terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Mad about manga


Um jornal americano publicou uma longa matéria sobre o apelo que o shoujo mangá tem para as meninas e mulheres. Como a matéria ficou realmente boa, caindo em poucos clichês, acabei tentada a traduzir. Aprendi expressões novas, desenferrujei um pouquinho minhas capacidades como tradutora e adaptadora. Enfim, quem qusier ler em inglês é só clicar no link, mas acho que a versão em português está legalzinha. Adoraria ouvir os comentários e reflexões, afinal, a gente aqui sabe bem o quanto o shoujo mangá é desqualificado.
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Mad about manga

Graphic novels e quadrinhos, traduzidos do japonês, são um grande hit entre as garotas americanas

Por Elizabeth Large
Sun Reporter
Originalmente publicado em 26 de fevereiro, 2006

Mês passado, quando a filha adolescente do programa “The Book of Daniel” da NBC revela-se uma talentosa desenhista de mangá que vende drogas para pagar seu software, adultos devem ter dito, “Huh?”. Mas suas filhas adolescentes provavelmente sabiam o que é mangá.

Estes quadrinhos em preto e branco, traduzidos de best-sellers japoneses e que devem ser lidos de trás para frente e da direita para a esquerda, são um grande hit entre as adolescentes e pré-adolescentes americanas. Elas podem encontrar os mangás (pronunciado mahn-ga, com um G forte como em “girl”) in revistas adolescentes populares como a Cosmo Girl ou elas esperam impacientemente que o próximo livro de uma série seja traduzido e colocado nas prateleiras da Barnes & Noble ou Waldenbooks mais próxima de casa.

Uma vez que as editoras convenceram as cadeias de livrarias a vender seus mangás (em oposição às comic shops), a garotas passaram a encontrá-los facilmente – nas lojas de departamentos, onde elas já estavam de qualquer forma.

Cori Kasura, uma estudante de 13 anos do colégio Glenwood que descreve a si mesma como “uma grande fã”, descobriu seu primeiro mangá dois anos atrás em uma biblioteca pública.

“Muitas pessoas se afastam dos mangás como se fossem somente quadrinhos, mas eles não deveriam,” ela diz. “Mangás lidam com problemas do mundo real, e eu chão que eu gosto disso de verdade. Claro que alguns deles têm um toque de mágica.”

Os enredos dos mangás escritos especificamente para garotas, chamados shoujo, vêm em dois sub-gêneros (*Aqui a redução imperdoável*): histórias de garotas mágicas, com heroínas com olhos ao estilo Bambi (*da Disney*) com super poderes capazes de salvar o mundo, e alguns com histórias mais realistas sobre amores não correspondidos, relacionamentos e as inseguranças e angústias típicas das colegiais.

Mas chamá-los de realistas da mesma forma, quero dizer, que uma novela de Judy Blume é realista, seria um uso muito extensivo do termo. Uma das séries favoritas de Cori é W Juliet, um best-seller publicado pela Viz, sobre uma tomboy que se torna amiga de uma linda recém chegada na sua escola – somente para descobrir que a garota é um garoto disfarçado (para provar ao próprio pai que tem talento para se tornar um ator). Romance floresce e as complicações se sucedem, e a trama demora 14 volumes para se resolver.

Custando 10 dólars, isso significa muito dinheiro do trabalho como babysitter.

Claro, que jovens fãs podem sempre se virar com a biblioteca. A Biblioteca Pública Municipal de Baltimore tem aumentado a sua coleção e agora possui mais de 2800 volumes nos mais diversos ramos do mangá, 330 diferentes títulos no total.

“É definitivamente nossa coleção com maior rotatividade,” dia Jeff Doane, um bibliotecário na seção de jovens adultos em Towson. “O sistema como um todo está subitamente compreendendo que os mangás não são uma maravilha em um volume. Estes livros são lidos aos pedaços. O que é muito legal.”

Ao contrário dos leitores dos comics e graphic novels americanos, entre os fãs de mangá as garotas provavelmente estão em maior número que os rapazes. Provavelmente, 60% do público é feminino, estima o ICV2, a publicação on line que rastreia as tendências e o potencial comercial de produtos da cultura pop. A faixa demográfica da Tokyopop para seus títulos shoujo oscila entre as garotas de 13 e 17 anos, diz Julie Taylor, diretora da divisão de shoujo mangá da editora, uma companhia americana.

É difícil conseguir números preciso sobre a popularidade dos mangás porque os adolescentes lêem e passam os títulos adiante. Mas as vendas nos EUA mais do que dobraram em relação aos 55 milhões de 2002, de acordo com o ICV2. USA Today informou que em 2005 a sua lista dos livros mais vendidos incluía um número de títulos de graphic novels, mas do que o triplo do número se comparado com o ano anterior, e os mais populares eram os mangás. Harlequin Books começou a publicar alguns dos seus romances em forma de mangá.

'Girls love manga'

As pessoas pensam que as fãs devem ser góticas ou tipos marginais, mas isto não é verdade, diz Karen Bokram, editora da revista Girl’s Life em Towson. “Todo tipo de garota gosta de mangá.”

“Nós primeiro começamos a ouvir falar de mangá através de nossas leitoras,” Bokram diz. “Elas nos mandavam desenhos. Elas refaziam nossas capas [em estilo mangá], desenhando garotas com olhos imensos e um ar meio desastrado.”

Estilo mangá é facilmente reconhecível. As garotas são engraçadinhas como filhotes, com imensos olhos cintilantes e longas pernas. Os rapazes são andróginos, com cabelos longos e espetados. Se você ainda não viu esse tipo de quadrinho, você provavelmente conhece o estilo por causa dos animes (animação japonesa) da Cartoon Network ou dos cinemas com filmes como Spirited Away (A Viagem de Chihiro), que ganhou o Oscar de 2002 de melhor longa de animação.

Os volumes são do tamanho e formato de um livro de bolso, com capas cheias de cores. Sendo lido contrário, a capa é na parte de trás, se você abrir da forma errada você pode receber o aviso: “Pare! Este é a parte de trás do livro.” Mangás tendem a ter títulos intrigantes, quando não diretamente bizarros, como Boys Over Flowers (*Hana Yori Dango*) e Sugar Sugar Rune.

Os quadros são dispostos de forma criativa, algumas vezes se sobrepondo e raramente envolvendo as suas personagens. As seqüências de ação têm mais linhas para indicar o movimento do que os quadrinhos americanos.

“É muito dinâmico,” diz Dallas Middaugh da Del Rey Manga, que lançou seus primeiros livros em 2004. Ele acha que os roteiros e a arte dos mangás dá maior espaço para a interpretação, tendo mais apelo junto aos adolescentes. “Há uma sensação de drama e seriedade. E você raramente encontra algum cinismo,” ele acrescente, comparando os mangás com as graphic novels americanas. “O mangá se leva a sério, mas não a sério demais.”

Shoujo mangá oferece às meninas que gostam de quadrinhos uma alternativa aos super-heróis americanos e suas mulheres peitudas. No novo volume da Del Rey de The Wallflower (*Yamato Nadeshiko Shichi Henge*), por exemplo, quatro lindos rapazes têm que concordar em tranformar Sunako, uma “solitária dark”, em uma adorável dama se quiserem morar de graça na pensão da tia da garota.

“No fim das contas toda essa coisa de super-heróis tende a ser muito previsível,” diz Kelsie Cooper, 17 anos, do último ano da Escola Rural Roland Park e fundadora do clube de mangá e anime do colégio. “Tudo gira em torno de suas armas e uniformes. Mangá se centra mais na personagem. Muitos adolescentes curtem The O.C. e One Tree Hill [séries de TV]. Muitas histórias shoujo são parecidas, só que mais realistas.”

“Algumas vezes você se sente meio ‘menininha’,” acrescente sua amiga Allie Simmons, 17, sobre o apelo do shoujo. “Tudo gira em torno de sentimentos, e é muito fácil de ler. É como quando algumas vezes você quer ficar em casa tomando sorvete e assistindo filmes água com açúcar.”

Tem Apelo Visual

Uma grande parte do apelo dos mangás, obviamente, é sua leitura fácil combinada com a arte.

“Alguns mangás são idiotas, mas o apelo visua está lá,” diz Jody Sharp, que trabalha na Biblioteca Pública Municipal de Baltimore e é membro do Comitê de Grandes Graphic Novels para Adolescentes do Serviço de Jovens Adultos da Biblioteca, uma divisão da Associação de Bibliotecas Americanas. “Isto é um grande apelo. Nós vivemos em uma cultura visual. É uma forma natural de se utilizar disso junto com o material de leitura.”

“Tudo [no mangá] é muito visual, num ritimo acelerado,” concorda Taylor da Tokyopop. “Eu ouvi de alguém que é como um filme que você pode segurar com as mãos.”

Além do apelo visual, quase tudo que é japonês tem se tornado cool para essa geração. Eles cresceram com Pokemon, Yu-Gi-Oh e Hello Kitty, e comem sushi quase com a mesma freqüência que pizza. Ler da direita para a esquerda é legal. Mangá é legal, e é algo que seus pais desconhecem ou não vêem como algo que tenha algo demais.

“É alguma coisa que pertence aos garotos e garotas, alguma coisa que da qual eles podem falar aos seus pais,” diz Evelyn Dubocq, diretor de relações públicas da VIZ, que pertence aos japoneses e uma das maiores editoras de mangá dos EUA junto com a Tokyopop. No verão passado a Viz lançou a Shoujo Beat, uma revista mensal direcionada às adolescentes americanas.

Mangá tem sido popular nos EUA desde os anos 90, mas não no seu formato atual. A Tokyopop, diz Taylor, foi a primeira companhia a publicar um volume lido da direita para a esquerda que é como são lidos os quadrinhos japoneses. Foi em 2002, e depois disso, ela diz, “O mangá realmente decolou.”

Os fãs gostaram da autenticidade, e as editoras rapidamente perceberam que os leitores não queriam suas histórias e personagens americanizadas. Eles gostam do uso dos honoríficos, por exemplo, e das onomatopéias em japonês, que são diferentes das usadas nos quadrinhos americanos. Eles gostam das explicações sobre cultura japonesa que muitos volumes incluem agora.

