segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Exposição celebra os vinte e cinco anos de Sailor Moon na Itália + Artigo Traduzido do La Stampa

O Pro Shojo Spain postou o cartaz da exposição "Sailor Moon: 25 anni in Italia'.  A tradução é desnecessária, eu acredito.  Na Itália, Sailor Moon ( (美少女戦士セーラームーン) caiu no gosto dos fãs de anime, mangá, ou de meninas com super poderes tanto quanto em qualquer lugar do mundo.  Só que, na Itália, mesmo em ano de pandemia, alguns animes recebem uma atenção especial, por conta disso, uma exposição será aberta no dia 19 de setembro em Turin com 300 peças contando não somente a história da série japonesa, mas a sua influência na cultura italiana.  Sim, a influência cultural de Sailor Moon na Itália.  A exposição ficará aberta até o dia 10 de janeiro.  A página da exposição é esta aqui.

A partir do Tweet, fui atrás de informações sobre a exposição e tropecei em um artigo do La Stampa, um dos principais jornais do país comentando a exposição e a importância de Sailor Moon.  Tinha que traduzir, ele está logo abaixo:


Sailor Moon completa 25 anos: uma exposição para a precursora de Girl Power

TURIN. Duas adolescentes com grandes poderes enfrentam perigos imensos e uma história de amor nasce entre elas. São Rahne Sinclair, uma mutante com o poder de se transformar em lobisomem, e Danielle Moonstar, também mutante (os mutantes nascem com superpoderes que desenvolvem na adolescência) com a capacidade de visualizar os medos das pessoas, protagonistas de "The New Mutants" [1], o novo filme da Marvel nos cinemas a partir de 2 de setembro. Em nossos dias é bastante comum ver meninas com superpoderes que não são inferiores aos masculinos, aliás, às vezes até gays, mas em 1995, quando o anime "Sailor Moon" chegou à Itália, foi verdadeiramente revolucionário.

Os desenhos animados japoneses, que chegaram às nossas redes de televisão na segunda metade dos anos 70, já haviam quebrado muitos tabus nas séries infantis: da morte (onipresente em séries de robôs como "Grendizer"), ao sexo (bombas sexuais como Fujiko di "Lupin III"), mas finalmente vimos meninas heroicas, e sem disfarces como um homem como Lady Oscar.


A série, criada por Naoko Takeuchi em 1991, é centrada em Usagi Tsukino (Coelhinha na versão italiana), uma menina preguiçosa e descuidada de 14 anos que, graças ao encontro com a gata falante Luna, descobre que ela é Sailor Moon, a guerreira de amor e justiça, e mais tarde encontra seus companheiros de aventura: Sailor Mercury, Sailor Mars, Sailor Jupiter, Sailor Venus, Sailor Uranus, Sailor Netuno, entre outros, todos com uma fantasia de marinheiro inspirada nos uniformes de estudantes japoneses.

Criada por Naoko Takeuchi em 1991, a série chega à Itália em 21 de fevereiro de 1995. E agora o Mufant, o Museu do Fantástico e da Ficção Científica da via Reiss Romoli comemora na exposição "Sailor Moon: 25 anos na Itália", que estreia dia 19 de setembro no festival "Loving the Alien" (de 18 a 20), três dias dedicados a imagens fantásticas. O Mufant também dedicou uma estátua de três metros à Sailor Moon no parque.


A exposição tem curadoria de Silvia Casolari e Davide Monopoli do museu Mufant com a editora Nino Giordano, que trabalhou no relançamento italiano de Sailor Moon em 2010-2011, e a apaixonada curadora Leone Locatelli do heroica.it, um site dedicado a figuras femininas na cultura pop. E, na verdade, as Sailors foram as precursores do chamado Girl Power, que logo se espalharia para o Ocidente com heroínas de ação corajosas como Xena, a princesa guerreira, e Buffy, a caçadora de vampiros.

“O fenômeno das marinheiras guerreiras está ligado ao chamado feminismo da terceira onda, que defende que uma mulher pode ser poderosa e ter sucesso mantendo sua própria feminilidade, suas próprias contradições, ela não precisa necessariamente assumir características masculinas", [2] diz Locatelli. "As sailors são todas diferentes e multifacetadas, até contraditórias, e o feminismo da terceira onda também realça essa característica".


Além disso, Sailor Moon se tornou um ícone gay: “A comunidade LGBT sempre foi fascinada por personagens femininas fortes: Sailor Moon na vida cotidiana é indecisa e preguiçosa, mas quando ela luta, se transforma, ela nunca desiste. Além disso, a série tratou de temas LGBT com bastante antecedência, basta pensar na história de amor entre Sailor Urano e Sailor Netuno".

Na exposição estão também muitos brinquedos Sailor Moon, produzidos na Itália pela Giochi Preziosi, muito importantes para Locatelli: “A minha paixão por Sailor Moon nasceu quando vi a imagem de uma das guerreiras, Sailor Jupiter, numa caixa de brinquedos. Era 1995, eu ainda estava no jardim de infância, me apaixonei imediatamente pela personagem e fui para casa assistir o desenho animado. Eu era pequena e via as guerreiras da lua como se fossem irmãs mais velhas, que antes de mais nada me ensinaram a importância da amizade". 

[1] Não sabia que o filme "maldito" da Marvel, Novos Mutantes, tinha estreado finalmente.
[2] Eu diria que a Terceira Onda questiona a própria existência de papéis femininos e masculinos como algo fixo, natural.  Tratando gênero como uma espécie de performance social, conforme a Judith Butler.  Não é a ideia de que você pode agarrar a sua feminilidade e ser feliz com ela, como se houvesse o tal feminino imutável a ser alcançado e há toda uma associação do feminino que foi questionada e precisava ser rompida, também.

1 pessoas comentaram:

Que tudo essa exposição! Quem me dera poder ver isso de perto agora! E a trilha sonora fantástica desse anime? Amo muito.

Tirando o Japão e alguns países europeus, me pergunto se algum aqui da América Latina já fez semelhante produção.

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