sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Como fizemos Orgulho e Preconceito: a camisa molhada, o caso secreto e a banheira de hidromassagem (Artigo traduzido)

Ainda dentro das comemorações dos 250 anos de Jane Austen e dos 30 anos da série Orgulho & Preconceito da BBC decidi traduzir o artigo do The Times chamado "How we made Pride and Prejudice: the wet shirt, the secret affair and the hot tub".  O artigo é de 12 de setembro e a série estreou em 24 de setembro de 1995.  Há pequenas entrevistas, a mais importante com Andrew Davies, que mostra que seus surtos com sexo vêm de longe e a gente agradece quando há produtora ou diretor/a segurando o sujeito ou ainda um ator se recusando a fazer certas coisas.  Outros entrevistados são Crispin Bonham-Carter (Mr. Bingley), que  diz vir de uma família rica, mas deixou de ser ator para ter como pagar as contas; Adrian Lukis (Mr Wickham) que conta das "loucas" aventuras com Colin Firth dentro e fora do set de filmegem; Lucy Briers (Mary Bennet), que reflete sobre como gostou de ser Mary Bennet, mas que isso acabou a deixando presa a um determinaod tipo de papel; e Susannah Harker (Jane Bennet), que fala com muita melancolia de como as atrizes mais velhas tem poucos papéis realmente bons a disposição.  Não sabia (*ou lembrava*), mas a mãe dela foi Jane em Orgulho & Preconceito, 1967.  Ela fala de que se sentia como dando continuidade a um legado.  

Enfim, é uma boa matéria, mas é ridículo o Andrew Davis delirando com sexo e como sexualizar suas produções de época e atacando Bridgerton. Ele é  muito cara de pau e, mais  uma vez, fala de seu sonho de fazer uma adaptação apimentada de mansfield Park.  Só lembrando, como sempre tento fazer, mantive a estrutura do artigo original e o link para ele está lá em cima.  Segue a tradução: 

Como fizemos Orgulho e Preconceito: a camisa molhada, o caso secreto e a banheira de hidromassagem

Quando a adaptação da BBC da obra de Jane Austen completa 30 anos, seu elenco e criador, Andrew Davies, relembram as paqueras, as brigas — e as festas de jacuzzi com nudismo,

Jennifer Ehle and Colin Firth in Pride and Prejudice

Blanca Schofield
Sexta-feira, 12 de setembro de 2025, 23h30, The Times

Deveria ser uma verdade universalmente reconhecida que a minissérie "Orgulho e Preconceito" da BBC1, em seis partes, que estreou em 24 de setembro de 1995, é a melhor adaptação de um clássico até hoje. Ela lançou a carreira de Colin Firth como astro de Hollywood e o catapultou (com alguma relutância) ao status de galã, em grande parte graças à sua cena da camisa molhada. E mudou a indústria da TV: até então, os produtores relutavam em produzir dramas de época, uma estratégia que abandonaram quando "Orgulho e Preconceito" atraiu mais de dez milhões de telespectadores e vendas sem precedentes em VHS. Para o bem ou para o mal (falaremos mais sobre isso adiante), não haveria Bridgerton sem ela.

A chave, como o roteirista Andrew Davies admite com orgulho, era o sexo. Não o sexo explícito, mas o sexo natural, com gratificação adiada. O que são lingerie e nudez frontal em comparação com as caminhadas e o rubor de Elizabeth Bennet pelos bosques? E no 250º aniversário do nascimento de Jane Austen, as adaptações de Orgulho e Preconceito continuam a surgir. Uma nova versão em áudio, estrelada por Harris Dickinson e Marisa Abela, está disponível no Audible, e a série de Dolly Alderton para a Netflix chega em breve.

Aqui, Davies e o elenco revelam o que aconteceu durante as filmagens da série de 1995 — incluindo muitas fofocas.

Andrew Davies, escritor

Andrew Davies: "Eu coloquei 'Darcy está com uma ereção' nas anotações para a cena do lago."

Orgulho e Preconceito é meu romance favorito. É como um conto de fadas, mas também é muito inteligente. É engraçado e tem possivelmente a heroína mais cativante de toda a literatura inglesa. Elizabeth Bennet é o tipo de pessoa que você gostaria de ter como amiga. A trama funciona como um relógio suíço: tudo se encaixa perfeitamente.