Atualmente, o títulos shoujo mais vendido, de acordo com a ICV2, é Fruits Basket Tokyopop, sobre uma adolescente órfã que é acolhida por uma família na qual os membros se transformam em animais do Horóscopo Chinês quando abraçados por alguém do sexo oposto. Ele tem 17 volumes (*até o momento nos EUA*), e atrai todo mundo desde pré-adolescentes até mulheres como Jessica Shaw, que tem 27 anos e estuda enfermagem no Community College of Baltimore County em Catonsville. Ela tem uma coleção de mais de 200 volumes de mangá.

“É um vício,” ela diz. “Eles terminam com tamanho suspense que você é obrigada a comprar o próximo volume. Normalmente eu compro shoujo, mas algumas vezes eu pego títulos para garotos. Se tiver uma boa história, eu leio.”

Nem todos os shoujo mangás são tão inocentes quanto Fruits Basket. Alguns títulos traduzidos de best-sellers japoneses são direcionados a leitores mais adultos. (As editoras classificam seus títulos; se os pais prestam atenção nisso já é outra história.) Sensual Phrase (*Kaikan Phrase*) da Viz, por exemplo, é sobre uma colegial que escreve letras de músicas e se apaixona pelo vocalista de uma banda de rock. A capa é apresentada como se fosse um doce romance adolescente; mas contém palavrões, nudez parcial e sugestão de uma tentativa de estupro feita por vários homens. (*gang rape*).

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

Shoujos mais vendidos de janeiro


A lista com detalhes (*autora, editora, revista, etc*) está disponível na página do Shoujo Manga Outline. De qualquer forma, o primeiro e o segundo colocado não são surpresa. Já Harukanaro... nunca me convenceu, mas parece ir muito bem no Japão. Dos outros, só conhecia de nome Koukou Debut, Love*Con, Renai Catalog, Bokura ga ita... e, acho, que esse Kiniro no Corda também não me é estranho... mas não são muito freqüentes nas istas de top 10 nem da Taiyosha, nem da Tohan.

1. Nana #14
2. Fruits Basket #19
3. Harukanaru toki no naka de #11
4. Sprout #1
5. Kiniro no corda #5
6. Love*Con #12
7. Koukou Debut #5
8. Charming Junkie #5
9. Bokura ga ita #9
10. Renai Catalog #30

De volta ao Ar...


O Shoujo Brazil, site do meu amigo André, está de volta ao ar. Acho que vale muito a pena a visita, pois ele entende muito do assunto e sempre tem uma novidade. Faz o Shoujo Café parecer aperitivo. :D

domingo, 26 de fevereiro de 2006

Shin-chan nos Livros Didáticos


Ele aparece sempre nas listas de programas desaconselháveis para crianças no Japão feitas pelas associações de pais e professores, mas o fato é que Shin-Chan é um sucesso por lá e em outros lugares, também, como a Espanha. Já aqui, fracassou por algum motivo que duvido que tenha sido culpa do próprio mangá...
Enfim, a notícia está no Manga News, Crayon Shin-chan aparecerá em três versões dos livros didáticos de Civismo (*ou Cidadania, ou Moral e Cívica*) para crianças da 9ª série. De acordo com o porta-voz da Teikoku-shoin, uma das editoras que decidiu incluir Shin-chan: "Em abril deste ano, o anime de Crayon Shin-chan completará 15 anos de sua primeira exibição, e os alunos e alunas da 9ª série são exatamente o grupo etário que cesceu assistindo Shin-chan. Para eles é uma existência familiar, e será muito adequada." O autor, Usui Yoshihito (47), disse "Estou muito honrado, e, ao mesmo tempo, surpreendido. Eu gostaria de ter estudado melhor as matérias quando eu estava no ginásio."

Ura Peach Girl licencidado nos EUA


De acordo com o Manga News e Manga Cast, a Tokyopop agarrou o título e ele já está no Amazon. Previsão de lançamento, agosto de 2006, outros títulos da editora também já estão sendo anunciados. Anunciando com antecedência as pessoas ficam sabendo e começa a propaganda boca-a-boca. Pena que aqui no Brasil todas as operações sejam feitas "parta nos pegar de surpresa", como se os consumidores fossem atrapalhar o processo de lançamento dos mangás.

Naruto na Revista Época


A Época desta semana trouxe uma matéria com chamada de capa sobre Naruto. Como sabemos que a Globo não dá ponto sem nó, acredito que muitos interesses estejam envolvidos. É basicamente uma matéria apra encher a bola da série, mas não chega a ser ruim. É possível acessar a matéria on line depois de um cadastro, então, para ver as imagens e outros detalhes, é só ir até lá. Vou reproduzir aqui somente o texto básico.

TELEVISÃO

O grande golpe de Naruto: A história da redenção de um ninja conquista o Brasil – sem ainda ter sido lançada

Marcelo Zorzanelli

No Japão, todas as quartas-feiras (19h27, horário local), milhões de espectadores sintonizam a TV Tokyo para acompanhar um seriado chamado Naruto. Seus personagens são jovens ninjas que aspiram ao título de hokage, a classe mais alta entre os guerreiros, enfrentando para isso barras-pesadas num mundo encharcado de referências às filosofias orientais. É o grande sucesso da televisão de lá: os japoneses idolatram esse tipo de trama pintada em cores aparentemente infantis. Naruto não é um sucesso apenas local. Também no Brasil ele tem legiões de seguidores fiéis e fanáticos. Os discípulos brasileiros montaram sites com conteúdo extraordinário e criaram uma comunidade com mais de 60 mil membros no Orkut. Detalhe: Naruto jamais foi exibido na televisão brasileira. Pelo menos não oficialmente.

O sucesso de um desenho animado como Naruto não é surpresa nem sob circunstâncias tão específicas. A força dos animês, como é conhecida a animação japonesa, vem crescendo desde que o desenho Speed Racer conquistou espaço nas TVs ocidentais na década de 1970. Mostrando qualidades até então desconhecidas do público - efeitos visuais modernos, cores vivas e tramas inteligentes -, os animês são hoje fenômeno de audência. Tomaram de assalto a cultura pop: sua estética característica pode ser encontrada em peças publicitárias, cinema e programas de TV. A Viagem de Chihiro, um animê, conquistou o Oscar de melhor animação em 2002. O jornal The New York Times publicou um longo artigo sobre a nova geração de animês,'a mais brilhante de todas'. Naruto, que o jornal considerou o melhor animê em exibição nos EUA, mereceu as seguintes palavras: 'Naruto captura a solidão, os desejos e a exuberância infantis sem dever nada a qualquer programa americano do momento'.

Há algum tempo, um seriado como este só chegaria aos brasileiros através de complicadas importações de fitas VHS. Mesmo assim, ficaria restrito a quem entendesse japonês, uma vez que os diálogos não seriam legendados. Outra opção seria esperar anos até que alguma rede de TV comprasse os direitos. Hoje a internet está muito mais rápida e os computadores pessoais mais poderosos. Isso significa que alguém pode gravar o seriado da TV Tokyo e colocá-lo na internet. Não apenas pode, como faz.

Um papel relevante nessa história é desempenhado por um grupo de devotos que se intitulam subfãs. Não, eles não se consideram fãs 'menores'. São, na verdade, espectadores comuns, espalhados por todo o mundo. Tomam a iniciativa de gravar os episódios ainda não lançados num país, legendá-los e espalhá-los pela internet. Legenda em inglês é subtitle, daí o nome. Uma enquete lançada num site brasileiro de subfãs de Naruto ( www.narutoproject.com) demonstra que 42% dos usuários têm entre 11 e 15 anos. Uma parcela igual tem entre 16 e 20 anos. Daniel França e Pedro Dassan, os dois responsáveis pelo site, têm 17 anos cada um. Administram a página que recebe 14 mil acessos por dia. Eles moram em Curitiba e colaboram com adolescentes de todo o Brasil através da internet nos moldes do fenômeno Wikipédia, para suprir uma demanda cada vez maior por programas inéditos e de qualidade.

Mas eles são ainda mais do que isso: sentem-se tão envolvidos com a história que, além de traduzir o texto do japonês, criam páginas para discutir as origens dos personagens e espalhar teorias sobre qual é o ninja mais poderoso. Não raro as emissoras que exibirão os seriados animados saem à cata desses fãs para se aconselhar sobre expressões e detalhes técnicos. Os subfãs não se consideram piratas, porque seguem um código moral de jamais vender nada do que produzem. Também afirmam em suas comunidades que abandonam a prática quando uma emissora começa a exibir o programa oficialmente.
Mas há quem não concorde com isso. Os jovens paulistanos Renato Hideaki e Marco Antônio Takayama, de 17 e 19 anos, que consomem animês, mangás (quadrinhos japoneses) e cartões colecionáveis aos borbotões, reclamam: 'Os animês do Animax usam cinco ou seis dubladores para 13 séries. É um absurdo. Por isso, preferimos episódios legendados, mesmo quando há uma dublagem sendo exibida num canal de TV'. Animax é o canal a cabo dedicado a animês.

Mas não existiria toda a polêmica se não fosse a qualidade de seriados como Naruto. 'Finalmente voltaram a falar de ninjas', afirma a paulistana Hana Carolina Lima, de 15 anos. 'Naruto tem ação, como todo mundo gosta, mas tem uma história que faz você simpatizar com os personagens.' Ao contrário do básico desse tipo de enredo, onde dificuldades caem de pára-quedas, a cada complicação surge um desenrolamento possível, que adiciona mais aspectos à personalidade dos ninjinhas. A premissa da série já está a quilômetros do entretenimento infantil de todo dia: uma raposa diabólica ameaça a vila e é trancada no corpo de um bebê, que ao crescer sofre represálias por conta disso. Aos 12 anos, ele se torna uma criança-problema, mas que busca redenção tornando-se o maior ninja de todos os tempos.

