto é, ele mais reafirma papéis de gênero do que os questiona pelo menos, e preciso repetir, neste terceiro filme, o único que assisti.

Que eu digo mais?  Visual lindo em alguns momentos, em outros, por causa do 3D, acredito, o filme estava muito escuro.  Ceninhas para aquecer nosso coração, especialmente, no final do filme.  Dois temas importantes são o amadurecimento e a capacidade de dizer adeus.   A ideia mais importante é que os dragões, seres mágicos, não foram destruídos, nem são fruto de nossos sonhos, eles e elas simplesmente decidiram e precisaram se afastar de nós para seu próprio bem.  Sim, trata-se de uma despedida, afinal, ainda que eu não coloque minha mão no fogo por isso.  E o vilão é a coisa mais insuportável, mas eu já escrevi isso. 

É preciso saber dizer adeus.
Júlia dispersou várias vezes, eu cochilei em determinado momento, foi rápido, mas eu perdi um ou dois minutos de filme.  Terminando o filme, perguntei para as menininhas qual teria sido melhor: Dragões ou Aranhaverso?  Aranhaverso.  Dragões ou Wifi Ralph?  Wifi Ralph.  Dragões ou Bumblebee?  Bumblebee.  Eu penso o mesmo, claro, se tivéssemos assistido aos filmes anteriores, a impressão poderia ser muito diferente.  Esquecerei Como Treinar o deu Dragão 3 rapidamente, tenho certeza. 

1 pessoas comentaram:

Poxa, uma pena que não tenha assistido aos outros. Esse último é o mais fraco dos três, mas no geral, é uma ótima trilogia pela qual tenho um grande carinho... Acho que vc poderia gostar bastante dos outros dois. O segundo especialmente é incrível, me fez criar expectativas bem altas pra esse último, que realmente ñ vingaram...

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