domingo, 23 de junho de 2019

Recomendação de canais do Youtube com novelas e séries de época completas


Ontem, não sei por qual motivo, o Youtube me ofereceu duas coisas no meu feed, a novela Gabriela, de 1975 e a série Pássaros Feridos, de 1983.  Como sei que há o pessoal que vem ao Shoujo Café pelos posts de novela e coisas do gênero, e eu tenho feito pouco, porque não estou assistindo nada do que está no ar no momento, acho que fale recomendar.

Eu não assisti a primeira versão de Gabriela Cravo e Canela, porque em 1975, nem tinha nascido.  Eu vi um compacto bem curto que a globo exibiu no horário da tarde quando das comemorações dos seus 25 anos, em 1990.  Na época, assisti, também, Irmãos Coragem,  a original de 1970, e A Escrava Isaura, que eu lembrava de ter visto alguma coisa de uma repetição na minha infância remota.  Foi nessas comemorações, que passavam no Vídeo Show, que eu vi Malu Mulher, também, e sei mais o quê.  

Mundinho Falcão e Jerusa, 1975.
Enfim, eu gosto mais da primeira versão de Gabriela que da segunda.  Não por fidelidade, há questões nas quais o remake de 2012 foi mais fiel ao livro, começando pela aparência da Jerusa, neta do Coronel Ramiro (Paulo Gracindo), que batia certinho com a Luiza Valdetaro, enquanto a primeira versão tinha escalado a Nívea Maria.  Mas, enfim, a nova versão tem as presepadas do Walcyr Carrasco, aquela vulgaridade que ele não resiste em meter em todas as suas novelas, as repetições sem fim, o clichê das freiras malvadas, a fixação por piadas com quengas e por aí vai.  O original é mais seco e elegante.  Curiosamente, o Coronel Ramiro é muito mais doce com sua neta, ainda que seja ruim feito o cão com seus desafetos e os inferiores..  

Malvina apanhava muito na versão de 1975.

É interessante notar, também, como se dá a marcação do velho e do novo, bastando olhar o colarinho do velho coronel e o de Mundinho Falcão (José Wilker), um ainda estava parado no início do século XX, o outro, estava na última moda.  Se bem que almofadas douradas na cama de Mundinho Falcão é coisa dos anos 1970 mesmo.  Enfim, eu nunca assisti Gabriela pela personagem título, gosto mesmo é de ver a Malvina, que é muito melhor na pele de Elizabeth Savalla, e por causa de Mundinho e Jerusa, neste caso, não tenho preferência, gosto muito do Mateus Solanos, mas acredito que a interação das personagens na primeira versão é melhor.  A cena final com Mundinho Falcão é icõnica, "que tudo mude, para que tudo continue o mesmo".  Acabando essa parte, há dois canais com a novela, deve ser uma versão compacta que foi exibida em Portugal, eu imagino.  Basta clicar: Canal 1 - Canal 2.  Sobre a novela Gabriela de 2012, eu escrevi quatro textos: 1 - 2 - 3 - 4.

Meggie criança.
O outro programa que pipocou no meu feed foi Pássaros Feridos (The Thorn Birds), série baseada no livro homônimo de Colleen McCullough, que acabei de descobrir que era neurocientista.  Enfim, a série de 1983 tinha arrebatado vários Emy e foi comprada por Sílvio Santos em 1985.  Lembro quando ela estreou com grande sensacionalismo, afinal, ainda tínhamos censura e a história girava em torno do escandaloso romance de um padre com uma jovem que ele viu crescer.  A estratégia do Sílvio Santos deu certo e ele conseguiu quadruplicar a audiência.  Eu não assisti Pássaros Feridos na época.  Queria, um dos artistas que eu achava mais lindos à época era o Richard Chamberlain, mas minha mãe não deixava, tinha que dormir depois da novela das oito, na época, Roque Santeiro.

Nessa cena Meggie não estava muito disposta a ser gentil.
Pássaros Feridos, e o livro é ainda mais interessante (*você acha baratinho em sebo, em inglês, ou português*), conta a história de amor do padre Ralph de Bricassart (Richard Chamberlain) e Meggie (Rachel Ward).  Quando eles se conhecem, ele era um jovem padre irlandês enviado para a Austrália como punição por sua insubordinação.  Já a menina era a única filha de uma família com vários garotos, com um pai amoroso, mas sempre trabalhando muito, e com uma mãe insensível que olhava para ela e antevia sofrimentos, afinal, mulheres vêm ao mundo para sofrer.  O padre Ralph passa a zelar pela menina como uma filha, mas Meggie desde criança decide que ele é o amor de sua vida.  Eventualmente, ele acaba se apercebendo disso.  Mas fica dividido não entre o celibato e a garota, ainda que ele use essa desculpa, mas entre a moça e suas ambições.  Ele sonha alto, quer ser cardeal, quem sabe papa e uma chance aparece.  