Desde os primeiros minutos do primeiro episódio, o espectador começa a simpatizar com o pequeno ninja. Além dos acontecimentos nefastos em seus primeiros dias de vida, Naruto também tem má sorte na adolescência. Em seu primeiro teste na escola de ninjas, ele leva bomba porque a prova é executar uma técnica que ele não domina bem. Logo depois, sabemos que está apaixonado por uma bela coleguinha - que só tem olhos para outro ninja com pinta de galã. A falta de sorte crônica não presta bons serviços apenas ao drama: o humor também é ótimo. Naruto aprende uma técnica chamada 'réplicas da escuridão', que o faz clonar a si próprio diversas vezes. Porém, na hora do combate, é acometido por uma terrível dor de barriga. Sob uma fanfarra de guitarras, as cinco réplicas de Naruto se acotovelam para entrar no banheiro.

Há quem diga que os antecessores de Naruto, como Dragonball, Cavaleiros do Zodíaco e Pokémon - que passam temporadas fora das grades de programação, mas sempre encontram o caminho de volta - , são apenas veículos para vender brinquedos, games e cereais matinais. Mas é inegável uma característica comum a todos eles: a originalidade. Em Cavaleiros do Zodíaco, por exemplo, um grupo de guerreiros enfrenta situações inspiradas na mitologia grega. Pokémon é sobre uma turma de garotos que briga entre si usando criaturas que parecem ter nascido em Chernobyl, mas nem por isso menos bonitinhas. O Cartoon Network brasileiro começa a exibir Naruto a partir do meio do ano. Quando a primeira remessa chegar, os subfãs já terão visto mais de 170 episódios. Há aí uma mensagem relevante para as emissoras de TV. Nestes tempos de internet, elas terão de ser mais ágeis ao importar, dublar e exibir programação de outros países. Ou correrão o risco de chegar tarde demais.

(TEXTOES QUE ESTAVAM COM AS IMAGENS PRINCIPAIS)

TALENTO
Daniel França e Pedro Dassan, administradores do maior site de fãs do seriado no Brasil, que recebe cerca de 14 mil acessos diariamente e tem 20 colaboradores

NISSEIS
Renato Hideaki e Marco Antônio Takayama posam ao lado dos mangás de Naruto numa loja especializada em animê no bairro da Liberdade, em São Paulo

ORIGENS
Weekly Jump, a revista que revelou Naruto, é uma fábrica de sucessos: Dragonball, Yu-Gi-Oh! e outros mangás começaram em suas páginas

PREFERÊNCIA
Hana Lima gosta dos conflitos adolescentes no seriado: 'Naruto é um órfão renegado, mas decide se tornar um grande ninja - e consegue'
Alguém pode gravar o seriado direto da TV Tokyo e colocá-lo na internet. Não apenas pode, como faz

FÔLEGO DE NINJA
Naruto é exibido na TV japonesa desde 2002 e já foi exportado para emissoras dos EUA, Canadá e países asiáticos. No Japão, o animê tem por volta de 180 episódios. Três longa-metragens e dois games também já foram produzidos

QUARTETO FANTÁSTICO
Grandes sucessos que definiram os desenhos animados japoneses

Pioneiro
Osamu Tezuka, criador do Astro Boy, definiu o traço: cabeça e olhos grandes, nariz e boca pequenos. Afirma que copiou Walt Disney ao desenhar seus primeiros personagens

Audiência
Dragonball foi o primeiro animê a ser vendido para mais de 20 países e a movimentar um grande mercado de games. Atualmente passa na Globo e em outros canais

Cinemas
Cavaleiros do Zodíaco teve quatro filmes produzidos e fez boas bilheterias no Brasil. É exibido pela Bandeirantes e por outros canais

Prêmio
O auge do animê foi quando, em 2002, Hayao Miyazaki levou o Oscar de melhor animação por A Viagem de Chihiro. Neste ano, Miyazaki concorre ao mesmo prêmio com O Castelo Animado


Foto: reprodução, divulgação, Claudio Rossi, Marcelo Rudini e Márcio Lanzarini/ÉPOCA

sábado, 25 de fevereiro de 2006

NOME NOVO


Bem, ninguém se assute. Eu simplesmente mudei o nome do meu blog para Shoujo Café e abri um novo endereço. Acho que estava cansada de ter duas páginas chamadas Shoujo House. Então, por favor, atualizem o link e usem o endereço http://www.shoujo-cafe.blogspot.com

Mas por que mudei o nome? Acho que fiz isso para ficar igual a coluna que tenho no Anime-Pró. Gostei do nome e estou usando. A explicação para Shoujo Café é essa:

"Dentro do quadro de mudanças pelo qual o Anime-Pró vem passando, a coluna Shoujo Mangá precisará mudar de nome. No início, quando o Júnior Fonseca fez a proposta eu preferi manter do jeito que estava, mas parece que a partir da próxima edição temos obrigatoriamente que ter um nome novo (*Não me perguntem porquê, mas sei que não vai doer*). Pensei em consultar os leitores, mas como não vai dar tempo, optei por Shoujo Café (*criatividade passou longe*). Afinal, nada mais gostoso do que sentar, bater papo e tomar um lanchinho. Mesmo se você não tome café – eu só tomo em casa, na rua nunca – já deve ter sentado em um Café para papear. ^_^ Melhor “Café” do que “Boteco” ou “Beco” (*no Rio tem o das Sardinhas*) da Valéria, pois esses lugares eu realmente não me sinto bem."

Todos os posts antigos estarão no Shoujo House, assim como os comentários e os links. Por favor, não deixem de visitar o novo blog. Aliás, o novo é o antigo, OK? ^_^

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Coluna Animepró


Para quem não sabe, ela sai nas sextas-feiras agora. Estou postando o link porque achei que ela ficou curtinha mas interessante. A idéia veio do site BishiesGalore e eu agradeço à Sabrina pela resenha do filme sobre as meninas suicidas.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Quando o mangá vai à Universidade


Obviamente, não estamos falando do Brasil, nem do Japão, onde isso é comum, mas dos EUA. Para começar por cima, o Anime News Network anunciou que o MIT (Intituto de Tecnologia de Massachusetts), uma das top universidades do mundo, estará promovendo um simpósio acadêmico entitulado "Violência e Desejo na Cultura Popular Japonesa" nos dias 14 e 15 de abril. A grande estrela do evento será o professor John O'Donnell que lecionou/leciona no próprio MIT, em Duke e em Havard. Precisa dizer mais?

O
outro evento junta mangá, visibilidade lésbica, e pelo que eu já li da palestrante, feminismo. Erica Friedman, presidente do Yuricon e da ALC Publishing, estará falando sobre Yuri Manga e o Japão lésbico no dia 3 de março como parte do Asia Pacific Queer Lecture Series promovido pelo Departamente de Estudos do Leste da Ásia e Pacífico da Universidade de Illinois, Urbana-Champaign. O evento é aberto para o público.
Enquanto isso, aqui no Brasil, esses temas seriam ainda considerados não acadêmicos por muitos, fora, claro, o preconceito deslavado que os meios "intelectuais" ainda nutrem pelo mangá. Sabe como é, admitir que o mangá, em especial o shoujo, injetou sangue novo nos quadrinhos americanos e europeus é quase uma heresia. Falar em exclusão das mulheres, então... Nós é que nunca nos interessamos por quadrinhos...

Quando o Mangá encontra o Noh


O Teatro Noh é um das modalidades tradicionais da arte da reperesentação no Japão, junto, talvez, com o Bunrako e o Kabuki. Pois é, o interminável shoujo mangá Glass Mask - que tem 30 anos como eu - gerou um filhote interessante, a peça que é o foco central do mangá, a Kurenai Tennyo (Deusa Escarlate), vai estrear como peça do teatro Noh nesta sexta-feira. A notícia já tinha sido ventilada, mas um artigo sobre a estréia está disponiível no Daily Yomiuri On Line.
Em Glass Mask, Maya é escolhida por uma atriz aposentada (*ela sofreu um acidente*) Shigusa Tsukikage para ser treinada na arte da representação. Tsukikage-sensei vê na estranha Maya o material necessário para criar uma nova Kurenai Tennyo, o papel que a consagrou. Mas eis que surge uma rival para Maya, Ayumi, moça com grande talento, personalidade e, para completar, oriunda de uma família com tradição no teatro. No Japão, o mangá caminha célere para o volume 50, sem perspectiva de encerramento, enquanto isso, uma terceira série animada - prevista para 52 capítulos - está na tv.
Glass Mask já gerou vários produtos, como três series de animação - duas para a TV e uma de OAVs, e duas novelas live actions. O mangá está sendo publicado em formato bunko e não me espantaria se saísse também uma perfect edition.

Mais "Mangás" Cristãos


São os famosos OEL (Original English Language), ou seja, não é mangá de verdade, mas quadrinhos americanos em estilo mangá. E eu já tinha falado antes do tal Serenity em um post bem antigo. De acordo com o site ICV, o volume 2 (Life! Camera! Action! Starring Serenityde) 4 estará saindo no outono americano e mais duas séries virão em seguida. Detalhe interessante: centradas em personagens femininas - Serenity, Hits and Misses e Goofyfoot Girl. A bom entendedor, um pingo é letra: as mulheres consomem mangás porque eles não as excluem, shoujo mangá está na moda nos EUA e vem dando muito lucro, muitos pais "cristãos" tem restrições aos mangás originais mas seriam hipócritas o suficiente para aceitar um produto adequado aos seus "valores", então vamos aproveitar o embalo. O problema é que esse material parece ser bem insipiente.

Top 10 da Tohan


O ranking da Tohan, desta semana está disponível no site Manga News. Não está muito diferente do ranking da Taiyosha e a CLAMp só perdeu o primeiro lugar. Agora a novidade é Pheromomania Syndrome em 10º, parece que este shoujo é bem cotado no Japão. Li pouco, mas é divertido.

