quarta-feira, 27 de abril de 2022

Comentando Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (EUA/2021) ou tudo o que você precisa às vezes é um bom fanservice!

Anteontem e ontem, sim, em duas partes mesmo, finalmente assisti ao filme Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (Spider-Man: No Way Home).  O que dizer do filme?  Longe de ser um filme perfeito, ou o melhor filme de super-herói que eu já vi, mas, talvez, tenha sido o mais delicioso.  É uma armadilha mesmo, cheio de nostalgia, momentos muito simpáticos e engraçados, TRÊS HOMENS-ARANHAS e vários vilões, além de um final de cortar o coração.  E a gente fica querendo saber o que será de Peter Parker, o do Tom Holland, ou se teremos mais material com os outros Homens-Aranhas.  Era exatamente o que eu precisava assistir nesse momento.  Simples assim.  Filme de herói é para divertir mesmo.  Vamos para o resumo!

Ao final do segundo filme, Longe de Casa, Mysterio (Jake Gyllenhaal), o vilão da vez, revelou para o mundo a identidade do Homem-Aranha (Tom Holland) e o acusou de crimes que ele mesmo cometera.  Todos sabem que Peter Parker é o super-herói e isso termina causando problemas para todos que convivem com ele e podem atrapalhar o futuro de sua namorada, MJ (Zendaya), e seu melhor amigo, Ned (Jacob Batalon).  Tentando resolver a situação, Peter Parker procura a ajuda do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para fazer com que as pessoas esqueçam a identidade do Homem-Aranha. No entanto, Peter quer interferir no feitiço lançado pelo Doutor Estranho, quer exceções para o esquecimento, e a magia termina sendo corrompida e vários convidados indesejados começam a aparecer em seu universo, fora isso, a própria estrutura com Multiverso parece ameaçada porque suas regras foram rompidas.

Eu gosto muito do Homem-Aranha do Tom Holland, mais do que as versões anteriores e já tive atritos com meu marido, fã assumido do Tobey Maguire, por causa disso.  É ridículo, mas dois velhos nerds cabeçudos gastam muito do seu tempo juntos discutindo esse tipo de coisa.  Um casamento não se mantém por vinte anos se a gente não tem vícios em comum.  Muito bem, esperei ansiosamente por este novo filme, mas a pandemia me impediu de vê-lo no cinema.  As sessões estariam cheias e eu não queria me arriscar e ainda poder contaminar minha família.  Cheguei a olhar um camrip muito ruim só para poder ver o que eu estava perdendo.  Mas não havia remédio, tive que esperar.

Ainda assim, foi emocionante rever os dois Homens-Aranhas anteriores e os vilões.  Eu nunca vi o terceiro filme com o Tobey Maguire, nem o segundo com o Andrew Garfield, só passei a apreciá-lo como ator muito tempo depois e nem resenhei o primeiro filme no blog.  Ainda assim, foi muito divertido - a palavra se aplica ao filme inteiro - ver os três Aranhas reunidos.  Foi legal quando o Electro (Jamie Foxx) disse para o Peter de Garfield que sempre imaginou que ele era um garoto negro por baixo da máscara.  Daí, Garfield, que de longe parecia ser o Homem-Aranha mais emotivo, responde que deve haver uma versão negra do herói em algum universo.  Era uma referência direta a Aranhaverso.  

Esta interação entre os Homens-Aranhas, as piadinhas, as referências, a comparação entre eles, vide o caso de como cada uma das versões lança suas teias, a dor pela perda de alguém querido, torna o filme muito especial.  O reencontro com os vilões, destaque para o Duende Verde (Willem Dafoe) e o Dr. Octopus (Alfred Molina), e vê-los descobrindo que estavam encontrando com um outro Peter, algumas cenas foram muito boas.  O roteiro tem falhas, mas o bom elenco, a nostalgia, o humor, esconde bem os defeitos aqui e ali.  Por exemplo, o filme é muito escuro e não pelo fato de ser sombrio, ele não é, ou não é o tempo inteiro, trata-se de uma forma de esconder imperfeições, em especial, nas cenas de batalha.

Vamos aos fatos, este terceiro filme é melhor que o segundo e mesmo mantendo certa continuidade, pode ser assistido só com a informação inicial de que a identidade do Homem-Aranha é de domínio público.  Há todo um investimento do roteiro em mostrar o drama de Peter Parker e como a revelação impactou a vida de seus amigos.  Daí, ele parte para sua visita ao Doutor Estranho.  O pedido de ajuda precipitado e a tentativa de intervir para que nem todo mundo esqueça dele.  Venhamos e convenhamos, era uma magia bem problemática.  

