domingo, 12 de abril de 2020

Comentando Emma (Inglaterra/2020): Um deleite para os sentidos, sem dúvida!


Queria muito ter assistido Emma no cinema, mas a pandemia me tirou esse prazer.  Efetivamente, é um filme para se ver em uma tela grande e com excelente definição.  Tive que vê-lo em casa mesmo e parando vez por outra, sei que parte do prazer da película dirigida por Autumn de Wilde me foi tirada.  Mas não estou reclamando, nos tempos que vivemos agora, precisamos valorizar o que realmente importa e cinemas precisam ficar fechados e será assim por um bom tempo, eu sei.  De qualquer forma, começo dizendo que gostei do filme, muito mesmo.

O novo Emma assume o tom de comédia e o mantem até o fim, contando a história original de forma criativa, com cenas muito coreografadas e uma beleza visual nunca vista em nenhuma outra versão.  Isso quer dizer que é a melhor adaptação?  Aos meus olhos não, mas tem muitos méritos e a minha resenha vai abordar os pontos positivos e negativos da produção.  Acredito que essa versão será lembrada por algumas coisas, o figurino primoroso, as locações luxuosas, as cores vibrantes e por ter tentado apresentar um Mr. Knightley que fugisse de qualquer uma de suas encarnações anteriores.  Vamos ao resumo geral da história, então.


Emma, seu pai e um dos criados.  Eles estão
por todo o lugar neste filme.
 Para quem não conhece o básico do livro, Emma conta a história da única heroína de Jane Austen que é rica por nascimento e goza das vantagens que o dinheiro pode trazer.  Emma Woodhouse (Anya Taylor-Joy) tem bom coração, mas é um tanto mimada, seu hobby é arrumar casamentos para os outros, enquanto esquece de si mesma.  A jovem se dispôs a cuidar do pai viúvo e idoso (Bill Nighy) e acredita que sendo rica, pode evitar o casamento sem grandes problemas.  

Emma tem um vizinho, George Knightley (Johnny Flynn), 16 anos mais velho que ela, que visita Hartfield, residência dos Woodhouse, com grande frequência.  Mr. Knightley é o único a apontar as falhas no comportamento da protagonista, que é poupada por todos. O irmão mais novo de Knightley, John  (Oliver Chris), é casado com a irmã mais velha de Emma, Isabella (Chloe Pirrie), o que os torna parentes de certa maneira.  


Emma acredita que Mr. Elton está apaixonado
por Harriet, mas ele não deseja Emma.
A história começa com o casamento da governanta de Emma, arranjado pela própria, aliás.  Com a partida de Miss Taylor (Gemma Whelan), Emma sente um grande vazio e decide tomar como sua  protegida uma órfã pobre, Harriet Smith (Mia Goth), e arranjar-lhe um bom casamento.  A moça já tem um pretendente, mas Emma decide que Robert Martin (Jefferson Hall), um arrendatário de terras de Mr. Knightley, não é digno de Harriet e decide que a moça irá se casar com Mr. Elton (Josh O'Connor), o pastor, que, na verdade, está em busca do dote da heroína.  A coisa não termina bem e Elton acaba se casando com uma noiva rica e esnobe (Tanya Reynolds).  No meio disso tudo, dois jovens se mudam para a vila de Highbury onde se passa a história.

Jane Fairfax (Amber Anderson), moça órfã, mas de boa família e muito bem educada, é tudo o que Emma deveria ser em termos de comportamento social e não é. Emma se recente disso e negligencia a moça, evitando ao máximo conviver com ela. O outro novo morador da vila é Frank Churchill (Callum Turner), filho de Mr. Weston (Rupert Graves), o homem que se casou com a governanta da protagonista.  


O filme dá mais espaço para Jane Fairfax do que
outras produções, ela tem várias cenas com Mr. Knightley.
Frank Churchill é charmoso, mas leviano, e Emma se sente atraída por ele e se comporta mal por influência do rapaz.  A situação gera atrito entre a heroína e Mr. Knightley que, em silêncio, sempre foi apaixonado pela moça e acredita tê-la perdido para o pretendente mais jovem.  De qualquer forma, Emma termina frustrada em todos os seus planos como casamenteira e se desespera ao descobrir que ama Knightley e que pode tê-lo perdido para sua amiga, Harriet Smith.

O que dizer sobre o filme?  Anya Taylor-Joy deve ser a Emma mais arrogante e vaidosa de todas as adaptações do romance de Austen que eu assisti.  Nesse sentido, está bem em consonância com o livro, pois Emma se achava melhor do que realmente era, pensava que estava sempre certa e estava acostumada a mandar desde uma idade muito tenra.  Ela se vê como superior e diferentemente de outras Emmas, ela não finge simpatia por Miss Bates.  Todas as cenas em que Taylor-Joy e a maravilhosa Miranda Hart contracenam, Emma se mostra desdenhosa e impaciente, antipática até, diante da mulher que passa por apertos econômicos e sofre de solidão.  Não é uma Emma simpática, mas a própria Jane Austen disse que Emma era uma heroína da qual somente ela iria gostar.