1. Detective Conan vol.53
2. XXXHOLiC vol.8
3. Tsubasa RESERVoir CHRoNiCLE vol.
4. Skip Beat! vol.12
5. Inuyasha vol.44
6. Dear Boys Act II vol.21
7. Get Backers vol.34
8. Death Note vol.10
9. Samurai Deeper Kyo vol.36
10. Pheromomania Syndrome vol.8

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Full Moon estréia o selo Shoujo Beat


De acordo com o site ICV, o selo Shoujo Beat de vídeo da Viz será iniciado com Full Moon Wo Sagashite. O lançamento do primeiro DVD está previsto para 27 de junho deste ano. Full Moon Wo Sagashite foi baseado em um mangá do mesmo nome de autoria de Arina Tanemura. O mangá que trata da história de uma menina que deseja ser cantora, mas sofre de uma terrível doença, é publicado pela editora americana desde junho de 2005, tendo vendido 150 mil cópias até o momento. Full Moon tem muitos fãs e seria um excelente mangá para pré-adolescentes e fãs de shoujo em geral. Só que por aqui o interesse parece ser nenhum...

Ranking da Taiyosha


Top 10 da Taiyosha para a semana de 13 a 19 de fevereiro. A lista, que é dominada pela CLAMP, está publicada no site Manga Cast.
1. XXXHolic #8
2. Tsubasa #13
3. Detetive Conan #53
4. Dear Boys act 2#21
5. Joshi Daisei KateiKyoshi Hamanaka Ai #5
6. Skip Beat! #12
7. InuYasha #44
8. GetBackers#34
9. Samurai Deeper Kyo #36
10. D-Live!!! #7

Mangás elevam receita de editoras nacionais


A matéria foi tirada do jornal O Estado de São Paulo, mas eu procurei no site e não encontrei o link. Enfim, se alguém encontrar, por favor, me passe.

Mangás elevam receita de editoras nacionais

Cerca de 20 títulos devem chegar às bancas este ano, publicados por empresas que cresceram em vendas graças às histórias japonesas

QUADRINHOS

Ana Paula Lacerda


Se os gibis japoneses em preto e branco, com histórias que duravam vários volumes - os mangas, causaram estranheza quando surgiram nas bancas, hoje são motivo de comemoração para as editoras. Devem ser lançados no Brasil este ano cerca de 20 novos títulos, e as editoras que apostaram no setor dizem que o mercado é crescente. 'O Brasil segue uma tendência mundial', diz Lúcio Flávio Baúte, gerente de marketing da editora Panini. 'Os mangás crescem no mundo todo, porque há histórias para todos os públicos, e aqui não é diferente.'

A Panini pretende lançar este ano 6 títulos novos, além dos 5 que já publica. A editora também traz ao Brasil os quadrinhos Marvel e DC Comics, e Baúte diz que houve uma adaptação do mercado. 'Os quadrinhos americanos sofreram impacto. Antes que a queda acontecesse, investimos em mangás e também no que havia de melhor em comics.' A editora JBC, que em 2001 não figurava entre as 200 maiores editoras do País, hoje está entre as 15 com maior venda em bancas. A ascensão deveu-se totalmente aos mangás. 'Nossos quatro primeiros títulos vieram em 2001, e três deles possuíam também uma versão animada sendo exibida na tevê. Porém, o outro, que não tinha desenho, também vendeu bem e foi a certeza de que o mangá daria certo como produto', diz o editor Marcelo Del Greco.

De lá para cá, a JBC publicou 23 títulos - alguns com venda acima de 2 milhões de exemplares - e planeja lançar mais 12 este ano. O primeiro, Negima, já está nas bancas. O próximo, Love Hina Infinity, é um livro de referências sobre o mangá Love Hina, já publicado pela editora.

O mercado de quadrinhos no Japão é 17 vezes maior do que o mercado americano e 30 vezes maior do que europeu. 'No Brasil ainda há um longo caminho a ser percorrido', diz Rogério de Campos, sócio-diretor da editora Conrad. Ele acredita que os mangás ajudaram editoras a crescerem em todo o mundo. 'O mercado editorial passou por crises fortes, e quem investiu em mangás conseguiu se manter firme.' O diretor diz que a própria Conrad pôde lançar muitos títulos graças ao sucesso de Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco, títulos conhecidos que trouxe para o Brasil.

Hoje, a editora quer expandir seu catálogo para outros públicos. 'Um de nossos próximos títulos será O Gourmet, de Jiro Taniguchi. Trata de um homem que percorre os restaurantes de Tóquio.'

A LONGO PRAZO

Os leitores de mangás são exigentes. 'Eles querem um mangá de traços bonitos, história interessante, uma edição parecida com a original japonesa', diz o diretor-geral da JBC, Júlio Moreno. 'No começo, compravam de tudo, mas agora começa uma segmentação, como no Japão: há mangás para jovens, adultos, mulheres.' As editoras japonesas também são mais exigentes que as editoras americanas. 'Ao fechar um contrato, por exemplo temos de mandar todas as capas prontas, é um processo muito mais detalhado', diz Moreno. Detalhado, longo e caro: 'Chega a centenas de milhares de dólares', calcula. 'Alguns dos títulos que vamos lançar agora são negociados desde 2004.'

domingo, 19 de fevereiro de 2006

17 Mangás pela Conrad


Se o pessoal já estava histérico com os 12 supostos mangás da JBC, imagina agora que a Conrad disse que vai trazer 17 em 2006? Bem, tomando por padrão o "estilo" Conrad, deveremos ter obras de qualidade indiscutível misturadas com o trash lixão de embrulhar o estômago... Ah, e nenhum shoujo! A não ser, claro, que eles licenciem algo que com certeza vai dar muito, muito, muito lucro logo de cara. Enfim, vi a notícia no fórum do Anime-Pró, mas a fonte original é o site Kotatsu.

Novos Mangás da VIZ


A Viz anunciou o lançamento em formato Graphic Novel de todos os mangás da linha Shoujo Beat. Todos os volumes serão postos à venda no primeiro trimestre de 2006. Como a Shoujo Beat está fazendo sucesso, acredito que a VIZ crie cada vez mais estratégias para divulgar o shoujo mangá. E vejam que isso não tem a ver com gostar, ou não, tem a ver com percepção de mercado potencial: 50% da população americana ou mais é composta de mulheres e elas são receptivas aos mangás porque os japoneses oferecem produtos adequados a todos os gostos. Deveriam seguir o exemplo, mas por enquanto revendem os produtos japoneses e se dão bem com isso. Já aqui no Brasil, melhor esperar sentada!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006


De acordo com o site Anime Nation, 50 novas séries estreiam na tv japonesa nesta primavera (*deles*) claro. A maioria tem site, é só ir conferir no site original da notícia, infelizmente não consegui colocar os links aqui. É muita coisa, caso alguém queria acompanhar, e certamente tem de tudo ali, do luxo ao lixo. Entre as estréias de shoujo anime, Ouran Host Club da Hana To Yume deve ser o mais esperado. Eis a lista do que começa em abril:

Fushigiboshi no Futago Hime Gyu
Yokai Ningen Bem
Kiba
Digimon Savers
Onegai My Melody ~Kuru Kuru Shuffle!~
Aria the Animation 2nd season
School Rumble 2nd season
Simoun
Gintama
Air Gear
Lovege Chu
Soul Link
Shibawanko no Wa no Kokoro
Nana
Inukami
.hack//Roots
Zegapain
Kirarin Revolution
Saien Kuni Monogatari
Himesama ga Youjin
Sasami ~ Mahou Shoujo Club
The Third
Tokko
Makai Senki Disgaea
Ouran Koukou Host Club
Tsubasa Chronicle 2nd series
Zanmai Zamurai
Furakappa
Finalist
XXXHOLiC
Jyu Ohsei
Ah! Megami-sama 2nd series
Ray the Animation
Utawarerumono
Yumetsukai
Renkin 3 Kyuu Magical? Pokaan
Yoshinaga Sanchi No Gargoyle
Himawari
Nishi No Yoki Majo Astrea Testament
Poka Poka Mori no Rascal
Higurashi no Naku Koro Ni
Suzumiya Haruhi no Yuutsu
Girls High
Strawberry Panic
Witchblade
Black Lagoon
Princess Princess
Sarugetchu
Ayagyakumon
Janggeum no Yume (Korean animation)
Spider Riders (Canadian/Japanese co-production)

Ranking da Tohan


A coleta de dados da Tohan foi feita na semana que terminou em 15 de fevereiro e a fonte é o Manga News. Será que alguém sabe se esse Eikaiwa School Wars vol.1? É shoujo mangá e vendo a capa - não essa pequenininha - fiquei curiosa. ^_^

1. Death Note vol.10
2.Gintama vol.11
3. Prince of Tennis vol.32
4. Bleach Complete Fan Book - Souls
5. Baki vol.30
6. The Ghost Hunt vol.9
7. Hitman Reborn! vol.8
8. Eikaiwa School Wars vol.1
9. Bleach Complete Fan Book - Vibe
10. Erementar Gerad vol.10

Liberdade de expressão, moeda inegociável


Ainda sobre a questão das charges do Profeta. Como o artigo da Folha de São Paulo de hoje é muito bom, estou postando. A gente começa a abrir mão das liberdades aos pouquinhos, e as primeiras a saírem perdendo não raro somos nós, as mulheres.
ARTIGO

Liberdade de expressão, moeda inegociável
THEODORE DALRYMPLE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A reação de ultraje de muçulmanos às charges de Muhammad publicadas em um jornal dinamarquês trouxe à tona uma divisão surpreendente no mundo ocidental. Demonstrando suma hipocrisia, insinceridade e covardia moral, britânicos e americanos, que não hesitaram em ir à guerra contra Saddam Hussein e em ocupar o Iraque, afirmaram compreender e solidarizar-se com os sentimentos muçulmanos. Já os franceses, que se posicionaram contra a Guerra do Iraque, declaram abertamente a defesa da liberdade de expressão.


Manifestantes muçulmanos em Londres ergueram cartazes exigindo que fossem decapitados ou mortos de outra forma os que "insultaram o islã". Um dos cartazes afirmava que nós, na Europa, ainda não vimos "o holocausto VERDADEIRO", ou seja, o massacre de infiéis pelos crentes. Esse slogan de gelar o sangue também deixou implícito que o genocídio de judeus nunca aconteceu e não passa de engodo sionista, cometido com finalidades de propaganda. Trata-se de uma crença inteiramente irracional, mas que é largamente difundida entre muçulmanos, do Irã até o Reino Unido.