Sue Birtwistle [a produtora] e eu tínhamos conversado sobre Orgulho e Preconceito e como ele é um romance sensual, o que é um paradoxo, já que não há sexo explícito. O motor da trama é o desejo de Darcy por Elizabeth. Ele a deseja antes mesmo de gostar dela. Estávamos assistindo a uma adaptação de A Abadia de Northanger feita por outra pessoa, e Sue se inclinou para mim e disse: "O que você e eu deveríamos fazer é uma adaptação bem sensual de Orgulho e Preconceito". E foi assim que tudo começou.

Comecei a conversar com jornalistas sobre isso antes mesmo de terminar de escrever. [Então] o Daily Mail ligou para vários bispos e figuras da sociedade ligadas a Jane Austen e disse: “Andrew Davies quer escrever uma versão pornográfica de Orgulho e Preconceito, vocês não estão chocados?” Então, a série recebeu bastante publicidade negativa antes mesmo de ser concluída. Mas despertou o interesse das pessoas, então muita gente assistiu e gostou, mesmo não sendo explicitamente sensual.

Nunca me senti tentada a explicitar isso porque existe algo na expectativa. O problema com as coisas modernas é: o que impede que eles vão para a cama imediatamente? E aí, para onde vai a história? Para onde vai o suspense? Detesto Bridgerton. É profundamente ridículo. Boa sorte para a série, eu não a prejudicaria — como diria minha sogra sobre coisas de que não gostava particularmente.

Eu coloquei "Darcy está com uma ereção" nas anotações para a cena do lago. Era para ajudar o ator. Não quis dizer que a câmera deveria mostrar as calças dele, apenas que ele de repente se dá conta de como está a fim de Elizabeth. Me fez rir escrever isso e achei que o ator também poderia achar graça. Tivemos uma pequena discussão sobre se Darcy deveria estar usando alguma roupa ao mergulhar no lago, porque naquela época os homens costumavam tomar banho nus. Sue, e acho que Colin, não queriam fazer assim, e Sue ganhou a discussão. Acho que ela pensou que isso deixaria o resultado mais sensual. Suspeito que Colin não estivesse totalmente satisfeito com a aparência do seu corpo sem roupa, porque isso foi antes da época em que os atores malhavam três horas por dia na academia.

Colin Firth como Mr. Darcy na cena do banho

Acho que tive uma grande influência nas adaptações modernas. Orgulho e Preconceito continua ótimo até hoje. Ninguém queria fazer dramas clássicos naquela época. Era terrivelmente difícil convencer as pessoas a sequer considerarem a ideia. Sue tentou vendê-la para a ITV — ela disse a Nick Elliott, que era o chefe de dramaturgia, que tinha um livro fantástico sobre um homem com cinco filhas, todas cheias de hormônios, e que ele só queria casá-las antes que começassem a ter filhos fora do casamento. Nick, que tinha quatro filhas, pensou: "Este é o tipo de drama que eu gostaria de ver" e perguntou: "Vocês têm os direitos? Podemos conhecer o autor?" — momento em que Sue teve que confessar que era Jane Austen. Mas [Eliott] ainda encomendou três dos seis episódios. Só que aí o chefe dele decidiu que não era o tipo de coisa que a ITV faria. Então levamos a ideia para Michael Wearing, da BBC, que disse: "Se vocês fizerem Middlemarch primeiro, eu deixo vocês fazerem Orgulho e Preconceito". Eu fiz isso, e depois fizemos Orgulho e Preconceito, que teve dez milhões de espectadores, e minha carreira mudou completamente.

A única ressalva que eu tinha em relação a Colin Firth era a cor do cabelo dele, que era loiro a ruivo quando ele participou da adaptação de "Circle of Friends" que eu escrevi [em 1995]. Eu achava que Darcy tinha que ser moreno e melancólico. Sue disse: "Vamos fazê-lo pintar o cabelo", e ele gostou e manteve a cor. Ele sempre se considerou um ator de personagens, e não um protagonista, e acabou ficando meio preso ao papel de Darcy. Depois, quando "Bridget Jones" estreou, ele foi escalado como Mark Darcy, então foi culpa dele se ficou com esse papel.