Robert Martin parece um menininho.
Exatamente por isso, quando ela entra em seu ciclo virtuoso no final do filme, a personagem passa por uma grande transformação, mas tudo, asseguro, faz sentido dentro da narrativa e não perde de vista o material original.  Emma efetivamente se arrepende de seus maus feitos e percebe que cabe a ela mostrar-se simpática e solidária com os que lhe são inferiores, sejam eles Miss Bates, ou Robert Martin (Connor Swindells), o moço que ama  Harriet Smith e que foi esnobado por pela moça por causa dos maus conselhos de Emma.  

Aliás, o ator que faz Robert Martin é mais jovem que a personagem do livro e parece um garoto grande metido em roupa de adulto, sabe?  Ele tem um rostinho de criança e parece um tanto tutelado por Mr. Knightley e, não, o jovem decidido e esforçado do livro e da maioria das produções.  E cortaram (*como fizeram na série da BBC de 2009*) o fato dele se interessar por literatura e acatar as sugestões de leitura de Harriet (*nem que fosse para conquistar seu coração*).  Nesse filme, Robert Martin parece somente um garotinho grande mesmo, assim como Harriet parece uma menina boba e excessivamente risonha boa parte do tempo.


Harriet posando para o retrato feito por Emma.
Falando em Harriet, uma mudança em relação ao original comprometeu um pouco o sentido do filme e a coerência da personalidade de Emma.  No livro, Harriet sempre residiu na escola de Mrs. Goddard (Anna Francolini), alguém pagava suas despesas, mas ninguém conhecia sua origem.  No filme, ela é uma recém-chegada em Highbury.  Se no original, Emma toma Harriet debaixo de sua asa para aliviar o tédio e conseguir uma ocupação depois do casamento de Miss Taylor, no filme a personagem, que parece insensível em relação aos inferiores como já pontuei, simplesmente, se interessa pela moça por curiosidade.  Não faz muito sentido.

De qualquer modo, a atriz que interpreta Harriet convence tanto nas cenas de comédia, quanto drama.  Não gostei muito de lhe tirarem as sobrancelhas, mas, vá lá, opções estéticas da produção.  Quando ela é esnobada por Mr. Elton e Mr. Knightley a tira para dançar, Mia Goth, a atriz, realmente mostra a emoção do momento e se comporta com dignidade, bem diferente do tom dado à cena na minissérie de 2009.  Na produção da BBC, Mr. Knightley meio que a repreende para que ela se acalme, tamanha a emoção da moça.  Mais tarde, achando-se apaixonada por ele, os olhares da moça para Mr. Knightley são bem significativos e há o seu confronto com Emma, que precipita a descoberta por parte da heroína de que ama o vizinho.


A amizade entre Emma e Harriet é desigual
e, no início, desaprovada por Mr. Knightley.
Curiosamente, acredito que esta versão foi a que mais destaque deu para Jane Fairfax.  Fica muito evidente a diferença na educação e nos modos da moça de família empobrecida e de Emma, que era uma espécie de rainha de Highbury.  Como a Emma do filme é arrogante e imatura, ela se ressente de Jane e ainda é espicaçada por Mr. Knightley, que sugere que a moça seria sua superior.  De resto, Jane tem boas cenas com Mr. Knightley e ficou bem marcada a fofoquinha de que ele estaria interessado em se casar com ela.  No entanto, e isso me surpreendeu dado o bom desenvolvimento dessa parte da história, omitiu-se a explicação dada por Knightley do motivo para não se casar com a moça.  

No livro, assim como em todas as adaptações, o mocinho diz para Emma e Mrs. Weston que pensara em casar com Jane, mas que ela tinha uma personalidade reservada demais para o seu gosto.  Falando dos dois, a cena em que Jane e Mr. Knightley fazem um dueto de violino e piano ficou muito bonita e romântica. Johnny Flynn é músico e quiseram colocar o moço para cantar, claro!  A cena se presta, também, para mostrar a suposta descoberta por parte de Emma de que seu espaço no coração de Mr. Knightley e na vida social de Highbury estaria ameaçada.   Agora, eu realmente preferiria que mantivessem o original, com Frank Churchill tentando obrigar Jane a continuar cantando e Mr. Knightley intervindo em favor da moça e o repreendendo.  E estou reclamando aqui, porque se Jane brilhou no filme, com boas cenas e um espaço que não imaginava que teria, Frank Churchill foi menos explorado na produção.


Frank Churchill tem menos peso na história
do que em outras adaptações.
O Frank Churchill de Callum Turner não tem tantas cenas com Emma, nem se mostra tão sedutor, ou mesmo fofoqueiro como em outras produções.  Ele critica Jane Fairfax e lhe coloca defeitos, mas parte dos julgamentos à respeito da virtude da moça, e que nunca recebem real espaço dentro do filme, partem da própria Emma.  O que é mais visível neste filme é o ciúme de Mr. Knightley, a necessidade do mocinho de colocar defeitos em Frank Churchill, que o julga incessantemente por seus atos do que propriamente o mau comportamento do rapaz em si, ainda que possamos ver as faltas dele de certa forma.