O incitamento à morte constitui crime no Reino Unido, mas a polícia assistiu às manifestações sem fazer nada, aparentemente por receio de criar uma perturbação civil. Com isso, deu-se aos extremistas muçulmanos a impressão de que, se forem suficientemente intimidadores, eles, na prática, serão extraterritoriais -ou seja, não sujeitos às leis britânicas.


Na França, em contraste, dois semanários satíricos, o "Le Canard Enchainé" e o "Charlie Hebdo", voltaram ao ringue e zombaram inequivocamente dos islâmicos. A "Charlie" trouxe em sua primeira página uma grande charge de Muhammad, fazendo careta e cobrindo os olhos com as mãos e dizendo: "Ser amado por todos esses tolos não é fácil". Na terceira página havia uma grande charge de Muhammad olhando as charges e dizendo: "Essa é a primeira vez em que os dinamarqueses me fizeram rir".


Sob circunstâncias normais, eu consideraria errado ou falta de cortesia ofender as sensibilidades religiosas de outras pessoas, por mais absurdas que eu considere suas crenças. Certamente é condição necessária a uma sociedade tolerante que as pessoas estejam preparadas, embora não sejam obrigadas, a aturar as convicções das outras em silêncio, na esperança de encontrar outras coisas em comum com elas e em nome da paz e das boas relações.


Mas as circunstâncias criadas pelas charges dinamarquesas não são normais. Um grupo de muçulmanos dinamarqueses desonestos e agindo de má-fé levou as charges ao Oriente Médio especificamente para provocar problemas com seu país de adoção, e acrescentou três charges que não haviam saído no jornal dinamarquês e que eram muito mais ofensivas do que qualquer coisa publicada pelo jornal. É quase desnecessário observar que manifestações de protesto como a que terminou com a queima da embaixada dinamarquesa em Damasco não aconteceram sem a aprovação oficial, já que a Síria não é um país dado a manifestações espontâneas de livre expressão.


Tampouco pode ser dito que a objeção fundamental feita às charges foi que fossem desrespeitosas em seu tom ou abordagem. Afinal, a crítica ou rejeição respeitosa do islã (decorrente de uma crença filosófica na inexistência de Deus, e, assim, na crença de que Muhammad não pode ter sido seu profeta) não é bem-vinda nós países islâmicos. No caso de um muçulmano, uma declaração pública nesse sentido seria vista como apostasia, que, pelas leis islâmicas, poderia ser punida com severidade.


Em outras palavras, muçulmanos -e não apenas os extremistas- não querem que o assunto das máximas de sua religião seja mencionado, simplesmente. Os jordanianos, que não costumam ser fanáticos, detiveram e encarceraram um jornalista que exortou os muçulmanos a reagirem de maneira razoável às charges dinamarquesas. E é difícil pensar em um único país muçulmano que tolere o questionamento religioso público e livre ou a rejeição de todas as afirmações religiosas. Na medida em que isso é fato, os muçulmanos vivem em um mundo mental anterior ao Iluminismo, como se Voltaire nunca tivesse vivido. Ademais, os extremistas entre eles procuram impor essa mentalidade ao Ocidente. Os britânicos e americanos - mas não os franceses - já mostraram estar dispostos a aceitá-la, pelo menos no que diz respeito ao islã.


Se as coisas fossem diferentes -se muçulmanos em todo o mundo saudassem o questionamento religioso e filosófico livre, e se a liberdade de expressão fosse uma característica notável das sociedades islâmicas-, as charges dinamarquesas e aquelas que apareceram posteriormente nas publicações francesas teriam sido gratuitamente ofensivas. Em outras palavras, não teriam tido outro objetivo senão o de causar ofensa.


Na realidade, porém, as caricaturas dinamarquesas foram encomendadas precisamente porque o jornal considerou que os dinamarquesos estão praticando a autocensura com relação a Muhammad e ao islamismo -não por um desejo louvável de serem corteses com os muçulmanos, mas pelo medo covarde deles. E a reação muçulmana em muitas partes do mundo comprovou que os jornais estavam certos.


É claro que o confronto encerra grandes perigos, mas existem perigos igualmente grandes em se evitar o confronto quando este se faz necessário. Pode-se ceder em pontos de importância menor: por exemplo, no Reino Unido os motociclistas sikhs não são obrigados a usar capacetes, como o são os outros. Mas, quando se trata de um princípio fundamental, tal como a liberdade de expressão, para cuja conquista a Europa já derramou tanto sangue, não pode haver conciliação, mesmo que o não conciliar implique no risco de conflito.


Entretanto sou um homem tolerante. Pelo bem das boas relações estou disposto a abrir mão da exigência de que os muçulmanos peçam desculpas à Dinamarca pelo comportamento primitivo dos extremistas que existem entre eles. Águas passadas: esqueçamos o que já passou.
--------------------------------------------------------------------------------
Theodore Dalrymple, psiquiatra e escritor inglês, escreve no "City Journal", de Nova York
Tradução de Clara Allain

Liberdade de expressão, moeda inegociável


Ainda sobre a questão das charges do Profeta. Como o artigo da Folha de São Paulo de hoje é muito bom, estou postando. A gente começa a abrir mão das liberdades aos pouquinhos, e as primeiras a saírem perdendo não raro somos nós, as mulheres.

ARTIGO

Liberdade de expressão, moeda inegociável
THEODORE DALRYMPLE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A reação de ultraje de muçulmanos às charges de Muhammad publicadas em um jornal dinamarquês trouxe à tona uma divisão surpreendente no mundo ocidental. Demonstrando suma hipocrisia, insinceridade e covardia moral, britânicos e americanos, que não hesitaram em ir à guerra contra Saddam Hussein e em ocupar o Iraque, afirmaram compreender e solidarizar-se com os sentimentos muçulmanos. Já os franceses, que se posicionaram contra a Guerra do Iraque, declaram abertamente a defesa da liberdade de expressão.
Manifestantes muçulmanos em Londres ergueram cartazes exigindo que fossem decapitados ou mortos de outra forma os que "insultaram o islã". Um dos cartazes afirmava que nós, na Europa, ainda não vimos "o holocausto VERDADEIRO", ou seja, o massacre de infiéis pelos crentes. Esse slogan de gelar o sangue também deixou implícito que o genocídio de judeus nunca aconteceu e não passa de engodo sionista, cometido com finalidades de propaganda. Trata-se de uma crença inteiramente irracional, mas que é largamente difundida entre muçulmanos, do Irã até o Reino Unido.
O incitamento à morte constitui crime no Reino Unido, mas a polícia assistiu às manifestações sem fazer nada, aparentemente por receio de criar uma perturbação civil. Com isso, deu-se aos extremistas muçulmanos a impressão de que, se forem suficientemente intimidadores, eles, na prática, serão extraterritoriais -ou seja, não sujeitos às leis britânicas.
Na França, em contraste, dois semanários satíricos, o "Le Canard Enchainé" e o "Charlie Hebdo", voltaram ao ringue e zombaram inequivocamente dos islâmicos. A "Charlie" trouxe em sua primeira página uma grande charge de Muhammad, fazendo careta e cobrindo os olhos com as mãos e dizendo: "Ser amado por todos esses tolos não é fácil". Na terceira página havia uma grande charge de Muhammad olhando as charges e dizendo: "Essa é a primeira vez em que os dinamarqueses me fizeram rir".
Sob circunstâncias normais, eu consideraria errado ou falta de cortesia ofender as sensibilidades religiosas de outras pessoas, por mais absurdas que eu considere suas crenças. Certamente é condição necessária a uma sociedade tolerante que as pessoas estejam preparadas, embora não sejam obrigadas, a aturar as convicções das outras em silêncio, na esperança de encontrar outras coisas em comum com elas e em nome da paz e das boas relações.
Mas as circunstâncias criadas pelas charges dinamarquesas não são normais. Um grupo de muçulmanos dinamarqueses desonestos e agindo de má-fé levou as charges ao Oriente Médio especificamente para provocar problemas com seu país de adoção, e acrescentou três charges que não haviam saído no jornal dinamarquês e que eram muito mais ofensivas do que qualquer coisa publicada pelo jornal. É quase desnecessário observar que manifestações de protesto como a que terminou com a queima da embaixada dinamarquesa em Damasco não aconteceram sem a aprovação oficial, já que a Síria não é um país dado a manifestações espontâneas de livre expressão.
Tampouco pode ser dito que a objeção fundamental feita às charges foi que fossem desrespeitosas em seu tom ou abordagem. Afinal, a crítica ou rejeição respeitosa do islã (decorrente de uma crença filosófica na inexistência de Deus, e, assim, na crença de que Muhammad não pode ter sido seu profeta) não é bem-vinda nós países islâmicos. No caso de um muçulmano, uma declaração pública nesse sentido seria vista como apostasia, que, pelas leis islâmicas, poderia ser punida com severidade.
Em outras palavras, muçulmanos -e não apenas os extremistas- não querem que o assunto das máximas de sua religião seja mencionado, simplesmente. Os jordanianos, que não costumam ser fanáticos, detiveram e encarceraram um jornalista que exortou os muçulmanos a reagirem de maneira razoável às charges dinamarquesas. E é difícil pensar em um único país muçulmano que tolere o questionamento religioso público e livre ou a rejeição de todas as afirmações religiosas. Na medida em que isso é fato, os muçulmanos vivem em um mundo mental anterior ao Iluminismo, como se Voltaire nunca tivesse vivido. Ademais, os extremistas entre eles procuram impor essa mentalidade ao Ocidente. Os britânicos e americanos -mas não os franceses- já mostraram estar dispostos a aceitá-la, pelo menos no que diz respeito ao islã.
Se as coisas fossem diferentes -se muçulmanos em todo o mundo saudassem o questionamento religioso e filosófico livre, e se a liberdade de expressão fosse uma característica notável das sociedades islâmicas-, as charges dinamarquesas e aquelas que apareceram posteriormente nas publicações francesas teriam sido gratuitamente ofensivas. Em outras palavras, não teriam tido outro objetivo senão o de causar ofensa.
Na realidade, porém, as caricaturas dinamarquesas foram encomendadas precisamente porque o jornal considerou que os dinamarquesos estão praticando a autocensura com relação a Muhammad e ao islamismo -não por um desejo louvável de serem corteses com os muçulmanos, mas pelo medo covarde deles. E a reação muçulmana em muitas partes do mundo comprovou que os jornais estavam certos.
É claro que o confronto encerra grandes perigos, mas existem perigos igualmente grandes em se evitar o confronto quando este se faz necessário. Pode-se ceder em pontos de importância menor: por exemplo, no Reino Unido os motociclistas sikhs não são obrigados a usar capacetes, como o são os outros. Mas, quando se trata de um princípio fundamental, tal como a liberdade de expressão, para cuja conquista a Europa já derramou tanto sangue, não pode haver conciliação, mesmo que o não conciliar implique no risco de conflito.
Entretanto sou um homem tolerante. Pelo bem das boas relações estou disposto a abrir mão da exigência de que os muçulmanos peçam desculpas à Dinamarca pelo comportamento primitivo dos extremistas que existem entre eles. Águas passadas: esqueçamos o que já passou.
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Theodore Dalrymple, psiquiatra e escritor inglês, escreve no "City Journal", de Nova York
Tradução de Clara Allain