Todo mundo parece saber agora que Colin ajudava Jennifer Ehle [que interpretava Elizabeth Bennet] com as falas diariamente. Acho que eles estavam apaixonados. Sue me contou que, quando descobriu, chamou Colin e disse: "Eu sei que isso começou e quero que você continue, que mantenha essa garota feliz, porque não quero um mar de lágrimas no set". E ele disse: "Com certeza, claro". Na verdade, Jennifer terminou com ele quando a série acabou. Então, tudo acabou bem.

Eu estava um pouco receosa sobre o que as pessoas da Sociedade Jane Austen diriam, mas elas conhecem o romance tão bem que, mesmo que não concordassem com o que eu fiz, entenderiam o meu raciocínio. Na verdade, a maioria das pessoas foi muito elogiosa. Elas podiam apontar pequenos detalhes, como "Darcy não teria usado esse tipo de caneta, porque ela só foi inventada dez anos depois". É claro que assistirei à nova versão da Netflix e, sem dúvida, gostarei, mas, na minha opinião, nada superará a de 1995.

Estou começando uma adaptação de um fragmento de Jane Austen chamado Os Watsons, um pouco como Sanditon — só há material suficiente para um primeiro episódio, mas podemos criar o resto. Cheguei à idade [88] em que posso apreciar Mansfield Park, então farei uma adaptação maravilhosa e radical. Ela levará em consideração as implicações de que toda a riqueza de Mansfield Park se baseia em uma plantação de escravos em Antígua e que Sir Thomas precisa ir para lá. E existe outro Mansfield Park em Antígua, onde Sir Thomas tem outra família, mestiça, e uma vida completamente diferente, e ele nunca fala disso quando volta. Fico impressionado que ninguém tenha pensado nisso antes. Com certeza será a adaptação mais ousada que já fiz.

Crispin Bonham-Carter, Mr Bingley

Crispin Bonham-Carter, à direita, como Mr. Bingley, com Colin Firth.

Eu tinha 24 anos. Estava fazendo Pygmalion no Nottingham Playhouse e o diretor não estava muito entusiasmado com a ideia de eu fazer testes, mas no fim me deixaram entrar. Decidi usar meu paletó de veludo cotelê porque achei que tinha um quê de época da Regência.

Acho que me deram o papel porque eu era muito parecido com o Mr. Bingley. Eu queria muito entrar para o teatro radical, mas fui imediatamente fisgado pela máquina dos dramas de época e me encaixei muito bem. Eu tinha ido a bailes na vida real. Esperava conseguir me libertar de tudo isso, mas eles me olharam e pensaram: "Mr. Bingley". Na verdade, eu não sabia andar a cavalo, apesar de ser rico. Fui mordido por um quando era bem jovem e fiquei com medo. Tem uma cena em que eu saio cavalgando e dá para me ver lutando para controlar o cavalo. Lembro-me de Alison Steadman dizendo algo como: "O Mr. Bingley é um homem tão adorável, é uma pena que ele não saiba cavalgar".

Colin e eu mantivemos contato por um bom tempo. Éramos bons amigos no set e havia todas aquelas lindas garotas interpretando seus papéis. Conversávamos sobre as garotas de quem gostávamos, assim como eu sei que elas faziam sobre nós: era um reflexo do texto. Existe um grupo muito seleto de mulheres que veem o Mr. Bingley como o verdadeiro símbolo sexual em Orgulho e Preconceito. Criaram um fã-site alemão, o que foi lisonjeiro.

Depois disso, consegui muitos papéis nesse estilo. Ou eu era um jovem encantador ou uma pessoa má fingindo ser um jovem encantador. Tive um papel minúsculo em Bridget Jones. Não quero parecer ingrato, mas os papéis que eu conseguia não eram suficientes para justificar a insegurança e a espera. Quando fiz 30 anos, me tornei diretor de teatro e me saí muito bem — ganhei o Prêmio Jerwood para Jovens Diretores e trabalhei como assistente no West End. Eu ajudava Nick Hytner no National Theatre. Mas eu tinha quatro filhos e uma hipoteca. Aos 37 anos, decidi que gostaria de ter uma vida que me permitisse estar presente. Agora sou vice-diretor e leciono inglês na Queen Elizabeth’s School em Barnet, norte de Londres.

