sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Comentando o resto da Segunda Temporada de A Discovery of Witches: A mocinha se torna uma poderosa bruxa muito mais rápido do que se tivesse ido para Hogwarts

Faz quase um mês que terminei de assistir a segunda temporada de A Discovery of Witches e estou desde então sem conseguir terminar esta resenha.  Demorei para terminar a temporada, também, porque fui ver que assisti ao episódio #1 em 20 de junho.  De lá para cá, fiz várias resenhas de Loki, estreou Kageki Shoujo (*e não resenhei ainda o último episódio*), comecei a ver Hilda Furacão (*que pretendo comentar em algum momento*), e, mais recentemente, estreou Nos Tempos do Imperador e tenho um monte de coisas pendentes aqui.  OK, antes que o texto se perca, preciso postá-lo.  Continuo achando a série ruim, mas um ruim que me fisgou.  Fazer o quê?  

Comecei a assistir por ter vampiros e o Matthew Goode, estou no lucro, porque pelo menos no quesito homem bonito e que sabe atuar, a série é uma riqueza.  Agora, a segunda temporada acabou sem que nada se resolvesse, não me decepcionou, só me deixou com vontade de assistir a terceira temporada que só estreia em 2022, mas que será a última.  AMÉM! Que fazer até lá?  Ler os livros.  O primeiro estava de graça para quem tem Kindle Unlimited, pena que só em português, mas já está comigo (*em quase um mês, mal andei nas páginas*).

Situando quem caiu aqui de pára-quedas, A Discovery of Witches é uma série baseada nos livros da historiadora e romancista Deborah Hakness, a trilogia All Souls (A Discovery of Witches, Shadow of Night, e The Book of Life) e que conta a história de Diana e Mathew, uma bruxa e um vampiro que se apaixonam em um mundo no qual os humanos convivem, mesmo que sem saber, com as chamadas criaturas (bruxas, demônios e vampiros).  Diana, que é historiadora, consegue pegar na biblioteca de Oxford o livo Ashmole 782, que estava desaparecido fazia séculos e termina por atrair a atenção de todas as criaturas.  O livro guarda importantes segredos e pode ser a chave para salvar vampiros, bruxas e demônios da extinção, porque com o passar dos séculos, os três grupos estão ficando cada vez mais fracos.  Já Mathew é um geneticista e com 1500 anos de idade, ele estuda as criaturas, a série se propõe (*Cóf! Cóf!*) a tentar explicar cientificamente o que não pode ser explicado.

Vampiros, bruxas e demônios criaram regulamentos para garantir a convivência e o segredo que são controladas pela Congregação.  Essas regras, no entanto, proíbem que as criaturas mantenham relações próximas, se casem e por aí vai.  Diana e Mathew estão transgredindo esses códigos.  Perseguidos, eles acabam fugindo para o passado, lá podem se esconder de seus perseguidores e tentar encontrar o livro.  Eles retornam para a Londres de 1590, onde Diana poderá aprender a usar sua magia, porém, o Mathew da época é um espião à serviço da Rainha Elizabeth (Barbara Marten), conhecido, também, por ser um assassino e torturador à serviço da Coroa Inglesa.

A segunda temporada da série tem dez episódios, a primeira teve oito, e, no passado, se passa em Londres, na França e na Boêmia (atual República Tcheca).  No presente, continuamos pulando principalmente da França, onde fica a propriedade ancestral dos Clermont, Sept-Tours, Veneza, sede da Congregação, e Londres.  Há uma parte na Finlândia por causa de Satu (Malin Buska), que volta para sua terra ancestral tentando restaurar seus poderes, mas é coisa rápida.  Em alguns momentos, a produção parece ser muito boa, acho as ruas de Londres no passado e no presente, de Veneza convincentes, mas uma cena, uma das melhores da temporada, no palácio de Elizabeth I me pareceu pobre, tudo muito vazio, sem mobiliário, sem nada.