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Japoneses presos por distribuírem scans na net


Primeiro caso do tipo no Japão. Está aberto o precedente. Mas os mangás que os caras distriuíam - além da quantidade absurda - eram dos mais bandeirosos: Ichigo 100%, Love Hina, Kochi Kame, Touch, Tadashii Ren'ai no Susume (*um shoujo*), Maison Ikkoku, GTO, MONSTER, Slam Dunk, etc. O site (464.jp) já tinha sido advertido e ameaçado pelas editoras, mas os sujeitos continuaram. Eles tinham, de acordo com o Manga News, cerca de 17 mil volumes disponíveis de 1300 séries de cerca de 700 autores diferentes, incluso aí caras como Tezuka, Ichijoh, Adachi e Takahashi. Divulgar mangá? Sei... As matérias originais em japonês estão no site do jornal Asahi e ACCS. Em inglês há muito mais detalhes no Manga News.

O TIGRE E O DRAGÃO: Mahua pela Panini

Está divulgado no fórum da editora, logo, é notícia oficial e não estou passando por fofoqueira ou algo do tipo. Terá o mérito de ser o primeiro do gênero no Brasil. De resto, não consegui gostar nem do filme, então só devo folhear a edição na banca e nada mais. Da Panini só compro o essencial, o muito obrigatório. Nada de investir de coração aberto em uma editora que cancela mangás sem maiores explicações e, ao mesmo tempo, alardeia que lançará outros. O que me garante que eles serão concluídos? Enfim, eis a nota:

"Bem, já posso divulgar um título! Mas não é mangá e sim mahua (ou melhor, quadrinho chinês)! É a adaptação em quadrinhos dos romances que deram origem ao filme.

O TIGRE E O DRAGÃO, de Andy Seto.

Totalmente em cores, 120 a 128 páginas em média, em 12 edições mensais. A primeira edição será lançada em MARÇO. Vai um
link com as páginas internas para vocês se deleitarem.

Estas aventuras são sobre a juventude de Li Mu Bai e Yu Shu Lien... preparem-se para muita aventura, romance e muuuuuuito mais kung fu!"

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Entrevista com Diretor de Relações Públicas da VIZ


Estou postando a tradução de um trecho da entevista que o pessoal do Newsrama fez com Evelyn Dubocq, Diretor de Relações Públicas da VIZ Media. Ele fala de muitas coisas mas dá particular atenção à expansão do setor de shoujo mangá da editora. A Shoujo Beat é um sucesso e a VIZ quer explorar ao máximo um filão que tem uma base de consumidores em crescimento. Bem, traduzi exatamente a parte em que eles falam de shoujo. Comparem com o que acontece no Brasil, e não estou falando de número de publicações aqui, mas do respeito e interesse pelo público feminino (*e seu dinheiro*), principalmente. Importante, também, é que se admite a riqueza e a especificidade do shoujo mangá, coisa que se insiste em negar no Brasil, já que associar o gênero ao feminino, para os machistas d eplantão, seria matar suas possibilidades de atrair o leitor do sexo oposto. E vale nesse sentido a difamação, inclusive, quando se admite que shoujo "é coisa de mulher" (nas suas origens) isso é feito para desqualificar e dizer que é ruim, é menos interessante, que é coisa melosa e sem profundidade. A entrevista também fala da Signature Line para o público adulto e jovem mais exigente, por enquanto, somente shounens e seinen, mas quem sabe eles ofereçam algo shoujo mais para adiante. Vale a pena ler a entrevista toda, para acessar, é só clicar AQUI.

NRAMA: Um dos grandes lançamentos de 2005 foi a nova revista Shojo Beat. Shoujo é um pouco diferente do tipo de mangá tradicional que muitos esperam, a partir disso, como você percebe a recepção que a revista tem tido?

ED: A recepção da revista Shojo Beat tem sido fenomenal e nós acabamos de lançar nossa maior edição até o momento – a de janeiro de 2006 – com mais de 260 páginas! O gênero shoujo tem um grande apelo de massa junto às mulheres jovens com títulos como Nana e Absolute Boyfriend (NOTA: Zettai Kareshi, da mesma autora de Fushigi Yuugi.) de algumas das autoras mais reconhecidas e famosas dentro do gênero. Nós acreditamos que este movimento irá crescer exponencialmente no futuro próximo. Shojo Beat é realmente uma revista única, trazendo conteúdo de interesse das meninas apresentado de forma cativante e de fácil leitura. Estamos muito excitados em anunciar também que a nossa edição de abril incluirá uma entrevista com Keiko Takemiya, uma das mais famosas artistas da história do mangá no Japão. Suas obras ainda não foram publicadas em inglês, mas Keiko Takemiya está entre as primeiras autoras de shoujo (NOTA: pequeno exagero aqui.) e é muito conhecida por séries como The Song of the Wind and the Trees (Kaze to Ki no Uta) e The Grave of the Pharaoh (NOTA: Este eu não conheço nem de ouvir falar...).

NRAMA: Haverá uma seleção mais ampla (NOTA: Em temáticas e estilo, suponho.) em resultado do lançamento da Shojo Beat em 2005?

ED: Sim. Além da nova antologia mensal, VIZ Media está investindo em material que tenha apelo junto a esta nova base de leitoras com uma nova linha de séries de shoujo mangá com o selo Shojo Beat. Dentro dele, títulos como Nana, Kamikaze Girls e Godchild (NOTA: Da mesma autora de Angel Sanctuary.) serão oferecidos. Nós realmente vemos um grande futuro pela frente para o gênero shoujo na América do Norte. Não importa o interesse do leitor, há sempre um título shoujo que pode chamar sua atenção (NOTA: Bom seria que nossos editores aqui percebessem isso.). Crimson Hero, por exemplo, é a primeira série shoujo de esportes (NOTA: a sair nos EUA, claro.), e mostra as aventuras e dramas de uma jovem jogadora de vôlei, enquanto Kaze Hikaru coloca uma personagem feminina em um drama samurai do tipo mais popular (NOTA: Como samurai, inclusive com tonsura, coisa que muitos mangás não fazem para que a protagonista não fique "feia".). Ambas estão disponíveis nas lojas de todo o país.

Bonecos e Chaveiros do Castelo Animado


De acordo com o ICV2, a Yamato Toys dos Estados Unidos anunciou para abril o lançamento de uma linha de brinquedos (*boneco de PVC é brinquedo, desculpem*) e chaveiros Howl's Moving Castle, aqui no Brasil chamado de "O Castelo Animado". O primeiro conjunto com três figuras (Howl, Sophie idosa e Markl) irá custar em média 25 dólares. Outras figuras (Sophie idosa, Howl como pássaro, o cachorroHeen, o espantalho Cab, e duas versões deMarkl), em formato chaveiro, com seis polegadas custarão custando 7 dólares cada um. Junto com cada chaveiro virá Calcifer, o demônio do fogo, de brinde. Questão de tempo para que tudo isso esteja disponível no E-Bay.

Sucesso de Doraemon


Doraemon é uma das personagens japonesas mais bem sucedidas de todos os tempos. muita gente conhece o gato azul robô criado por Fujiko F. Fujio's e não sabe sua origem, mas ele está disseminado por boa parte do mundo. O Manga News hoje trouxe uma nota dizendo que desde 1992 Doraemon vendeu mais de 20 milhões de cópias no Vietnã. Já vi gente falando que Doraemon é "muito japonês" para fazer sucesos fora do Japão, em especial no Brasil. Acho um equívoco, o problema é que Doraemon foi exibido de forma irregular no Brasil e por muito pouco tempo. Pensem no Gênio Maluco. Era bem ao estilo Doraemon e é lembrado com muito carinho pela minha geração. Acho que poderiam dar uma nova chance a personagem por aqui. Duvido que não se sairia bem em canais como a Nick ou o Jetix.

Ranking da Taiyosha


Como o Manga News disse que não publicará mais o ranking da Taiyosha, por este representar muito mais as vendas em lojas para otakus (*fans hardcore*) do que o mercado japonês como um todo, o Top 10 da Taiyosha passará a vir do site Manga Cast. Eu já tinha lido que o ranking da Tohan era o mais confiável, e é lá que shoujos como Fruits Basket aparecem melhor posicionados, mas nunca tinha visto esta explicação. De qualquer forma, sempre que via alguém falando mal do ranking da Tohan era exatamente para dizer que os shoujos não vendem tão bem assim (*verdade parcial: em relação a quem?*) e que era preciso consultar outras fontes. Engraçado é que para desqualificar os shoujos o ranking feito nas lojas para otakus, e não para o "público mais amplo", servem. Bem, a coleta de dados da Taiyosha foi feita entre 06 e 12 de fevereiro. A data de lançamento de cada mangá está na página do Manga Cast.