É através desse recalque de Mr. Knightley, que não se justifica como em outras adaptações por ele ser um homem mais velho, mas volto a isso daqui a pouco, que se discutem questões de gênero, isto é, papéis e comportamentos atribuídos aos homens e às mulheres em uma dada sociedade.  Mr. Knightley faz questão de ressaltar a cada instante que a forma de agir do suposto rival não é adequado para um homem, que ele não cumpre seus deveres para com o pai, que ele é vaidoso demais, que na sua idade deveria comandar o seu destino e não se submeter aos ditames da tia. Mr. Knightley o chama inclusive de "fop".  A palavra, uma gíria da época, não está no livro e era usada para descrever homens que se interessavam demais por sua aparência e que, normalmente, faziam sucesso com as mulheres.


Johnny Flynn é um Mr. Knightley sexy, intenso e dramático.
O que o filme não se preocupa em explicar, não se preocupa mesmo, é que Mr. Knightley é dono de seu nariz, porque herdou grande fortuna, provavelmente, quando era bem jovem.  Emma chega até a pontuar que ele pode fazer o que quer por ser independente.  O filme nunca nos diz quando Mr. Knightley herdou as propriedades da família, algo que o livro também não explica, tampouco que, se morresse solteiro e/ou sem filhos, toda a riqueza passaria para seu irmão e/ou sobrinho mais velho.  Aqui, claro, fica uma reclamação séria.  Gosto muito de John Knightley, ele é uma das minhas personagens menores austenianas favoritas e, pela primeira vez, ele me pareceu desagradável.

No livro, John Knightley e a irmã de Emma, Isabella, se amam.  Ele é advogado, afinal, precisa trabalhar para ganhar a vida, e em míseros sete anos de casamento já coleciona cinco filhos.  Muita pressão, não é mesmo?  O moço pode até ser mau humorado e se bicar com o sogro, requerendo a intervenção de Mr. Knightley e Emma para acalmar as coisas, ele pode até fazer pouco caso da hipocondria que a esposa parece ter herdado do pai, mas nunca nenhuma adaptação me mostrou o sujeito destratando a esposa, ou os dois discutindo de forma agressiva.  


Mr. Knightley e Emma se tratam como iguais.
Esse tipo de comportamento não está de acordo com as personagens e criou cenas que me pareceram constrangedoras.  Como não se explica a questão da herança, o choro do irmão de Mr. Knightley no casamento dele com Emma pode ser lido tanto como uma piada, pois o homem bravo e mal humorado mostrou que tem coração, ou um lamento por saber que as propriedades dificilmente iriam para seu filho mais velho. Dado o humor do filme, o que era, afinal? Já Isabella, irmã de Emma, está com o semblante fechado, quase raivoso, no casamento.  É o comportamento do marido que a ofende, ou, repito, o fato do filho mais velho estar prestes a perder a herança?  Enfim, pela primeira vez não consegui gostar de John Knightley em uma adaptação de Emma.  

Continuando, o filme praticamente anula qualquer discussão sobre a pobreza de Jane Fairfax, eliminando inclusive a necessidade da moça de conseguir emprego como governanta e a intervenção inconveniente de Mrs. Elton.  Essa pressão sobre Jane, a sua situação de humilhação dentro de sua própria classe social, é importante para compreender a personagem e a época na qual a história se passa.  Além disso, a produção não entra em grandes discussões sobre a necessidade do casamento para uma mulher, ou a não necessidade, no caso de Emma, uma moça rica e que comanda sua própria casa. E este tema em especial é muito importante na obra de Austen. Só que a discussão sobre a condição feminina, suas limitações de gênero, não é assunto central do filme.  Curiosamente, a postura dos homens é, porque eles é que estão sob escrutínio, ao que parece.


A sequência do baile é uma das mais
bonitas e sensuais do filme.
O filme foi elogiado por lançar um olhar feminino sobre o romance de Jane Austen.  A diretora é uma mulher, a roteirista (Eleanor Catton), também.  O olhar feminino fez a diferença em vários momentos, mas ao privilegiar o desejo pela ótica das mulheres, abriu mão de discutir questões que colocariam em evidência o quanto as possibilidades que elas tinham dentro daquele mundo eram limitadas.  Seria vitimização apresentar o dilema completo de Jane Fairfax, ou que ter um emprego para alguém de sua classe social era humilhante?  Não, porque isso está no original.  Ver Mr. Knightley em agonia amorosa, ou padecendo de um desejo sexual mal reprimido por Emma, é interessante, mas ignorar os temas sérios do livro é uma espécie de omissão em relação às novas gerações.  