Nesta segunda temporada são introduzidas uma série de personagens interessantes, algumas delas com participação importante na última temporada.  Gallowglass, o vampiro viking que é sobrinho de Mathew, tem uma grande participação e é sempre útil na hora de ajudar os protagonistas a saírem das encrencas em que se metem.  O ator que interpreta a personagem, Steven Cree, é super charmoso.  Aliás, a série oferece homens bonitos e charmosos em abundância, só isso já serve para segurar parte da atenção.  No grupo dos homens não charmosos, mas com um papel relevante, temos o Padre Hubbard (Paul Rhys), que foi transformado em vampiro durante a Peste Negra.

Hubbard é o vampiro mais poderoso de Londres e mantém o controle sobre a maioria das criaturas da cidade.  No início, ele parece um líder de seita sinistro e perigoso, mas com o passar dos capítulos percebemos que ele é um homem piedoso e que protege os necessitados e oferece a vida eterna aos que estão à beira da morte.  Ele e Philippe de Clermont tem um acordo, ele não se mete nos assuntos do clã e os Clermont respeitam o território de Hubbard.  Assim como todos na série, Hubbard fica fascinado por Diana e deseja colocá-la entre os seus protegidos, mas é obstruído por Mathew.

No passado, Diana consegue uma mestra, a simpática Goody Alsop (Sheila Hancock).  A anciã, que é uma das melhores coisas da temporada, sabia da vinda de Diana e lhe explica que ela é uma weaver (tecelã), um categoria especial de bruxa que é capaz de tecer feitiços.  As weaver normalmente só controlam um elemento, mas Diana domina todos eles.  De um começo pouco promissor, Diana evolui rápido nos seus poderes.  Inclusive descobrindo o seu familiar, uma espécie de patronus (Lembram de Harry Potter?) do universo criado por Deborah Harkness.  Mathew desconfia das bruxas e as bruxas dele, mas, com o tempo, aprendem a se respeitar e, claro, as bruxas estão curiosas a respeito de Diana.  

E a mocinha evolui com uma rapidez muito grande.  Isso já estava se desenhando na primeira temporada.  Não sei como acontece nos livros, mas Diana vai de alguém que não controlava seus poderes, que manifestava sua magia de forma desordenada e imprevisível para a maior bruxa de todas, a mais poderosa, que é capaz de pontuar alto em todas as competências possíveis desse mundo bruxo ficcional.  Tem familiar, faz feitiços, tem visões, é uma weaver, consegue viajar no tempo... Falando em viagem no tempo, realmente foi uma das abordagens mais sem noção que eu já vi do tema.  

Se não estiver errada, Mathew lançou seu eu sem grandes travas no futuro e não está nem um pouco preocupado, mesmo sabendo que ele pode causar grande dano no século XXI e trazer problemas para sua família. Enfim, esse "descuido" deveria ser algo imperdoável, mas deve passar batido. Aliás, como o episódio #8 foi praticamente todo centrado no presente, podemos ver bem  como a coisa vai escalando para um confronto que deve colocar fim à Congregação e levar a uma guerra.  Aliás, Philippe fala em uma guerra ocorrida no passado em um dos capítulos que aparece, mas, pelo que eu entendi, o conflito foi entre os vampiros mesmo e só.

Já tinha falado de William Cecil (Adrian Rawlins), ministro da Rainha Elizabeth, ele é o chefe de Mathew e apresentado como uma figura vilanesca e meio paranóica na série.  Mathew, cujo apelido é Shadow (Sombra), faz parte considerável do trabalho sujo para ele, mas o vampiro do futuro se sente mal com isso, fazia muito tempo que ele não torturava, ou matava pessoas.  Com as resistências e uma esposa bruxa, o vampiro atraia a atenção e acaba sendo convocado por seu pai a ir para a França se explicar.  Como teriam que ir até a Boêmia para tentar recuperar o livro, seria apenas um desvio.

