Em 1981, durante o Primeiro Encontro Feminista da América Latina e Caribe, realizado em Bogotá, foi estabelecida a data de 25 de novembro como Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres. Trata-se do ponto de início de uma campanha que termina no dia 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos.
A data foi instituída em memória das irmãs Minerva, Pátria e Maria Tereza Mirabal, chamadas de “Las Mariposas”, em 25 de novembro de 1960, pela ditadura de Trujillo, que governava com mão de ferro a República Dominicana. Falei delas aqui.
Esta data é muito importante como um alerta e para a mobilização da sociedade civil e dos Estados. E, aqui, cabe destacar que, no dia 14, a ONU votou uma resolução pela erradicação da violência contra as mulheres. O Afeganistão não estava presente (*por motivos compreensíveis*), houve treze abstenções (*incluindo no grupo Rússia, Coreia do Norte e Irã*) e a Argentina votou contra. Foi o único país. Pense em uma nação que assume uma posição contrária à erradicação da violência contra as mulheres. Sim, existe.
Na verdade, com a ascensão da extrema-direita, os direitos das mulheres estão em risco e não por causa das mulheres trans, alvo preferencial das lideranças extremistas, mas em virtude da misoginia inerente a essa corrente política. Por isso mesmo, o governo Milei, que abraça integralmente o pior do discurso extremista de direita, se posicionar de forma tão clara e desavergonhada, inclusive, perseguindo e difamando as escritoras do país. Sim, censura baseada em pânico moral, não se enganem com esse papo de liberdade.
No Brasil, temos recordes de feminicídio. Dia sim, outro também, a gente abre a internet e vai contando os casos. Quer um exemplo? Veja o caso da empresária morta pelo ex com cinco tiros na rua 25 de Março, em São Paulo. No meio da rua mesmo. Hoje, há uma matéria no Correio Braziliense com o seguinte título "17 milhões de brasileiras já viveram ou vivem risco de feminicídio". Duas em cada dez mulheres já foram ameaçadas de morte pelo companheiro. Somos o quinto país do mundo em número de feminicídios. Claro, a gente está contando as vítimas, há países que não contam. Ainda no CB, há outra matéria que diz que "85% das mulheres negras que sofrem violência doméstica convivem com seus agressores". Com filhos, sem renda ou recebendo muito pouco, essas mulheres não tem para onde ir, nem uma rede de apoio.
Houve um ano em que eu fiz um post por dia, até o dia 10 de dezembro, mostrando como a violência contra mulheres e meninas é algo real. Não sei se consigo fazer isso de novo, seja por não ter estômago, seja por não ter tempo, mas gostaria de marcar a data e sua importância. Não pensem que estamos avançando em relação aos direitos das mulheres, na verdade, há uma guerra aberta contra nós e vivemos, sim, um momento de backlash, isto é, de retrocesso.
1 pessoas comentaram:
1. Não publico comentários de mulheres cis que destilam ódio contra mulheres trans.
2. Não permito promoção de perfis que propaguem esse tipo de ódio.
3. Conheço muito bem a Gerda Lerner, meu doutorado é em estudos feministas e de gênero. Tenho vários livro dela em minha biblioteca pessoal e duvido que ela concordasse com essas ideias discriminatórias, violentas, anticientíficas que esse tipo de gente defende.
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