Não era a mesma coisa ser mulher no início do século XIX e nos nossos dias.  Mesmo uma moça rica, como Emma, poderia ter  sua reputação manchada por um mau passo, ainda que seu dote pudesse mantê-la no mercado matrimonial.  Por isso, a trama de Frank Churchill enredando Emma e fazendo com que todos ao redor pudessem crer que ele tinha interesse pela moça, algo, aliás, sonhado por seu pai e sua madrasta, é algo tão ofensivo.  Por isso, não por mero ciúme, Mr. Knightley sofre e diz para Emma que "o tempo pode curar qualquer ferida", mesmo que ele não pareça muito certo disso, e a protagonista corre para explicar que nenhum dano foi feito, mas que ela se comportou mal e está arrependida.  


Mr. Knightley neste filme parece muito
mais jovem do que no livro.
Cada adaptação valoriza o que quiser, mas as escolhas feitas dizem muito sobre a época e o engajamento da produção em relação à certas questões.  Este novo Emma é politicamente neutro, no medida em que não discute, nem a condição das mulheres, nem as questões de classe.  Repetindo, isso está no original, o que se faz, normalmente, em um filme, por questões de tempo, é optar por um, ou por outro tema.  Enfim, não me cansarei de repetir que um filme histórico, e Emma, uma comédia de costumes, é um filme histórico, porque Jane Austen é muito precisa ao falar de sua época e seus costumes, diz mais sobre o presente, mais preocupado com as aparências e fugindo dos temas mais sérios e dolorosos, do que sobre o passado que deseja representar.  

Ao tirar o peso de certos temas, anulando as desigualdades existentes entre homens e mulheres dentro da mesma classe social, ele perde sua força evitando conduzir a uma reflexão sobre o passado e o quanto as mulheres ganharam com as lutas feministas de mais de um século.  De qualquer forma, como Frank Churchill não é tão terrível quanto em outras adaptações, sua leviandade existe, mas é pouco exposta por ela mesma.  Talvez, o traço de caráter desabonador mais evidente é o fato dele mentir para proteger seu noivado com Jane Fairfax, mas não vai muito além disso. E, claro, um dos temores da moça é que ele não cumprisse com sua palavra de cavalheiro.  Exatamente por causa disso, não consegui ter pena de Jane Fairfax como em outras adaptações, ou no livro, porque boa parte do tempo, fica parecendo que é o ciúme de Mr. Knightley (*e este filme se parece muito com a série de 1972 nesse aspecto*) que potencializa os defeitos do rapaz, enquanto o caráter de Frank Churchill é pouco trabalhado dentro da trama.


Mr. Elton consegue uma noiva rica e esnobe,
mas sem o refinamento que acredita ter.
Falando em outro homem do filme, o Mr. Elton dessa produção é teatral quando está diante de seu rebanho na igreja, uma caricatura mesmo, o que se entende porque a mão do filme para a comédia é pesada, mas ele parece uma pessoa perigosa, também.  A cena da carruagem, e eu fiquei passada com a forma descortês como os irmãos Knightley deixaram Emma para trás sem se importar com ela, sinalizou que o Mr. Elton desse filme não é somente um sujeito mesquinho e vingativo, mas que ele poderia se tornar violento.  

A humilhação foi grande, é verdade, ele parecia querer bater em Emma e, como não podia, claro, ele pede com violência que se pare a carruagem.  Mais tarde, no baile, ele é mostrado se alterando em público com a esposa esnobe.  O motivo é difícil saber, o filme não nos mostra, mas é um Mr. Elton um pouco diferente das outras adaptações, seja por causa do tom de humor, seja porque ele me parece um candidato em potencial a agressor de mulheres.  Pela lei inglesa da época, um homem poderia bater na própria esposa, não era crime, desde que o dano não fosse além da medida admitida no direito da época.


Um Mr. Woodhouse muito mais hipocondríaco,
 elegante e robusto do que em outras produções.
Outra personagem relevante na história, o pai de Emma, tem uma interpretação bem diferente do que se vê em todas as adaptações.  Ele não parece efetivamente frágil, nem depressivo, tampouco dependente da filha.  Ele é hipocondríaco, mas deve ter outro transtorno qualquer, talvez, TOC (*transtorno obsessivo compulsivo*).  Até por conta do tom do filme, Bill Nighy constrói um Mr. Woodhouse único.  O pai de Emma é elegante, ele tem um ar superior, mas, ao mesmo tempo, ele se mostra terno com a filha e com todos aqueles que ele deseja proteger. Ah, sim!  Ele é um tanto chantagista, também.  

Nessa versão de Emma, ele chega a pedir que a filha não o deixe, o que faz com que Emma se sinta culpada só de pensar em casar, ou viajar.  E há a questão dos biombos que ele manda colocar para se proteger do frio excessivo, do calor, que apontam que ele vive em seu próprio mundo.  Quando Emma e Mr. Knightley se acertam, essas divisórias móveis da casa terminam vindo bem a calhar, porque lhes dão certa privacidade.