Gallowglass não segue com Mathew e Diana na França, ele odeia o país, vai direto para o Sacro Império.  Há algo curioso nessa passagem pela França, porque os filmes e séries normalmente são negligentes nesse quesito, Diana monta atravessada na sela, como uma dama.  Ela é boa amazona, mas não tem costume de montar assim e sofre bastante até que Mathew lhe arruma calças (*Por que não fez isso antes?*) e ela se sente mais confortável para montar à cavaleiro.  Para quem não sabe, mulheres não usavam nada parecido com ceroulas, calcinhas, roupas de baixo, enfim, nessa época.  O cinema e a TV colocam, porque, bem, iria parecer estranho para o expectador médio ver a mocinha erguer as saias e estar completamente nua.

Falemos de Philippe.  Assim como sua esposa Ysabeau (Lindsay Duncan), ele é um vampiro impressionante.  James Purefoy passa uma dignidade enorme para o patriarca dos Clermont, além de ser ao mesmo tempo sarcástico e sexy.  Aliás, ele toca terror na vida de Mathew e Diana, muito mais para que o filho adotivo se posicione em relação à Diana.  Explicando, Mathew não tinha feito sexo com Diana até meados da segunda temporada.  Era muita bolinação e nenhuma finalização.  Ela cobrava, ele fugia.  A primeira coisa que Philippe faz é dizer que na casa dele eles não dormiriam juntos sem serem casados (!!!!!), porque o cheiro dos dois era distinto e ele sabia que nada tinha acontecido de definitivo entre os dois.  Pergunto-me se, na primeira temporada, Ysabeau mentiu para Diana.  O fato é que a protagonista fica irada com o sogro e o marido, que chega a dizer que, caso ela quisesse, poderia trocá-lo pelo pai (*Olha a ideia...*).  Acaba pagando caro por isso.

Enfim, não pensem que essa história de Philippe impedir os dois de dividirem o quarto é por motivos religiosos, porque é revelado que, apesar de estar do lado dos católicos nas guerras de religião francesa, ele é pagão.  E por onde anda Ysabeau?  Caçando bruxas.  Ela realmente detestava as bruxas, não tinha sido somente uma vingança pelo assassinato do marido pelas bruxas nazistas, como ficou parecendo na primeira temporada.  Sim, bruxas nazistas.  Nesta temporada é explorada, muito bem, aliás, a angústia de Philippe em saber que não estava vivo no futuro de onde o filho e a nora vieram e de Mathew que não quer de forma alguma contar para o pai o que aconteceu.  No fim das contas, Philippe consegue se apaziguar e manda uma carta para a esposa no futuro, o que é pressentido pelas tias bruxas de Diana, que estão abrigadas em Sept Tours.  Foi um dos pontos altos da temporada.

Philippe também consegue resolver o problema do filho com sua doença hereditária, a "blood rage", não sei como isso ficou em português.  Ysabeau é portadora, mas Mathew e sua irmã doida que apareceu nessa temporada, tem a doença, que os faz cometer uma série de assassinatos.  Segundo li em spoilers sobre os livros, a doença pode ser motivo para que um vampiro seja exterminado, já que ele, ou ela, não teria controle sobre seus atos quando em crise, Mathew só não rodou ainda por ser um Clermont.  Philippe, no entanto, cura Mathew, ou, pelo menos, mostra para ele que é possível controlar seus impulsos.  E Diana passa ajudar o marido, porque eles terminam se casando, a se controlar.  Em termos de figurino, e eu gosto bastante desse figurino século XVI do seriado, o ponto alto é o vestido de noiva de Diana.  Pode não ser perfeito para a época, mas é lindo.

Chegando na Boêmia, eles precisam se aproximar do excêntrico imperador Rudolf II (Michael Jibson), que já sabia que um dos espiões da Rainha Elizabeth estava chegando.  Essa parte da temporada foi menos interessante que as outras.  O imperador se sente seduzido por Diana, ele era obcecado com  o sobrenatural e sabe que ela é uma bruxa.  Até que consigam o livro, eles encontram com o rabino Loew (Anton Lesser), o Maharal of Prague, o maior sábio judeu da época, que estava semi-prisioneiro do imperador. Diana vai ser abordada por um sujeito elegante, gentil e bonito chamado Benjamin Fuchs (Jacob Ifan).  Mathew não o encontra, mas pelos spoilers que peguei dos livros, ele é um dos vilões da história e aparece em cenas do presente.  Só fui notá-lo depois.  De posse do livro e tendo arrumado uma grande confusão no Sacro-Império, eles retornam para Londres, mas não levam o escriba e alquimista Edward Kelley de volta, outro prisioneiro do imperador e quem estava de posse do livro para traduzi-lo.  Ele era a missão dada por Elizabeth para Mathew, ela o queria de volta.