1. Death Note #10
2. Gintama #11
3. Baki #30
4. Bleach Souls - Complete Fan Book
5. Prince of Tennis #32
6. The Ghost Hunt #9
7. Erementar Gerad #10
8. The Original! Super Radical Gag Family #12
9. Home Tutor Hitman REBORN! #8
10. Bleach Vibe - Complete Fan Book

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Novo Mangá de Chie Shinohara


Depois de encerrar Romance of Darkness, cujo movie live action está para estrear, Chie Shinohara não parou, ela está publicando um mangá curto na Petit Comics. O nome do mangá é Umi ni Ochiru Tsubame - parte I (A Andorinha que Caiu no Mar). Não sei qual o conteúdo da história, mas sendo de Chie Shinohara deve ser legal. Digo isso porque meu mangá favorito do momento é Anatolia Story que sai nos EUA como Red River.

CULTO AO TERROR


Ótimo editorial da Folha de São Paulo de hoje. É sempe bom ler um texto como esse:

CULTO AO TERROR

Um jornal argentino de prestígio, não faz muito tempo, publicou charge certamente ofensiva aos brasileiros. Éramos retratados na figura de um macaquinho, usando chapéu palheta e camisa listrada, a evacuar produtos industrializados sobre o mapa do país vizinho.

Embora destituído de conotações teológicas -vivia-se apenas um dissenso comercial, entre os muitos que compõem a enfadonha história do Mercosul-, o desenho era sem dúvida grosseiro e carregado de preconceito, que todo humor, em alguma medida, implica. Registraram-se protestos enfáticos e, logo após, os correspondentes pedidos de desculpa. Enquanto isso, ninguém se mobilizou para pisotear a bandeira argentina, depredar consulados ou publicar, em represália, caricaturas hostis à imagem de Evita Perón, Sarmiento ou Diego Maradona.

Há alguns anos, o fotógrafo nova-iorquino Andres Serrano expôs, sob o título de "Piss Christ", a foto de um crucifixo mergulhado em um aquário repleto de urina. A obra, de péssimo gosto, suscitou escândalo entre muitos cristãos, que também questionavam a legitimidade do patrocínio federal concedido às experimentações do artista. Não se tem informação, entretanto, de que cidadãos americanos residindo em Roma, Lourdes, Dublin ou Aparecida do Norte tenham sofrido ameaças à sua integridade física.

Pode-se até entender que, no mundo islâmico, a publicação de charges representando -ainda mais satirizando- o profeta Muhammad suscite movimentos de acerba indignação. Pedidos de desculpa, tentativas oficiais de reparação, manifestações de apreço aos dogmas do islamismo pouco seriam capazes de fazer, entretanto, contra a histeria fundamentalista, para a qual conceitos como liberdade e tolerância não fazem nenhum sentido.

Caricaturas num jornal dinamarquês, ainda que insultuosas, não impedem ninguém de praticar a sua religião. Em Teerã ou Beirute, fanáticos querem entretanto impedir que alguém na Dinamarca escreva, leia e veja o que bem entender.

Lideranças muçulmanas julgaram oportuno lembrar, nessa conjuntura, que o Ocidente "perdeu o senso do sagrado". A pertinência da observação está sujeita a debate; que não seja motivo, entretanto, para aceitar com timidez e culpa a violência de sectários e extremistas.

Quando a TV exibe imagens de pré-adolescentes marchando uniformizados, de fuzis ao ombro, a gritar palavras de vingança, não é de "senso do sagrado" que se trata. Quando funcionários de organizações filantrópicas são ameaçados de morte simplesmente por terem origem européia, não são os valores espirituais da paz e da generosidade humana que estão sendo defendidos. Se um seguidor do Corão se sente ofendido quando alguém identifica o islã ao terrorismo, não é jogando coquetéis molotov em embaixadas que irá refutar essa acusação.

Mais do que o "senso do sagrado" - que dispensa desfiles militares, tiros de metralhadora para o ar, cenas de apedrejamento e atentados a bomba -, está em jogo aqui o senso da convivência pacífica, que concebe diversas formas de reparação civil quando suscetibilidades ou direitos são atingidos pela crítica. A liberdade de expressão é um valor universal que está acima das peculiaridades de cultura e das veleidades de cada crença particular. Ela é a condição de existência da própria liberdade de religião e das demais liberdades.

Mas fanáticos não querem reparação nenhuma. Querem impor, sobre cidadãos de todo o mundo, que a muito custo conquistaram sua própria liberdade, uma lei que se baseia no obscurantismo, na intolerância, no preconceito e no terror.

Reflectindo de Forma Islâmica


Todos sabem que eu estou atenta ao caso das charges, que apóio a liberdade de expressão e que abomino tanto quem passa a mão na cabeça dos fundamentalistas (*Os muçulmanos acreditam na religião e não são como nós!*Sei!*) quanto os próprios agentes da violência. Mas, enfim, recebi um excelente texto via Boletim Islâmico. Texto de muçulmano, não de simpatizante, ou analista acadêmico. E estou reproduzindo aqui, pois sei que as vozes dos muçulmanos que não são fundamentalistas nem deixam se arrastar por líderes políticos com interesses escusos precisam ser ouvidas. Vale a pena ler, porque a questão não é respeitar e ser respeitado e saber separar religião e política. Aqui vai o texto:

Reflectindo de Forma Islâmica

Por: M. Yiossuf Adamgy (Director da Revista Islâmica Portuguesa Al Furqán)

Enquanto que, uma vez mais, os Muçulmanos auto-permitem-se cair na ratoeira reaccionária que lhes foi montada, confirmando, assim, a tese dos cartoons ofensivos, ao reagirem furiosa e violentamente, consideremos preferível reflectir sobre a súplica do Profeta (s.a.w.), proferida nos primórdios do Islão, em Taif. Esta é a súplica (duá) por ele proferida, com as sandálias cobertas de sangue, feridas espalhadas pelo corpo e terrivelmente insultado, caluniado e ridicularizado pelos habitantes de Taif. O mais importante a reter, é que isto teve lugar após um longo boicote de três anos sofrido às mãos dos Coraichitas, em consequência do qual os Muçulmanos viram-se obrigados a comer erva e a viver em árvores.

O que foi dito pelo Profeta (a paz esteja com ele), ao abandonar a cidade de Taif:

“A Oração de Taif”

“Ó Allah! A Ti me queixo da minha fraqueza,
Da minha falta de recursos e da humilhação a que fui sujeito.
Ó Todo-Misericordioso para com aqueles que são misericordiosos;
Ó Senhor dos fracos e meu Senhor também.

A quem me confiaste Tu?
A uma pessoa distante, que me recebeu com hostilidade?
Ou a um inimigo, a quem concedeste poderes sobre aquilo que é a minha missão?
Nada me preocupa, desde que não estejas zangado comigo.

A Tua protecção é o que eu tenho de mais precioso.
É sob a luz do Teu Rosto que procuro refúgio,
Esse Rosto que faz com que toda a escuridão se dissipe
E regula todo e qualquer assunto deste e do Outro Mundo.

Receio ter-Te desagradado e que a Tua fúria recaia sobre mim.
É meu desejo agradar-Te e satisfazer-Te.
Não existe outro poder para além do Teu,
E ninguém é tão poderoso como Tu”.

Se aqueles que afirmam amar tanto o(s) Profeta(s), ao ponto de estarem dispostos a infringir o comportamento profético devido à raiva e à fúria cega que sentem, reflectissem um pouco a respeito desta oração, isso seria para eles uma luz orientadora e uma indicação clara de como um Muçulmano deve agir face à actual situação. Este é também o único caminho que permite a almas e corações atormentados encontrarem a paz, pois não será em piquetes ou em manifestações exageradas e com violência que a encontrarão. Tais actos não podem e não devem ser usados como métodos para a clarificação da nossa reverência para com o sagrado e o divino.

A quem foi que o Profeta (s.a.w.) disse o seguinte: “O Islão nada mais significa, a não ser possuidor de um bom carácter?”.

Estamos a readoptar às normas tribais pré-Islâmicas, as quais defendiam a vingança e a retaliação, quando devíamos encarar o sucedido como uma oportunidade para alterarmos a nossa maneira de sentir e agir, seguindo o exemplo do nosso bem amado Profeta, que se manteve calmo e compassivo face ao ódio e à inimizade de que era alvo.

Estaremos nós a ceder ao pior dos pecados, que é a violência gerada pela falta de esperança? Isto quando devíamos seguir o exemplo do Profeta (s.a.w.), que nunca a perdeu? E que, já fora de Ta’if, respondeu da seguinte forma: “Não, espero que um dia este povo adore a Allah somente”, quando o Anjo, em resposta à sua súplica, se ofereceu para destruir todas as montanhas em redor da cidade, reduzindo-a a pó?

A menos que possuamos a calma e a consciência do Profeta (s.a.w.) de Allah, segundo a qual, todo e qualquer acontecimento, favorável ou não, é representativo da oportunidade de fortalecermos o relacionamento que mantemos com Deus, continuaremos a ser vítima de todo e qualquer estratagema ou truque.

Em lugar de reagirmos com violência e fúria, deveríamos intensificar o nosso trabalho na partilha da bonita e misericordiosa mensagem do Islão, especialmente agora, que o Profeta (s.a.w.) é notícia nos meios de comunicação em massa. Permitamos que a oração proferida pelo Profeta (s.a.w.) em Taif seja publicada em jornais Europeus, como exemplo da sua magnanimidade e paciência.

Violência, ameaças de morte e fúria servem apenas para denunciar a falta de confiança no poder e na luz do Sagrado; confiança, essa, perfeitamente ilustrada pela experiência do Profeta (s.a.w.) no jardim exterior a Taif, quando pessoas que ouviram a sua oração sentiram-se movidas a aderir ao Islão. Além disso, e após este incidente, quando regressava a Meca, muitos que haviam ouvido a recitação do Alcorão por parte do Profeta (s.a.w.), aquando da sua oração nocturna, converteram-se também ao Islão. E, pouco depois da sua oração nocturna, o Profeta (s.a.w.) ascendeu ao Céu. De facto, após a tempestade vem a bonança.

Contudo, com o anúncio ontem feito por eminentes eruditos do Islão, intitulado “Um Dia de Ofensas”, receio que nada mais sejamos, a não ser sabotadores. Porque não “Um Dia para Recordar o Profeta”, ou “Um Dia de Características tremendamente Proféticas”? Porque não "Um Dia da Oração de Taif”?