Se você tem um músico no filme, o
coloque para tocar e cantar, claro!
Falo de Johnny Flynn agora?  Enfim, Mr. Knightley foi construído para parecer mais jovem do que a personagem era na realidade.  No livro, o vizinho de Emma é descrito como tendo 37, ou 38 anos.  Quando gravou o filme, Flynn deveria ter de 35 para 36 anos e passaria fácil por alguém com dez anos menos.  Em nenhum momento do filme é dito que ele é dezesseis anos mais velho que a heroína, ou ele diz que é seu superior por causa da diferença de idade, como acontece no livro.  A relação entre eles é muito mais horizontal do que em qualquer outra adaptação.  Alguns diriam que isso é bom, que é um Mr. Knightley para as novas gerações, eu afirmo que é retirar parte do sentido do original e mudar completamente a dinâmica da relação entre os dois, além, claro, de falsear as relações de gênero da época.

De qualquer forma, nunca se viu um Mr. Knightley mais malvado, deliciosamente cruel com a heroína.  Ele tem prazer em espicaçar Emma e isso fica evidente em todas as cenas.  Como os dois se relacionam como se estivessem no mesmo nível, isto é, como se ele não fosse homem e mais velho que ela, os dois chegam a discutir meio que aos gritos.  Faz sentido dentro do filme?  Sim, afinal, Mr. Knightley é quase um igual, quase, porque ele pode ir e vir o quanto quiser, enquanto Emma, não tem esse direito.  Por ser mulher?  Na lógica do filme, não, mas por causa do pai, a quem ama profundamente.


Quando ele passa a ver Frank Churchill como um
competidor, ele muda um pouco o seu comportamento.
Neste filme, na cena em que eles fazem as pazes depois da discussão sobre Harriet Smith, nunca se viu um bebê tão bonito e risonho em uma adaptação de Emma.  Explicando, Emma está com a sobrinha no colo, uma menininha que tem o seu nome, e Mr. Knightley vem pedir que voltem a ser amigos.  Seria ali que ele comentaria sobre a diferença de idade entre os dois e a maior capacidade de discernimento dele, mas as linhas do diálogo foram cortadas.  Mas, eis que precisavam fazer comédia, e o bebê faz algum barulho desagradável e começa uma correria.  Todo o encantamento da cena, que normalmente é muito bonita  e terna em qualquer adaptação, foi quebrada.  É a cena mais importante com a presença de John Knightley e Isabella.  

Uma das questões centrais do filme é o desejo (*sexual*) e ele se manifesta em mão dupla no caso de Mr. Knightley e Emma.  Ela começa a observá-lo no Crown Ball e, é preciso marcar isso, Mr. Knightley realmente estava em um canto com os homens mais velhos, sem dançar.  Quando Emma e Mr. Knightley dançam juntos, a cena é carregada desse desejo contido, é romântica e tem um quê de erótica sendo absolutamente casta, por assim dizer.  Os sentimentos que vão em turbilhão dentro dos dois, mais nele, verdade, que tem plena consciência do que está acontecendo, do que dela, que permanece inocente, faz com que o rapaz erre o passo da dança, porque, sim, é Mr. Knightley quem está guiando, ou assim deveria ser.


O piquenique em Box Hill.  Não consegui uma foto
aberta com todo mundo que estava lá.
Mas, a partir daí, o filme meio que exagera.  Houve pelo menos um artigo elogiando a vulnerabilidade de Mr. Knightley, o fato dele demonstrar suas emoções com tanta facilidade, de ser tão acessível.  O problema é que isso não casa nem com a personagem, nem com o que se exigiria de um homem nessa época.  Com um agravante, Mr. Knightley é, ou deveria ser, um homem adulto de quase quarenta anos e, não, um rapazola inexperiente.  O que ficaria perfeito em um Edward Ferrars de Razão e Sensibilidade, terminaria sendo ridículo em um Mr. Knightley.  E vejam que se pode mostrar a vulnerabilidade de um homem de várias formas, está aí Orgulho & Preconceito, a série (1995), ou o filme (2005), para provarem isso. 

Os comportamentos emocionais de Mr. Knightley podem ter agradado aos millenniums, mas a meu ver foram muito pouco adequados para o bom andamento da história, salvo se eu conseguir pensar que Mr. Knightley é um adolescente apaixonado e tendo que lidar com uma explosão de hormônios. E, depois do baile, ele entra em um frenesi que só se explica por uma quantidade enorme de libido contida.  Temos um clichê, que é fazer um exercício físico pesado, no caso dele uma corrida das mais estranhas, para tentar aplacar o desejo sexual e, a partir daí, certos acontecimentos se atropelam.  O filme juntou o baile, uma primeira tentativa frustrada (*inexistente no livro e em qualquer adaptação anterior*) de declaração por parte de Mr. Knightley e o incidente no qual Harriet é atacada pelos ciganos.  Mistura-se tudo e se cria uma situação na qual o mocinho crê que Emma esteja apaixonada por Frank Churchill.