Nesse retorno para Londres, Mathew tem que se explicar para a rainha e temos uma das melhores cenas da temporada.  Elizabeth I angustiada com o futuro do reino, aparentando estar um tanto paranoica, ela é acalmada por Mathew que conta que ela se tornou a maior dos monarcas da Inglaterra e que, no futuro, seu reino está seguro.  Vista isoladamente, foi um grande momento de Mathew Goode e de  Barbara Marten.  Fica evidente que ela o conhece desde a infância e que ele é tanto um súdito, quanto um amigo.  De resto, parece que metade de Londres percebeu que o Mathew que está no passado não é o vampiro, mas alguém que veio do futuro.

O texto ficou enorme, mas ainda temos alguns surtos de blood rage de Mathew, principalmente quando ele quase acaba com Kitty e sua irmã por terem tentado matar Diana.  A mocinha consegue ajudá-lo a se estabilizar.  A bruxa termina seu treinamento e reencontra seu pai (David Newman), que também é um time walker.  É um momento importante da série, mas ainda prefiro a cena de Mathew com Elizabeth.  O pai de Diana, um antropólogo, convence a filha e o genro a deixarem o livro no passado, porque seria errado levá-lo para o presente.  Olha, depois desse esforço todo, como assim?  Mas eles deixaram o livro, mais uma vez um historiador passando vergonha na ficção, por assim dizer.

Um momento difícil para Diana e Mathew é deixar para traz o menino Jack, que eles haviam acolhido, evidenciando que tanto o vampiro, quanto Diana, tem o intenso desejo de terem um/a filho/a.  Ela consegue que Padre Hubbard proteja o menino ao lhe dar uma gota de seu sangue.  Só que isso não vai terminar bem por causa de Benjamin Fuchs, mas ele é problema para a próxima temporada.  Aliás, Domenico quase é morto e não acredito que o vampiro que está matando gente em Londres seja o Mathew do passado, não.  De resto, Diana engravida.  Sim, engravida de um vampiro.  No livro, pelo que eu vi dos spoilers, ela engravida duas vezes, perde o primeiro bebê e mantém a segunda gravidez.  Na série, é uma  vez só e é algo absolutamente inesperado para as personagens, porque estava mais do que na cara que era o que iria acontecer.

Já no finalzinho da temporada, e eu deixei de comentar muita coisa, uma das tias de Diana, que tinha invocado o espírito da mãe da mocinha, é morta por Peter Knox (Owen Teale).  Ela estava fazendo um ritual exatamente no templo pagão onde Philippe acolhera Diana como filha e fizera mágica, apesar de ser um vampiro.  Quando a série termina, Diana se tornou uma bruxa muito poderosa, mas eles não retornaram ainda, mas há uma galera em Sept Tours (vampiros, bruxas, demônios e até a namorada humana de Marcus) e tudo vai ficar para a terceira temporada.  Já no finalzinho dela, há uma cena pretensamente romântica em que Mathew lê as memórias de Diana ao sugar seu sangue e a moça diz que pode fazer  mesmo com um feitiço chamado beijo de bruxa.  Imagina absorver 1530 anos de memórias?  Achei a cena bem ruim mesmo.  Outra coisa muito ruim, os demônios serem tão fracos quanto os humanos, eles nada têm de especial.  E acabou, ou eu jogo esse texto fora e não o publico mais.  

1 pessoas comentaram:

Nos livros, essa questão dos poderes de Diana é melhor explicada, por que ela sofre liberou poder em algum grau e aos poucos esses poderes vão sendo liberados e ela aprende aos controlar devagar. Também lá,os demônios, tem como característica especial a "criatividade" - eles são inteligentes e doidinhos numa vibe ultraromantica, mas é só isso mesmo

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