sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

JBC anuncia They Were Eleven: Hagio Moto finalmente no Brasil!

Faz uns 15 anos pelo menos, provavelmente mais, que eu escrevo neste blog que o melhor cartão de visitas para Hagio Moto no Brasil seria Juuichinin Iru! (11人いる!) ou They Were Eleven!, seu título internacional. Muito bem, a JBC acabou de anunciar a série na CCXP, o maior evento de cultura pop brasileiro (*talvez, da América Latina*), que ocorre em São Paulo até este domingo.

Para quem não sabe, They Were Eleven!  é um mangá de ficção científica em volume único, publicada por Hagio Moto na revista Betsucomi em 1975.  A história se passa em um futuro distante no qual membros das mais diferentes nações da galáxia almejam ser aprovados na Academia Cosmo.  O protagonista, Tadatos Lane, um órfão de Terra (*que não é o nosso planeta especificamente, mas um império construído a partir dele*) com poderes extrassensoriais. O estágio final do exame de admissão da academia é uma simulação de missão perigosa a bordo de uma nave estelar abandonada. 

Os candidatos partem para as naves em grupos de dez, mas quando a tripulação de Tada chega na Esperanza, eles ficam horrorizados ao descobrir que agora são onze. Conforme o teste avança, as coisas dão errado e a atmosfera fica cada vez mais tensa. Os membros da tripulação começam a suspeitar de sabotagem, e Tada parece ser o provável culpado.

Em They Were Eleven!, Hagio Moto desenvolve uma trama que tem mistério, um estado de tensão permanente, um ambiente de ficção científica, gênero no qual ela iria investir mais de uma vez no futuro, crível, mas, algo muito importante, discussões sobre papéis femininos e masculinos.  Todos os candidatos naquela nave seriam homens, mas um deles, Frolbericheri Frol (Frol), talvez não seja.  É explicado que no mundo de Frol, todas as crianças nascem sem que seu sexo biológico seja determinado, são educadas da mesma maneira até que, ao entrarem na puberdade, será revelado se são meninos ou meninas.  Caso sejam meninos, há várias possibilidades diante deles, caso sejam meninas, só existe uma, o casamento, talvez, poligâmico e uma vida de servidão.

Frol, caçula de sua família, não quer ter o destino de suas irmãs, conseguir a aprovação na Academia Cosmo seria uma distinção que nenhum dos membros de sua família poderia ostentar.  O problema é que Frol sabia que seu corpo estava mudando e que ele não era ele, mas ela.  Frol rejeita qualquer coisa que seja visto como feminino e, aos seus olhos, Tada, que é inegavelmente homem em sua sociedade, seria um exemplar masculino defeituoso e que ofenderia as suas sensibilidades.  Só que não é bem essa a questão... E há pelo menos mais uma personagem na tripulação, Vidminer Knume (Knu), que não é necessariamente masculino, ou feminino, mas cuja cultura lê essas identidades de outra forma.

They Were Eleven!, junto com Poe no Ichizuku (ポーの一族), que é da mesma autora, venceu o 21º Shogakukan Manga Award na categoria shoujo/shounen (*era uma só*), quando da sua criação, em 1975.  They Were Eleven! teve um gaiden e uma continuação (Zoku 11-nin Iru!: Higashi no Chihei, Nishi no Towa), além de várias peças de teatro, um filme live action (1977) e um filme de animação (1986), que eu assisti muito tempo atrás.  

Na Wikipedia em japonês, é informado que parte do design mecânico da série foi feito com a ajuda de um assistente de Leiji Matsumoto.  Outro dado é que Hagio Moto admitiu que se inspirou na coletânea de histórias infantis Zashiki bokko no hanashi (ざしき童子のはなし), de Kenji Miyazawa, acredito que em um conto específico, mas não consegui descobrir, para compor They Were Eleven!

Enfim, estou realmente muito feliz com a novidade.  Eu sabia que Hagio Moto viria, era questão de tempo, mas ser They Were Eleven! tem um sabor especial.  Espero que abra caminho para outras obras da autora, inclusive, um dos seus mangás mais lembrados e celebrados, O Coração de Thomas (Thomas no Shinzou/トーマの心臓).  Agora, é esperar o lançamento.  E, para quem quiser, o anime de They Were Eleven! está no Youtube.  Qualidade ruim, legendas em inglês.  Tem dublado em inglês, também, claro.

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