Jane Fairfax sofre ao ver Frank flertando com Emma
e presenciar sua tia sendo ofendida pela mocinha.
O resto acontece como em qualquer adaptação de Emma.  Temos o piquenique em Box Hill, que se junta com a colheita de morangos.  Emma, instigada por Frank Churchill, é extremamente cruel com Miss Bates e Mr. Knightley a repreende.  Ele grita, ela grita, ele vai embora e ela chora.  É o ponto de virada do filme, pois, a partir desse ponto, Emma entende perfeitamente que o ama e o que pode ter perdido.  Mr. Knightley parte para Londres para não ver Emma ficar noiva de Frank Churchill, o que ele acreditaria que seria algo para breve.  

Aqui, o filme é econômico e não mostra Mr. Knightley na casa do irmão, nem a chegada da carta que precipita o seu retorno e declaração de amor.  Enfim, quando ele se declara nem parece que cavalgou 10 quilômetros para poder consolar a amada.  Mr. Knightley parece que saiu do banho. Enfim, eu nem vou reclamar disso, o que foi realmente complicado é que ele se declara aos prantos.  Repito, ele não é um adolescente inexperiente, é um homem adulto, de quase quarenta anos e senhor da sua vida.  Ele chora se declarando, ele chora no casamento e fiquei perversamente imaginando ele aos prantos na noite de núpcias, sério.  


Olha, não foi engraçado, foi grosseiro, especialmente,
porque eu sei o que significa esse recurso.
A cereja do bolo, no entanto, é que quando esperamos um beijo entre Knightley e Emma, depois que ele consegue se declarar entre fungadas e soluços, mas a mocinha tem um sangramento de nariz.  Enfim, quem está acostumado com desenhos animados (anime) e quadrinhos (mangá) japoneses, sangramento de nariz significa excitação sexual.  E ninguém venha me dizer que não é essa a mensagem, porque o filme inteiro se constrói em cima do desejo feminino e da libido masculina reprimida.  Ficou bonito?  Não.  Ficou romântico?  Também, não.  Foi surpreendente?  Sem dúvida alguma e, mais ainda, porque temos uma discussão logo a seguir roubando qualquer beleza de uma cena que é muito importante.  Definitivamente, uma inovação em termos de adaptação de Emma.  

Agora uma curiosidade: Por conta da resenha, que está sendo escrita desde sexta-feira, encontrei no canal Oxford Academic (Oxford University Press) do Youtube uma série de vídeos do Professor John Mullan, editor da publicação de Razão & Sensibilidade da editora.  Ele aborda uma série de temas, focando mais em Razão & Sensibilidade, claro, mas falando de Austen em geral (*Clique aqui para a playlist*), em um dos vídeos, ele fala que a maioria das declarações de amor que dão certo nas obras da autora são feitas ao ar livre, onde o mocinho, porque é ele quem tem que falar, não se sente tão seguro.  Quando ele está em algum espaço interno, protegido, certo que a mocinha irá aceitá-lo, ele normalmente fracassa.  Mr. Knightley no livro, ou em qualquer adaptação, não está seguro de que é amado por Emma e será aceito por ela, ele não tem certeza do afeto da amada.  No final das contas, tudo dá certo.


Você não precisa de sangramento de nariz
para falar de sexo sem falar de sexo.
Falando da já famosa cena de nu do Johnny Flynn no filme.  Primeira coisa, olhando o sujeito de perto, o achei bonitinho, ele tem uma boca bem sensual e interessante, mas nada disso tem importância na cena em si, porque não há nada de sexual nela.  Quando Mr. Knightley é despido e vestido por um criado, o que o filme deseja mostrar de forma didática é como esse processo era feito nos mínimos detalhes e que, no início do século XIX, raros eram os homens que usavam roupa e baixo.  Mr. Knightley, por exemplo, não usa.  Mais adiante, temos uma cena em que Emma levanta a saia para aquecer o bumbum na lareira.  Vemos, também, que ela não usa nada por baixo do vestido e das roupas internas.   Sim, era desse jeito. Esta cena igualmente nada tem de erótica. Agora, algo importante no filme, além do preciosismo em relação às vestimentas, é a presença dos criados.

Uma das questões que são muito bem marcadas neste filme são as diferenças de classe e que Emma, Mr. Knightley, todos eles, enfim, são pessoas privilegiadas.  Mr. Knightley pode ser um sujeito meio despojado, que prefere andar à cavalo e, não, em uma carruagem como um cavalheiro de sua condição deveria, mas ele é absolutamente dependente da criadagem para tudo.  E um mérito deste filme é mostrar os criados, alguns até tem nome, vejam só!  


