segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Pela segunda vez na história do concurso, uma negra é eleita Miss Japão

À despeito de quaisquer críticas que eu possa escrever sobre concursos de beleza, o fato é que eles ajudam a reafirmar padrões de beleza, já tiveram mais importância, verdade, mas continuam acontecendo e recebendo alguma atenção.  Pois bem, o Japão é um país muito homogêneo em termos étnicos-raciais e o termo "haafu"(*de "half", metade em inglês*) normalmente é usado para ofender mestiços de japoneses com quaisquer outros povos e, claro, há uma escala de graduação nesse preconceito.  Enfim, este ano tivemos a segunda mulher negra, mestiça de pai ganês e mãe japonesa, eleita como a mulher mais bonita do Japão.

Aisha Harumi Tochigi já tinha participado do concurso no ano passado e ficado entre as cinco primeiras.  Tochigi é ativa em causas sociais tanto no Japão, quanto em Gana.  Em 2015, Ariana Miyamoto, filha de pai negro norte americano e mãe japonesa, venceu o concurso e sofreu vários ataques racistas e, também, recebeu muito apoio.  

Ainda falando de misses Japão mestiças, em 2016, Priyanka Yoshikawa, filha de mãe japonesa e pai indiano, foi a escolhida.  Está se tornando menos incomum que coisas assim aconteçam e isso é bom, porque normaliza o fato de que existem várias possibilidades de beleza e que nem todos os japoneses tem pele clara e cabelos lisos negros, ou castanho escuros.  Aliás, convido vocês a verem como esses padrões tem impacto nas regras impostas aos estudantes nas escolas, obrigando-os a apresentar atestados de que a cor de seu cabelo é natural, por exemplo, ou a pintá-los para se ajustar (*exemplo: 1 - 2*).  Se duvidar, há mais diversidade no Miss Japão do que em nosso concurso brasileiro.

Uma curiosidade do concurso este ano é que das cinco candidatas em melhor colocação somente uma não era "haafu", em segundo lugar tivemos a nipo-nigeriana Raimu Kaminashi, em terceiro, a nipo-filipina Yuki Sonoda, já a quarta colocada, Kilala Watanabe, era a única que não era birracial, em quinto veio a neozelandesa-japonesa Marina Little.

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