segunda-feira, 27 de abril de 2020

"A Guerra não tem Rosto de Mulher" virou mangá no Japão


Em março de 2017, fiz uma resenha para o blog sobre o livro "A Guerra não tem Rosto de Mulher", da bielorrussa  Svetlana Aleksiévitch.  O livro transita entre vários gêneros, mas, resumindo, ele revisita a memória das mulheres soviéticas sobre a sua participação na 2ª Guerra Mundial, quando mais de um milhão delas participou do esforço de guerra em todas as posições possíveis.  



Sim, virou moda falar das piloto, das atiradoras de elite, mas mulheres foram tanquistas, fuzileiras, sapadoras, guerrilheiras; elas foram maquinistas, tratoristas, além de fazer as funções de apoio que normalmente são associadas ao feminino, como enfermeiras, cozinheiras, lavadeiras etc.  A autora vai atrás das velhinhas que ainda vivem e entrevistou o máximo delas que pode.


O livro trata do esforço do governo stalinista do pós-guerra em esconder essas mulheres, apagá-las da História e da memória coletiva, assim como da vergonha e do preconceito que elas mesmas sofreram de seus compatriotas.  Não é uma leitura fácil, mas não se compara ao livro das memórias das crianças, porque esse eu lia um caso, às vezes, uma página, e parava para chorar.  Acabei interrompendo a leitura.  Não poderia imaginar que alguém transformaria a obra em um mangá, mas, no Japão, tudo é possível.



O Luiz me avisou ontem da existência da obra e a gente foi buscar as informações.  Tinha aparecido alguma coisa sobre o mangá no Comic Natalie em janeiro, quando o primeiro volume foi lançado, mas eu deixei passar.  Inclusive a recomendação do mangá no obi, a tirinha de papel que vem em torno do volume, foi escrita por Yoshiyuki Tomino, mais conhecido por Gundam (ガンダム).  Segundo o CN, são sete capítulos, sete histórias da guerra nesse volume.  Imagino que nesse ritmo, o mangá possa chegar aos cinco, até mais, volumes, com certeza.


A autora do mangá é Koume Keito.  No currículo dela tem muito mangá hentai, yuri, ecchi, alguma coisa seinen, mas ela é mais da área de mangás eróticos mesmo.  O traço dela é bom e, de repente, é com esse mangá que ela vai fazer a transição para o mainstream em grande estilo.  Parece que o mangá está sendo elogiado e isso é interessante, porque o material que ela está adaptando é bem complexo.

Qual seria a demografia?  Seinen, a série sai na Comic Walker, é publicado on line.  No Bakaupdates há a informação de que temos pelo menos um capítulo em scanlations.  Eu dei uma procurada e não achei.  


O nome do mangá em japonês é Sensou wa Onna no Kao o Shite Inai (戦争は女の顔をしていない), ele pode ser procurado pelo título em inglês, War's Unwomanly Face.  Só que a busca tende a levar a informações sobre o livro, que pode ser comprado em português e vale a pena.

2 pessoas comentaram:

Só uma observação: Koume Keito é um autor e não autora.
E o grupo de scanlations que está traduzindo o mangá pe Pankiryan

Michele, foi erro meu, não da Valéria. Eu geralmente verifico se os nomes japoneses são masculinos ou femininos quando é um nome que não conheço, mas nesse caso deixei passar, supondo ser uma mulher pelo tema. Obrigado pela correção.

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