Dado o momento que vivemos, recomendo que façamos circular “A Oração de Taif”, a qual servirá como antídoto de toda a loucura e veneno do turbilhão emocional a que assistimos. E manifestemos sim, forte e firmemente, o nosso protesto. Mas dentro da lei.

Que Allah nos oriente para aquilo que é justo e nos conceda a sorte imensa de olharmos os nossos inimigos como se de amigos chegados se tratassem (ver Alcorão, 41:34–36), e aos quais temos o dever de transmitir o amor e a mensagem de Allah e do Seu Profeta (s.a.w.). Ámen.

«Jamais poderão equiparar-se a bondade e a maldade! Retribui (ó Mohammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo! Porém a ninguém se concederá isso, senão aos tolerantes, e a ninguém se concederá isso, senão aos bem-aventurados. Quando Satanás te incitar à discórdia, ampara-te em Deus, porque Ele é o Omniouvinte, o Omnisciente.» — Alcorão, 41:34–36.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Novo Live Action de Sukeban Deka


Sukeban Deka começou como uma série de mangás nos anos 70, mas seu grande sucesso veio com as séries live actions feitas para a tv. Lembram do tempo em que tínhamos lives japoneses de verdade em nossas tvs e não essas... Enfim, e não os Power Rangers para nos assombrar? Pois é, Sukeban Deka poderia ter sido exibido aqui.
A história básica é mais ou menos essa: Saki Asamiya, delinqüente adolescente, é recrutada pela polícia para agir como agente disfraçada nas escolas. Se ela recusar, sua mãe, que está no corredor da morte, terá sua punição adiantada. Saki aceita a missão e acaba gostando de ser agente. Foi o primeiro shoujo policial da história! ;)
Estimulados pelos lucros obtidos com a venda dos boxes das séries de Sukeban Deka para a tv, e talvez também do mangá, que foi relançado, a Toei decidiu fazer um novo live com a personagem, dessa vez um movie. Sukeban Deka: Kodonemu = Asamiya Saki (Sukeban Deka: Codename = Saki Asamiya
), título que lembra Sailor V, diga-se de passagem, será dirigido por Kenta Fukasaku e estrelado por Aya Matsuura como Saki Asamiya. A matéria está no Anime News Network.
Espero que a Toei também se sinta estimulada para fazer a série animada magnífica que a série poderia render. Aliás, Sukeban Deka é referência comum em vários animes, como Cutey Honey. A Lindinha na versão anime-adolescente das Meninas Super Poderosas é mais uma. Iô-Iô como arma, rabo de cavalo e cor de cabelo, tudo lembra Saki Asamiya!

Prince of Tennis OAV


De acordo com o Anime News Network, a Bandai anunciou que o lançamento da série de 7 OAVs (*animes lançados diretamente no mercado de vídeo*) The Prince of Tennis: The National Tournament irá se inicar em 24 de março de 2006. A animação ficou a cargo da M.S.C. em conjunto com a Production I.G. A série de tv de Prince of Tennis é exibida no Brasil pelo canal Animax.

IRSHAD MANJI

Irshad Manji é uma das minhas autoras favoritas. Feminista, Lesbiana e Muçulmana ela é capaz de fazer uma série de reflexões muito interessantes, algumas delas poderiam ser facilmente estendidas ao mundo dito "cristão" também. Foi um grande prazer então, no meio dessa controvérsia das charges sobre Maomé, encontrar um texto dela sobre o assunto na Folha de São Paulo. Como nem todo mundo tem acesso, decici reproduzi-lo aqui. O original, foi publicado no Wall Street Journal. Não achei o link, mas o artigo, originalmente chamado "Impure Islam" pode ser lido em inglês aqui. Nada a ver com anime ou mangá, mas absolutamente necessário. Eis o texto:

Acalmem-se, colegas muçulmanos!

IRSHAD MANJI No Fórum Econômico Mundial, em janeiro, observei algo revelador. Em uma sessão sobre a direita religiosa americana, um cartunista satirizou um dos mais influentes pastores cristãos dos EUA, Pat Robertson. Na platéia, rindo junto com o resto de nós, estava um destacado muçulmano britânico. Mas seu sorriso desapareceu no instante que nos mostraram uma charge zombando de clérigos muçulmanos.

Desde então, uma batalha acirrada explodiu entre a União Européia e o mundo muçulmano em torno de caricaturas do profeta Muhammad. Meses atrás, o jornal dinamarquês "Jyllands-Posten" publicou charges que mostravam o mensageiro do islã usando, entre outras coisas, um turbante transformado em bomba-relógio. Embora o jornal tenha pedido desculpas, a polêmica já se espalhou como uma metástase.

Em resposta, manifestantes muçulmanos incendiaram missões de países escandinavos na Síria, no Líbano e no Irã. Ameaças de bomba chegaram às redações de mais de um jornal europeu. Vários países árabes já chamaram seus embaixadores de volta de Copenhague. Boicotes de produtos dinamarqueses se espalham por supermercados em todo o mundo árabe, e muçulmanos de países tão distantes quanto a Índia e a Indonésia vêm invadindo as ruas para queimar bandeiras da Dinamarca -que incluem a cruz, um dos mais sagrados símbolos do cristianismo.

Na semana passada, milhares de palestinos gritaram "morte à Dinamarca!". Copenhague retirou seus cidadãos da faixa de Gaza e lançou um aviso urgente para que saiam da Cisjordânia. Muçulmanos também vêm sendo vitimados nos tumultos: 11 morreram só no Afeganistão durante de protestos.

As elites árabes adoram controvérsias como essa porque elas lhes oferecem oportunidades convenientes para desviar a revolta para longe das injustiças locais. Não surpreende que o presidente Emile Lahoud, do Líbano, tenha insistido em que seu país "não pode aceitar qualquer insulto a qualquer religião". Essa é boa. Desde o final dos anos 70, o governo libanês licencia a TV via satélite Al Manar, controlada pelo Hizbollah, uma das emissoras mais violentamente anti-semitas do globo.

Do mesmo modo, o ministro da Justiça dos Emirados Árabes Unidos disse que as charges dinamarquesas representam "terrorismo cultural, não liberdade de expressão". Isso é dito por um país que promove sua capital como sendo "a Las Vegas do Golfo", mas bloqueia meu website -muslim.refusenik.com- por considerá-lo "incoerente com os valores morais". Vai ver meu site deveria ser um cassino online.

Os muçulmanos têm pouca integridade quando exigem o respeito por nossa religião sem demonstrar respeito pelas outras. Quando foi que nos manifestamos contra a política da Arábia Saudita de impedir cristãos e judeus de pisar no solo de Meca?

Nada disso diminui a necessidade de que minha religião seja levada a sério. Afinal, os muçulmanos levam a sério até mesmo a necessidade de serem sérios: o islã tem um ensinamento contra o "riso excessivo". Não estou brincando. Mas isso quer dizer que devemos gritar "blasfêmia" contra retratos nada elogiosos do profeta Muhammad? Por Deus, não! Para começo de conversa, o próprio Alcorão observa que sempre haverá não-crentes e que cabe a Alá, e não aos muçulmanos, lidar com eles. Ademais, o Alcorão afirma que "não existe compulsão na religião", o que sugere que ninguém deve ser forçado a tratar as normas islâmicas como sagradas.

Ótimo, retrucarão muitos muçulmanos, mas estamos falando do profeta Muhammad -o mensageiro último e, portanto, perfeito de Alá. Entretanto a tradição islâmica reza que o profeta foi um ser humano que cometeu erros. É precisamente porque ele não foi perfeito que sabemos dos chamados Versos Satânicos, uma coletânea de trechos que o profeta teria incluído no Alcorão. Apenas mais tarde é que ele se deu conta de que esses versos glorificavam ídolos pagãos, em lugar de Deus. Segundo a tradição islâmica, Muhammad retratou os trechos idólatras, atribuindo-os a uma peça pregada nele por Satanás.

Quando nós, muçulmanos, colocamos o profeta num pedestal, estamos praticando uma idolatria própria. O objetivo do monoteísmo é adorar um Deus único, não um dos emissários de Deus. É por isso que a humildade requer que as pessoas de fé zombem delas próprias -e umas das outras- de vez em quando.

Eis, então, minha tentativa de zombaria: um padre, um rabino e um mulá se encontram numa conferência sobre religião e discutem seus diferentes credos. A conversa passa para o tema dos tabus.

O padre diz ao rabino e ao mulá: "Não me digam que vocês dois nunca comeram carne de porco".

"Nunca!" responde o rabino. "De jeito nenhum", insiste o mulá.

Mas o padre reage com ceticismo. "Falem a verdade -nem uma só vez? Quem sabe num momento de rebelião, quando vocês eram jovens?".

"OK", confessa o rabino. "Quando eu era jovem, eu uma vez mordi um pedaço de bacon." "Confesso", ri o mulá (mas não excessivamente). "Num arroubo de arrogância juvenil, experimentei uma costeleta de porco."

A conversa passa, então, para as proibições religiosas observadas pelo sacerdote. "Não me diga que você nunca fez sexo", diz o mulá.

"É claro que não!", protesta o padre. "Fiz voto de castidade."

O mulá e o rabino reviram os olhos. "Quem sabe, depois de alguns drinques?", brinca o rabino.

"Quem sabe, num momento de tentação, sua fé não tenha traquejado?" indaga o mulá.

"OK", admite o padre. "Uma vez, quando eu estava no seminário e fiquei bêbado, tive relações sexuais com uma mulher." "É melhor do que carne de porco, não é?", dizem o rabino e o mulá.

Obviamente, sou tão impura como feminista quanto sou como muçulmana. A diferença é que feministas ofendidas não vão ameaçar me matar. O mesmo não pode ser dito de muitos de meus irmãos muçulmanos.

Que parte de "não existe compulsão" eles não compreendem?

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Irshad Manji é autora de "Minha Briga com o Islã". Texto reproduzido com a permissão do "Wall Street Journal". Tradução de Clara Allain