Rachel Ward continua parecendo jovem, mesmo quando velha.
A velha tia rica da menina, interpretada por Barbara Stanwyck, deseja o padre e coloca diante dele a possibilidade de obter o que deseja.  Ela deixa toda a sua imensa fortuna para a Igreja Católica, desde que as propriedades sejam administradas pelo padre em nome da instituição.  Se ele recusar, e ele podia, a família de Meggie ficaria rica.  Se ele aceitasse, chamaria a atenção da cúria, e além, possibilitando sua ascensão na hierarquia da igreja. Ele escolhe sua carreira, ele deixa Meggie para traz, mas, obviamente, ela sabia que ele voltaria mais cedo, ou mais tarde.

A única cena de nudez da série é essa e é masculina.

Algo que é atenuado na minissérie é o rancor que a autora parece sentir da Igreja Católica. Ela deve ter tido algumas experiências bem ruins, porque não é somente a crítica ao celibato, mas você precisaria ler o livro.  Já a série de TV tem ótimas cenas (*praticamente nenhuma nudez e sexo em doses homeopáticas*) e conta com um elenco com algumas estrelas como Christopher Plummer e Jean Simmons.  Há uns probleminhas de maquiagem, porque, bem, Rachel Ward nunca convence nem como adolescente, nem como mulher madura, ou idosa.  Seu cabelo também não casa com os anos 1930, ele grita anos 1980.  Mas ela era uma atriz belíssima e sempre parece no auge da juventude.  O ator que interpreta Dane (Philip Anglim), seu filho, é mais velho que ela.  Aliás, estava tentando lembrar de onde lembrava do ator, ele fez o vedek Bareil em Deep Space Nine.  Parece que ele só é escolhido para papéis trágicos... Mas a série é muito boa.  Todas as cenas com o Christopher Plummer são uma preciosidade.

A personagem de Christopher Plummer ajuda o protagonista
a resolver alguns problemas de consciência.
Enfim, fui assistir muitos anos depois, acho na época em que Richard Chamberlain confessou finalmente a sua homossexualidade (2003), ou um pouco depois.  Tenho o box da série, inclusive, mas não voltei a assistir, nem resenhei para o blog.  Na época em que a notícia da homossexualidade do ator foi revelada, era comum encontrar gente desqualificando a atuação do ator, como se ele, que foi um dos grandes galãs da TV e do cinema de sua época, não convencesse como par romântico. Lembro de umas criaturas que diziam não conseguir mais assistir Pássaros Feridos por causa disso. Foi interessante ver que não havia nada  desses comentários esdrúxulos.  As pessoas estavam apreciando a série mesmo.  Enfim, o canal com uma coletânea de cenas de Pássaros Feridos é esse. Tem legendas em português e outras línguas. Não tem a série inteira, mas séries-chave cronologicamente agrupadas.  Agora, para quem quiser é fácil baixar.  Se você se deparar com um filme chamado The Thorn Birds: The Lost Years, não recomendo.  É um material feito muito depois e sem nenhuma base no romance original.  Se você pegar o livro, ou a série, irá entender que não existem "anos perdidos", é picaretagem mesmo.

Já que o assunto é romance com padre...
Antes de terminar, alguém me pediu para dizer onde eu estava assistindo Desejo Proibido (2007).  Olha, tem um canal com todos os capítulos, mas é uma versão que passou na TV portuguesa.  A novela está compactada e eu descobri por acaso o canal, porque estava vendo se meus DVDs, nos quais a tinha gravado, estavam funcionando.  Infelizmente, estão todos com defeito.  alguns capítulos rodam, outros, não.  Enfim, para quem quiser assistir, os capítulos estão aqui. Sempre me espanto da Globo não tire essas coisas, quando basta eu colocar uma ceninha de novela para que ela seja derrubada do Youtube.  Melhor para a gente, porque Desejo Proibido nunca foi reprisada e nem acho que será, infelizmente.  Sobre Desejo Proibido, eu fiz dois textos (*acho*): 1 - 2.  Foi a primeira, ou segunda, novela que comentei no blog e é uma das minhas favoritas.

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