Sempre teremos criados, ou criadas, nas cenas
em alguma ocupação, ou simplesmente lá.
Austen volta e meia é criticada por invisibilizar aqueles que são fundamentais para que as classes ociosas possam viver.  Neste novo Emma, assim como foi feito no filme da ITV de 1996, tentou-se mostrar que alguém sempre estava presente o tempo inteiro para que as personagens pudessem não ter que se preocupar com o que comer, ou mesmo que vestir-se a si mesmos.  Os criados e criadas estão lá o tempo inteiro provendo o bem estar de seus patrões, vestindo-os e despindo-os, mas eles são invisíveis.  Quase robóticos e o filme mostra bem isso ao coreografar a ação como se eles e elas fossem bonecos de corda, orbitando quem realmente tinha vida, seus patrões.

Essa invisibilidade fica evidente, por exemplo, na cena em que Knightley e Emma finalmente se beijam.  Os criados, um deles se chama Bartholomew (Angus Imrie), o outro, Charles (Edward Davis), estão lá, mas é como se não estivessem.  Eles não são vistos como gente como os patrões, que podem demonstrar afeto, se despir diante deles sem se preocupar com a sua presença, porque eles deveriam ser cegos, surdos e mudos em relação às suas indiscrições e intimidades.  Neste caso, o filme deixou claro que é um mundo de hierarquias.  E o charme estaria nisso, talvez, desde que você estivesse no andar de cima.  E, claro, no qual a ideia de privacidade tão cara à burguesia está ainda em construção, mas, de qualquer forma.  Trata-se de uma curiosidade interessante desta adaptação.


Esse sofá é assustadoramente longo.
Mas, de novo, tudo isso aparece sem uma critica qualquer ao sistema.  Não é como no caso do filme de 1996 da ITV, Robert Martin não olha com ódio para Emma e se curva somente por dever de classe.  Neste Emma, ainda que Mr. Knightley admita que julgou mal Harriet Smith, ela continua sendo sua inferior.  Não há nenhum questionamento a respeito disso.  E, mais ainda, tivemos um detalhe que me aborreceu mesmo.  Há o jantar na casa dos Cole, um casal de origem mercantil.  Emma só se faz presente, porque Frank Churchill estará lá.  OK, igual ao livro.  Mr. Knightley debocha dela inclusive por conseguir vencer seus preconceitos (*por causa das segundas intenções*).  Só que no livro, Emma descobre que os Cole são pessoas tão educadas e gentis quanto as pessoas de sua classe.  

Neste filme, Mr. Cole (Nicholas Burns) é o típico novo rico que não sabe o que dizer, o que perguntar e cria uma situação de constrangimento entre ele, Frank Churchill e Mr. Knightley.  Não estou pedindo discurso revolucionário, mas por qual motivo reforçar preconceitos, quando a própria Jane Austen não os endossou?  Aliás, isso acontece em Emma com os Cole e em Orgulho & Preconceito, quando Mr. Darcy é levado a admitir que os tios de Elizabeth são pessoas educadas e  refinadas, mesmo tendo uma origem bem mais humilde que a dele.  Estamos em 2020, qual o sentido em fazer piada para reforçar ideias discriminatórias a respeito de quem ascendeu socialmente pelo seu trabalho?  Por qual motivo se perdeu o original de vista exatamente aqui?

Emma admirando as obras de arte na casa de
Mr. Knightley parece uma menção à visita de Elizabeth
à Pemberley, em Orgulho & Preconceito.
Já me encaminhando para o fim, o filme é muito, muito, muito bonito visualmente falando.  De tão bonito que é, a gente tem dificuldade de focar na história.  E não é somente o figurino e me pergunto se existe o termo "fashion porn" (*não joguem essa expressão no Google, POR FAVOR!*), mas é isso.  Acredito que quem é da área, quem gosta de analisar o figurino dos filmes, seja interessados por história da moda, ou não, deve ficar inebriado.  Nem sei quantos vestidos Emma usou em menos de duas horas, é um deslumbramento e a  roupa das outras personagens também recebe atenção especial.  Só que é a comida, também, ela aparece várias vezes, é bonita, atraente e parece gostosa.  O filme é "food porn" de primeira para quem curte.  E tudo é luxuoso.  Em nenhuma produção de Emma anterior se investiu tanto em mostrar a grandiosidade das casas.  

Hartfield, residência de Emma, nunca pareceu tão grandiosa e tão bonita.  Donwell, propriedade de Mr. Knightley, é absurdamente grande a ponto de parecer assustadora.  A cena do sofá, por exemplo.  Alguém já viu um sofá daquele tamanho?  Como fiquei curiosa, fui procurar as locações.  Achei inclusive um artigo (*o site tem uma seção especializada em locações de cinema*) comparando Hartfield de 1996, filme com Gwyneth Paltrow, uma residência nobre, mas modesta, com a que foi usada neste filme, Firle Place (East Sussex), uma casa enorme.  