Meus alunos frequentemente me dizem que suas mães assistem a Orgulho e Preconceito. De vez em quando, me pedem para tirar uma foto comigo em reuniões de pais e professores. Me sinto sortudo por ser reconhecida por algo tão adorável. Não uso a série como ferramenta de ensino; sinto um pouco de vergonha alheia quando assisto à minha atuação — vejo uma ator muito jovem de pé, sorrindo o tempo todo. Mas convenci Alison Steadman [Mrs. Bennet] a fazer o discurso de formatura na nossa escola neste semestre: ela foi fantástica.

Adrian Lukis, Mr Wickham

Adrian Lukis como Mr Wickham.

Originalmente, eu consegui o papel do Coronel Fitzwilliam, mas o ator que havia sido escalado para o papel de Wickham desistiu — acho que era Rupert Graves — então, de repente, o papel ficou vago.

Eu tinha lido o livro na escola. Não tinha me interessado particularmente pelos envolvimentos românticos de um grupo de garotas em Hertfordshire. Eu gostava mais de Henry Miller e Arthur Miller. Então, quando fui escalado, li o livro com muita atenção — a única coisa que eu queria fazer era não tornar Wickham um sedutor e um canalha óbvio. Elizabeth Bennet é obviamente uma heroína muito inteligente e perspicaz, e se ela for enganada por um homem que é claramente um canalha, isso não é bom. Então, decidi interpretá-lo da forma mais plausível possível: agradável e doce.

Desde então, escrevi uma peça inteira sobre o Mr. Wickham, que tenho apresentado em todo o mundo — é sobre por que ele se tornou o que se tornou e questiona se ele é realmente o canalha que Jane Austen e o Sr. Darcy sugerem. Eu sugiro que não.

Fui apresentado a Susannah Harker, que interpretava Jane, e ela disse: "Eu estava pensando em manter as laterais como estão e franzir o vestido." E eu disse: "Não, eu não sou seu especialista em perucas, eu sou Wickham." Ela tinha entendido errado. Perguntei a Colin como ele estava e ele disse: "Absolutamente apavorado": ele estava interpretando o maior personagem da literatura inglesa. Ele tocava guitarra. Lembro-me dele tocando algumas músicas de Neil Young.

Certa vez, cheguei a um hotel onde Colin estava hospedado e acabamos jogando sinuca e bebendo um pouco. As pessoas costumavam beber mais naquela época. Ele disse: "Aposto que seu quarto não tem jacuzzi... o meu tem porque estou interpretando o papel principal." Acabamos tirando toda a roupa e nos amontoando na jacuzzi dele, provavelmente com mais bebida. Joanna David [que interpretava a Mrs. Gardiner] entrou no quarto e tirou fotos. O diretor Simon Langton apareceu de repente e disse: “Oh, não, não, o que vocês estão fazendo? Vocês não podem ficar bêbados e sentar na jacuzzi.” No dia seguinte, Colin disse que tínhamos que recuperar as fotografias. Jo David disse: “Está tudo bem, rapazes, não se preocupem, eu já destruí o filme.” É uma pena, porque essas fotografias valeriam uma fortuna agora.

[Quando a série foi lançada] Lembro-me de ter entrado em contato com Colin e dito: “É a febre de Darcy… por que você e eu não saímos? Mr. Darcy e Mr. Wickham no West End.” Parece muito egocêntrico agora. Encontramo-nos em um pub e ficamos sentados lá por duas horas e ninguém veio falar conosco. Naquela época, Colin costumava se vestir com camisetas tie-dye e calças jeans largas. Ficamos irreconhecíveis depois que tiramos nossas golas de babados e costeletas bonitas.

Lucy Briers, Mary Bennet

Lucy Briers como Mary Bennet

Eu tinha 26 anos, tinha saído da escola de teatro dois anos antes e feito muitas turnês teatrais, e estava sem dinheiro. Consegui esse trabalho e, de repente, estava ganhando muito dinheiro — quatro vezes mais do que ganhava antes. Quitei todas as minhas dívidas estudantis. Nos divertimos muito fazendo a série — talvez isso tenha transparecido na tela e seja parte do motivo pelo qual ele é tão amado.