Quando o Doutor Estranho e Peter descobrem que algo deu MUITO errado, que o mago mexeu com o que não devia, o Multiverso, que já tínhamos visto em Wanda Vision e Loki (*há resenhas no blog*), acontece o grande problema de consistência do roteiro a meu ver, o Peter de Holland quer salvar os vilões e vai tentar neutralizar o Doutor Estranho para conseguir isso.  Sim, há todo o investimento no fato de que Peter Parker tem bom coração e que super-heróis, esses como o Homem-Aranha, salvam pessoas, não as matam, me pareceu uma escolha complicada depois de tudo o que o herói viu e passou durante a saga de Thanos (*1 - 2*).  Pareceu que tínhamos de novo o Peter inocente do primeiro filme.

Enfim, eu posso comprar fácil a brincadeira, porque o filme me pareceu agradável e tudo foi muito divertido, mas o fanservice, repito, não consegue esconder essas escolhas problemáticas de roteiro.  O fato é que Peter arrisca vários universos, e ele estava ciente, pelo menos em teoria, do que se tratava o Multiverso desde o segundo filme, para fazer o bem, se negando a aceitar o destino cruel dos vilões.  Não seria prudente, ainda assim, é neste caminho que o filme segue, explorando o humor e o drama e oferecendo um final bem emocionante para a audiência.  

Deve ter sido muito legal assistir Homem-Aranha: Sem Volta para Casa no cinema.  Imagino a vibração da audiência em algumas cenas.  E fiquei com vontade de dar uma segunda chance ao Homem-Aranha de Andrew Garfield.  Aliás, ter mais material juntando aranhas de universos diferentes, seria muito interessante e, imagino, muito lucrativo.  E, sim, Matt Murdock!  Adorei a participação da personagem, também.  Não vi a série da Netflix com Charlie Cox, mas me deu vontade de ir atrás dela e torço para, de repente, o Disney + investir em mais material do Demolidor.

Benedict Cumberbatch não roubou o filme, houve quem temesse isso, mas sua presença foi fundamental para fazer a história andar.  Fora isso, ele estava muito bonito como Doutor Estranho.  A última cena pós-créditos do filme antecipa Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, que estreia na semana que vem, ao colocar o herói indo procurar Wanda.  Eu quero muito poder ver este filme no cinema.  Não sei se irei conseguir, mas, pelo menos, vou tentar ver o material necessário para compreender a película.  O MCU (Marvel Cinematic Universe) é todo interligado e, agora, inclui as séries do Disney +.

Como estamos em um site feminista, preciso falar das personagens femininas.  A Bechdel Rule não se cumpre.  A Tia May de Marisa Tomei estava lá para dizer a frase "Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades" e cumprir seu destino para que o herói pudesse crescer.  Sim, personagens femininas são mortas, ou sofrem para que alguma personagem feminina seja impulsionada.  Clichê.  E os Aranhas conversam sobre suas perdas e suas dores.  Cabe ao Peter de Tom Holland aprender a lidar com as deles.  Já a MJ de Zendaya é ótima como foi nos filmes anteriores, mas sua função maior é ser a namorada do herói e Peter precisa escolher entre seus interesses pessoais e salvar os muitos universos.  Vocês sabem o que ele irá preferir.

Fora isso, eu não imaginava que os boatos de que teríamos os três Homem-Aranha em cena se concretizasse.  Só este detalhe já tornou o filme um evento e muito mais legal do que eu jamais poderia imaginar.  E, sim, vivemos tempos tão tristes que eu não vou ficar reclamando de fanservice ou furos de roteiro, eu quero material que alivie a minha tensão cotidiana, que me faça rir, que me emocione até, porque eu consegui chegar a isso, mesmo sabendo que trata-se de um filme meticulosamente planejado para a catarse, para provocar um turbilhão de emoções conflitantes. O nome disso é escapismo e este filme se encaixou como uma luva nas minhas necessidades do momento.  Eu compraria o Blu-ray, porque tenho os outros, mas nem sei se irão lançar no mercado brasileiro.

Concluindo, é bom ver que não roubaram o último filme do Homem-Aranha como fizeram com o do Capitão América (*Guerra Civil é um filme dos Vingadores*), no caso de Sem Volta para Casa, ter mais, muito mais gente, foi muito positivo para o crescimento do Peter Parker do Tom Holland.  Resta saber se teremos mais filmes live action com ele, como a coisa será conduzida, se pela Disney-Marvel ou pela Sony.  Se a coisa já ficou resolvida, eu não fui pesquisar, confesso.  Sei que há muito material do Aranhaverso em produção, desde desenhos até filmes.  Como um dos super-heróis mais populares de todos os tempos, o Homem-Aranha estará entre nós durante muito tempo e, com certeza, trazendo muito lucro para todos os envolvidos.


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