A casinha de Mr. Knightley.
No caso de Donwell, a escolha foi  Wilton House, uma propriedade que teve entre os seus arquitetos Hans Holbein the Younger e foi residência do Conde de Pembroke.  Vejam que não estou reclamando do filme, mas pensando somente que os ricos de Jane Austen nunca foram tão ricos, eles orbitavam abaixo da grande nobreza, ainda que alguns membros da gentry (*o grupo social de todas as personagens que circulam nos livros da autora*) pudessem ser mais ricos que duques, marqueses e condes.  Ficou bonito, mas não sei se era necessário.  

A parte em que temos a reunião para colher morangos (*que nem é citada nominalmente, mas está no filme*) e o piquenique de Box Hill foi usada para mostrar a casinha de Mr. Knightley seguindo os moldes do que foi feito em Orgulho & Preconceito, o livro e qualquer adaptação, quando Elizabeth e seus tios vão visitar a casa de Mr. Darcy sem saber que ele já estava voltando.  Ficou parecendo, inclusive, que a própria Emma nunca tinha feito uma visita, ou, pelo menos, não um tour completo pela propriedade do cunhado de sua irmã.


Um jantar íntimo na casa dos Weston.
Várias dessas casas nobres são locais de visitação, é uma das formas de as sustentar, pois são de cara manutenção, e, por isso, elas permanecem parcialmente abertas ao público.  Torná-las locação de filmes só serve para alimentar essas peregrinações e, sim, as casas do novo Emma merecem ser visitadas.  Se alguém tiver curiosidade, este site traz o mapa com a localização de todas elas em um mapa da Inglaterra.

Agora, curiosamente, talvez seja o filme que melhor retrata a pobreza em que Miss Bates e sua família vivem.  Nem a criada, porque toda adaptação sempre coloca pelo menos uma empregada na casa delas, existe no filme.  E a casa é pequena, apertada, e, diferente das demais locações que são claras, com cores brilhantes, as paredes e cortinas são escuras, usando cores frias.  O piano de Jane Fairfax ocupa boa parte do espaço da sala, inclusive.  Pelo menos nesta versão, não fica nenhuma dúvida de que Miss Bates, sua mãe e Jane são pobres, especialmente, porque os demais são muito ricos.


Eu precisava botar essa foto de Emma com este chapéu.
É isso e a última cena, quer dizer, a que vem imediatamente antes do casamento, é muito romântica, divertida e fofinha.  Desculpem um texto tão longo, não era realmente a minha intenção escrever tanto e deixei muita coisa de fora.  Em alguns momentos pode parecer que não gostei do filme, mas, sim, são quase duas horas agradáveis e é Austen, mesmo com esses acréscimos estranhos tomados de empréstimo da cultura pop japonesa.  A Bechdel Rule é cumprida, claro, sem problema.  Agora, e não me tomem como grosseira, eu fiquei angustiada com o Mr. Knghtley supostamente vulnerável.  

O moço é interessante, mas, definitivamente, não é a melhor representação de um cavalheiro daquele momento histórico, muitas lágrimas, muita angústia, muita libido acumulada.  E, sim, se ele desejava fazer sexo com Emma (*e há um vídeo do canal que eu citei sobre sexo em Jane Austen*), ele precisava se casar com ela, mas o sujeito parecia uma panela de pressão prestes a explodir em vários momentos.  Naquele mundo, cavalheiro, ou não, ele poderia se aliviar de outras formas, mesmo que não fosse o ideal, mesmo que Austen jamais escrevesse sobre esse tipo de coisa.  É isso, desculpem essa parte final, mas eu precisava escrever o que escrevi, porque decidiram colocar a questão do filme, mas tratando-a de uma forma muito idealizada, eu diria.  E nada contra ele se despindo das muitas roupas (*outra representação didática das várias camadas de roupa de um cavalheiro à época*) e se atirando frustrado no chão, a cena e interessante, mas somente como cena isolada, enfim.


4 pessoas comentaram:

Genteee...
QUE RESENHA INCRIVEL!!!
Eu não consegui parar de ler e concordo com 90% (se não 100) do que está escrito.

Resenha simplesmente fantástica. São quase 2h da manhã, eu deveria estar DORMINDO, mas tô aqui lendo KKKKKKKK
Você também ficou com a impressão de que sem ler o livro seria impossível compreender de verdade o filme??? Porque isso me ocorreu. Pareceu tudo muito rápido e mal explicado quando assisti pela primeira vez. Hoje assisti novamente, dessa vez com minha mãe, e ela disse que não gostou porque não entendeu nada (e, de fato, ela não leu Emma). Muitos dos aspectos que você cita eu sequer percebi que apareceram no filme, porque achei o ritmo frenético demais sem necessidade. ENFIMM, apenas um comentário pra complementar tua resenha incrível!!!

Ótima resenha. Assisti o filme no último sábado e gostei muito. Das outras versões de Emma só vi Clueless. Uma coisa que me intrigou, qual o porquê do filme ser grafado como 'Emma.', com ponto final? Alguém saberia dizer? Tem algo a ver com a história do filme ou do livro?

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