Muito de mim é Mary. Também acho que ela é meio Jane Austen. Ela não era "convencionalmente bonita". Ela não se casou. Sua família só a deixava praticar piano quando todos estavam fora de casa. Eu não sou convencionalmente bonita, o que obviamente foi o motivo pelo qual consegui o trabalho em primeiro lugar. Agora, olho para fotos minhas antigas e acho que eu era realmente atraente quando era mais jovem. Somos tão duros conosco mesmos. Nunca fui uma garota feminina, não queria me casar — ​​eu só queria ser atriz. Então, eu realmente entendi a coisa da Mary de revirar os olhos para as irmãs. Já me casei duas vezes e ainda sou feliz no meu segundo casamento, mas nunca foi algo que eu planejei.

Aprendi a tocar piano na escola. Provavelmente estava no nível cinco ou seis. Mas quando fiz o teste, não tocava há oito anos. Contei uma mentirinha e disse que era muito boa, pensando que não conseguiria o papel. Minha agente ligou e disse que Carl Davis, o compositor, queria que eu fosse à casa dele tocar piano para ele. Toquei a Sonata ao Luar de qualquer jeito, depois saí, fui até a cabine telefônica, liguei para minha agente e desabei em lágrimas. Tinha certeza de que seria demitida. Duas horas depois, ela me ligou e, aparentemente, Carl Davis tinha dito: "Meu Deus, é fantástico que a atriz que interpreta Mary Bennet já esteja tocando piano [mal] como a personagem dela."

A única coisa que me frustrou foi que, a partir daquele momento, durante os cinco anos seguintes, só me candidatei a papéis de mulheres sem graça, que nunca tinham feito sexo ou que não iam se casar. Pensei: "Sabe, posso fazer outras coisas". Mas isso mudou depois. Na prática, pelo menos pagava a hipoteca. Senti um grande alívio por não ter que me preocupar constantemente com a minha aparência. Podia ir a uma audição com pouquíssima maquiagem, porque esse era o objetivo do papel. Depois da frustração inicial, me acostumei.

Susannah Harker, Jane Bennet

Susannah Harker como Jane Bennet, com Crispin Bonham-Carter.

Eu estava grávida, então foi bem desconfortável. Tiveram que trocar meu figurino porque eu ia mudar de forma. Eu estava muito cansada e meu cabelo foi trançado no lugar: eu não tinha peruca, então tinha que chegar às cinco da manhã me sentindo muito mal e não podia me deitar porque estragaria o cabelo. Mas havia uma camaradagem fantástica porque era um grupo de garotas juntas no campo mais incrível, com os figurinos mais maravilhosos.

Minha mãe [Polly Adams] interpretou Jane Bennet na versão da BBC de 1967, então era como se eu estivesse herdando um legado. Não há muita sensualidade e vivacidade em Jane. Mas eu gostei de interpretar a mais doce de todas — foi bem difícil: manter uma qualidade interessante enquanto era tão pura. Jane foi baseada em Cassandra, a irmã de Jane Austen. Eu pesquisei bastante sobre ela e a serenidade era a qualidade número 1. Estar grávida meio que combinava com esse papel. Ela não era cheia de vida e energia, como Lizzy.

Meu filho, de quem eu estava grávida na época, recentemente ajudou em uma produção teatral chamada Orgulho e Preconceito (Mais ou Menos), uma paródia cômica que está em cartaz há anos, e eu fui ver alguém interpretando Jane. A peça ainda está em cartaz. E acabei de escrever algo chamado A Segunda Primavera de Jane Bennet sobre minha experiência interpretando Jane Bennet quando eu era jovem. É um filme que aborda como você pode ser muito visível em algo e, à medida que envelhece como atriz, isso muda e se transforma. Os papéis desaparecem ou os papéis que você recebe quando chega aos 50 anos ou mais não refletem verdadeiramente quem somos como mulheres. É preciso mudar essa perspectiva.

Eu não assistia a série há muito tempo, até recentemente, quando minha mãe estava assistindo a uma reprise e eu fiquei absorta, meio que enfeitiçada por quão bonita eu estava. Eu não me via como bonita — eu apenas pensava que era uma atriz interpretando um papel bonito.

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